“a arte tornou-se hoje um tipo de abrigo geral para todos os projetos que não se ajustam a uma lógica de produtividade ou de eficácia imediata para a indústria e para a sociedade de consumo” (Nicolas Bourriaud, 2002).

 

A multiplicidade de experimentações sensoriais que as pessoas hoje chamam de arte contemporânea não pode caber mais sob o rótulo de Arte. É uma gigantesca corrida pela experimentação de todas as possibilidades, é como se o homem, na transição para o século XXI resolvesse reaprender o mundo das idéias através de tentativa e erro. Este é um tempo onde tudo tem a pretensão de ser Arte.

 É uma nova alquimia da subjetividade ou do comportamento onde o tatear da infância se resgata e se reconfigura. É uma espécie de caricatura do cientificismo buscando testar tudo o que em outros tempos a abstração filosófica, por meio de teorias e suposições,  ou a fé religiosa, com seus dos dogmas, eram suficientes para dar conta. Chega a ser uma licença para justificar até mesmo verdadeiras bestialidades praticadas em nome da Arte.

Falta uma nova nomenclatura para esta avalanche de tentativas de constatações palpáveis dos domínios das sensações e até do imponderável, em substituição aos pacotes filosóficos do pensamento primitivista da intelectualidade dos últimos séculos. Falta consciência social e individual para se dizer não a todos aqueles que pretender provar que a irracionalidade pode ser praticada livremente desde que se diga: sou artista!

 

 

Manoel Brandão Nobilli