Com o presente estudo pretende-se analisar os efeitos das instituições e arranjos institucionais na utilização sustentável dos recursos florestais, com ênfase nas suas relações com a exploração sócio-económica do carvão e mudança na cobertura florestal nas comunidades de Mabomo e Mungaze. Especificamente pretende-se: (i) descrevera contribuição da actividade carvoeira na vida da população; (ii) avaliar o impacto da actividade carvoeira na mudança de cobertura florestal num período de 10 anos (2000 -2010); e (iii) analisar os alcances e limites das instituições e dos arranjos institucionais na promoção da exploração sustentável do carvão na área de estudo. Para o alcance destes objectivos combinou-se métodos quantitativos e qualitativos, tendo se privilegiado no processo de recolha de dados os inquéritos, as entrevistas semiestruturadas, as entrevistas em grupo, a observação directa e a consulta de dados secundários. Estas técnicas foram completadas por inventários florestais e análise de análise de imagens satélites da cobertura/uso de terra. Os resultados do estudo mostraram que a actividade carvoeira é de extrema importância para a vida da população, contribuindo com cerca de 67% e 69% no rendimento monetário dos agregados familiares de Mungaze e Mabomo, respectivamente. Entretanto, apesar da importância desta actividade para os agregados familiares, os resultados demonstram que esta tem estado a contribuir grandemente para a mudança acelerada na cobertura florestal, principalmente em áreas de ocorrência de manchas de Colophospermum mopane. Esta exploração acelerada dos recursos florestais pode ser explicada pelo facto dos arranjos institucionais estabelecidos para promover o uso sustentável dos recursos não estarem a conseguir fazer frente a situações de ocorrência de desmatamento. Análises feitas ao nível da componente institucional que regula a exploração do património florestal com ênfase para a actividade carvoeira evidenciaram que o problema da ineficácia das instituições ou arranjos institucionais está assente sobre os mecanismos em que as mesmas são construídas (ausência de informações relevantes para o efeito), falta de capacidade local para realizar exercícios contínuos de adaptação dos mesmos aos fluxos ambientais e sociais do local, sistema de fiscalização deficiente, entre outros aspectos, que promovem o fracasso institucional. Assim, é urgente a realização de um exercício de adequação das instituições aos contextos locais bem como a criação de um ambiente favorável para a operacionalização eficaz das instituições, de forma a evitar ou minimizar os efeitos de uma possível crise ambiental e social.