Arqueologia do Saber.

A importância de entender a exuberante obra elaborada por Foucault, o percurso histórico da sua epistemologia, demonstra um grande esforço para entender as ideologizações construídas epistemologicamente a serviço de sistemas de domínios globais, mais especificamente da política.

Foucault imaginava destruir antigas bases, tidas como sólidas em defesa do entendimento científico, cuja natureza sempre foi essencialmente subjetivista, o estudo particular dos fatos fenomenológicos.

 Ele desejava estabelecer uma nova epistemologia cuja natureza conceitual enfatizasse procedimentos recorrentes a história, não em defesa do velho objetivismo científico, como se a análise do espírito tivesse o mesmo caráter das ciências da natureza.   

Tudo o que ele procurou foi legar a esse magnífico trabalho, deixou o público gostar de desenvolver análises com fundamentos da epistemologia extraordinária.

 No uso da lógica para o próprio entendimento científico, superando tudo o que ele achava inconveniente para o novo entendimento.

Claro que sofreu ataque de teóricos radicais, presos as diversas tendências, mais que natural esse procedimento, ao perceberem a lógica e a coerência da formulação desenvolvida por Foucault.

Muitas críticas recorrentes propunham que o mais correto seria de fato esquecer Foucault, classificando como um niilista seguidor de Nietzsche.

 O que ele procurou fazer foi desenvolver uma metodologia que negasse as ideologias com fundamentos pseudocientíficos.  

Naturalmente, que seu pensamento ia muito além do filósofo em referência, quando na verdade nunca defendeu nenhum niilismo dogmático, sobretudo, a respeito da política e de modo específico da construção do saber pelo mecanismo histórico.

Isso não significa que Foucault não fosse ateu, e, que não entendesse a vida breve sem significação metafísica, o que é naturalmente obvio para seu entendimento do ponto de vista teleológico.

Mas quando se trata especificamente da natureza da história, e da construção do saber, seu procedimento é naturalmente diferente, exatamente o ponto que deve ser analisado.

Seu posicionamento a respeito das velhas formas do conhecimento, que não se tem mais nada a esperar, a não ser superar as velhas formas epistemológicas do saber.

É inadmissível apostar no falso conhecimento, nas velhas objetividades, um conhecimento que não leva absolutamente a nada, nem as ilusões das subjetividades puras.

 Mas tudo que é necessário compreender em última instância é a arqueologia da nova prática não apenas do entendimento, mas, sobretudo, da construção arqueológica das referências e seus pressupostos.

A superação de modelos subjetivistas como certas formas de pensamentos, estruturalistas e cartesianos, a parcialidade de estruturas marxistas, estruturalismos e velhas teorias liberais, e, existencialistas.

Foucault vive a sua época em plena transição entre os últimos anos da reconstrução do novo saber e os anos fascinantes do mesmo aos mestres não obedientes que escapam das velhas tradições rumo à mudança do mundo.

 Podemos com eficácia  começar compreender como foi possível à geração de Foucault fugir das sombras explicativas a obstinação feroz dos passos dados, a velhas superações.

Tudo estava em jogo, à nova análise as diversas compreensões, o que denominaria de pós-estruturalismo, pós-marxismos, até mesmo pós-modernidade, o caminho para reconstruir o novo mundo, passava necessariamente pela superação do antigo entendimento.

Então a arqueologia do saber transformou-se no eixo das problematizações de Foucault por onde passam,  todos os fios condutores das contínuas etapas  da construção de  um pensamento que  procura a si mesmo reativar as críticas procedentes.

 Reativando novos sujeitos como produtores do entendimento, na reformulação de posturas diversas, na articulação de outras evidências analíticas, o mundo caminhava-se para desenvolver predisposições dialéticas.

 Era preciso mudar a metodologia, para melhor, necessário à retirada de superstição de novos modelos analíticos, construir outra Ciência responsável por um entendimento crítico, o mundo que nascerá terá que necessariamente ser consciente.  

Edjar Dias de Vasconcelos.