AROEIRA

Lucas Kennedy Silva Lima
Alexandre Eduardo de Araújo

Nome Popular aderno, arendéuva, arendiúva, aroeira-da-serra aroeira e etc.
Nome Científico Myracrodruon urundeuva
Família Anacardiaceae

Discrição botânica (raiz, caule, folha, flor, fruto)

Raiz
Na raiz principal, a planta jovem possui tecido de reserva, em forma de tubérculo.


Caule
Possui caule alto e reto. Casca cinza ou castanho-escuro, manchado de negro, sulcadas nas árvores adultas, desprendendo-se em lâminas irregulares, côncova, com tendência de maior elevação na porção inferior. Na árvore jovem a casca é lisa, cinzenta e coberta lenticelas. Casca interna avermelhada.

Folha
As folhas são alternas, compostas, imparipinadas, com 4-7 pares de folíolos, ovado-obtuso, aromáticos (com cheiro de manga), pilosos em ambas as faces, com ca. de 5 cm de comprimento.

Flor
As flores são pequenas, amarelas ou verde-claro, em panículas terminais. As flores masculinas são pequenas, dispostas em grandes panículas, pendentes, pardacentas até púrpurosa.

Fruto
O fruto é uma drupa redonda, de 3-4 mm de diâmetro, inicialmente verde-claro, passando a vinho no amadurecimento. Quando seco, tem cor marrom-escuro e superfície rugosa, parecendo com uma pimenta-doreino. As sépalas secas de flor continuam fixas no fruto e servem como alas. É praticamente impossível separar a semente do fruto.
AMBIENTE ONDE É ENCONTRADA E PORTE

A aroeira te amplitude ecológica grande, ocorrendo tanto em formação abertas e muito secas (caatinga e cerrado) até em formação muito úmidas e fechadas (floresta pluvial com 2.000 mm de precipitação anual) e no pantanal. Ocorre desde o Ceara em todo o nordeste até Argentina, Paraguai, e Bolívia; e encontrado no lado oeste do Estado da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Sul do Estado do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, sendo mais frequente no nordeste.
Árvore de troco alto, reta, com larga copa, formada de ramos finos. Altura de 5 a 20 m na caatinga e no cerrado atingindo até 30 m na floresta pluvial e podem atingir mais de 1 metro de diâmetro.

MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO

A propagação da aroeira pode ser feita através de ementes ou estacas. Tem capacidade de rebrotar após corte.
Obtenção de sementes: Colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda espontânea, em estado plenamente maduro, se apresentando firmes, com aspecto rugoso, coloração marrom-escuro, pois "de vez" não germinam. Em seguida levá-los ao sol para facilitar a remoção das sépalas através de esfregação manual. A separação das sementes dos frutos é praticamente impossível, devendo-se utilizá-los para a semeadura como se fossem sementes. Um quilo do material assim preparado contém aproximadamente 65.000 frutos. A viabilidade das sementes em armazenamento em condições naturais é inferior a cinco meses, enquanto em câmara fria conservam o poder germinativo por ano e meio.
Cultivo de mudas: As sementes (frutos) devem ser postas para germinar, logo após a colheita e sem nenhum tratamento, em canteiros com substrato arenoso enriquecido ele matéria orgânica, protegidas contra os raios solares diretos. A emergência ocorre em 4-40 dias e a germinação é superior a 80%. O desenvolvimento das plântulas é rápido, porém o das plantas no campo é apenas médio. Repicagem: a partir de quatro semanas após a germinação. Tempo total em viveiro: no mínimo três meses.
Plantio: Pode ser semeada diretamente no campo, podendo as semens permanecerem no solo até a época das chuvas. No entanto, nos está iniciais de desenvolvimento, são intolerantes à incidência direta dos solares, precisando, em caso da semeadura direta, de uma vegetação já estabelecida para dar a proteção necessária às plântulas. Em caso de plantio de mudas em terreno sem vegetação é recomendada a associação com outras espécies de árvores ela região, pioneiras de crescimento rápido, o que ajuda a aroeira a desenvolver uma forma melhor. As mudas podem também ser usadas para enriquecer capoeiras outras formas de vegetação nativa empobrecida. O crescimento da aroeira é considerado lento a moderado.
Por estaquia a partir de segmentos da raiz e do caule. O crescimento é relativamente rápido, podendo atingir 1,0 m de altura no primeiro ano (SANCHOTENE, 1985).


UTILIZAÇÃO DA PLANTA E CARACTERÍSTICAS DA MADEIRA.

Medicina caseira: casca, folhas e raízes são usadas tradicionalmente na medicina caseira, na forma de decocto e infusão em aguardente, como balsâmica e hemostática, contra inflamação de garganta, para curar gastrite, como regulador menstrual, contra as doenças das vias respiratórias, do aparelho urinário, nas hemoptises, metrorragias e diarréias e são também muito empregadas no tratamento caseiro das inflamações, e, em banhos, no tratamento de úlceras e feridas. A entrecasca é dada na preparação de cozimentos empregados ao mesmo tempo por via oral e por via tópica, em banhos locais, sendo muito empregado o "banho de assento", como forma de tratamento ginecológico no pós-parto. A tintura obtida da casca pode ser usada em compressas e lavagens em qualquer parte do corpo, no tratamento caseiro de ferimentos da pele e das mucosas e também por via oral. Para tratamento ambulatorial da cervicite, são feitas aplicações de tampões intravaginais de gaze impregnada de tintura de aroeira. A resma amarelo-clara, proveniente das lesões da casca, é medicamento de larga aplicação entre os sertanejos, como tônico, e nos casos em que se usam as cascas. Os extratos hidroalcoólico e aquoso da entrecasca têm comprovado efeito antiinflamatório, analgésico, cícatrízante, antiúlcera, anti-histanúnica, antíbradícínína, anticliarréica, sem efeitos tóxicos. Na Farmácia Escola da Universidade Federal do Ceará (UFC), produz-se creme e elixir de aroeira.
Planta ornamental: a árvore, pela beleza de sua copa aproximadamente piramidal e por outras qualidades ornamentais, é indicada para a arborização em geral.
Restauração florestal: pode até ser usada em solos compactos, junto com outras espécies arbóreas da região.
Sistemas agroflorestais: o uso em sistemas agroflorestais deveria ser mais estudado. Sendo urna árvore alta, poderia ser empregada na composição de quebra-ventos e faixas, arbóreas entre áreas de plantio, produzindo, ao mesmo tempo, madeira de alta qualidade e alimento para as abelhas. Pode ser usada em pastos arbóreos para caprinos e ovinos.
A madeira é muito pesada (densidade; 1,00 a 1,21 g/cm3 a 15% de umidade), dura, difícil de ser trabalhada, textura média e uniforme, superfície lisa, compacta e brilhante, recebe polimento excelente, sabor a adstringente. Cerne vermelho-castanho, escurecendo pela exposição demorada ao ar. É considerada a madeira mais resistente do Brasil e tida, na pratica, como madeira de alta resistência ao apodrecimento e ao ataques de cupins de madeira seca.