INTRODUÇÃO 

A identificação e seleção de áreas foram norteadas no sentido de aproveitamento de vias de acesso já existentes, bem como pelas premissas estabelecidas pela Prefeitura de Buíque, em relação ao crescimento urbano da cidade, uso e ocupação do solo, além de definições já tomadas em relação às possíveis regiões para o planejamento urbano (COSTA, 1976).

As áreas verdes tornaram- se uma alusão em conservação do meio ambiente e a sua deterioração. Hoje em dia, os espaços verdes são adotados pelos centros urbanos.  A urbanização está cada vez mais complicada, pois o espaço urbano se expande cada vez mais por razão da sua força produtiva, e assim as teses sócio-ambientais entram em incoerência com as teses sócio-econômicas. 

O caput do Artigo 225 da Constituição Federal (1988) inicia-se com uma declaração fundamental: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”. Isso define de forma sintética o caráter coletivo dos bens e serviços ambientais e coloca-os como um direito das pessoas, a ser defendido pelo poder público e pela coletividade. 

            A simples contemplação nas áreas verdes possibilita uma experiência estética única, permitindo que se vivencie a harmonia dos elementos naturais, muitas vezes mais bela do que os artificialismos do ambiente construído. E ainda servem como experiência de vida para uma sociedade consumista que pode se surpreender ao gozar de saúde e bem-estar, generosamente ofertados pela natureza (COSTA, 1976).

            A quantidade e o estado de conservação das áreas verdes de uma cidade poderiam muito bem integrar algum índice de desenvolvimento humano e social. A falta delas demonstra o descaso do poder público para com a saúde física e mental dos cidadãos, a falta de visão do futuro, a estreiteza do planejamento. O abandono das áreas verdes, transformando-as em locais de deposição de lixo e concentração de violência, também denota a fraqueza das instituições e a falta de educação, o despreparo e até o desamparo de uma sociedade.

           No início dos anos 90 do século passado, os autores defendiam a naturalização dos espaços verdes urbanos, com valorização e integração de diferentes categorias de áreas verdes, públicas e privadas, recomendando o uso de espécies nativas ou ruderais, evitando-se intervenções que artificializam, propondo um novo paisagismo que não apenas imita a natureza, mas dá espaço para ela (POLAND, 1973, p. 3)

            Este trabalho monográfico foi realizado através de pesquisa bibliográfica, tendo como base os teóricos Amador (2011), Bianchi (1989), PCN (1998), Brasil (1988), Costa (1976), Farah (1999), Furtado (1999), Franco (2005), Gonçalves (2004), Hoehne (1994), Lacerda (2011), Lang (2000), Oliveira (1996), Paiva (2002; 2004), Pedrosa (1983), Pires (2006), Pivetta (2002), Poland (1973), Prestes (2005), Silva (2011), Teles (2010), Tuan (1980) e Terra (2000) para melhor aprofundamento do assunto abordado.

            O presente trabalho apresenta uma Revisão de Literatura, abordando a percepção sócio-ambiental quanto à arborização urbana, os tipos de árvores mais utilizadas, a arborização urbana no Brasil, no Nordeste e no Semiárido brasileiro, bem como a Algaroba.

            O município de Buíque está localizado na mesorregião Agreste Pernambucano, microrregião Vale do Ipanema, a 285 Km de distância da capital Recife, o acesso à cidade se dá através da PE-270 e BR-232 via Arcoverde, limita-se ao Norte com os municípios de Arcoverde e Sertânia, ao Sul com Águas Belas, a Leste com Pedra e Oeste com Tupanatinga.

            Com uma área de 1.345,124 Km², uma população de 52.714 habitantes (IBGE – 2011), densidade de 39,19 hab./km², altitude de 798 metros, com clima tropical chuvoso e verão seco. A vegetação predominantemente é Floresta Subcaducifólia e Caducifólia.

O principal objetivo deste trabalho monográfico foi identificar a qualidade da arborização urbana no município de Buíque – PE.

 

1 REVISÃO DE LITERATURA

 

 

1.1 PERCEPÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL QUANTO À ARBORIZAÇÃO URBANA

 

Desde muito tempo, o homem vem trocando o meio rural pelo meio urbano. As cidades foram crescendo, na maioria das vezes de forma muito rápida e desordenada, sem um planejamento adequado de ocupação, provocando vários problemas que interferem sobremaneira na qualidade de vida do homem que vive na cidade.

A constante urbanização nos permite assistir, em nossos grandes centros urbanos, a problemas cruciais do desenvolvimento nada harmonioso entre a cidade e a natureza. Assim, o autor citado acima descreve que podemos observar a substituição de valores naturais por ruídos, concreto, máquinas, edificações, poluição, entre outros, que ocasiona entre a obra do homem e a natureza crises ambientais cujos reflexos negativos contribuem para degeneração do meio ambiente urbano, proporcionando condições nada ideais para a sobrevivência humana (PIRES, 2006, p. 28).

Há uma dificuldade em relação aos diversos termos utilizados acerca das áreas verdes urbanas. Semelhanças e diferenças entre termos como áreas livres, espaços abertos, áreas verdes, sistemas de lazer, praças, parques urbanos, unidades de conservação em área urbana, arborização urbana e muitos outros, confundem os profissionais desta área.

De acordo com Pires (2006, p. 29):

As cidades, assim como o meio natural, possuem entrada, tocas e saída de matéria e energia. Nesse sentido pode ser considerada como um ecossistema. A Ecologia Urbana é a área do conhecimento responsável pelo estudo das cidades sob a ótica ecológica.

            O meio urbano não é auto-sustentável. Existe uma grande quantidade de uso de recursos naturais que provém de outros sistemas, como os naturais, os semi-naturais e os agrários (PIRES, 2006).

            A água que se consome e o alimento que é ingerido, provêm de fora das cidades para abastecer o ser humano e o uso de bens e de produtos são fontes de poluição para o próprio ambiente das cidades (PEDROSA, 1983, p. 90).

            Para Pedrosa (1983, p. 91), “Somos uma espécie que consome bastantes recursos naturais, desperdiça muitos bens e produtos e polui bastante o ambiente que co-habitamos com outros seres vivos.”

            A urbanização em maior ou menor escala provoca mudanças no ambiente urbano e tais mudanças acontecem devido ao micro-clima e atmosfera das cidades, no ciclo hidrológico, no relevo, na vegetação e na fauna (PEDROSA, 1983, p. 92). 

            O ar se torna mais poluído e aquecido devido à presença de poeira e/ou de fuligem; à liberação de gases, provenientes de veículos, indústrias e construções que provocam nuvens que produzem sombra; à umidade relativa menor do que no meio natural e agrário e às temperaturas mais altas devido o aquecimento de grandes áreas concretizadas e escassez de vegetação e corpos d’água (GONÇALVES; PAIVA, 2004, p. 17).

             Segundo os PCNs (1998, p. 127), “O estudo das manifestações da natureza em suas múltiplas formas presentes na paisagem local, é ponto de partida para uma compreensão mais ampla das relações entre sociedade e natureza.”

            Considerando essa afirmativa, podem-se analisar as transformações que esta perece devido às atividades econômicas, costumes culturais ou questões políticas, exprimidas de várias formas no próprio meio em que estamos inseridos. É possível, ainda, compreendermos por que a natureza favorece o desenvolvimento de determinadas atividades e não de outras e conhecer as influências que uma exerce sobre a outra.

            Ao se estudar a paisagem local, deve-se procurar determinar relações com outras paisagens e lugares distantes no tempo ou no espaço, a fim de que elementos de comparação possam ser usados para buscar similaridades e diferenças, permanências e transformações, explicações para os fenômenos que aí se encontram presentes.

            De acordo com Bianchi (1989, p. 81), “O índice de áreas verdes é aquele que expressa a quantidade de espaços livres de uso público em quilômetros quadrados ou metros quadrados, pela quantidade de habitantes que vivem em uma determinada cidade”.

            Levando em consideração o que diz o autor, nesse cálculo, entram as praças, os parques e os cemitérios, isto é, espaços cujo acesso da população é livre. Percebe-se, então, que devemos trabalhar com um primeiro valor que é em função da quantidade total das áreas existentes e um segundo que exprima a quantidade dessas áreas que estão sendo realmente utilizadas, depois de avaliar o seu estado de uso e de conservação.

Mapear as áreas verdes urbanas é de suma importância para a conservação e planejamento, pois as informações obtidas podem ser utilizadas para redirecionar a forma de expansão e o crescimento do perímetro urbano minimizando problemas no meio ambiente (BIANCHI, 1989).

As áreas verdes urbanas têm a função de melhorar a qualidade de vida seja para fins de lazer, equilíbrio climático, preservação ambiental e construção da paisagem urbana. A vegetação urbana tem um papel preponderante na manutenção da qualidade ambiental no meio urbano, tanto em seus aspectos ecológicos quanto sócio-econômicos.

A crescente e veloz expansão urbana vem interferindo intensamente no planejamento da ocupação do solo, afetando significativamente a distribuição de áreas verdes na cidade, de modo que algumas zonas são razoavelmente aquinhoadas, enquanto outras notavelmente desprivilegiadas, aventando-se a possibilidade, inclusive, de ações desapropriatórias de áreas particulares para minorar esta deficiência (BIANCHI, 1989, p. 82).

A elaboração de um questionário socioeconômico e ambiental é de suma importância para o desenvolvimento sustentável do município, pois é através dele que se criam políticas de planejamento que visam o bem estar da população.

O diagnóstico sócio-ambiental pressupõe pensar e investigar o conjunto e de que maneira este todo se manifesta na realidade. Na Geografia, é fundamental a pesquisa sócio-ambiental para se atingir resultados adequados de diagnósticos, para, a partir daí, tornar-se possível a elaboração de prognósticos.

O desenvolvimento da capacidade de percepção constitui-se hoje motivo para avaliação de muitos estudos, até mesmo em arborização urbana e para um melhor planejamento e compreensão do ambiente urbano, fazem-se necessários estudos que enfoquem a percepção da população em relação ao meio ambiente, pois no uso cotidiano dos espaços, dos equipamentos e serviços urbanos, a população sente diretamente o impacto da qualidade ambiental (Oliveira, 1996, p. 21).

De acordo com Amador (2011, p. 18):

Assim sendo, percepção, por definição, é o ato, efeito ou faculdade de perceber, adquirir conhecimento a partir de algo por meio dos sentidos, compreender, ouvir. Dessa maneira, a percepção tem o sentido de aquisição de informações pelos atores sociais, oriundos da realidade do meio externo e de sua própria interação com o mundo material que os cerca. Assim, observa-se a percepção como um processo cognitivo/cultural que envolve mecanismos de percepção externa e a elaboração mental.

Entre as formas de se estudar a percepção ambiental, encontramos as mais diversas: questionários, mapas mentais ou contorno, representação fotográfica, etc. Existem ainda trabalhos em percepção ambiental que buscam também promover a sensibilização, bem como o desenvolvimento do sistema de percepção e compreensão do ambiente (AMADOR, 2011).

A percepção ambiental abrange a compreensão das inter-relações entre o meio ambiente e os atores sociais, ou seja, como a sociedade percebe o seu meio circundante, expressando suas opiniões, expectativas e propondo linhas de conduta; desta forma os estudos que se caracterizam pela aplicação da percepção ambiental objetivam investigar a maneira como o homem enxerga, interpreta, convive e se adapta à realidade do meio em que vive, principalmente em se tratando de ambientes instáveis ou vulneráveis socialmente e naturalmente (TUAN, 1980).

O estudo da percepção ambiental é de fundamental importância, pois por meio dele é possível conhecer a cada um dos indivíduos envolvidos, facilitando a realização de um trabalho com bases locais, partindo da realidade do público alvo sabemos como os indivíduos percebem o ambiente em que vivem suas fontes de satisfação e insatisfação.

Como seria útil saber como as pessoas pensam? Sob quais mecanismos grupos sociais escolhem alternativas? E que tipo de conhecimento esses mesmos grupos possuem sobre algo? Por anos a psicologia social, a sociologia, a antropologia, a economia e as ciências afins vêm tentando compreender por que as pessoas possuem determinados comportamentos ou como elas escolhem sobre alternativas. No entanto, é nos anos 70 que esses estudos se intensificam no campo científico sempre buscando determinar a relação dos problemas humanos com o centro psicológico da motivação, dos valores e atitudes que dirigem o comportamento humano (TUAN, 1980, p. 25).

Compreender os campos da percepção não é tarefa de um único campo do conhecimento, por exemplo, não é uma tarefa dirigida apenas à psicologia social. Teorias sobre percepção encontram-se em diversas áreas e possuem enfoques diferenciados sobre o que venha a ser percepção.

A percepção permite formar ideias, imagens e compreensões do mundo que rodeia os seres. Esse ponto de vista se aproxima do conceito da UNESCO (1977) em que a percepção é a maneira pela qual o homem sente e compreende o meio ambiente, e avança no sentido que considerar os fatores culturais como importantes para a formação da percepção. Três grandes concepções sobre a sensação e a percepção influenciam vários trabalhos sobre a percepção: a empirista, a intelectualista e a fenomenológica (TUAN, 1980).

A percepção é um processo ativo da mente, em que se é possível interpretar o mundo. Sendo que, há uma contribuição da inteligência no processo perceptivo, que é mediada pela motivação, pelos valores éticos, morais, interesses, julgamentos e expectativas daqueles que percebem (PIVETTA; FILHO, p. 19).

Segundo Pedrosa (1983, p. 93):

A percepção possui as seguintes características: é o conhecimento sensorial de totalidades e que são dotadas de sentido; é uma vivência corporal; demonstra a relação do sujeito com o exterior; através do seu conhecimento podem-se delimitar qualidades para o mundo; envolve nossa história pessoal; é uma conduta vital, uma comunicação; é uma interpretação de coisas e objetos que nos rodeiam; envolve valores sociais; nossa vida social. Assim, os significados e os valores das coisas percebidas decorrem de nossa sociedade e do modo como nela as coisas e as pessoas recebem sentido, valor ou função.

O estudo da percepção pode revelar as ideias ou imagens e as impressões que grupos possuem sobre algo, considerando que possuímos necessidades, valores, interesses e expectativas. É com esse entendimento sobre percepção que, com um amplo estudo bibliográfico, foi possível delimitar as principais percepções ou imagens de parques urbanos, assumidas ao longo de sua história (PEDROSA, 1983).

1.2 TIPOS DE ÁRVORES MAIS UTILIZADAS NA ARBORIZAÇÃO URBANA

            O plantio de árvore em ambiente urbano deve ser de espécies nativas da região para que cresça, se adapte e se desenvolva sem comprometimento, pois favorece a sobrevivência dos animais que formam o meio ambiente (FARAH, 1999, p. 58).

            Nos quintais, são indicadas as árvores de pequeno porte que cresçam até 5 metros de altura e sua copa tenha até 3 metros. Já em via pública, ao se plantar árvores nela deve-se evitar espécies que tenham espinhos no tronco, que possuam frutos grandes as quais possam amassar carros ou até mesmo ferir pessoas, como as jaqueiras e as mangueiras. Devendo-se dar prioridade às espécies de médio porte as quais atingem até 10 metros de altura na idade adulta e raio de até 5 metros (FARAH, 1999,p. 59).

            É muito importante que, ao se escolher as espécies a serem plantadas na frente das casas, sejam observados os seguintes aspectos: 

ü  Presença de odores;

ü  Tempo de crescimento e de longevidade;

ü  Tamanho e cor das flores e frutos;

ü  Época e duração do florescimento e da frutificação;

ü  Resistência aos ventos, entre outros.

      Caso não ocorram tais observações, poderá acarretar erros comuns como concretar em torno das árvores e construir muretas. E o indicado é deixar um espaço para que haja infiltração de água e aeração do solo e, neste caso, a área deve ser de 2m² para as árvores de pequeno porte e de 3m² para as árvores de grande porte. Segundo Farah (1999, p. 60):

Não se devem colocar em nenhuma parte enfeites, luzes, cordas, lixeiras, pregos, arames, entre outros que possam causar danos à saúde e ao crescimento da árvore. Ao selecionar a espécie de porte ideal para o local, evitam-se podas desnecessárias para adaptar árvores que ultrapassam o limite físico do local.

     Sendo assim, o mais correto é realizar a condução da árvore desde jovem, quando ela tem maior capacidade de cicatrização e regeneração para que esta tenha um crescimento apropriado ao local do plantio. A calçada deve obedecer a distância recomendada, ter uma leve inclinação no sentido da árvore, pois isso fará com que o terreno tenha maior absorção de água e evitará a saída de terra do local.

É extremamente importante plantar árvore frutífera, as quais produzam frutos para os pássaros, pois o campo encontra-se desmatado. Apenas nos parques devem ser plantadas as árvores de grande porte para que sirvam de refúgio para as aves (FARAH, 1999, p. 61).

 

Figura 1: Raízes agressivas são um problema em 
calçadas, mas em parques, são decorativas
e muito bem vindas

Fonte: http://www.jardineiro.net

 

      Nos quintais é recomendado que se plante a Palmeira Bacuri, a Aceroleira, a Pitangueira, a Romãzeira, a Amoreira, a Jabuticabeira, a Caramboleira, a Quaresmeira, a Mangueira, o Guaco, pois todas produzem boa sombra e não oferecem riscos.

      No entanto, as plantas não recomendadas para quintais são o Abacateiro, a Jaqueira, a Ingazeira, a Erva-mate, o Pau-brasil por serem árvores de grande porte. Há as árvores não recomendadas para plantio por não serem nativas. São elas: o Eucalipto, a Fícus Elástica, a Fícus, a Guapuruvu. (FARAH, 1999)

São indiscutíveis os benefícios que as árvores proporcionam para a qualidade de vida na cidade. Além de embelezar o ambiente elas têm papel fundamental reduzindo diversos tipos de poluição, tais como poluição do ar, da água, do solo, visual e sonora. Elas absorvem o gás carbônico gerado por pessoas, fábricas, lixo, automóveis, devolvendo o oxigênio, que é tão essencial à vida.

Suas copas densas funcionam como barreiras contra ruídos, ventos, água e luz, e servem de refúgio em dias de sol escaldante ou chuvosos.  Elas ainda oferecem abrigo e alimento às aves, que são importantes aliadas no controle de insetos vetores de doenças nas cidades. Uma cidade bem arborizada tem um clima melhor de se viver, é mais agradável, aprazível e saudável de várias formas.

 

Figura 2: As árvores têm um importante papel no ambiente urbano

Fonte: http://www.jardineiro.net

 

No entanto, apesar de todas estas qualidades, as árvores são deixadas em segundo plano, com a desculpa de que irão destruir calçadas, calhas, muros, encanamentos, fiações elétricas ou então provocarão sujeira nas ruas e até mesmo acidentes com a queda dos frutos e galhos. Em geral os problemas relacionados com árvores e seus pontos negativos estão intimamente ligados ao mau manejo, escolha de espécies inadequadas e plantio em locais impróprios. (PIVETTA, 2002, p. 61)

 

Figura 3: As árvores mal escolhidas e manejadas podem causar 
grandes problemas em temporais

Fonte: http://www.jardineiro.net

Todas estas dificuldades podem ser facilmente evitadas com um bom planejamento urbano. Todas as cidades devem ter um plano de arborização, para ser utilizado pelos funcionários e empresas terceirizadas envolvidos diretamente no plantio e manejo de árvores e uma cartilha de ampla distribuição, para que os moradores saibam quais as diretrizes do plano e respeitem as leis ambientais envolvidas.

1.3 ARBORIZAÇÃO URBANA NO BRASIL

No Brasil, o interesse por jardins surge apenas no final do século XVIII, com o objetivo de preservação e cultivo de espécies, influenciado pela Europa (TERRA, 2000, p. 32).

É escasso o material histórico brasileiro, mas destacam-se alguns paisagistas, como Auguste François Marie Glaziou, que veio ao Brasil a convite de D. Pedro II para ocupar o cargo de diretor geral de matas e jardins e permaneceu no Brasil por 39 anos, de 1858 a 1897, sendo autor de muitas produções de jardins no exterior e no Brasil, porém com influência européia, como o passeio público do Rio de Janeiro (TERRA, 2000).

A análise histórica denota não apenas a forte influência do paisagismo sobre o desenho urbano, como a sobreposição existente entre esses campos. Além disto, elucida o momento em que a arborização e os elementos vegetais passam a ser compreendidos como elementos estruturadores do espaço urbano, e têm sua força de tal forma adquirida, que passam a definir novas tipologias e estilos de paisagem e desenho urbano (FARAH,1999, p. 18).

No caso do ambiente urbano, verifica-se que o acelerado crescimento demográfico, conjugado a outras variáveis do espaço urbano, contribuem de forma significativa nas alterações dos elementos climáticos. A cidade imprime modificações nos parâmetros de superfície e da atmosfera que, por sua vez, conduzem a uma alteração no balanço de energia.

Todos os elementos paisagísticos devem ser cuidadosamente tratados a fim de trazer benefícios que interferirão no projeto integrado, visando a melhoria da qualidade do ar, o sombreamento da edificação e adjacências, o controle da ventilação e da umidade. A maior parte da carga térmica de uma edificação provém da radiação solar e da temperatura do ar exterior, sendo necessário um rigoroso controle dos elementos microclimáticos para eliminar um excesso de energia que tornaria inóspito o ambiente construído. De acordo com Pires (2006, p. 30):

As áreas urbanas constituem um ambiente artificial, pois possuem grande concentração de áreas construídas e pavimentadas que favorecem a absorção da radiação solar de dia e reflexão durante a noite. Denominado ilha de calor, este fenômeno pode ter um diferencial térmico bastante significativo em relação a locais mais vegetados. As árvores interceptam, refletem, absorvem e transmitem a radiação solar. Uma adequada arborização e uma boa ventilação constituem dois elementos fundamentais para a obtenção do conforto térmico para o clima tropical úmido. O conjunto arbóreo colocado a uma distância mais apropriada possível da edificação fornecerá um bom sombreamento nas fachadas, compondo um entorno mais favorável.

A área verde tem função de se constituir em um espaço social e coletivo, sendo importante para a manutenção da qualidade de vida. Por facilitar o acesso de todos, independentemente da classe social, promove integração entre os homens. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que as cidades tenham, no mínimo, 12 metros quadrados de área verde por habitante (LANG, 2000).

No ambiente urbano, têm considerável potencial de remoção de partículas e gases poluentes da atmosfera. Cortinas vegetais experimentais foram capazes de diminuir em 10% o teor de poeira do ar (PEDROSA,1983, p. 19).

O excessivo som urbano proveniente do tráfego, equipamentos, indústrias e construções interferem na comunicação, lazer e descanso das pessoas podendo afetá-las psicológica ou fisiologicamente. É possível fazer o uso de árvores como complementação para o atenuamento do ruído, já que os vegetais diminuem a reverberação do som. É preciso destacar que o efeito protetor varia de acordo com a frequência dos sons, com a posição das árvores em relação à fonte emissora e com a estrutura e composição do plantio. Segundo Bianchi (1989, p. 25):

A arborização contribui também para atenuar a poluição visual, pois as árvores são componentes que conferem forma aos ambientes urbanos e desempenha um papel importante, delimitando espaços, caracterizando paisagens, orientando visualmente e valorizando imóveis, além de integrar vários componentes do sistema.

A uniformização da vegetação nos centros urbanos constitui um dos maiores perigos para o equilíbrio ecológico da Terra e deve ser evitada. A diversidade das espécies vegetais é condição básica para a sobrevivência da fauna e o equilíbrio ecológico.

As cidades que não diversificarem sua vegetação poderão se transformar em desertos verdes. Cada cidade deveria dar prioridade ás espécies nativas da região. Quando isso acontecer, os turistas terão maior prazer ao visitá-las, pois elas apresentarão aspectos distintos e típicos de sua vegetação.

Embora sejam inúmeros os benefícios proporcionados pelas árvores, o reconhecimento histórico destes pela população brasileira tem deixado a desejar. Mesmo atualmente, as árvores das ruas e avenidas continuam sendo danificadas, mutiladas, ou mesmo, eliminadas, quando se trata de reformas urbanas como alargamento de vias, conserto de encanamentos, manutenção da rede elétrica, construção e reforma de edificações residenciais, comerciais e mesmo institucionais.

As árvores podadas têm seu aspecto original alterado e jamais satisfarão as exigências impostas pela estética e ciência, embora possam satisfazer às exigências que lhes são feitas pela salubridade pública. Portanto, é bom que tenhamos árvores com seu porte natural, e para tê-las, é necessário que lhes proporcionemos o espaço correspondente à sua natureza (HOEHNE, 1944, p. 21).

Para Hoehne (1944, p. 22):

As prefeituras municipais, através das secretarias de proteção ambiental estão à disposição da população oferecendo mudas e assistência técnica. É importante essa ajuda especializada já que nem toda árvore se adapta com facilidade ao ambiente urbano. Apenas os técnicos têm a capacidade de indicar a espécie e as correções necessárias de serem feitas no local de plantio.

É necessário que um estudo detalhado seja realizado, pois cada cidade é um caso à parte, há diferentes normas de urbanização e paisagismo que guiam a elaboração do plano de arborização, porém cada uma deve ter ima interpretação conforme as necessidades de cada município (HOEHNE, 1944, p. 23).

 

1.4 ARBORIZAÇÃO URBANA NO NORDESTE

 

É muito importante manter as árvores nativas na arborização pública e por isso tem tido vários motivos para ser objeto de estudo de várias pesquisas. Além de serem um estoque da flora nativa, elas mantêm a fauna urbana, contribuindo com vários serviços ambientais e principalmente mantêm os cidadãos em contato com a biodiversidade local. No entanto, por causa de todas essas funções, seu uso tem sido intensamente incentivado em projetos de arborização (TELES, 2010, p. 02).

No entanto, no nordeste existe uma circunstância bem peculiar e apesar de fazerem parte nos projetos, elas raramente são prestigiadas pelos técnicos e pela população. Tem-se árvores muito belas, como os ipês, as barrigudas, a embiratanha, as imburanas, dentre muitas outras. De acordo com Teles (2012, p. 03):

As principais críticas contra o uso de árvores nativas da Caatinga para a arborização pública relacionam-se ao fato de serem caducifólias. Em geral, essas árvores perdem as folhas durante a fase mais seca do ano. Além de gerar “sujeira” e acabar com o sombreamento, seu crescimento fica interrompido até que novas folhas brotem com as chuvas, tornando seu crescimento relativamente lento.


           Faz-se necessário destacar que boa parte das árvores procedentes da Europa e da América do Norte também são caducifólias. E, mesmo assim, são cultivadas nos espaços públicos, dando garantia de todos os prejuízos citados e deixando que os cidadãos sigam as distintas estações do ano. O que acontece é que os cidadãos podem se dar ao luxo de conservá-las, porque não carecem de sombras no inverno e ainda contam com sistemas de limpeza pública muito bons.

Sendo assim, sempre que alguém fala em plantar uma planta nativa da Caatinga, muda logo de ideia quando lembra que ela vai demorar a crescer e não oferecerá proteção alguma contra nosso sol tropical durante a estiagem (momento em que as sombras são mais necessárias). É seguindo essa lógica que as plantas nativas perdem seu prestígio em favor do culto às plantas exóticas, que crescem rápido e dão muita sombra. (TELES, 2012)

Entretanto, quem sabe esse problema tenha solução, o que falta mesmo é a vontade de mudar. Quem sabe por ser uma das regiões de menos riqueza no país ou quem sabe até pelo sinal das secas, os nordestinos, sertanejos ou urbanos, em geral não têm respeito pelo que é da região. Denominam as plantas nativas de modo pejorativo como mato e valorizam demais tudo o que vem de fora. Infelizmente isso está miseravelmente arraigado em nossa cultura, porém é preciso que se mude, que se tente, que se inove.

Já que não queremos perder nossas sombras nem perder tempo varrendo nossos pátios e calçadas, porque não tentamos irrigar as árvores nativas durante a estiagem? Afinal de contas, já fazemos isso com as exóticas! Porque não as adubamos, como fazemos com as exóticas? Ou se elas de fato não possuem crescimento rápido, porque não temos um pouco mais de paciência e damos um espaço para elas nas nossas vias? (TELES, 2012).

Levando em consideração o que diz o autor, isso mais parece ser uma questão mais cultural do que técnica, e vai muito além da arborização, isto é, dar valor ao que é da terra parece desfiar o nordestino. No nordeste, o ditado casa de ferreiro, espeto de pau, realmente faz sentido. Entretanto um povo não tem como desenvolver-se inteiramente enquanto não aceitar sua identidade, sua cultura e sua natureza.

A arborização contribui para melhor qualidade de vida nas cidades. As árvores dos passeios, praças, jardins e parques urbanos trazem sombra e beleza, suavizam o clima, limpam o ar, diminuem a poluição sonora e imprimem sensação de bem-estar a todos. Acarretam vida e saúde e refletem o grau de afabilidade de um ambiente, pois o cultivo das árvores urbanas corrobora muito para a educação de um povo e acerca do compromisso dos seus governantes (TELES, 2010).

Planejamento, plantio e manutenção da arborização urbana são responsabilidades das prefeituras municipais e direitas dos cidadãos.

O Nordeste brasileiro compreende uma área aproximada de 1.640.000 km² com uma diversificada vegetação. No entanto, a parte denominada de semiárido, teve sua delimitação expandida recentemente devido ao fato de perceber-se que os conhecimentos sobre o clima, por si só, não deveria ser considerado o único fator de determinação, mas que também deveria levar em conta uma alta taxa de evapotranspiração e má distribuição de chuvas acarretando, em conseqüência, problemas sociais, econômicos e ambientais em decorrência dos períodos de seca que se instalam na região (PAIVA, 2004, p. 140).

A geografia, através da sua categoria de análise paisagem, oferece oportunidade para a realização de estudos dessa natureza. Ressaltando-se, ainda, a atribuição de uma abordagem sistêmica frente às necessárias integrações de caráter interdisciplinar, passíveis de visualização no presente trabalho. Segundo Amador (2011, p. 117):

O verde urbano pode ser entendido como produto de alteração do espaço urbano, contribuindo para a geração de uma paisagem urbana. Esta, por sua vez, expressa um sistema complexo em que os componentes naturais: clima, substrato, água, vegetação e fauna se relacionam.

Nesse contexto, algumas colocações conceituais se fazem necessárias, tais como: arborização, parques, praças, vias públicas, área construída, espaços públicos arborizados, paisagem entre outras.

A arborização de cidades apresenta importância no espaço urbano por ser de caráter estético, ecológico, físico e psíquico para o homem que, por sua vez é político, social e econômico. Resumidamente, o caráter estético funciona como uma moldura tanto para a composição da paisagem quanto das residências. O caráter ecológico se refere aos benefícios decorrentes da melhoria microclimática.

O caráter físico e psíquico está associado a essa última colocação, ou seja, o físico pela atenuação da temperatura, vento entre outros fatores e, o psíquico está relacionado com a subjetividade presente da diminuição do estresse ocasionado pela vida urbana (AMADOR, 2011).

 

1.5 ARBORIZAÇÃO URBANA NO SEMIÁRIDO

1.5.1 A DEFINIÇÃO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: LIMITES E POTENCIALIDADES DA REGIÃO

De acordo com Souza (2007, p. 09), “o Semiárido brasileiro estende-se a 1.421 municípios em 11 Estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.”

 

Figura 4: Nova delimitação do Semiárido brasileiro

Fonte ANA

            A condição de semiárida configura a identidade e unidade desta grande região brasileira, de diferentes culturas e potenciais ainda inexplorados.

A região abrange uma área de 975 mil quilômetros quadrados. Nela vivem cerca de 23 milhões de pessoas. É o Semiárido mais populoso do planeta e também o mais chuvoso. A média pluviométrica é de 700 mm/ano. Curiosamente, é uma região de falta d’água. Isso significa que a quantidade de chuva é menor do que a água que evapora, numa proporção de três para um. Ou seja, a quantidade de água que evapora é três vezes maior do que a de chuva que cai. Por isso, a importância de guardar a chuva adequadamente (LACERDA; FILHO; SANTOS, 2011, 51).

Os investimentos reservados ao Nordeste promoveram o crescimento econômico mais rápido da região nas últimas décadas, embora esse crescimento não tenha adquirido um nível de desenvolvimento que oferecesse às populações dessa região melhores condições e possibilidades de vida.

A cobertura vegetal dessa região é constituída por formações típicas denominadas de Caatinga ou Savana Estépica, caracterizada pela formação de floresta seca composta de vegetação xerófila de porte arbóreo, arbustivo e herbáceo, com ampla variação de fisionomia em estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo, com predominância de espécies das famílias Caesalpinaceae, Mimosaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae e Cactacea. Estas espécies vegetais são exploradas, aleatoriamente, para os mais diversos usos, levando-as quase a extinção pelo desconhecimento do manejo e usos adequados (LACERDA; FILHO; SANTOS, 2011, 52).

Nos ecossistemas urbanos, inseridos no semi-árido, algumas espécies nativas são utilizadas na arborização de vias públicas, porém pouco se sabe sobre as suas potencialidades que permitam uma escolha adequada, obedecendo a todos os critérios mencionados por Gonçalves e Paiva (2004) relacionados ao porte, frutescência, florescência, tipos de raízes, e ritmo de crescimento. Sabe-se que as cidades do semi-árido apresentam um ambiente hostil para implantação da vegetação arbórea, sobretudo pelas limitações climáticas. Submetidas a um clima quente e seco, com até nove meses de estiagem, essas cidades necessitam da presença de uma massa arbórea que lhes proporcione melhorias no padrão ambiental, garantindo-lhes uma melhoria na qualidade de vida das populações nelas inseridas (GONÇALVES;PAIVA, 2004).

As árvores urbanas proporcionam diversos benefícios ecológicos, psicológicos, econômicos e sociais para a população e, especificamente para as cidades do semi-árido, elas desempenham função preponderante para a estabilização e melhoria microclimática, reduzindo a radiação solar direta e aumentando o conforto térmico (GONÇALVES e PAIVA, 2004). 

Neste contexto, considerando-se a importância das árvores urbanas para melhoria da qualidade de vida e elevação do padrão sócio-ambiental pelas diversas funções que exercem no ecossistema urbano, esta pesquisa se propôs a identificar e analisar as potencialidades de espécies de porte arbóreo, nativas ou exóticas adaptadas à região, que possam ser indicadas adequadamente para a arborização urbana.

Portanto, sob condições do semiárido há um grande número de espécies que podem ser utilizadas na arborização urbana. As espécies identificadas proporcionaram uma diversificação em relação ao seu tamanho, podendo ser sugeridas tanto para áreas verdes ou como para mata ciliar. E, com isto, foi detectada a importância das árvores urbanas para a comodidade ambiental nas cidades do semiárido brasileiro, que trarão contribuição para a elevação do padrão socioambiental, em que os resultados também trarão benefícios ecológicos, econômicos e sociais (GONÇALVES; PAIVA, 2004).

1.6 A ALGAROBA

            A Algaroba é de extrema importância para o Nordeste brasileiro, já que a precipitação pluviométrica média anual dessa região gira em torno de 750 mm e, embora seja baixa para outras espécies vegetais, já é 7,5 vezes maior do que essa espécie precisa para ocorrer (SILVA, 2011).

            É uma leguminosa que gera alimentos para o homem e para os animais, constituindo-se em importante fonte de desenvolvimento para as regiões áridas do planeta. Devido as suas múltiplas aplicações e usos, além de outras características importantes, a algarobeira é reconhecida no meio rural do Nordeste, como planta mágica, de valor precioso para o nordestino e tem sido recomendada para a região do polígono das secas.

            Sistematicamente, a algarobeira classifica-se, segundo Barros (et. al. 1981) da seguinte maneira:

ü  Família Leguminosae;

ü  Sub-família Mimosaceae;

ü  Gênero Prosopis;

ü  Espécie Prosopis Juliflora.

A algarobeira é uma planta de regiões áridas e semiáridas (ilustração 5), que apresenta características como, por exemplo, no geral sua raiz principal chega a atingir grandes profundidades pois, como é uma planta de regiões áridas, busca encontrar o lençol freático, retirando água do subsolo para a superfície, espalhando um bom número de raízes no subsolo.

 

Figura 5: Algaroba: uma fonte de economia

Fonte: diariodasulanca.com

 

De acordo com Silva (2011, p. 10), todas as espécies de Prosopis podem sobreviver em áreas com baixa precipitação anual ou períodos secos muito prolongados. Suas raízes podem captar água do solo ou outras fontes de água permanentes dentro dos primeiros anos.

Por serem espécies adaptadas a climas áridos e semiáridos, a germinação geralmente acontece no período chuvoso e as mudas devem ser estabelecidas o suficiente para que possa sobreviver a primeira estação seca (SILVA, 2011).

           

2 METODOLOGIA

 

            O trabalho foi realizado através de pesquisa de campo para melhor coleta dos dados que atingiram os objetivos propostos.

            Pesquisa de Campo, segundo Prestes (2005, p. 29), é aquela em que o pesquisador, através de questionários, entrevistas, protocolos verbais, observações, etc., coleta seus dados, investigando os pesquisados no seu meio.

De acordo com Franco (1985, p. 35), a pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado.

2.1 CAMPO DE ESTUDO

 

            O campo de estudo foi constituído de 2 (duas) ruas do município de Buíque – PE, sendo elas: Amélia Cavalcante e Odilon Nopa de Azevedo.

2.2 INSTRUMENTO E AMOSTRA

 

            O instrumento utilizado para a coleta dos dados foi 1 (um) questionário com 6 (seis) perguntas fechadas e abertas aplicado a 100 (cem) moradores das ruas estudadas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

 

            Quando perguntado aos moradores do município de Buíque – PE, especificamente das Ruas Amélia Cavalcante e Odilon Nopa de Azevedo, “Você acha que a quantidade de árvores desta rua é suficiente?” 90% dos pesquisados respondeu que sim, é suficiente e 10% respondeu que não, não é suficiente.

A cidade, além de ser habitat de várias espécies vivas, as árvores, principalmente as de médio e grande porte, são fundamentais para a vida em uma cidade.

Cada árvore é única na sua textura, cor, cheiro, folhas, flores e frutos, não tem frente e nem costas, crescem para todos os lados e continuamente, querendo abraçar e acolher todos que chegam à sua volta. Ela nos fornece alimento, ar, sombra e muitos materiais, com os quais podemos desenvolver incontáveis produtos aplicando nossa sabedoria e criatividade. Está sempre presente – como um símbolo maior, marcante e sábio. Acompanham nossas histórias, gerações após gerações, nunca se fazendo indiferente à presença do ser humano, ao contrário, sempre nos dando muito do que necessitamos. Porém, com o tempo, nós passamos simplesmente a tirar o que precisamos, sem medir as conseqüências do que deixaríamos para o futuro (PIVETTA, 2002).

           

Gráfico 1: Você acha que a quantidade de árvores desta rua é suficiente?

 

Fonte: A autora

Ano: 2012

 

 

 

Quando perguntado: “Você acha que as árvores de uma cidade são úteis para quê?” 80% dos pesquisados respondeu que são úteis para o fornecimento de sombras e 20% respondeu que são úteis para melhor qualidade do ar.

De acordo com Bianchi (1989), as árvores, além de embelezar praças, avenidas e ruas, as árvores refrescam o ambiente. Isto acontece porque dão sombra e mantêm a umidade do ar. Além disso, as plantas ajudam a diminuir a poluição porque absorvem o dióxido de carbono resultante da queima de combustíveis, ou seja, mais oxigênios para nós, humanos. 

Não há dúvida de que todas as árvores são úteis, pois melhoram o ar que se respira através da fotossíntese com a liberação do oxigênio. Nas cidades do mundo moderno, elas são cada vez mais necessárias, visto que a grande circulação de veículos polui o ar, trazendo doenças à população.

Gráfico 2: Você acha que as árvores de uma cidade são úteis para quê?

 

Fonte: A autora

Ano: 2012

            Quando perguntado: “Você acha que as árvores podem melhorar o ambiente urbano?” 100% dos pesquisados respondeu que sim, que as árvores podem melhorar o ambiente urbano.

É muito importante levar em consideração o tamanho e a altura que podem atingir as árvores a serem plantadas, para que lhes possam ser reservados os espaços necessários, no terreno e no ambiente, sendo sempre lembrado, também, o seu período de vida, pois existem espécies de árvores que podem se tornar centenárias (COSTA, 1976).

As árvores são de máxima importância para a vida no planeta Terra, pois seu papel é indispensável à manutenção de todo o ecossistema planetário, no combate à poluição, permitindo que sejam mantidas melhores condições do ar respirado. É por esse motivo que a preservação da Floresta Amazônica é uma das mais importantes e necessárias medidas de controle e manutenção ambiental, sendo uma unanimidade mundial (COSTA, 1976).

Gráfico 3: Você acha que as árvores podem melhorar o ambiente urbano?

 

Fonte: A autora

Ano: 2012

 

            Quando perguntado: “Qual a árvore que você gostaria que fosse plantada nesta rua?” 80% dos pesquisados respondeu que fosse plantada a castanhola, 10% respondeu que fosse a algaroba e 10% respondeu que fosse o fícus.

Qualquer planta só adquire pleno desenvolvimento em clima apropriado, caso contrário poderá ter alterações no porte, floração e frutificação. Deve-se evitar, portanto, o plantio de espécies cuja aclimatação não seja comprovada (COSTA, 1976).

Gráfico 4: Qual a árvore que você gostaria que fosse plantada nesta rua?

 

Fonte: A autora

Ano: 2012

            Quando perguntado: “Você percebeu algum prejuízo ao meio ambiente causado pelas árvores que existem aqui?” 100% dos pesquisados respondeu que não, não perceberam nenhum prejuízo ao meio ambiente.

Os danos ao meio ambiente ocorrem quando há uma degradação resultante de atividade que prejudique a saúde, a segurança e o bem-estar da população, criando condições adversas às atividades sócias e econômicas, afetando o ecossistema, suas condições estéticas ou sanitárias ou ainda, causando um desequilíbrio ecológico (GONÇALVES, 2004).

Gráfico 5: Você percebeu algum prejuízo ao meio ambiente causado pelas árvores que existem aqui?

 

Fonte: A autora

Ano: 2012

            Quando perguntado: “Como você classifica sua rua?” 90% dos pesquisados respondeu que é muito arborizada e 10% respondeu que é razoavelmente arborizada.

Apesar de uma rua precisar de arborização, muitas pessoas pensam que o plantio de árvores em ruas é algo impensado, impensável, pois geram problemas com as fiações elétricas, queda de folhas, dentre outros. Mas a maioria das pessoas desconhece os inúmeros benefícios que a arborização de ruas pode trazer (COSTA, 1976).

Gráfico 6: Como você classifica sua rua?

90%

10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Muito arborizada

Razoavelmente arborizada

Fonte: A autora

Ano: 2012

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

As paisagens estão em constante transformação, tanto no contexto ecológico quanto no contexto cultural. Ao planejar paisagens, devem ser considerados o contexto temporal e espacial, a história, as fases ecológicas e os períodos culturais, justamente para se adequar ao dinamismo dessa mudança de paisagens (Lang, 2000).

Os requisitos básicos são planejar harmoniosamente e concomitantemente a arborização e as intervenções urbanas, programar o atendimento permanente das necessidades da arborização e assegurar condições essenciais à concretização dos programas de arborização (Oliveira,1996).

As áreas verdes tornaram- se uma alusão em conservação do meio ambiente e a sua deterioração. Hoje em dia, os espaços verdes são adotados pelos centros urbanos.  A urbanização está cada vez mais complicada, pois o espaço urbano se expande cada vez mais por razão da sua força produtiva, e assim as teses sócio-ambientais entram em incoerência com as teses sócio-econômicas.

            A semelhança cidade e natureza com o crescimento da urbanização se tornam cada vez menor, e a deterioração se torna banal nas grandes cidades, pois não existiu nenhum tipo de programa que tenha ressaltado a importância do meio ambiente, e vida urbana ficou vinculada a infra-estrutura da cidade.

Há uma crescente tendência em se estudar a percepção de populações referentes a temas diversos. Em áreas protegidas essa abordagem tem sido cada vez mais requisitada em planos e projetos de implantação de parques e outros tipos de reservas.

Acontece que, o estudo da percepção não possui uma única abordagem e nem um campo metodológico estruturado. O conhecimento das percepções como um campo em descoberta pode determinar sentimentos, idéias, necessidades, expectativas e interpretação da sociedade sobre a sua realidade daqueles conjuntos de fatos e relações que a envolve.

Sem dúvida, se através do estudo da percepção consegue-se determinar todas as imagens negativas sobre áreas percebidas, pode-se trabalhar para a implantação e criação de imagens e percepções positivas, sempre enfatizando os benefícios sociais de tais espaços. No entanto, cada grupo social possui imagens diferentes, por que também possuem realidade e sensações diferentes e esse é um ponto central a ser levado em constante questionamento sobre as diferenciações das percepções.

Após estudos realizados, pode-se perceber que os moradores de Buíque – PE são adeptos à arborização urbana, demonstrando a satisfação em ter muitas plantas em suas ruas. O que leva a compreender que as pessoas já entendem a importância de se ter uma cidade arborizada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5 REFERÊNCIAS

 

AMADOR, Maria Betânia Moreira. Abordagem geográfica de antigas áreas algarobadas através do estudo sistêmico dos processos superficiais da paisagem e sua influência na biota local: Monteiro/PB. 2011. 147f. Relatório (Pós-doutorado em Geografia) – Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

BIANCHI, C.G. Caracterização e análise das áreas verdes urbanas de Jaboticabal-SP. Jaboticabal, 1989. 56 p. Monografia (Graduação)- Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista " Júlio de Mesquita Filho".

BRASIL,Constituição Federal, 1988. Diário Oficial da República Federativa da União. Brasília, 2000. Seção I. 55 p.

COSTA, S. A. da. Arborização das cidades. Campinas: CATI, 1976.

FARAH, I.M.C. Arborização urbana e sua inserção no desenho urbano. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. V.7, n.3, p.6, 1999.

FRANCO, Eduardo (2005). O que é Pesquisa de Campo?. Texto extraído do site http://www.unibero.edu.br/nucleosuni_nerimetc02.asp em 10/02/11.  

FURTADO, A. E.; MELLO FILHO, L. E. A interação microclima, paisagismo e arquitetura. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. V.7, n.3., p.9, 1999.

GONÇALVES, W.; PAIVA, H.N., Árvores para o ambiente urbano. Viçosa: Aprenda Fácil, 2004. 243 p. (Coleção Jardinagem e Paisagismo. Série Arborização Urbana, 3).

HOEHNE, F.C. Arborização urbana. São Paulo: Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio, 1944. 215 p.

LACERDA, Roberta Maria de Albuquerque; FILHO, José Augusto de Lira; SANTOS, Rivaldo Vital dos. Indicação de Espécies de Porte Arbóreo para a Arborização Urbana no Semiárido Paraibano. REVSBAU, Piracicaba – SP, v.6, n.1, p.51-68, 2011.

LANG, E. Como fazer sombra na entrada de casa. Folha de São Paulo, 02 nov. 2000. Folha Equilíbrio p.6.

MARCUCCI, D.J. landscape history as a planning tool. Landscape and Urban Planning, n.49, p. 67-81, 2000.

OLIVEIRA, C. H. Planejamento ambiental da cidade de São Carlos (SP) com ênfase nas áreas públicas e áreas verdes: diagnóstico e propostas. Tese de Mestrado, PPG – ERN/UFS car, São Carlos, SP, 1996.

PAIVA, Haroldo Nogueira de: Florestas urbanas: planejamento para melhoria da qualidade de vida / Haroldo Nogueira de Paiva, Wantuelfer Gonçalves – Viçosa-MG: Aprenda Fácil, 2002.

PAIVA, H.N.; GONÇALVES, W. Árvores para o ambiente urbano. Viçosa: Aprenda Fácil Editora, 2004.

PCN. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997/1998.

PEDROSA, J.B. Arborização de cidades e rodovias. Belo Horizonte: IEF, 1983.

PIRES, Luis Manuel Fonseca. Loteamentos Urbanos: natureza jurídica. São Paulo: Quartier Latin, 2006.

PIVETTA, K. F.L.; SILVA FILHO, D. F. da. Arborização Urbana. Boletim Acadêmico. Série Arborização Urbana. Unesp, Fcav, Funep. Jaboticabal, SP, 2002.

POLAND, C.C. O verde urbano e o conservacionismo no planejamento das cidades. FBCN, Boletim Informativo nº 8, p. 3-9, 1973.

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SILVA, Clóvis Gouveia da (2011). Algaroba. Texto extraído do site www.ct.ufpb.br/laboratorios/lpfd/index.php?option=com em 20/11/12.

TELES, Marcelo. Arborização: prestigiando as árvores nativas da Caatinga. Texto extraído do site  http://www.semiarido.org.br em 31/10/12.

TUAN, Yi-fu. Topofilia- Um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 1980.

TERRA, C.G. Os jardins no Brasil no século XIX: Glaziou revisitado. 2. Ed. Rio de Janeiro: EBA, UFRJ, 2000.