RESUMO

O presente artigo sugere uma reflexão sobre os processos de leitura e escrita. Para tanto, analisou-se o desenvolvimento educativo de educandos que apresentavam dificuldades com a língua e o seu uso. Tendo em vista que a habilidade da escrita é intrinsecamente ligada à leitura, e, o processo é desenvolvido mediante a atuação do educador consciente, reflexivo e atualizado. A intenção é a de despertar o profissional da área da educação para a necessidade de inovar as práticas educativas a fim de que a mediação da aprendizagem seja prazerosa e eficaz.

PALAVRAS-CHAVE

Leitura. Escrita. Processo. Prática. Educativa. Prazerosa. Mediação. Tecnologias.

 


A LEITURA E A ESCRITA DIFICULDADE PARA OS EDUCANDOS.

 

Compreender a linguagem escrita é um processo que exige pré-requisitos. A linguagem falada, um dos elos entre a compreensão, elaboração e apropriação da escrita estabelece os primeiros contatos que desencadearão em produções orais. A linguagem em sua forma escrita e a leitura estabelecem mudanças significativas para o homem. O mundo da escrita e as suas interpretações põem o educando em contato com a necessidade de evolução, de ser cidadão e atuar sobre o mundo.

Para tanto, a escrita deve ser significativa. O despertar para a necessidade e o prazer em ler e escrever precisam ser semeados e cultivados nas séries iniciais da escolarização propriamente dita.

 

O aprendizado e a utilização do código interfere na capacidade de compreender, criticar, interpretar e produzir conhecimento. A leitura e a escrita bem desenvolvida em um indivíduo inserem-no na vida social.

 

A natureza do fracasso, tanto na leitura, quanto na escrita, ocorre a partir de uma

 

interação entre os fatores sociais, educacionais e individuais. Dentre estes últimos, cabe

 

mencionar dois aspectos distintos: por um lado, importantes diferenças individuais que

 

facilitam a aquisição de certas matérias e; por outro, diferenças igualmente importantes na capacidade para responder emocionalmente a situações de esforço e de tensão. (Sánchez Miguel e Martínez Martín, 1998).

 

Lidar com as dificuldades da leitura e da escrita e ter a consciência de sua docência (o educador), é perceber, entender e compreender o sujeito que sente-se constrangido e por vezes, termina excluído em seu meio. Nessa perspectiva, o desenvolvimento das habilidades da leitura e escrita são desafios corriqueiros no exercício da profissão. Perceber e detectar as alterações do sentido de um texto devido aos erros na sintaxe, estruturação, pontuação de frases ou na organização dos parágrafos, ou seja, em habilidades necessárias para a produção textual é comum no dia a dia do educador.

 

Mas o que fazer com todas essas informações? Eis o desafio e a responsabilidade que se implanta. É a partir daqui que pontuarei alguns pressupostos teóricos exemplificados com a prática pedagógica.

 

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E OS DESAFIOS PARA OS EDUCADORES

 

A necessidade emergencial é o entendimento da complexidade da educação brasileira. Para tanto, o aperfeiçoamento através de estudos diários nas formações e cursos de área são imprescindíveis.

 

Não há como atuar ou intervir sobre o desconhecido. O educador que escolhe a profissão conscientemente, o faz com a entrega de que, colaborar com o outro em seu processo de mediação da aprendizagem fará a diferença para ambos.

 

Sendo consciente, o educador é acima de tudo reflexivo. Observa e reflete como ele próprio aprende para poder compreender o outro. É o princípio da alteridade. Nesse caminho, nada mais produtivo que a busca pelo conhecimento como prioridade para propor e elaborar planejamentos pedagógicos que contemplem a real necessidade dos educandos.

 

Quero com isso, reforçar que, o educador, primeiro se educa; estuda, entende e compreende o processo educativo. Ele tem o dever de manter-se atualizado na profissão que escolheu. A promoção do educando à condição de sujeito está intrinsecamente ligada à atitude do docente em atualizar os seus conhecimentos.Tarefa nada fácil.

 

Manter-se inserido nas atualidades educativas que surgem e se modificam a cada instante é uma corrida incansável ao saber que deve ser intercalada com momentos reflexivos e de produções escritas acerca daquilo que se vive.

 

A formação de professores sob a bandeira da reflexão, (...) uma reação contra o facto de os professores serem vistos como técnicos que limitam a cumprir o que os outros lhes ditam se fora da sala de aula; ou seja a rejeição de uma reforma educativa feita de cima para baixo, na qual os professores são meros participantes passivos. Portanto, ele implica o reconhecimento de que os professores são profissionais que devem desempenhar um papel activo na formulação tanto dos propósitos e objectivos do seu trabalho, como dos meios para os atingir; isto é, o reconhecimento de que o ensino precisa voltar às mãos dos professores. (ZEICHENER, apud ALMEIDA, 2001, p.24)

 

Estamos emersos em um mundo que acirradamente vive da informação oriunda da formação sistematizada. É o mundo moderno, tecnológico e com um mercado cada vez mais exigente. Mercado este mantido pelos próprios indivíduos que sentem a falta de atendimentos pedagógicos diversificados por parte dos docentes.

 

São os mesmos (educandos), que põem em xeque a versão quase que ultrapassada do professor tradicional e seus métodos repetitivos. Nada mais justo. O agente mediador da educação tem um papel fundamental na construção do ser integral, portanto, ele precisa atualizar seus conhecimentos e ousar em práticas educativas prazerosas.

 

É através da formação continuada que os docentes resgatarão a autonomia e a autoridade que a profissão lhe confere em âmbito educacional. Perpassa por esse foco a implementação de uma política que proporcione a liberdade que só a educação pode promover a todos os cidadãos.

 

PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA E A AÇÃO DO EDUCADOR.

 

Ler e escrever são processos desenvolvidos a partir da interação com o mundo e da integração do sujeito nesse mesmo mundo, de maneira tal que possa agir e interferir conscientemente em seu meio social. Caminham paralelamente a construção do sujeito leitor e escritor; porém nem sempre a relação/ação leitura e escrita acontecem simultâneamente.

 

Suassuna (1995) apud Gomes & Souza (2010, p. 4) afirma que

 

[] quando o aluno [ler] sem prazer sem o exercício da crítica, sem imaginação, quando não faz da leitura uma descoberta, um ato de conhecimento, quando somente reproduz, nos exercícios a palavra lida do outro, consequentemente não poderá intervir sobre aquilo que historicamente está posto. Portanto, deve-se formar leitores capazes de ler criticamente, aptos para interferir na realidade em que estão inseridos

 

Propostas pedagógicas com estratégias educacionais diferenciadas deverão fazer parte do processo de desenvolvimento da leitura e da escrita. Apenas a combinação de letras e sons não são bastantes para dominar o código linguístico.

 

Através do hábito de leitura poderemos alcançar o nosso objetivo em relação à escrita. Porém , há um pré-requisito para isso. Seduzir o educando ao prazer da leitura. Mostrar a ele como as 'viagens literárias' podem ser gratificantes.

 

Considerar os meios pedagógicos utilizados em sala de aula, influencia diretamente na formação do aluno/educando. A identificação do estilo de aprendizagem do discente e, as metodologias utilizadas para mediar a aprendizagem, assim como a concepção que o educador tem sobre o do ato de ler e a sua prática diária; também são fatores importantes para o exercício da docência.

 

Pensar em leitura, escrita, comunicação e informação na educação em uma perspectiva vygotskyana, é visualizar um “fazer em colaborativo” que promove a participação e a ação criadora dos sujeitos envolvidos.

 

A eficácia do processo de ensino e de aprendizagem é uma atividade social na qual o indivíduo se forma a partir da interação com os seus pares e, busca em seu mundo particular relações de trocas que se complementam.

 

Os espaços educacionais inteligentes, que não requerem e nem se configuram tão somente a uma escola ou a uma sala de aula tradicional, são pontos estratégicos onde fluem a comunicação, a informação e a formação. Neste contexto, é que, o educador pode aproveitar para instaurar e provocar momentos fecundos em produções de conhecimentos e debates de ideias.

 

A comunicação digital oferece aos profissionais da área da educação situações diferenciadas e prazerosas de promoção de trocas, interações e relações de sociabilidade que, de acordo com o contexto podem ser exploradas oportunamente pelo educador. Basta que o mesmo esteja aberto e disponível para mediar tais construções.

 

As conversações, as trocas de informações entre os usuários conectados à rede permitem a todos, indistintamente, em um mesmo nível de participação interagirem nesses espaços, que são modalidades sugestivas às ações pedagógicas.

 

O educador é um comunicador contemporâneo. Não se pode neglicenciar que o uso da comunicação através dos recursos tecnológicos sejam ferramentas dispensáveis ao exercício do seu trabalho; uma vez que elas estão disponíveis em praticamente todos os lugares.

 

Mediar a relação do homem com o objeto e, com outro homem é interação. Sob os signos de Vigotsky, uma espécie de “órgão social” dotado de forças significativas nas relações humanas com o mundo.

 

A gestão dos meios de comunicação que podem servir de aliados à ação educativa é de responsabilidade do professor/educador. Diferentemente da ação conteudista dos moldes tradicionais; é uma maneira de promover a liberdade do ser humano; aliar a prática pedagógica em meio à interação que os recursos tecnológicos oferecem, é, indubitavelmente fazer a diferença no ato pedagógico. É a educação traduzida em atualização e liberdade de ação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O momento atual é de preocupação com os sentidos daquilo que se lê e/ou escreve tendo em vista as dificuldades dos educandos. Este artigo buscou refletir e compreender através de leituras, acompanhamentos pedagógicos e discussões com educandos e educadores acerca das dificuldades da leitura e da escrita; bem como o uso de recursos midiáticos podem ser atrativos nas práticas educacionais.

 

Em relação aos discentes, verifica-se que o uso de recursos tecnológicos os motivam a interagir e participar mais dos momentos de mediação da aprendizagem. É um dispositivo facilitador à ação educativa que o professor/educador precisa estar habilitado para utilizá-la.

 



 



 



 

REFERÊNCIAS

 

GOMES, F. F. L. & SOUZA, J. M. R. Os caminhos para o ensino produtivo de língua portuguesa. V Semana de Letras Linguagem e entrechoques culturais. Língua, literatura e cultura brasileira. Catolé do Rocha PB. 2010.

 

MORAN, José Manoel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, José Manoel et. al. Novas tecnologias e mediação pedagógica: Campinas: Papirus, 2004.

 

SÁNCHEZ MIGUEL, E., MARTÍNEZ MARTÍN, J. Las dificultades en el aprendizaje de la lectura. In SANTIUSTE BERMEJO, V., BELTRÁN LLERA, J.A. Dificultades de aprendizaje. Madrid: Editorial Sintesis, 1998.

 

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. 8.ed. São Paulo: Cortez, 2002.

 

ZEICHNER, Kenneth M. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. In: ALMEIDA, Ana M. F. P., RIBEIRO, R. e MURARI, E. Programa de Formação Continuada de Educadores para Sistemas Municipais de Ensino. Educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental. Módulo I: experiências práticas educativas: a profissão professor compromisso e competência técnica. UNESP, 2001