Aquele Homem
Publicado em 30 de maio de 2010 por Helio Ricardo Pereira
Aquele Homem
Chovia muito quando aquele homem saiu de casa rumo ao trabalho no outro lado da cidade; apesar do mal tempo fazia muito calor e ainda faltava muito para o amanhecer.
Depois de caminhar por cerca de meia hora desviando-se de poças d`água e da lama que se acumulavam nas ruas sem calçamento, ele chegou ao ponto de ônibus onde uma grande fila já se formara.
Quando o veículo chegou ao local aquele pessoal todo se jogou para dentro dele no afã de conseguir um lugar sentado; e aquele homem foi levado não se sabe como para dentro e percebeu que mais uma vez teria que passar as duas horas de viagem de pé no corredor.
Quando estava a meio caminho de seu destino o homem sentiu um grande impulso em seu corpo que o jogou no colo de uma senhora que estava sentada logo à frente dele. Sem saber direito o que se passava, ele sentiu que a mulher o agredia com palavras e com a bolsa que carregava. Voltando a si percebeu que o veículo fora fechado por outro, quase ocasionando um sério acidente. O homem olhou em volta e viu que alguns dos passageiros passaram a fazer piada de sua queda e sem reagir baixou a cabeça, e seguiu em silêncio.
Depois desse acontecimento, o trânsito parece ter parado, ninguém andava; um caos total.Nosso homem chegou ao trabalho com uma hora de atraso e teve de ouvir um sermão de seu chefe imediato, além de ser informado que a demora seria descontada em seu salário. Colocou suas coisas no armário, trocou a roupa e começou seu serviço como faxineiro em uma grande empresa. Chateado ainda com as duras palavras do chefe, foi direto ao primeiro andar iniciar a limpeza.Devido às chuvas da manhã o saguão do prédio estava molhado e bastante sujo, mas isto não era problema, porque ele estava acostumado a trabalhar pesado. o que realmente o incomodava era a postura das pessoas que chegavam ao edifício; como por exemplo, duas jovens que conversavam algo inteligível aos seus ouvidos, e que passaram sem o notar, deixando pelo caminho um rastro de lama dos sapatos e água que caia de seus guarda-chuvas; sendo que na entrada havia um tapete para se limpar os pés. O homem suspirou sem esperança que alguém notasse sua indignação.
Na hora do almoço nosso "herói" lembrou-se que devido à pressa não havia colocado sua marmita na geladeira da cantina, como de costume... Tarde demais; a comida estava com um odor desagradável. Porém, o que fazer? O que o alimentaria para continuar a labuta? Comeu sem pensar!
Ao longo de toda a tarde sentiu os efeitos da má alimentação em seu corpo. Começou a sentir calafrios, sentiu vertigens e foi obrigado a correr ao banheiro. Fraco e cansado terminou mais um dia se serviço e se preparou para voltar ao lar.
Para a condução... mais fila. No trajeto... mais confusão. Na estrada para casa... mais lama.
Foi recebido pela esposa que veio logo lhe dizendo que as compras do mês estavam por acabar e ela não sabia o que fazer. No banho, sozinho, suspirou ao pensar no que faria para manter a família.
Saiu do banheiro renovado... deparou-se com os filhos a brincar com um pedaços de madeira, simulando que seriam seus carros de corrida... um nó ficou preso na graganta.
Depois de comer algo, muito pouco, pois ainda sentia o estômago "embrulhado", foi se despedir das crianças antes de ir para a cama. Já na cama elas ainda faziam algazarra e pareciam estar se divertindo bastante. Sem perceber a presença do pai que se aproximava da porta, os meninos conversavam animadamente quando um deles disse:
"Quando eu crescer, quero ser igaul ao papai!"
Um soluço ficou preso na garganta daquele homem, que fecou os olhos e sentiu que uma lágrima lhe corria pela face.
Obs: Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência?
Chovia muito quando aquele homem saiu de casa rumo ao trabalho no outro lado da cidade; apesar do mal tempo fazia muito calor e ainda faltava muito para o amanhecer.
Depois de caminhar por cerca de meia hora desviando-se de poças d`água e da lama que se acumulavam nas ruas sem calçamento, ele chegou ao ponto de ônibus onde uma grande fila já se formara.
Quando o veículo chegou ao local aquele pessoal todo se jogou para dentro dele no afã de conseguir um lugar sentado; e aquele homem foi levado não se sabe como para dentro e percebeu que mais uma vez teria que passar as duas horas de viagem de pé no corredor.
Quando estava a meio caminho de seu destino o homem sentiu um grande impulso em seu corpo que o jogou no colo de uma senhora que estava sentada logo à frente dele. Sem saber direito o que se passava, ele sentiu que a mulher o agredia com palavras e com a bolsa que carregava. Voltando a si percebeu que o veículo fora fechado por outro, quase ocasionando um sério acidente. O homem olhou em volta e viu que alguns dos passageiros passaram a fazer piada de sua queda e sem reagir baixou a cabeça, e seguiu em silêncio.
Depois desse acontecimento, o trânsito parece ter parado, ninguém andava; um caos total.Nosso homem chegou ao trabalho com uma hora de atraso e teve de ouvir um sermão de seu chefe imediato, além de ser informado que a demora seria descontada em seu salário. Colocou suas coisas no armário, trocou a roupa e começou seu serviço como faxineiro em uma grande empresa. Chateado ainda com as duras palavras do chefe, foi direto ao primeiro andar iniciar a limpeza.Devido às chuvas da manhã o saguão do prédio estava molhado e bastante sujo, mas isto não era problema, porque ele estava acostumado a trabalhar pesado. o que realmente o incomodava era a postura das pessoas que chegavam ao edifício; como por exemplo, duas jovens que conversavam algo inteligível aos seus ouvidos, e que passaram sem o notar, deixando pelo caminho um rastro de lama dos sapatos e água que caia de seus guarda-chuvas; sendo que na entrada havia um tapete para se limpar os pés. O homem suspirou sem esperança que alguém notasse sua indignação.
Na hora do almoço nosso "herói" lembrou-se que devido à pressa não havia colocado sua marmita na geladeira da cantina, como de costume... Tarde demais; a comida estava com um odor desagradável. Porém, o que fazer? O que o alimentaria para continuar a labuta? Comeu sem pensar!
Ao longo de toda a tarde sentiu os efeitos da má alimentação em seu corpo. Começou a sentir calafrios, sentiu vertigens e foi obrigado a correr ao banheiro. Fraco e cansado terminou mais um dia se serviço e se preparou para voltar ao lar.
Para a condução... mais fila. No trajeto... mais confusão. Na estrada para casa... mais lama.
Foi recebido pela esposa que veio logo lhe dizendo que as compras do mês estavam por acabar e ela não sabia o que fazer. No banho, sozinho, suspirou ao pensar no que faria para manter a família.
Saiu do banheiro renovado... deparou-se com os filhos a brincar com um pedaços de madeira, simulando que seriam seus carros de corrida... um nó ficou preso na graganta.
Depois de comer algo, muito pouco, pois ainda sentia o estômago "embrulhado", foi se despedir das crianças antes de ir para a cama. Já na cama elas ainda faziam algazarra e pareciam estar se divertindo bastante. Sem perceber a presença do pai que se aproximava da porta, os meninos conversavam animadamente quando um deles disse:
"Quando eu crescer, quero ser igaul ao papai!"
Um soluço ficou preso na garganta daquele homem, que fecou os olhos e sentiu que uma lágrima lhe corria pela face.
Obs: Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência?