Saiu hoje, mais uma pesquisa que revela a mais alta taxa de aprovação do governo Lula em todos os tempos – 64% dos entrevistados consideram o governo bom ou ótimo, de acordo com o instituto Datafolha. É surpreendente como o presidente se mantém imune desde as primeiras crises que afetam seu governo (já no primeiro mandato) e mais interessante ainda – a cada crise, parece se fortalecer. As pessoas parecem creditar a Lula somente os fatos positivos. Ele consegue se dissociar do que é negativo e mantém sua imagem em alta.

Vários fatos podem ajudar a explicar esta avaliação. Hoje, o Brasil cresce a uma taxa que não se via desde o período do milagre econômico, as recentes descobertas da Petrobrás, na chamada camada Pré-sal, que podem transformar a economia do país, o aumento do nível do emprego formal, a melhora na qualidade de vida de milhões de brasileiros, que deixaram a linha de exclusão social, etc.

Claro que muitos destes acontecimentos estão intimamente ligados ao ótimo momento da economia mundial que não crescia de forma tão pujante desde a segunda grande guerra e que ajudou a alavancar as exportações brasileiras e com isso, melhorar vários indicadores econômicos internos. Mas o governo também teve seus méritos, ao incrementar o crédito agrícola, os financiamentos industriais, via BNDES, melhorar os programas de inclusão social – do Bolsa Família, entre outros trabalhos.

A grande preocupação com relação à economia brasileira é saber se ela está preparada para uma possível e até (de acordo com economistas) previsível mudança nos rumos da economia mundial. A China não deverá continuar crescendo a taxas de 10% ao ano, por muito mais tempo. A crise na economia americana ainda paira sobre vários bancos e seus desdobramentos parecem estar longe do fim. Internamente temos o problema dos juros altíssimos, falta de mão-de-obra especializada, que pode comprometer o crescimento, acertos na política econômica e com o déficit nas transações internacionais, que já prejudicam nossa balança comercial.

São vários os acertos necessários para o futuro e resta saber se o governo Lula conseguirá equalizar estas discrepâncias para que não veja prejudicado o projeto do PT de dar continuidade a frente da presidência da república.

Por enquanto, não tem Gilmar Mendes, Satiagraha, Grampogate que atrapalhem a tranqüila caminhada de Lula para fazer seu sucessor, mas todo cuidado é pouco, neste campo minado da política.