CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA PARA A EDUCAÇÃO

 

RESUMO:                                                                

O objetivo desse artigo é apontar uma reflexão acerca da contribuição da Psicologia para a Educação. Atualmente, o desempenho do trabalho de um professor requer mais do que uma simples formação (licenciatura); faz-se necessário que o profissional mencionado compreenda os fatores que envolvem certas atitudes e/ou dificuldades de seus alunos. Assim, destacaremos algumas concepções e pontos relevantes de acordo com alguns teóricos da educação.

 

Palavras-chave: Psicologia. Educação. Ensino.

  1. 1.    O QUE É PSICOLOGIA?

 

Segundo o Minidicionário Prático da Língua Portuguesa, o termo “Psicologia” é um substantivo feminino que significa a “ciência que estuda os fenômenos da vida mental e suas leis”.

De acordo com a definição acima apresentada, podemos afirmar que a psicologia estuda os fatores relacionados à mente.

Diante do apresentado, enfatizamos que para que um professor compreenda melhor seus alunos e/ou seus comportamentos, ele deve entender minimamente as leis da psicologia para melhor lidar com os estudantes.

  1. 2.    O QUE É EDUCAÇÃO?

Segundo o Minidicionário Prático da Língua Portuguesa, o termo “Educação” é um substantivo feminino que significa “ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações jovens para adaptá-las à vida social”.

O Minidicionário acima citado ainda define o termo em questão como “conhecimentos conseguidos pelos estudos”.

A partir de tais definições, podemos afirmar que por meio dos estudos é que o indivíduo obtém diversos conhecimentos.

Tais estudos são ofertados por diversas instituições escolares nas quais há profissionais capacitados para a transmissão de conhecimentos.

 

 

  1. 3.    PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO

Diversos estudiosos, médicos e educadores enfatizaram a questão da relação entre a psicologia e educação.

Osmar Pinto (1969, p.16) nos afirma que a escola formal faz um “jogo de forças psíquicas”. Segundo essa concepção, esse “jogo” se dá pelo fato de a escola relacionar-se de forma concomitante, com os alunos (crianças/adolescentes), suas famílias; os professores e especialistas e assim, acaba ficando no núcleo das discussões entre o sujeito e a cultura.

A situação exposta acima foi abordada pelo psiquiatra Sigmund Freud há tempos atrás em seu artigo “O futuro de uma ilusão”. Nesse artigo, o estudioso supracitado afirma que “todo indivíduo é virtualmente um inimigo da civilização, embora se suponha que esta constitui um objeto de interesse humano universal”.

            Com a afirmação apresentada, Freud nos faz perceber que muitas vezes, o homem age de forma destrutiva, apresentando-se de maneira antissocial e anticultural, destruindo a natureza; o seu semelhante e a si próprio.

            Sendo assim, o estudioso supracitado aponta que o homem tem que conviver com uma ambivalência: Ser desejante X Ser cultural.

A partir dessa ambivalência surge uma questão: Como podemos compreender essas ações realizadas pelo homem, sendo que essa espécie é um ser desejante?

É nesse balanço de conflitos que para Freud, a Psicanálise é fundamentada.

Já Henri Wallon médico que cuidou de pessoas com distúrbios psiquiátricos, criou um laboratório de psicologia biológica da criança.

Por sua formação, ocupou os postos mais altos no mundo universitário Francês, em que liderou uma intensa atividade de pesquisa. Propôs mudanças estruturais no sistema educacional Francês.

Atualmente, fala-se que a escola deve proporcionar às crianças uma formação integral - intelectual; afetiva e social -. Contudo, no início do século passado, tal idéia foi uma grande revolução no ensino e quem a protagonizou foi Henri Wallon com sua nova teoria pedagógica que enfatiza que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro.

Segundo a teoria de Wallon, as emoções dependem fundamentalmente da organização dos espaços para se manifestarem. Assim, a motricidade tem caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento quanto por sua representação.

De acordo com o estudioso, a escola imobiliza a criança e/ou adolescente numa carteira, limitando a fluidez de suas emoções e pensamentos, contudo, essa fluidez é indispensável para o desenvolvimento completo de uma pessoa.

Ao contrário dos métodos tradicionais, Wallon expôs o desenvolvimento intelectual de maneira mais humanizada, considerando o indivíduo como um todo. Para ele, afetividade, emoções, movimento e espaço físico encontram-se num mesmo plano e, ajudam na formação do eu como pessoa, por isso, as atividades pedagógicas e os objetos relacionados ao aprendizado devem ser trabalhados de formas variadas.

Segundo o estudioso, aos três anos de idade, a criança passa por um momento de saber que “eu sou” e para ganhar atenção e alcançar seu objetivo, utiliza-se de alguns recursos: manipulação (agride alguém ou se joga no chão); sedução (faz chantagem emocional com pais e professores); imitação do outro (repete ações ou palavras dos adultos ou de crianças mais velhas).

Wallon realizou ainda estudos com crianças entre seis e nove anos de idade e com isso, apontou que o desenvolvimento da inteligência de um indivíduo depende fundamentalmente de como cada um difere a realidade exterior, uma vez que, concomitantemente, suas idéias são lineares e se misturam; o que ocasiona um conflito permanente entre dois mundos: o interior, povoado de sonhos e fantasias; e o real, cheio de símbolos, códigos e valores socioculturais.

Para finalizar, o pesquisador afirma que os estágios pelos quais o sujeito passa ao longo de seu desenvolvimento, se sucedem de maneira que momentos predominantemente afetivos sejam sucedidos por momentos predominantemente cognitivos.

Assim, Wallon apresenta: o Estágio Impulsivo-Emocional: que vai do nascimento até aproximadamente o primeiro ano de vida. É um estágio predominantemente afetivo, onde as emoções são o principal instrumento de interação com o meio.

O Estágio Sensório-Motor e Projetivo: que vai do dos três meses de idade até aproximadamente o terceiro ano de vida. É uma fase onde a inteligência predomina e o mundo externo prevalece nos fenômenos cognitivos.

Ao estágio sensório-motor e projetivo sucede uma fase na qual há uma predominância afetiva sobre o indivíduo, é o Estágio do Personalismo. Este estágio se estende aproximadamente dos três aos seis anos de idade.

O estágio do personalismo é sucedido por um período de acentuada predominância da inteligência sobre as emoções. Este estágio inicia-se após os seis anos de idade e se estende até a formação do indivíduo. Nesta fase, usualmente chamada de Estágio Categorial, a criança começa a desenvolver as capacidades de memória e atenção voluntárias.

Em suma, foram diversos os teóricos que trataram da questão “Psicologia e Educação”, entretanto, Wallon abriu as portas para que novas práticas fossem realizadas na área da educação, a escola organizada em ciclo de formação humana, por exemplo, foi fundamentada em suas ideias, haja vista que para o estudioso, “reprovar um aluno em uma avaliação é a própria negação do ensino”.

  1. 4.    COMO O ESTUDO DA PSICOLOGIA VEM CONTRIBUINDO PARA MINHA PRÁTICA PEDAGÓGICA?

Após verificar a crescente indiferença dos alunos em relação aos estudos, buscamos averiguar quais os motivos pelos quais muitas crianças se mostram arredias; desinteressadas ou mesmo agressivas dentro do espaço escolar.

O intento dessa investigação foi ganhar a confiança das crianças e/ou adolescentes e a partir daí ajudá-los da melhor maneira possível.

Com isso, fizemos uma roda de conversa entre professores e estudantes e pedimos ainda que os alunos realizem uma produção textual contemplando o gênero “Memórias”.

Após ouvi-los e ler suas produções, pudemos constatar que muitas crianças passam por situações difíceis, embaraçosas e algumas até mesmo correm riscos. Essa prática permitiu-nos entender melhor certos fatos que ocorrem dentro do recinto escolar.

O passo seguinte foi colocar colegas e superiores a par dos casos de maior gravidade para que juntos pudéssemos pensar em uma forma de ajudar essas crianças.

Outro fator importante foi a questão da metodologia, pois com esses alunos em especial, as avaliações individuais precisaram ser repensados, uma vez que a abordagem de estímulo- resposta até então utilizada não estava surtindo efeito em razão das situações vividas e sufocadas por eles.

Com essa ação pudemos perceber que não devemos subestimar ou mesmo “rotular” nossos alunos antes mesmo de conhecê-los ou de conhecer a realidade de cada um.

Assim, acreditamos que de agora em diante, antes de criticarmos ou rotularmos um aluno por qualquer que seja o motivo, ou simplesmente “por ouvir dizer”, iremos investigar o que há por trás de certas atitudes ou aparente apatia em relação ao estudo ou mesmo na interação entre aluno e professor e entre alunos.

Sob essa perspectiva, enfatizamos que a Psicologia ajuda a instituição escolar e a família a conterem a delinquência infanto - juvenil.

  1. 5.    ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES

Diante do exposto, pude constatar que é de suma importância que nós professores estejamos atentos a qualquer sintoma errado que o aluno apresentar e ao detectar qualquer problema, não tomar atitudes precipitadas e não agir com preconceito ou discriminação.

Ressaltamos ainda que a teoria de Henri Wallon mesmo nos dias atuais continua sendo um desafio para muitos pais, escolas e professores. Sua obra traz uma grande resistência aos métodos pedagógicos tradicionais.

Contudo, deixamos aqui uma reflexão: Em uma época de crises, guerras, separações e individualismos como a nossa, não seria melhor começar a pôr em prática nas escolas, ideias mais humanistas, que valorizem desde cedo à importância das emoções?

  1. REFERÊNCIAS

FERRARI, Márcio ([email protected]) Disponível em: <http://www.henrywallon.com.br/biografia/default.asp. > Acesso em: 01junho de 2014.

PINTO, Osmar.

Minidicionário Prático: Língua Portuguesa: A/Z. São Paulo:DCL, 2010