INTRODUÇÃO

Vivemos um estilo de vida em que é priorizada a dependência, no mais abrangente sentido. Uma dependência existencial que nos transforma, a cada dia, em marionetes; retirando de nós grande parte da responsabilidade sobre as nossas vidas, transformando-nos em seres passivos e dependentes de terceiros.
Nesse caminhar, o homem moderno, por ignorância ou comodismo, vem aceitando dissociar-se de si, deixando o mundo exterior assumir gradativamente o papel de único gestor da sua vida. Mundo esse que cria e estabelece regras de como se deve agir, comportar, pensar e até sentir; levando o ser humano acreditar que as decisões certas são aquelas apregoadas por ele.
Na visão do autogerenciamento vivencial, ao buscar apoio só no mundo exterior, o ser humano bloqueia o seu apoio interior (auto-apoio), criando um estado de insegurança, de vulnerabilidade, de dependência e apatia que certamente desvirtuará o discernimento que deveria ter diante dos seus atos, atitudes e comportamentos.

Para o autogerenciamento vivencial, a pessoa sem auto-apoio vive perdida, em meio de tanta insegurança e medo.


DESENVOLVIMENTO:

O mundo exterior é, sem dúvida, a nossa biblioteca maior; fonte de tantos e diferentes conhecimentos, onde recorremos nas horas de dúvidas e aflições. Buscar nele conhecimentos que ampliem a nossa compreensão faz parte do nosso processo de desenvolvimento. Contudo utilizá-lo como único referencial de vida é tirar o que temos de mais importante, ou seja, a nossa capacidade de reflexão que nos diferencia dos outros animais. Isso nos é extremamente prejudicial.
Precisamos aprender a lidar com as duas formas de apoio que estão à nossa disposição, pois cada uma tem suas características e funcionalidades.
 
 - Apoio externo - cultural ou social
 - Apoio interno - pessoal ou auto-apoio


APOIO EXTERNO.

O apoio externo tem como características:

Positiva: 
 
 - Fornece informações.


Negativa:
 
  Já possui pacotes de respostas para as nossas dúvidas e sofrimentos. No momento de crise até que é bom, produz alívios.
 Cria, entretanto, dependência, apegos. Passamos a precisar dele para agir e validar as nossas ações.

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Há pessoas que só buscam segurança no apoio externo. Desconhecem ou não acreditam em sua própria força. Necessitam de algo externo: de um dogma, de um culto religioso, de uma imagem ou de uma promessa para validar a sua força interior.

Ao agirmos assim, limitamos nosso crescimento como pessoa, pois estamos sempre à espera de que o mundo externo preencha o nosso vazio, as nossas carências e necessidades, enfim, que nos dê a validação de nossa existência.

Cuidado!
Ao considerarmos o mundo exterior como o único gestor das nossas vidas, nós seguiremos cegamente as suas verdades, as suas orientações e isso criará um modo de vida cheio de dependência e insegurança. Deixamos de caminhar com as nossas próprias pernas para sermos manipulados por ele.


Entre os vários tipos de apoio externo, destacam-se o de aprovação e o de amparo/socorro.


O de aprovação:

Existem pessoas que se sentem incapazes de tomar decisões. Estão sempre em busca de opiniões de terceiros. Elas têm medo de errar. Preferem acreditar nas verdades dos outros a acreditar nas suas.
Essas pessoas esquecem que elas próprias é que pagarão pelos erros cometidos.


O de amparo/socorro:

As pessoas que só buscam apoio no mundo exterior, apegam-se a qualquer coisa que as aliviem de situações que lhe produzam tormentos e desequilíbrios. Não acreditam em sua força interior.
Pessoas assim, geralmente, apresentam uma lógica vivencial estruturada num discurso de vítima e de coitadinho. Em vez de superarem os seus conflitos, submetem-se a eles, fazendo uso de explicações dogmáticas e tratamentos medicamentosos.


APOIO INTERNO:

O apoio interno tem como características:
 
 -Buscar respostas através da reflexão.
 - Autoconfiança: não precisa do outro para agir.
 - Não cria dependência.
 - Dá liberdade à pessoa. Ela faz suas escolhas de modo consciente, conforme seu próprio raciocínio.

O apoio interno (auto-apoio) é a ferramenta que permite a pessoa a se tornar firme em suas atitudes e a lidar com suas desarmonias vivenciais, utilizando a sua força interior.O mundo exterior é aqui visto como um banco de dados, onde a pessoa buscará e selecionará informações para o seu desenvolvimento.


Preste atenção:

Uma pessoa que busca soluções e ajuda para superar problemas vivenciais num centro de apoio externo qualquer, seja religioso, social ou profissional, embora sinta algum conforto psicológico, ele é provisório; já que não foi ela própria, através de um ato de reflexão, que encontrou a solução. Basta à pessoa perder contato com o lugar onde encontrou alívio que a angústia ressurge, criando assim um ciclo de insegurança e dependência.

O que na verdade o centro de apoio faz, é impedir que a força negativa da pessoa entre em seu domínio. Ao agir assim, alivia a tensão, a dor, a culpa , mas não impede que, longe do centro, não seja a pessoa de novo envolvida por essa força que continua presente dentro dela, já que a solução encontrada não foi através de um ato de auto-reflexão.
A força que gerou a mudança psicológica pertence inteiramente ao centro de apoio, logo só produz benefício enquanto a pessoa estiver sob sua proteção.


CONCLUSÃO:

Quanto mais cedo nos tornarmos gestores de nossas vidas, quanto mais cedo aprendermos com nossos erros e acertos, mais cedo nos tornaremos pessoas responsáveis e inteiras. Pessoas que pegam para si a responsabilidade dos próprios atos e os gerencia de maneira eficiente.

Devemos, portanto, cultivar, em nosso interior ideias-forças (positivas), pois elas são essenciais para a construção de nosso auto-apoio.
Não se deve olhar com os olhos dos outros, mas com os próprios olhos.
A sabedoria brota das reflexões de cada pessoa. É ela que nos fornece ferramentas adequadas para enfrentar os desafios da vida, possibilitando-nos o controle das nossas ações.

Não podemos ignorar a importância do apoio externo, em algumas situações; colocá-lo, porém, como único gestor das nossas vidas é perder por completo o autocontrole.

Cuidado!
A priorização do apoio externo, bloqueia o autogerenciamento vivencial, dificultando a pessoa de estabelecer limites para si e para os outros em relação ao seu papel pessoal, familiar e social.
A lógica da vida não se deixa enganar. Ela não está interessada nas suas verdades cognitivas e racionais, mas sim nas suas verdades vivenciais.
Ao contrário, se passarmos a vida responsabilizando o meio externo pelos erros que cometemos, demoraremos a amadurecer, seremos como crianças que, ao serem pegas em flagrante, se vitimizam e se fazem de coitadinhas para minimizar a punição.
A vida, infelizmente ? ou felizmente ? não alivia a punição e não premia quem se faz de vítima. Somente com uma mente ativa e consciente de seu papel no mundo, seremos capazes de viver uma vida com qualidade.
Enfim, precisamos ter a consciência de que, ao nos acomodarmos no papel de vítimas, não evitaremos o "acerto de contas" , ou seja, cedo ou tarde, teremos que enfrentar as conseqüências do nosso modo imaturo de ser.

OS AUSENTES ESTÃO SEMPRE ERRADOS.


Quem conhece a sua ignorância revela a mais profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão. (Lao ? Tsé)


O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros. (Confúcio).




Drº Cláudio de Oliveira Lima ? psicólogo

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