Muitos são os fármacos usados no tratamento da osteoporose ou de seus sintomas, mas, atualmente as drogas consideradas de primeira linha são os bifosfonatos. Essas drogas surgiram como opção terapêutica para prevenção de complicações ósseas devido à metástases de variados tumores e, nos últimos anos, começam também a ser usados no tratamento de alterações ósseas devido à osteoporose. Os bifosfonatos ligam-se ao tecido ósseo, principalmente nos locais de maior metabolismo, e inibem a atividade e a sobrevida do osteoclasto, diminuindo, dessa maneira, a reabsorção óssea. Os fármacos mais usados são o Alendronato e o Risedronato, comprimidos que devem ser tomados diariamente pelos pacientes. Um dos grandes problemas da terapêutica medicamentosa na osteoporose é a falta de aderência ao tratamento devido, principalmente, ao alto custo da medicação, efeitos adversos e polifarmácia. 

INTRODUÇÃO

Muitos são os fármacos usados no tratamento da osteoporose ou de seus sintomas, mas, atualmente as drogas consideradas de primeira linha são os bifosfonatos. Essas drogas surgiram como opção terapêutica para prevenção de complicações ósseas devido à metástases de variados tumores e, nos últimos anos, começam também a ser usados no tratamento de alterações ósseas devido à osteoporose.

Os bifosfonatos ligam-se ao tecido ósseo, principalmente nos locais de maior metabolismo, e inibem a atividade e a sobrevida do osteoclasto, diminuindo, dessa maneira, a reabsorção óssea. Os fármacos mais usados são o Alendronato e o Risedronato, comprimidos que devem ser tomados diariamente pelos pacientes. Um dos grandes problemas da terapêutica medicamentosa na osteoporose é a falta de aderência ao tratamento devido, principalmente, ao alto custo da medicação, efeitos adversos e polifarmácia.

Nos Estados Unidos estima-se que a adesão de um paciente ao medicamento de uso crônico é de cerca de 50% em média. Pacientes pouco aderentes à medicação apresentam pouca melhora na densidade óssea e, conseqüentemente, não alcançam a esperada redução no número de fraturas ósseas quando comparados com aqueles que são aderentes. Por esses motivos, novas formulações terapêuticas buscam aumentar a aderência ao facilitar a posologia ou a via de administração. Dentre essas novas formulações, o Ácido Zoledrônico, é o único produto administrado em dose única anual.

O Ácido Zoledrônico, comercializado com o nome de Aclasta®, traz um ganho real para pacientes e também é custo-efetivo para os financiadores da assistência médica. Reduzindo o número de fraturas ósseas, especialmente em fêmur e coluna vertebral, faz com que os custos da droga sejam suplantados pelos seus benefícios. Em outras palavras, os elevados custos das cirurgias ortopédicas usadas para correção das fraturas osteoporóticas são reduzidos significativamente pelo uso da droga, gerando economia para o financiador da saúde.

Outra doença onde o Ácido Zoledrônico é indicado é a Doença de Paget óssea, suas causas são pouco conhecidas e caracteriza-se por uma excessiva reabsorção óssea osteosclática, seguida secundariamente de aumento da atividade osteoblástica. Este mecanismo patológico leva à substituição do osso normal por osso desorganizado e com a estrutura enfraquecida, propensa a deformidades e fraturas, quadros estes que são melhorados significativamente pela aplicação do Ácido Zoledrônico.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é descrever a primeira experiência latino-americana com a aplicação do Ácido Zoledrônico em domicílio e a primeira experiência mundial com este volume de aplicações da medicação Aclasta®.

Tal experiência foi obtida através de um programa de assistência domiciliar de âmbito nacional destinado exclusivamente à aplicação da droga.

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METODOLOGIA

Foi realizado um levantamento retrospectivo das aplicações do Ácido Zoledrônico realizadas em ambiente domiciliar pela empresa Athon Group no período de setembro de 2006 a junho de 2008. As aplicações foram feitas exclusivamente por enfermeiros (profissionais de nível superior) no domicílio dos pacientes em visitas pré-agendadas.

A infusão da droga foi feita pela via endovenosa com duração de 20 minutos ou mais, conforme indicação do fabricante do produto. O paciente também recebia orientações para a hiperidratação oral, indicada nestes casos para facilitar a excreção renal da droga.

Os enfermeiros acompanharam toda a infusão do medicamento e ao final reportaram eventuais intercorrências clínicas ou dificuldades com a infusão à central de atendimento da Athon Group. Os médicos assistentes destes pacientes eram comunicados após a aplicação, quando seus telefones estavam disponíveis.

RESULTADOS

Foram identificadas 403 aplicações da droga no período analisado. Nos primeiros meses os pacientes eram praticamente todos portadores de doença de Paget óssea. Após 30 de julho de 2007, quando a droga foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para uso em osteoporose comum, esta passou a ser a indicação predominante.

Apenas 2 relatos de intercorrência foram reportados pelos enfermeiros, devido a acesso venoso difícil, onde foi necessário suporte médico domiciliar para a venoclise. Em ambos os casos os pacientes eram portadores da doença de Paget óssea que haviam passado por hospitalizações repetidas devido à doença.

Não houve reações adversas imediatas causadas pela infusão do Ácido Zoledrônico, o que comprova seu excelente perfil de tolerabilidade, constituindo-se uma droga própria à aplicação em domicílio.

Alguns pacientes relataram ter apresentado um quadro flu-like (estado gripal com mal estar e fraqueza) no dia seguinte à infusão. Este é um dos efeitos adversos mais freqüentemente associados ao uso da medicação. O quadro é autolimitado, cessando espontaneamente com o uso de analgésicos comuns sem necessidade de hospitalização.

Buscando a literatura médica internacional e nacional através de diversas bases de dados (MEDLINE, PUBMED, LILACS), encontramos apenas 3 artigos que mencionam experiências com a aplicação domiciliar de Ácido Zoledrônico. Estes estudos relatam o uso da droga em oncologia. O produto usado para câncer tem o nome comercial de Zometa®, apesar de também conter a substância Ácido Zoledrônico, apresenta algumas diferenças em relação ao Aclasta®, produto utilizado nos casos aqui relatados.

Além de outros artigos como o publicado em 2007, por TASSINARI et al. do departamento de oncologia do Hospital Municipal de Rímini na Itália menciona aplicação de Ácido Zoledrônico, em 42 pacientes com câncer, o ITALIANO et al . em 2006, relatou a aplicação em 107 pacientes também oncológicos em Nice, na França e outra experiência oncológica foi reportada em 2004 por CHERN et al . em Brisbane, na Austrália, com aplicações em 184 pacientes.

Todos relatam excelente tolerabilidade e ressaltam que a aplicação da droga em domicílio é segura, a exemplo do que encontramos neste estudo.

CONCLUSÃO

Como apresentado neste trabalho das 403 aplicações da droga houve apenas 2 relatos de intercorrência de curto prazo, e em alguns casos os pacientes relataram ter apresentado um quadro flu-like nos 2 dias seguintes à infusão. Não houve reações adversas imediatas causadas pela infusão do Ácido Zoledrônico, o que comprova seu excelente perfil de tolerabilidade. A aplicação do Ácido Zoledrônico em domicílio é segura e possível de acordo com a ampla experiência reportada.

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