A extinta banda "King Crimson", tinha uma canção chamada "twenty first century schizoid man" ( "Século XXI do Homem Esquizofrênico "). Uma canção de Rock, mas,tinha elementos de Jazz e outros tipos de influências que, compuseram um gênero chamado "Rock Progressivo". Há pouco tempo, um conhecido meu, fez uma declaração sobre este gênero que me deixou bastante intrigado. Não cabe a mim neste momento,julgar tal declaração,  mas querendo você, leitor(a), opinar sobre esta, por favor, sinta-se plenamente livre para tal. Enfim, a declaração deste conhecido, se resumia ao seguinte : "o Rock Progressivo nasceu e morreu na intenção". Como já havia dito, não vou entrar em detalhes sobre o que penso sobre a declaração em si, mas sim, sobre a questão de um gênero como este, ter existido com força massiva durante apenas parte de uma década. Minha reflexão não abrange só o Rock Progressivo, mas, como muitos outros gêneros musicais que como este, também surgiram quase no final dos Anos 60 e perduraram com a mesma estética,  até o final dos Anos 70. A menção à música da banda King Crimson logo no início do texto, é porque vejo a realidade da música atual, exatamente como o título da canção. Estive conversando com um cidadão, de vinte poucos anos de idade. Ele veio me dizer que o mundo musical atual, é extremamente "revolucionário", "vintage", porque é tudo "misturado", tem "liberdade" e outras coisas mais. Olhei para ele durante um pequeno instante e, em seguida,  balancei a cabeça negativamente, contestando-o. Comecei a contar parte da história da música que se iniciara no final dos Anos 60, que incluía sobre o Rock Progressivo e outros. No final, percebi que ele ficou muito reflexivo, não falou mais nada e até este momento, não me procurou para debater sobre o assunto. Eu não vou citar o diálogo todo, mas, disse o seguinte: " amigo, o Hendrix, por exemplo, não vestia roupas coloridas porque era simplesmente 'vintage', ou, para expressar um (pseudo)idealismo, como muitos destes 'artistas' contemporâneos. A realidade era outra. O conservadorismo de costumes morais, regia a política de grande parte das sociedades, obrigando que todos vivessem sob a uniformidade destes. A 'roupa colorida', era só um dos tipos de afronta contra este conservadorismo, para mostrar 'individualidade', 'anti-formalismo'  e outros. A música em si, meu amigo, não experimentava misturas, para simplesmente ser 'heterogênea', ser 'vintage'. Tinha uma concepção no fundo disso. Como por exemplo, ver se a mistura de elementos de 'música tal' com 'música tal', incidia numa síncope rítmica coesa e realmente inovadora.E isto que te falei, é só um fragmento que mostra o quão grandiosa era a concepção da estrutura musical da época, se comparada à atual. Um multi-instrumentista  fuderoso como Leslie West da banda 'Mountain', jamais teria notoriedade no mundo de hoje com a música que produzia na época, a não ser que apelasse, por exemplo, para a popularidade, o que não considero nem  tão negativo assim, mas, de uma certa forma, cerceia o potencial do artista". E eu falei muito mais,   muito mesmo. Comparo o impacto do discurso que fiz, como um míssil explodindo em um modesto casebre. Sabe de uma coisa ? um monte de camaradas que são produtores musicais,  falam de como os músicos destas antigas décadas  eram bons. Mas a maioria destes,  com os quais já até tive contato com um ou outro, são os mesmos que produzem   a "vanguarda" dos artistas contemporâneos. E detalhe : acham que só porque possuem uma grande tecnologia de produção digital, que todo o material produzido,  é "fenomenal". Como pode isso ? só porque é bem masterizado e mixado , qualquer arranjo tá valendo ? é isso a música ? simplesmente "tecnologia  de qualificação de áudio" ? vejo artista "A", dizer que ama  James Brown. Mas a música deste , não tem sequer  um "ácaro" da estrutura do James.  Robert Fripp não faz "exibicionismo de virtuosismo" no palco, usando os mesmos solos que eram gravados nos álbuns. Jazzista de primeira, ele tem uma coisa que muitos super guitarristas virtuoses e mercadológicos  não possuem : feeling.  Aliás,  os baixistas da época do Fripp, eram tão excelentes improvisadores quanto os guitarristas, ao invés de serem  apenas um "metrônomo adicional " às canções.  Aliás , todos os instrumentistas eram do mesmo nível. Acontecia sim, de haver casos de egocentrismo e brigas, claro, natural, mas , com tudo isto, muitos destes grandes artistas do passado,  apesar de viverem da música, certamente, não denominavam esta  prioritariamente uma coisa mercadológica. Era um período com diversas  vocalistas com vozes  lindas, tipo Joni Mitchel e o mais fantástico : estas também eram multi-instrumentistas  de "peso" como a Joni, cujas linhas de composição melódicas eram complexas e impactantes e não riffs repetitivos sem criatividade.  Não é que não haja mais gente com talento. O problema, é que pouquíssimos destes , conseguem aparecer.  A indústria, se tornou refém de um determinado tipo de massa. Esta grande massa, não possui apreço por uma música elaborada com elementos mais densos.  Vou confessar algo:  tem gente que eu nem sei quem foi nos Anos 80...hoje em dia, eu quase não conheço nada – sério mesmo.  Parei no tempo ? não ! acompanho a vanguarda do Jazz principalmente e tento ficar alerta se em outros gêneros,  surgir coisas interessantes. A propósito, o Jazz me mantém esperançoso, sempre. Sei que a música é só uma forma de arte, ela é livre sim e que não devemos "enfeitar demais o pavão". Todo mundo tem direito de gostar do que quiser,  compor o que quiser. Mas, a música tem academia, princípios técnicos básicos e outras coisas que consolidam  sua melhor forma de expressão. Por isso, critico a música de hoje, porque ela não inova estes princípios, ela é cada vez mais sintética  sem porte melódico melhor elaborado. Enfim, finalmente concluindo este imenso texto, volto à música do  King Crimson que falei lá no início deste. E toda a vez que eu a ouvir, vou lembrar de sua coerência com a época em que vivemos. Estou exagerando ?  bem... é só olhar por aí, onde há uma certa "Lady" , que é a prova de que esta canção, não é só uma simples música, mas sim também uma "profecia".  Pronto ! falei.