APANHADO GERAL E CONSIDERAÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL.

Para compreendermos como aconteceu o desenvolvimento da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, precisaremos explorar a história brasileira, pois esta questão está arraigada desde o princípio quando supostamente fomos descobertos pelos portugueses. Sua trajetória, o perfil em relação ao adulto no ambiente escolar, a postura docente, as leis que amparam a educação como um direito de todos são questões que este texto apresentará logo abaixo.
Como bem sabemos por muito tempo a educação brasileira foi conduzida sob concepções cristãs. Dá-se ao fato, a relação de que após "supostamente" termos sido descobertos, os padres jesuítas que junto vieram ficaram designados à tarefa de "educar" os escravos/índios que aqui estavam, ou chegavam nos porões das embarcações. Claro que essa educação preconizava princípios muito mais religiosos que educacionais. Estruturavam-se aí os primeiros registros da alfabetização de adultos em nosso país.
Neste formato a educação segue até meados de 1889, quando o Brasil deixa de ser explorado pela Coroa Portuguesa e adota a política imperialista; período em que se pensa a educação como uma nova proposta pedagógica. Este momento histórico pode ser considerado como um marco na história da EJA, pois é nele que aparecem as primeiras tentativas de um ensino eficiente. E ainda, reformas educacionais ocorrem, é percebida a necessidade do ensino noturno e nesse contexto vale destacar José da Cunha Figueiredo, ministro e redator do relatório que apontou a existência de duzentos mil alunos freqüentando as aulas noturnas.
Já no século XX o alfabetizar jovens e adultos tornou-se uma necessidade, pois com a ascensão do período de industrialização o mercado de trabalho passou a requerer também a instrução. Não bastava mais somente a mão de obra era necessário pessoas com capacitação para o trabalho. Essa necessidade pressionou o governo a se voltar para a educação de adultos. E o analfabeto que antes era visto como causa do escasso desenvolvimento do Brasil assume o papel daquele que também é prejudicado por esse processo não se dar de fato.
Ações como o congresso da Primeira Campanha de Educação de Adultos, a criação do SEA (Serviço de Educação de Adultos do MEC) a nível federal e estadual são propostas que mostram a expansão da EJA. Certamente a história não foi construída tão facilmente, em muitos momentos quando se pensou estar avançando, retrocessos houveram e muitas destas conquistas regrediram. Mas com perseverança chegamos à proposta que temos hoje. Um nome em especial deve ser lembrado, pois muito contribuiu com a história da EJA: Paulo Freire ? pernambucano da cidade de Recife, Freire é referenciado em toda a América Latina e África por sua metodologia pedagógica de alfabetizar turmas voltadas a EJA, propondo um ensino democrático e eficiente, pois em quarenta e cinco dias era capaz de alfabetizar uma classe com mais de trezentos alunos. Freire morre no ano de 1997, mas nos deixa um legado com mais de quarenta livros com toda sua sabedoria.
Mesmo sob efeito ainda do Golpe Militar em 1971 é lançada a nível nacional a primeira legislação que faz referência a educação de jovens e adultos: a LDB 5692/71, implantando essa modalidade de ensino como Ensino Supletivo e reconhecendo a educação como um direito de cidadania. Já na década de 80 com um formato mais crítico e a difusão de estudos e pesquisas em interesses educacionais; em 1988 é promulgada a Constituição Federal referindo que a EJA passa a ser dever de cada estado ? essa responsabilidade é transferida aos municípios nos anos 90, - e torna o Ensino Fundamental gratuito e obrigatório a todos. Podemos citar ainda a LDB 9394/96 e a Resolução CNE/CEB Nº1, de 5/2000.
Anos e décadas após o que relatamos como podemos constituir o perfil do aluno de EJA que chega hoje a salas de aula? Acreditamos que pode ser representado de duas maneiras: primeiro, aquele homem/mulher emocionalmente estruturado, maduro(a), comprometido(a), em busca de auto-realizar-se através da conclusão de seus estudos. E também, meninos e meninas (porque a LDB de 1996 assegura o Ensino Fundamental a maiores de 15 anos), freqüentando as aulas por falta de opção, pois não querem estar ali, mas para alcançar o mercado de trabalho necessitam de uma formação mesmo que seja o da educação básica. Acreditamos também que o perfil do aluno de EJA, seja caracterizado por sua classe econômica social, afinal não vemos essa modalidade em escolas privadas de ensino regular.
E o professor como se apresenta, ou deveria se portar frente a sua classe de EJA? A postura docente deve ser a mais flexível possível, pois irá tratar com pessoas de diferentes idades e porque não dizer, objetivos de vida diferentes também. Elaborar um planejamento adequado que respeite as individualidades de cada um.
Bem, o que vimos (lemos) aqui é um breve resumo que propõe orientar aos que a ele busquem. Conhecer a trajetória da Educação de Jovens e Adultos no Brasil é valioso ao profissional da área da educação, principalmente a docentes e gestores, pois é um desafio que pode ser proposto a qualquer um desses, e o que vai diferenciá-los são os objetivos e o modo como serão lançados. Todos têm direito à aprendizagem e o professor tem o dever de ser o maior incentivador para que esse sonho aconteça de modo eficiente e prazeroso.