Antecipando fenômenos naturais: predições ou previsões?

 Qual seria a diferença entre a predição e a previsão de um fenômeno natural?

 Ao assistirmos um jornal na televisão geralmente há uma parte do programa relacionada à previsão do tempo. Nesta parte, o jornalista normalmente apresenta a previsão do tempo para o dia seguinte dizendo, por exemplo, a temperatura máxima esperada, se irá chover e a umidade relativa do ar.

Assim pode-se perceber que previsões são feitas para ter uma resposta antecipada de alguma coisa. Nesse caso, a condição do tempo no dia seguinte.

No entanto, previsões também são feitas em outros casos. Por exemplo, sabe-se que um tornado se formou no oceano Atlântico e está se dirigindo ao território do Brasil. Modelos matemáticos de previsão do deslocamento do tornado, assim como as áreas que serão atingidas podem ser previstas com antecedência se os modelos realmente capturarem os processos meteorológicos que controlam o evento do tornado. Para isso, alguns cientistas passam boa parte de seu tempo se dedicando a entender os fatores que levam à formação de tornados, assim como o que controla o seu deslocamento em termos de direção e sentido. De forma simples, quanto mais a ciência descobrir sobre esses fatores, maior é a chance de previsão do fenômeno e assim pode-se evitar grandes catástrofes ao avisar com antecedência a ocorrência de um tornado por exemplo.

Por outro lado, os cientistas também fazem predições. Predições, ao contrário das previsões, consistem em tentar predizer o comportamento do um ecossistema baseados em eventos hipotéticos. Por exemplo, suponhamos que haja uma cidade em uma área que beira um rio. Para predizer quais áreas seriam inundadas em um dado evento de chuva muito grande, os cientistas e engenheiros envolvidos devem criar cenários desses eventos de chuva extremos que podem fazer com que a água do rio extravase o seu leito regular e inunde as áreas vizinhas onde a cidade está situada. Assim, pode-se ter uma idéia (uma estimativa) das áreas afetadas por chuvas de uma determinada grandeza e assim, planos de ocupação do solo nas áreas de maior chance de inundação podem ser feitos.

Ultimamente estamos sendo expostos a várias predições dos efeitos do aquecimento global sobre o nível do oceanos, a frequência de eventos de chuva fortes, o impacto das altas temperaturas sobre a produtividade agrícola de algumas regiões. Todos esses exemplos são tentativas de antecipações desses fenômenos de forma que o homem possa tomar decisões para minimizar esses efeitos.  

Como pode-se notar, a previsão e predição de fenômenos naturais são atividades importantes para se antever o comportamento dos ecossistemas. Embora, os termos sejam parecidos, há uma sutil diferença. Em termos simples, a previsão é usada para antever processos de um evento real que está por vir (veja o exemplo do furacão acima). Já a predição se baseia em eventos hipotéticos, ou seja, imaginado.

Vale ainda colocar que nem sempre as previsões e predições são corretas. Quantas vezes a previsão do tempo que você viu no jornal não foi comprovada no dia seguinte? Isso ocorre porque os modelos não capturam todos os fatores que controlam o clima de forma precisa. Assim, eles precisam ser periodicamente revistos para poder aprimorar a previsão. O mesmo ocorre com as predições.

Assim, pode-se ter uma noção desses termos empregados na literatura científica e, dessa forma, também entender a delicada diferença entre previsões e predições.

Preparado a partir de:

DINGMAN, S.L. Physical hydrology. Second Edition. Long Grove: Waveland Press, 2008. 646p.