UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES

PRÁTICA DE PESQUISA EM LP E LITERATURA - LTA 283


ANOTAÇÕES DE LEITURA

Discente:
OLIVEIRA, Solineide Maria de


MAZZOTI, Alda Judith Alves. A "revisão da bibliografia" em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis ? o retorno. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, Fundação Carlos Chagas/Cortez, n¿ 81 p.53-61, maio de 1992.


"A revisão da bibliografia, apesar de sua indiscutível importância para o encaminhamento adequado de um problema de pesquisa, é frequentemente apontada como um dos aspectos mais fracos de teses e dissertações em Pós Graduação em Educação" [MAZZOTI, 1992, p.26].

É assim que a Professora Alda Judith Alves Mazzoti adentra na discussão sobre o tema que se propôs discutir. Segundo esta Doutora em Psicologia da Educação pela Universidade de Nova York, a revisão da bibliografia deveria amparar o pesquisador naquela investigação sobre a qual se debruça. No entanto, parece que não é bem assim que acaba acontecendo, pois a confusão dos que se embrenham em tal caminho (o da pesquisa) sugere ser muito recorrente, para tristeza dos profissionais responsáveis por tal área.
Professora Alda aponta ainda que, "a revisão da bibliografia deve estar a serviço do problema de pesquisa" [p.27], mas que não se tem um modelo pronto e acabado, de modo que cada pesquisador deve buscar para si, aquela maneira que mais e melhor couber no corpo do escopo que deseja para o cumprimento de sua expedição investigativa. Aliás, é possível entender que a autora não seria a favor de tal acontecimento. A discussão do tema se estende e alcança outra questão: da Contextualização do problema. A autora assevera que este momento é praticamente crucial, já que é onde o pesquisador deve refletir arduamente para que obtenha exatamente aquilo que deseja averiguar. Por isso sugere ser extremamente significante, um apropriado check-up sobre o que se tem de publicado naquela área pela qual o analista se interessou. Dessa maneira, o pesquisador pouparia aflições com relação ao futuro de sua investigação, pois estando a par da literatura que aborda sobre o assunto eleito, evita-se que se escreva o que já escreveram antes.
Mazzoti fala mais especificamente das pesquisas em educação, mas não deixa de ampliar sua discussão, fazendo-a alcançar outras áreas, posto que "pesquisa é pesquisa" e segue determinado caminho para que suceda sua confecção. Nesse instante, cita a ANPED, REDUC, o programa do CNPq e o portal do INEP como fontes respeitadas de material para fomento de boas discussões em pesquisas nascentes.
Muitos cuidados devem ser adotados para o bom fluxo de uma pesquisa (e seu acabamento), a começar pela escolha da utilização dos procedimentos a serem seguidos na investigação. Se o pesquisador não adotar a atenção nesse passo inicial, fica complexo organizar os resultados ? e até mesmo confiar nestes.
Daí em diante, a Professora Alda Judith parte para a discussão sobre o Referencial teórico e assevera que enormemente na área de educação, sucede um empobrecimento interpretativo grande. Isto se daria por conta da falta de um quadro efetivamente bom com relação a teóricos da educação, de forma que sugere crer que em tendo tal quadro, as pesquisas em educação se tornariam mais eficientes.
Para costurar suas análises, os pesquisadores da educação, recorrem mais da vez "a conhecimentos gerados por outras áreas" [p. 31], e não apenas isso, haveria outro ponto: o fato de a maioria das pesquisas (na área de educação), ter de usar alguns teóricos oriundos de outros países. As pesquisas no território brasileiro seriam então, afetadas, já que os autores que pesquisam em seus países, falam sobre a realidade sobre a qual lhe cerca.
Além de tudo o que se discute neste artigo, fica evidente que a questão teórica (de se fazer, de se organizar) traz em seu bojo a exigência de conhecimento no que concerne a conceitos, e, exige do pesquisador uma boa capacidade de conjeturar, ou seja, de formação de raciocínio. Finalmente a autora apresenta os tipos de revisão que se deveria evitar: Summa ? onde se apresenta todos os que já discutiram sobre o tema, um tipo de revisão que cansa logo no início. Patcchwok ? de fato uma construção artesanal, vai lá ao inicio de tudo, para voltar a viver na contemporaneidade. Suspense ? sugere querer que o leitor seja fisgado pelo suspense, mas não é o que acontece, pois é um tipo de revisão que não atrai, nem convence. Rococó ? enfeita exageradamente, sem necessidade. Coquetel teórico ? um misto entre as teorias, sem provas de ajustes. Monástico ? textos grandes, enfadonhos e fadados ao esquecimento. Apêndice inútil - não acontece ligação entre os capítulos. Cronista social ? mesmo sem muito sentido, esse tipo quer citar os teóricos que estejam em voga. Colonizados e xenófobos ? citam demais ou os teóricos internos ou demais os externos, sem preocupação com a revisão. Off the records ? difícil identificar teóricos. Ventríloquos ? muita citação e pouco julgamento.
Trata-se de um artigo assaz, bem urdido, de linguagem leve, no entanto, elegante. O leitor acessa a um texto que lhe indica caminhos sobre o tema discutido, o que, em geral, não se encontra com frequência.