Desde o nascimento, o homem não come somente para sobreviver. A regulação desse ato biológico fundamental é um processo multifatorial e complexo. Pois o ato de comer pode tornar-se um martírio com culpa a cada garfada e, muitas vezes, não se permite que o alimento seja digerido e absorvido. Adolescentes que demonstram esta culpa são freqüentemente tratados com indiferença, tendo seus problemas subjugados como banais por familiares e amigos. Estes adolescentes, em geral, garotas acabam por se isolar dentro de seu mundo paralelo, em que a dor e a culpa reinam soberanos.

A anorexia nervosa é um distúrbio do comportamento alimentar. Etimologicamente rexis, no grego significa desejo; a, significa negação, logo, negação do desejo.
Segundo o jornal internacional de Psicanálise (LAWREW, M. 1998. Morrer de amor: anorexia e seus objetos internos in International Journal of Psychoanalysis, 32, London: Hogarth Press, 2001) o transtorno da anorexia nervosa, de 20% das vítimas acometidas só um terço chega a se recuperar totalmente. Na Inglaterra, 1:100 adolescentes é anoréxica, sendo 97,4% mulheres e 10% necessitam de internação hospitalar, destas, poucas sobrevivem, as demais, acabam morrendo por inanição ou complicações orgânicas

Os transtornos alimentares são mais comuns do que podemos supor, já que a maioria das meninas sofrem caladas e põem para fora seus anseios e neuroses juntamente com a comida que vomitam. Caracterizam-se por apresentar alterações graves na conduta alimentar, os mais conhecidos são Anorexia e Bulimia, respectivamente, Ana e Mia codenome adotado pelo "movimento pró Ana/Mia" ? adolescentes acometidas de tais transtornos que aderem a magreza como estilo de vida, infelizmente.

De acordo com esta concepção, a pressão cultural para emagrecer é considerada um elemento fundamental da etiologia desses transtornos, os quais, juntamente com fatores biológicos, psicológicos e familiares acabam gerando uma preocupação excessiva com o corpo, um medo anormal de engordar e uma ansiedade marcantemente acompanhada de alterações da imagem corporal, que acarreta uma ausência de preocupação diante de um emagrecimento. Uma recusa em alimentar-se intencional induzida e mantida pelo anoréxico com vasta limitação na ingestão de alimentos, embora não haja uma verdadeira e total perda de apetite, mas sim, uma aglutinação a um sentimento de culpa ou depreciação por se ter comido e por não se poder comer.

A prática de vômitos provocados ? binge episódios de ingestão descontrolada, num curto espaço de tempo, sem que se tenha fome, que ocorrem tanto na anorexia como na bulimia - a utilização de laxantes, medicamentos inibidores de apetite e de diuréticos Uma enorme sensação de angústia e sintomas depressivos em diferentes níveis e um vazio afetivo que nutre as relações do anoréxico.

Tal restrição desencadeando um variável nível de desnutrição acompanha modificações endócrinas e metabólicas secundárias e de perturbações das funções fisiológicas.

Quando pouco se come temos um psiquismo que pouco elabora. Um corpo que expõe o sinistro, que denuncia a dor, que comunica o mistério e a estranheza ao seu redor. Corpo franzino, cabelo ralo, a pele seca, uma violência do auto-ataque.

É bom ressaltar que os pacientes com anorexia têm o apetite normal, ou seja, sentem a mesma fome que qualquer pessoa. O problema é que apesar da fome se recusam a comer. No tratamento o acompanhamento psiquiátrico e a psicoterapia devem estar atrelados para maior resolutividade do caso.


Publicado por Psicóloga Carla Ribeiro
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