Anjos à direita.

Demônios à esquerda.

O homem que deita

Lamenta a sua perda.

Anjos e Demônios

Fazem versos.

Todos tão medonhos

Que dispensam excessos.

Tem um anjo caindo

Na areia dourada.

Tem um demônio subindo

A torre prateada.

A cor verde do mar

É o reflexo do dia.

No Céu, Anjos no altar.

No Inferno, Demônios da histeria.

Anjos alhures

Procurando por mim.

Demônios algures

Querendo o meu fim.

Todos os Anjos

Dançam e se excitam.

Ao som dos banjos,

Demônios me imitam.

Como os Anjos nascem

Naquele céu azul?

Como os Demônios crescem

No Rio Grande do Sul?

Tem um anjo caindo

Nas árvores do Parcão.

Tem um demônio subindo

No Arco da Redenção.

Nas páginas de um livro

Estão o Céu e o Inferno.

Do anjo não me livro

Até que o demônio seja eterno.

Anjos e Demônios

Criando um Romance.

Sempre tão risonhos

E longe do nosso alcance.

Anjos à direita.

Demônios à esquerda.

A mulher que deita

Lamenta a sua perda.