A anemia falciforme é uma doença hereditária comum no Brasil. Esta patologia atinge principalmente a população negra. Cerca de 1 em cada 8 afro-brasileiros possui o que é chamado Traço Falcêmico. O indivíduo com traço falcêmico não é considerado doente, pois possui apenas em torno de 20 a 40% de células alteradas, não manifestando assim a anemia falciforme. O portador da anemia falciforme possui mais de 80% das células que desencadeiam a patologia em questão.

Palavras-Chave: Falciforme. Anemia. Negros.

Introdução

Em 1.910 o médico norte americano James Herrick identificou e diagnosticou pela primeira vez um caso de anemia falciforme em um individuo negro de origem caribenha (Tapper, 1999). Desde o registro desse primeiro caso, a anemia falciforme recebeu o status de uma doença racial e foi tratada pela ciência médica como uma patologia característica da população negra.

Trata-se de uma doença genética, provocada por alterações na hemoglobina, um dos elementos do sangue, que traz complicações renais, no fígado e no coração, além de dores nos ossos e olhos amarelados, entre outras.

Anemia falciforme

A anemia falciforme é uma patologia que atinge principalmente a população negra, sendo umas das doenças hereditárias mais comuns no Brasil. A doença falciforme pertence a um grupo de doenças coletivamente denominadas hemoglobinopatias, caracterizadas pela substituição parcial ou completa da hemoglobina adulta normal (hemoglobina A [HbA]) , por hemoglobina falciforme anormal (Hbs).A hemoglobina fixa e transporta o oxigênio pelo sangue para todos os órgãos e partes do corpo. Na anemia falciforme a estrutura da hemoglobina é diferente, o que prejudica o transporte do oxigênio.

Mediante Cotran, Kumar e Colins para além das associações historicamente construídas entre a anemia falciforme e a população negra, a doença é caracterizada como uma patologia hereditária devido a uma mutação na hemoglobina, que é nomeada de hemoglobina "S" em contraposição a hemoglobina "A", considerada normal, na qual as células vermelhas do sangue adquirem o formato de "meia lua" ou "foice", daí a denominação falciforme.

Por causa do seu formato modificado, as células passam com certa dificuldade pelos vasos sanguíneos, impedindo assim a plena oxigenação do sangue. Tal condição gera um quadro sintomático, caracterizado por anemia crônica, dores osteoarticulares, dores abdominais, infecções e enfartes pulmonares, retardo do crescimento e maturação sexual, acidente vascular cerebral e comprometimento crônico de múltiplos órgãos, sistemas e aparelhos. Tais manifestações podem comprometer a capacidade de trabalho expectativa de vida dos portadores da doença. (Zago, 2.002).

A anemia falciforme raramente afeta caucasianos, sobretudo os de origem mediterrânea e a mesma constitui a forma mais grave da doença falciforme. As formas menos graves incluem a doença da hemoglobina falciforme C (SC), doença da hemoglobina falciforme D (SD), e a talassemia beta falciforme. (Smeltzer e Bare, 2005)


Fatores que desencadeiam a anemia falciforme

Os pacientes com anemia falciforme são usualmente diagnosticados na infância, porque eles se tornam anêmicos na fase de lactente e começam a apresentar crises falciformes com 1 ou 2 anos de vida. Algumas crianças morrem nos primeiros anos de vida, tipicamente a partir de uma infecção, mas o uso de antibióticos e o ensino dos pais melhoram muito os resultados para essas crianças. Entretanto com as atuais estratégias de tratamento, a expectativa média de vida ainda é de 42 anos. Os adultos jovens são frequentemente forçados a viver com complicações múltiplas, com freqüência graves, em razão de suas doenças. Em alguns pacientes, os sintomas e complicações diminuem em torno de 30 anos de idade, esses pacientes vivem até a sexta década de vida.

Os sintomas mais agudos da doença ocorrem durante períodos de exacerbação, denominados crises. Essas crises podem ocorrer isoladamente ou em combinação com outras crises.

Os cuidados a serem tomados a cerca da anemia falciforme

Segundo (Silva 2000) entre os meios de prevenção e controle da anemia falciforme chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce e acompanhamento médico dos portadores, além da prática do aconselhamento genético a partir de um viés educativo.

Até o momento, não existem medicamentos que tratem eficientemente a anemia falciforme. Os tratamentos disponíveis, hoje, têm como objetivo acompanhar as condições do paciente, prevenindo complicações e diminuindo as lesões dos órgãos-alvo da doença. Episódios dolorosos podem ser tratados com analgésicos, líquidos e oxigênio. Suplementação diária de ácido fólico e início precoce de antibióticos, quando há febre, têm sido condutas comuns.

Considerações Finais:

Vale ressaltar que a simples presença de "células afoiçadas " não significa que a pessoa tenha anemia falciforme.O que vai determinar é a quantidade dessas células presentes no organismo, pois apenas aqueles que possuem 80% dessas células manifestam a anemia falciforme.

As pessoas com o "Traço" da Anemia Falciforme devem ser acompanhadas pelo menos uma vez por ano se estiverem assintomáticas, devido a um aumento na incidência de embolia pulmonar e todas as pessoas afro-descendentes que forem fazer exercício físico violento devem fazer o teste de afoiçamento ou eletroforese de hemoglobina, além de exames de rotinas que todos devem fazer, independente de ter ou não o "Traço" falcêmico.

O portador da referida patologia não deve deixar de desfrutar de todos os prazeres que a vida pode lhe proporcionar. Viver a vida, seguir em frente e não se deixar vencer pela doença.

Bibliografia

COTRAN, Ramzi S.; KUMAR, Vinay; COLLINS, Tucker. Patologia estrutural funcional. 6°ed. Editora Guanabara Koogan :2000, p635.

SILVA, Penildo. Farmacologia. 6°ed. Editora Guanabara Koogan:2002, p 1035

SMELTZER, Suzane C.; BARE, Brenda G. In: Brunner e Suddarth. Tratado de enfermagem médico- cirúrgica. 9°ed.Editora Guanabara Koogan:2005.p 723-745.

ZAGO, Marco, 2002. Anemia falciforme e doenças falciformes, In: Secretária de Políticas Públicas (org.) Brasília: Ministério da Saúde, 2002, p.13-23.