Anatomia Funcional das Aves - Revisão de Literatura


Gester Breda Aguiar¹; Jairo Ardizzom Brumatti¹; Vitor Dalmazo Melotti¹; Stelio Simões Morais¹; Fausto Moreira da Silva Carmo²,³


¹- Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Castelo, FACASTELO.
² - Professor da Faculdade de Castelo, FACASTELO.
³ - D.Sc. Zootecnia.

Sistema Reprodutor dos Machos

Segundo Coelho (2006) os machos apresentam um sistema reprodutor localizado totalmente dentro de uma cavidade, sem a existência de um pênis verdadeiro. O sistema genital dos machos é composto por testículos, epidídimos, canais deferentes e órgão copulador, conforme ilustrado na figura abaixo.

O testículo é um órgão duplo e simétrico com formato de feijão, de coloração amarelada nos jovens e branco puro nos adultos. Apresenta localização intracavitária e cranioventral aos rins, estando aderido à parede dorsal do corpo. São revestidos por uma túnica albugínea e constituídos pelos túbulos seminíferos e pelo interstício (COELHO, 2006). Os testículos nunca descem para uma bolsa escrotal externa, como é o caso da maioria dos outros animais (MORENG; AVENS, 1990).

O epidídimo é muito curto, de forma tubular simples e discreta nas aves, e não possui importância para maturação dos espermatozóides, que geralmente ocorre em + ou - 24 horas (COELHO, 2006). O ducto deferente é longo e sinuoso, termina em duas aberturas ou papilas na cloaca para ejeção do sêmen (RUTZ et al. 2007)

O aparelho copulatório está localizado na extremidade caudal da cloaca onde se encontra escondido por uma prega ventral no ânus em animais fora da excitação. Consiste de um par de papilas dos ductos deferentes, um par de corpos vasculares, um par de pregas linfáticas, um corpo fálico dividido em uma porção mediana e duas laterais (direita e esquerda). O falo de muitas aves é pequeno, logo não serve como órgão penetrante, já em outras aves (patos e gansos p.ex.) é grande e penetra na fêmea durante o ato sexual. O corpo fálico mediano do galo mede cerca de 1 a 3 mm e no pato mede cerca de 5cm (GETTY, 1986).

Sistema Reprodutor das Fêmeas

O sistema genital feminino da ave é formado pelo ovário e oviduto que se encontram desenvolvidos somente no lado esquerdo (MORENG; AVENS, 1990). A regressão do oviduto direito é determinada pelo AMH (hormônio anti-Mulleriano) secretado pelo ovário. A maior riqueza de receptores para estrogênio no lado esquerdo suprime o efeito do AMH e permite o seu desenvolvimento (BAHR; JOHNSON, 1991).

O ovário esquerdo apresenta função celular e endócrina. Está firmemente aderido à parede corporal dorsal, colocado intimamente no pólo anterior do rim esquerdo. Seu tamanho depende do estado funcional em que a ave se encontra. A cor é amarelada com matizes rosados, de forma arredondada a poligonal, lobulado e friável, apresentando folículos com ovócitos (RUTZ et al. 2007).

Segundo Coelho (2006) o oviduto das aves é um segmento tubular que se comunica com o ovário por meio do infundíbulo. Também estão presentes as estruturas magno, istmo, útero e vagina, conforme ilustra a figura 02. Cada uma dessas estrutura é responsável pela formação das estruturas presentes no ovo.

O infundíbulo apresenta forma de um funil seguido por uma região tubular. O comprimento médio de 7 cm. Sua função é a de receber o óvulo. O magno é a estrutura mais longa e espiralada do oviduto, apresentando comprimento médio de 34 cm, sendo responsável pela secreção de albumina espessa. O istmo é uma estrutura curta e de diâmetro reduzido. O comprimento médio de 8 cm. Sua função é secretar a membrana da casca. O útero, também chamada de glândula da casca, é uma região expandida, curta e semelhante a um saco, com comprimento médio de 8 cm, e como o próprio nome já diz, é responsável pela formação da casca do ovo (GETTY, 1986).

A vagina tem comprimento médio de 8 cm, apresenta pregas longitudinais onde se deposita a maior parte dos espermatozóides após a cópula. É separada do útero pelo esfíncter uterovaginal. Abriga as glândulas tubulares. Suas funções são de transporte do ovo para o meio externo, retenção dos espermatozóides para futuras fecundações. O ovo neste nível está praticamente formado e percorre este segmento em poucos segundos (GETTY, 1986).

A cloaca é um extremo dilatável e o ovo apenas estabelece contato com as paredes, pois a vagina se prolapsa no momento da postura evitando o contato do ovo com as dejeções. Este segmento não contribui em nada para a formação do ovo (RUTZ et al. 2007).

O sistema respiratório das aves é constituído por narinas, cavidades nasais, laringe, siringe, traquéia, brônquios, bronquíolos, pulmões e sacos aéreos (COELHO, 2006).

As narinas são dois pequenos orifícios ovais situados na base do bico superior, limitada dorsalmente por uma folha de pele córnea, que se abrem em uma estreita e curta cavidade nasal (MORENG; AVENS, 1990).

As cavidades nasais têm um formato de cone, são separadas pelo septo mediano e possuem três compartimentos que comunicam livremente. Um compartimento vestibular, rostralmente, um compartimento respiratório, mediano, e um compartimento olfatório, caudalmente (COELHO, 2006).

A laringe é classificada como laringe caudal e cranial, separadas pela traquéia. A laringe caudal é conhecida com o nome de siringe. Está localizada na bifurcação das traquéia em brônquios. Este é o órgão fonador das aves, constituída de cordas vocais, denominadas de membrana timpaniforme interna e externa (MORENG; AVENS, 1990;).

A traquéia é um tubo relativamente longo nas aves, de comprimento médio de 17 cm nos machos, e 15 cm nas fêmeas, composto de anéis cartilaginosos completos. Como dito anteriormente situa-se entre as duas laringes, cranial e caudal, terminando em sua bifurcação em dois brônquios principais (GETTY, 1986).

Os brônquios são tubos constituídos de placas de cartilagens em sua parede. Estão imersos nos pulmões e se dividem em bronquíolos. São formados por quatro camadas: uma mucosa, uma submucosa, uma camada de músculo liso com peças cartilaginosas e uma adventícia (MORENG; AVENS, 1990).

Os pulmões são dois órgãos pequenos estão colados por sua face dorsal vertebral e as costelas. Possuem vários brônquios respiratórios e cada pulmão é demarcado por um brônquio, que passa na face ventral em toda sua extensão e se comunica com os sacos aéreos (COELHO, 2006). Ao contrário dos mamíferos, nas aves não existe diafragma separando a cavidade torácica da cavidade abdominal. Os pulmões das aves são fixos; não expandem-se nem contraem-se em passagens menores chamadas mesobrônquios, que, por sua vez, ramificam-se em corredores microscópicos que passam pelos tecidos do pulmão. (GETTY, 1986).

Os sacos aéreos são sacos repletos de ar, constituídos por paredes delgadas e transparentes. São extensões dos pulmões, encontrados principalmente nas cavidades do corpo, misturando-se com as vísceras. São oito os sacos aéreos na galinha, um cervical, um clavicular, dois torácico-cranias, dois torácicos-caudais e dois abdominais (GETTY, 1986).

Sistema Cardiovascular

E formado pelo coração, artérias, veias, capilares e sangue. O coração apresenta quatro câmaras não ocorrendo o contato com a circulação venosa com arterial. Uma das principais características e a artéria aorta voltada para o lado direito do corpo do animal. Outra característica é o núcleo nas hemácias. Os leucócitos são de tamanhos maiores em compensação um numero menor em comparação aos eritrócitos (LANA, 2000).

Sistema Urinário

É formado por dois rins trilobados situados dorsalmente na pelve. Cada rim e constituído por três lóbulos de cor marrom avermelhado. Uma pecularidade da aves e a inexistência da bexiga urinaria. A urina é passada dos ureteres para a cloaca, é de consistência pastosa, pois o nitrogênio e eliminado na forma de ácido úrico. (GETTY, 1986)

Sistema Digestório

O tubo digestório compreende bico, boca, faringe, esôfago, piloro, pó ventrículo, moela, intestino delgado e grosso, cloaca alem dos órgãos anexos fígados e pâncreas. A cavidade bucal e formada por bico, palato, língua, coana e infundíbulo, apresentam 316 botões gustativos, representando, um numero muito reduzido. E dotado de glândulas salivares: Maxilares, submandibular e lingual. Não há dentes, a função é realizada pelo bico e pela moela. O esôfago apresenta um divertículo, o inglúvio, tendo a função de lubrificar e digerir por ação dos microorganismos o bolo alimentar (LANA, 2000).

O próventrículo tem a função granular por onde são secretados pepsina e ácidos clorídricos, onde realiza a digestão química. Moela desempenha uma função de triturar os alimentos e mistura-los a secreção digestiva. É composto por dois pares de músculos chamados de intermédio e laterais. Na região interna apresentam uma mucosa resistente e abrasiva protegendo contra pressão de materiais duros e contra efeitos das enzimas do proventriculos (GETTY, 1986).

Intestino delgado é constituído duodeno jejuno e ílio. O duodeno tem um formato de "U" envolvendo o pâncreas e também onde há inserção dos ductos pancreáticos e biliares. Intestino grosso tem a função de receber os resíduos do intestino delgado, absorção de águas e eletrólitos. OS cecos são localizados juntos ao intestino grosso, geralmente são dois. Servindo de deposito para material fecal. Reto e colón é relativamente curto e se estende- se da junção ileocecal ate a cloaca. Cloaca órgão comum ao sistema urinário, reprodutor e digestório (LANA, 2000).

Fígado e Pâncreas

Apresenta coloração marrom esverdeada, devido ao grande volume de sangue, ao nascerem as aves apresentam coloração pálida, em decorrência do excesso de absorção de gordura da gema. E dividido em lóbulos interligados por veias e artérias, localizado ao redor do coração. O pâncreas se localiza na alça duodenal constituído por três lóbulos (GETTY, 1986).

Sistema Nervoso

O sistema nervoso divide em: nervoso central, neurovegetativo. Sistema nervoso central é constituído pelo cérebro e medula espinhal além das ramificações nervosas. Sistema nervoso neurovegetativo é constituído pelo sistema simpático e parassimpático, esses nervos tem a função de transmitir impulso involuntário para diversos órgão (LANA, 2000).

Referências

BAHR J. M.; JOHNSON, P. A. 1991. Reproduction in poultry. In: Cupps, P. T. (Ed.). Reproduction in domestic animals. 3 ed. New York: Academic Press, 1991. p. 555-575.

COELHO, H. E. Patologia das aves. 1 ed. São Paulo: Tecmed, 2006.

GILBERT, A. B. Aves domésticas. In: HAFEZ, E. S. E. Reprodução animal. 4. ed. São Paulo:Editora Manole. 1982. pt. 21: cap. 3, p.488-515.

LANA, G. R. Q. Anatomia e fisiologia das aves. In: ____. Avicultura. Campinas, livraria e editora rural ltda, cap. 3, pag. 20-40.

MORENG, R. E.; AVENS, J. S. Ciência e produção de aves. 1 ed. São Paulo: Roca, 1990.

ROBERT, G, D. V. M. Anatomia dos animais domésticos. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.

RUTZ F. et al. Avanços na fisiologia e desempenho reprodutivo de aves domésticas. Revista Brasileira Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.31, n.3, p.307-317, jul./set. 2007.