1 ANÁLISE TEÓRICA DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA: COMPORTAMENTOS E ATITUDES DO GESTOR

 

 

 

2Helane Silvério Maia

 

 

 

RESUMO

 

Este artigo mostra a questão democrática no Brasil e como acontece uma gestão escolar democrática, enfatizando os comportamentos e atitudes do gestor participativo, para chegar aos resultados, foi necessário um estudo sobre a administração escolar e administração tradicional vivida em nosso país, a fim de entendermos os processos de gestão para se obter uma gestão democrática e participativa, refletindo os erros do passado/ presente, para que numa gestão futura, haja o compromisso dos gestores e educadores na formação de cidadãos críticos e conscientes dos seus direitos dentro de uma sociedade cheia de transformações e desafios.

Palavras chaves: gestão democrática, participativa, comportamentos e atitudes

 

 

 

ABSTRACT

 

This article shows the issue of democracy in Brazil, as in a democratic school management, emphasizing the behaviors and attitudes of managers participating, to achieve the results had to be a study on school management and traditional management experienced in our country to understand management processes to achieve a democratic and participative management, reflecting the mistakes of the past / present, to a future management, there is the commitment of managers and educators in the formation of a critical and aware of their rights within a society full of changes and challenges.

 

 

Key words: democratic, participatory, behaviors and attitudes

 

 

 

 

______________

1. Artigo apresentado a Faculdade do Vale do Jaguaribe

2. Aluna da pós- graduação em Gestão e Coordenação Escolar

 

 

1- INTRODUÇÃO

 

 

Através das pesquisas para este trabalho tendo como maior objetivo mostrar os comportamentos e atitudes do gestor que trabalha com a Gestão escolar democrática, venho apresentar através de uma análise teórica alguns pontos que deram embasamento ao estudo:

  •  Diferenciar a administração empresarial da administração escolar;
  •  Conhecer o desenvolvimento da gestão escolar no Brasil;
  •  Conhecer a contribuição da Gestão democrática para a educação;
  •  Entender os comportamentos e atitudes para gerir através de uma Gestão participativa democrática;

Estamos numa época em que a única certeza é a mudança, em que paradigma são rapidamente superados, o currículo e a prática das escolas ainda se mantêm arcaicos, alienados, deixando as escolas despreparadas. Os índices nos mostram problemas no aprendizado, evasão escolar, violência, falta de motivação, dentre outros... Vale salientar que uma Gestão tradicional e autoritária não traz avanços para a educação, o que constatamos são grandes conseqüências que perduram durante anos, portanto o grande desafio é tornar-se um diretor participativo que crie um clima de aconchego, amizade, amor ao saber, incentivo a renovação, à mudança, à experimentação de novas práticas e métodos, um gestor que tenha percepção para refletir em transformações para a construção de um processo educativo mais proveitoso e prazeroso para todos que estão inseridos na comunidade escolar.

Num documento mimeografado no XVII Simpósio Brasileiro de Administração da Educação, afirma:

“O diretor de escola, como líder da instituição escolar tem um papel essencial na qualidade da educação oferecida pela escola. Tradicionalmente o diretor se comportava de uma forma autoritária, mas as mudanças sócias estão exigindo um novo perfil de liderança.”

Atualmente nota-se muitas dificuldades que gestores encontram para gerir uma instituição onde estes devem mais obedecer que propor e planejar, mesmo porque está tudo planejado de antemão por tecnoburocratas que, na maioria das vezes, estão afastados da escola a muito tempo. Na maioria das vezes os diretores escolares seguem os administradores de empresas que por sua vez, apesar de algumas semelhanças estão em caminhos opostos. O diretor escolar precisa administrar o caos, a escola real que não aparece em nenhum livro de administração, ou mesmo nas histórias de educação. O diretor e o professor trabalham com gente uma máquina complicada com muito mais botões, operações e detalhes que a máquina moderna ultra-sofisticado, o que exige respeito, preparo, sutileza, sensibilidade, conhecimento, enfim, competência e compromisso.

O projeto escolar deve ser “fruto do meio”, elaborado e assumido por todos. Envolve valores, princípios e práticas, estando sujeito a formulações e reformulações, mudanças e adequações, o que não é possível sem liberdade e autonomia. Tudo isso só é possível em um contexto de confiança, liberdade, parceria e educação continuada.

 

 

2- REFERENCIAL TEÓRICO

 

2.1. Uma abordagem sobre administração empresarial e administração escolar

 

Observa-se que a administração tende a ser diferente na questão empresarial e escolar, mesmo com tarefas semelhantes na essência. Os parâmetros para a avaliação do desempenho na empresa referem-se a produção e a venda, com matéria prima moldada por máquinas e equipamentos manipulados por mão de obra qualificada, além de que seu maior objetivo é alcançar um resultado eficaz e retorno financeiro, para isso os estudos administrativos ganharam espaço no mercado, afinal problemas vividos nas empresas estão sendo cessados pela atitude do administrador, visto que é um grande erro entregar empresas sem um profissional da área que gerencie os processos diários.

Num âmbito educacional diretores não recebem uma formação qualificada para lhe dá com os problemas da educação, por isso adotam um pouco do modelo dos administradores e outros seguem em uma direção tradicional e autoritária.

Para Peter F Drucker, citado por Lacerda (1997,2), afirma:

“Uma empresa distingue-se de todas as demais organizações humanas pelo fato de levar ao mercado um produto ou um serviço. Nem a Igreja, nem o Exército, nem a Escola o fazem. Qualquer organização que se realize pelo marketing, isto é, pela colocação de um produto ou um serviço mercado, será um negócio, uma empresa. Qualquer organização em que inexista, ou seja, incidental, o marketing não será um negócio e nunca poderá ser administrado como se o fosse”.

O complexo de processos de administração engloba as atividades específicas: planejamento, organização, assistência à execução (gerência), avaliação dos resultados (medidas), prestação de contas (relatório). Em linhas gerais pode-se entender o processo de gestão partindo de que as atividades específicas citadas são de fundamental necessidade para a gerência escolar, como foi citado acima não que os administradores empresariais não utilizem destes recursos para o fazê-lo com maestria, o que deve-se levar em conta é a forma de administrar que é bem diferente, pois o gestor escolar deverá ter características próprias para o seu contexto.

Planejamento- Deverá considerar os múltiplos aspectos que deverão ser abrangidos pela ação administrativa. O processo de planejamento dará origem a um documento denominado plano. Toda escola tem seu plano que é dividido em regimento escolar e Projeto Político Pedagógico, estes que regem as normas, os objetivos e o desenvolvimento da escola como um todo. Para um bom funcionamento de qualquer instituição é imprescindível o plano para que almeje seus devidos resultados e tornem o ambiente mais organizado e qualificado.

Organização- È o ato de compor a estrutura da instituição no que diz respeito a parte física, como o processo pedagógico, percebe-se que os processos devem estar sempre juntos, assim tornarão a escola mais valorizada.

Assistência à execução (gerência)- O gerenciamento é o trabalho do administrador escolar, podendo ser considerado o maior responsável pelo sucesso e crescimento escolar, ou seja, este verifica se todos os recursos necessários estão disponíveis, antes de iniciada a execução da atividade educativa, afim de que os executores não tenham seus trabalhos prejudicados e com um bom desenvolvimento das tarefas a comunidade se beneficie e todos interajam o caminho da educação que constroem cidadãos para um mundo de transitoriedades e desafios.

Avaliação dos resultados (medidas)- Estabelecidos os objetivos e desencadeadas as ações é preciso saber se realmente estas ações se dirigem, para os objetivos e até que ponto esses objetivos estão sendo alcançados. A avaliação se realiza sob os aspectos quantitativos e qualitativos, são considerados quantitativos número total de matrículas, freqüência, rendimento escolar, evasão escolar e repetência, recursos financeiros aplicados, cumprimento de cronograma. Qualitativos a avaliação se traduz na credibilidade que a ação educativa adquiriu no seio do sistema social, em que se desenvolveu, em face da satisfação das necessidades e das expectativas do mesmo.

Relatório- Deve constar as atividades planejadas e realizadas com êxito , as atividades que tiveram de se modificar  no transcorrer do processo e as justificativas das alterações, as atividades que não puderam ser realizadas e as variáveis dificultadoras. Não há plano ou projeto sem seu relato de experiência e muito importante estes anexos documentados para a constatação do processo vivido na instituição.

2.2. O desenvolvimento da Gestão escolar no Brasil

O sistema educacional brasileiro tem seu inicio com os jesuítas sob um conjunto de preceitos que simbolizavam normas e estratégias (ordem dos estudos), a ordem era a formação integral do homem cristão de acordo com a fé e a cultura daquele tempo, logo depois D. João VI procurou garantir a instrução primária para a população branca e livre. Sob um novo olhar a Lei Geral de 1827 contribuiu para expandir a organização da administração escolar no Brasil, ao longo dos anos o campo da administração escolar era responsabilidade dos professores a junta de professores de cada Colégio exercia a função do diretor. A constituição de 1946 já estabelecia que a legislação educacional deveria ser reformulada e em 1948, surge o Projeto de Lei do Ministro da Educação,Clemente Mariani, propondo as novas diretrizes e bases para a educação nacional, o qual transformou-se em lei, a Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional. A LDBEN-Lei n° 4024/61, em seu artigo. 2°, estabelece que a educação é um direito e um dever de todos, esquecendo-se das desigualdades sociais em função das quais o aluno de classe média ou alta e de classe baixa tem igualdade de oportunidade. Este como outros artigos que amparam a base educacional brasileira estão presentes na hoje LDB e Constituição Federal, Estadual e lei orgânica dos municípios; Leis de sistema Estaduais;Leis, Decretos, Portarias, Resoluções e outros atos normativos.

A construção do sistema educacional brasileiro, necessitaria de órgãos que pudessem administrar a rede educacional numa escala hierárquica.

a) Órgãos Executivos:Temos:

Âmbito federal: Ministério da Educação e do Desporto,

Âmbito estadual: Secretarias de Estado e de Educação,

Âmbito Municipal: Secretarias ou Departamentos Municipais,

b) Órgãos normativos:

Esfera federal: Conselho Nacional de Educação,

Esfera estadual: Conselhos Estaduais de Educação,

Esfera municipal: Conselhos Municipais de Educação,

Esfera do Distrito Federal: Conselho de Educação,

A educação brasileira é administrada, em âmbito federal, pelo Ministério da Educação e, no estadual pelas Secretarias de Estado de Educação. O Ministério da Educação possui várias organizações, diante do exposto nota-se que todas as instituições escolares precisavam de seus representantes ou repassadores das decisões tomadas. O processo de administração escolar não conta com a opinião dos diretores espalhados pelo país apenas acontece as visitas anuais, ou as vezes a cada dois anos, destes representantes que fiscalizam o processo funcional de educação. Na escola, o diretor é mero executor de origens, regulamentos em decisões da cúpula. Suas decisões insidem sobre o cotidiano, trivial, que em nada afeta a máquina, burocrática da Secretaria de Estado da Educação.(SEE)

Sua função consiste em repassar instruções, transmitir mensagens, executar o que os outros planejam e determinam.

2.3- A gestão escolar tradicional que predomina no Brasil

 

O regime autoritário construíra um modelo educacional considerado apto para dar legitimidade a projetos inspirados da doutrina da Segurança Nacional, então hegemônica, além de um sistema político que definiam-se por suas característica negativa. O nosso país vivenciou e ainda vivencia em muitos estados e municípios o autoritarismo, onde há limitação e a inibição das manifestações e participações populares, em qualquer tipo de instituição mantida ou subsidiada pelo estado. Nestas instituições as pessoas não podiam e nem podem na maioria das vezes exporem suas idéias tampouco lutar pelos seus direitos de cidadãos, pois, tudo é pensado com o propósito de atender uma minoria. Como resultado, a escola como instituição pública, que em nenhum momento esta alheia a todo esse processo, ainda hoje, arca com as conseqüências advindas desta forma de governo.

O poder aprisionado nas mãos de diretores e superiores ainda é prática constante. A participação é muitas vezes limitada, controlada e pura mente formal, dentro de uma perspectiva clássica de administração em que repudia-se a participação e compartilhar idéias, a liberdade de expressão, á deliberação e decisões e o respeito às iniciativas. A questão do controle ainda é muito forte e mesmo sabendo que o poder e a autoridade são necessários em muitos momentos dentro de varias organizações percebe-se ainda pouca participação da comunidade escolar, como um todo, causando assim automaticamente uma acomodação em que as pessoas não se mobilizam, nem tomam atitude, apenas esperam sempre serem orientadas, ou então aceitando passivamente tudo que venha das autoridades assim impostas.

A situação do país que se diz viver uma democracia, ainda esta enraizada nas origens tradicionais, onde os brasileiros acabam sendo ensinados para serem espectadores da atuação dos superiores, estamos na platéia e eles preparam o espetáculo, não há espaço para a intervenção para o exercício da cidadania, diante deste cenário a administração das escolas vivem e revivem esta situação. O maior desafio é conscientizar nas salas de aula o cidadão que luta e se mobiliza pelos seus direitos, o trabalho coletivo começa dentro das salas para depois atingir o ápice de uma organização social democrática e participativa. Para Freitas e Giirling (1999, 30-31), dentre os aspectos percebidos como capazes de mudar esse cenário estão: o tipo de liderança exercida pelo gestor educacional e a capacidade da comunidade escolar de atuar de modo participativo e autônomo, envolvendo-se com o planejamento, a execução e a avaliação de todas as ações da escola tanto do ponto de vista administrativo-financeiro quanto pedagógico.

2.4. A busca pela gestão escolar democrática.

 

A política de gestão democrática do ensino ganhou destaque, em termo de legislação a partir da Constituição Federal de 1988 que trata de educação e da nova Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional, promulgada em Dezembro de 1996. É no corpo dessas leis que se encontram dentre tantas outras questões, determinações e indicações acerca da gestão democrática na escola, precisamente no artigo 3°.

O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

VIII- Gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação dos sistemas de ensino.

Artigo 14°. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I- Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola.

II- Participação das comunidades escolar e local em conselho escolares ou equivalentes.

O desafio está lançado para os grandes idealizadores da educação de qualidade. Para se ter uma gestão escolar democrática é importante levar em consideração, as influências do poder público, o coletivo escolar e a comunidade local, afinal a participação é um direito e um dever de todos que integram uma sociedade democrática, ou seja, participação e democracia são dois conceitos estreitamente associados.  

A predominância de uma gestão criativa com projetos políticos educacionais que sejam resultantes de uma construção coletiva dos componentes da escola, com certeza desenvolverá no educando um valor que o fará um cidadão consciente, além de unir as idéias dos participantes do contexto educacional, possibilitando acertos na educação como um todo.

“A grande riqueza da participação de todos está na medida em que cada grupo ou cada pessoa traz para o grupo as suas percepções sobre a realidade que o cerca, quando os objetivos definidos e os planos de ação estão impregnados nessas diferentes percepções.” (Pellegrine,1986, p.127)

2.4.1.  Liderança

 

O conceito de liderança é amplo, mas resumido tem-se que liderança é o processo de influenciar pessoas no sentido de que ajam em prol dos objetivos da instituição. Para uma gestão democrática é imprescindível a atitude de um verdadeiro líder com algumas das características:

  • Capacidade de comunicar-se bem;
  • Bom relacionamento interpessoal;
  • Empreendedor;
  • Propicia condições para que o outro se sinta bem e valorizado;
  • Pensa de forma sistêmica, inclusive com relação ao meio ambiente;
  • Tenha visão social;

A liderança não é o único ingrediente importante para o sucesso de uma operação, é um fator essencial, os grandes líderes ficam gravados na mente e na história da humanidade, uma qualidade em comum desses grandes nomes é a abertura para o diálogo e participação do outro. É o que nos afirma Hesselbein (2001)

“... a liderança é uma das responsabilidade humanas mais universais e duradouras. Sua pratica é tão similar através das épocas históricas e das civilizações que lições são muitas vezes extraídas de personagem ímpares como: Jesus Cristo, Mahatma Gandhi, Atila, o Huno e Nicolau Maquiavel” (P.107).

Para um entendimento mais apropriado do que seja liderança, deve-se estabelecer uma distinção conceitual entre este termo e gerenciamento. Kotter (1997) argumenta que:

 gerenciamento é um conjunto de processos que se utiliza para manter um sistema de pessoas e tecnologias funcionando de maneira satisfatória. A liderança visualiza o futuro, alinha os atores do processo e essa visão os inspira para agir mesmo que existam obstáculos que possam dificultar atingir os resultados, os lideres eficazes são possuidores de uma visão capaz de enxergar as coisas de modo diferente dos demais, tem habilidade para reunir e organizar os mesmos dados que todos vêem de forma diferente.

Peters (2003) sugere que “..um dos papéis dos lideres é saber destruir as coisas e reimaginar o que existe. Que esta ação surge através do ímpeto que é uma das características básica da liderança”. 

Um outro aspecto que alguns autores procuram definir são as funções para os lideres:

  • Inteligência emocional: capacidade de entender suas emoções e ter domínio sobre elas assim como reconhecer as emoções dos outros.
  • Influencia através da confiança: capacidade de influenciar os outros de maneira efetiva despertando sua confiança e confiando neles para facilitar seu êxito.
  • Perseverança focada: capacidade de focar-se em um objetivo e canalizar a energia necessária para alcançá-lo.
  • Comunicação: habilidade para expressar-se relacionar-se com diversas pessoas dentro e fora da organização.
  • Assessoria pessoal: maestria para promover conselho e apoio a outras pessoas de forma confortável utilizando este ato estrategicamente para melhorar o desempenho.
  • Negociação: habilidade de atingir o entendimento mútuo e o estabelecimento de acordos com um grau de variedade de pessoas dentro e fora da organização.
  • Solução de problemas: capacidade de empregar a análise, o pragmatismo e ferramentas para resolver problemas complexos em diversos contextos.
  • Pensamento estratégico: capacidades de conectar processos, evento e sistemas de maneira rigorosa e sistemática.
  • Manejo de mudança: capacidade de adaptar-se e crescer em tempos de mudança assim como facilitar para que o mesmo aconteça com outras pessoas.

2.5.   Gestão democrática

 

2.5.1.  Importância da formação continuada para gestores

Existem questionamentos sobre quais atitudes um educador deve tomar, leva-se em consideração que os cursos de graduação não conseguiram sintetizar alguns destes ensinamentos, pois vê-se muitos professores despreparados com inúmeras dificuldades que envolvem principalmente didática, valores morais, domínio de classe de etc..

Destaca-se o papel do diretor que também tem dificuldade assim como o professor, pois são varias teorias e pouca pratica para o aprendizado rotineiro de um diretor ou coordenado. O impacto é violento: não conhecem o cotidiano administrativo nunca se relacionaram com o pessoal de apoio, não sabem como atender os pais, alguns nunca foram a diretoria de ensino. Não sabem fazer folha de pagamento, horários, planilhas, gráficos e estatísticas, planos de ensino, etc... documentos importantes, que até o momento, cabe ao diretor providenciar. Os desafios do administrador escolar são muitos, e ele não está sendo preparado para enfrentá-los. Da faculdade para a sala de aula e desta para a sala do diretor é um salto nas trevas.

É importante conscientizar-se de que a escola não é uma ilha, mas está inserida na sociedade, e deve ter uma prática adequada, baseada em pressupostos coerentes. Não apenas formar para a vida, mas já viver o momento a prática, o dia a dia da sociedade e do trabalho. Tudo isso só é possível em um contexto de liberdade, confiança, parceria e educação continuada, como afirma Teixeira (1999 :114):

“Não há mais lugar para uma visão parcial da unidade escolar com a divisão rígida em seu interior. A abordagem da administração escolar como cultura não pode ser desprezada, quando se pretende garantir ao pedagogo uma formação sólida e unificada que lhe garanta as condições para refletir e pesquisar os temas e problemas da educação minha percepção é a de que, a partir da formação do professor os novos currículos precisam garantir uma base de conhecimentos teóricos e práticos que garanta ao futuro profissional da educação a competência para atuar como o articulador das atividades pedagógicas dentro e fora do ambiente escolar, o coordenador da educação continuada dos docentes e o pesquisador de novas tecnologias e de sua aplicação nas diferentes áreas do currículo escolar. Para tanto, sua formação deve contemplar desde o inicio do curso a integração entre a teoria e a pratica entre a capacidade de conhecer a realidade e a busca de alternativas par aos problemas identificados. A perspectiva burocrática de organização escolar deve dar lugar a uma abordagem que considere as relações processadas em seu interior, do que depende o seu funcionamento cotidiano”.

Segundo o professor Jose Carlos Libanêo que em suas palestras tem questionado a elaboração do currículo do curso de Pedagogia e que seriam indispensáveis os seguintes aspectos:

  1. Conhecimento sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos nos aspectos cognitivos, afetivos, corporais, socioculturais, éticos, estéticos, considerados em contexto específicos de sua experiência pessoal, familiar e social;
  2. Conhecimento para planejar, organizar, reavaliar e avaliar situações didáticas ( teoria do conhecimento e concepções de ensino aprendizagem, processo e procedimentos didáticos e comunicacionais, currículo e seleção de conteúdos, planos de ensino e estratégias de aprendizagem, didáticas das disciplinas especificas, e procedimentos de planejamento e avaliação);
  3. Conhecimento sobre o sistema educacional e a organização das instituições educativas, considerando a interface com o sistema social (legislação, estrutura organizacional do sistema e das escolas, analise institucional da escola, gestão da escola);
  4. Conhecimentos sobre aspectos socioeconômicos, políticos, socioculturais e filosóficos que envolvem a pratica educativa, implicados na aprendizagem, no currículo, na organização escolar, no trabalho com grupos sociais especifico; teoria da educação,
  5. Conhecimento geral e profissional, questões sociais, culturais, estéticas e éticas que envolvem a prática educativa (solidariedade, diversidade e pluralidade cultural, orientação sexual, saúde, meio ambiente; valores e atitudes; atualidade política, literatura, cinema, arte popular e erudita, desenvolvimento do censo estético, vivencia culturais como participação em exposições, cineclube, teatro e outras formas de manifestação cultural);
  6. Conhecimento da pratica docentes-dicentes correntes na escola e forma de intervenção profissional (competência de investigação-ação de situações didáticas e organizacionais cotejamento com a teoria conhecimento e analise de situações pedagógicas.

2.5.2.  Comportamentos e atitudes de um gestor escolar democráticos.    

       

 A gestão democrática de educação formal, está associada ao estabelecimento de mecanismos legais e institucionais e a organizações de ações que desencadeiam a participação social na formulação de políticas educacionais; no planejamento; na tomada de decisões; na definição do uso de recursos e necessidades de investimento; na execução das deliberações coletivas; nos momentos de avaliações da escola e da política educacional.

              Indispensável a uma gestão democrática é a autonomia e participação. Autonomia não é a idéia de uma total liberdade ou independência, mas a equacionalização de direcionamento camuflado das decisões, ou a desarticulação total entre as diferentes esferas, ou o ainda a desconsideração das questões mais amplas que envolvem a escola. A participação envolve todos os momentos do planejamento da escola de execução e de avaliação, na gestão democrática de uma escola é indispensável à capacidade de pensar e de trabalharem equipe. Asnovas formas de trabalho tem que ser formadas em um contrato de tensão de avaliação de forças, terão que nascer da própria escola e ser construído coletivamente, não se trata de simplesmente adotar um modelo pronto e acabado compete assim à administração da escola viabilizar inovações pedagógicas planejadas em conjunto implantadas através da ação de cada membro da escola, sejam alunos, professores, funcionários e comunidade.

Para Ferreira (1999, p 11) “participar significa estar inserido nos processos sociais de forma efetiva e coletiva, opinando e decidindo sobre o planejamento e execução”.

A forma de organização do trabalho pedagógico da escola é o Projeto Político Pedagógico que define coletivamente a sua política de currículo de gestão e de relação com a comunidade, apresentando seus objetivos e metas. É o momento adequado para a escola assumir a sua especificidade e ser eixo de atração, assim como seu caminho metodológico. É preciso considerar:

  1. As diretrizes normas e orientações emanadas da legislação nacional e local;
  2. A organização e o uso pedagógico do espaço escolar;
  3. As características de uma gestão democrática;
  4. O sistema ao qual pertence a escola;
  5. A participação da família e da comunidade na escola;

Na perspectiva de uma gestão democrática, idéias e comportamentos novos surgem, nos quais precisar-se acreditar e adotar.

 

  1. O diretor é aquele que está na liderança, à serviço da comunidade escolar para o alcance de suas finalidades;
  2. Os especialistas (supervisor, orientador, diretor) são possuidores de um conhecimento específico em uma área, assim como cada professor o é; o trabalho coletivo dessas diferentes especialidades na escola é que provocará mudanças.
  3. A expectativa que alunos, pais, comunidade têm em relação à escola é uma dimensão que não pode ser ignorada e sim conhecida para ser atendida.
  4. Os indivíduos precisam assumir as responsabilidades de suas atividades, sem que alguém lhes diga sempre o que e como fazer. Não pode, pois, existir a dicotomia __uns pensam, outros executam __, mas todos precisam ter e desenvolver o compromisso político próprio do ano educativo.
  5. O individualismo, a desconfiança, a acomodação e o egoísmo devem ceder lugar ao sentido coletivo da critica e autocrítica, do direito e do dever, da responsabilidade social frente ao ato educativo.
  6. O comando, por ser sensível às necessidades e aos interesses dos diversos grupos, agiliza o confronto dos mesmos, resultando em ações criadoras.
  7. A gestão da escola passa a ser, então, o resultado do exercício de todos os componentes da comunidade escolar, sempre na busca do alcance das metas estabelecidas pelo projeto político-pedagógico construído coletivamente.

 

 Por meio dessa modalidade administração participativa, ocorre a extinção do autoritarismo centralizado, a alimentação da diferença entre dirigentes e dirigidos, a participação efetiva dos diferentes segmentos na tomada de decisões, alcançando-se assim o fortalecimento do líder da escola em relação às normas emanadas dos órgãos administrativos centrais.

 3- METODOLOGIA

 O presente artigo partiu de uma grande necessidade de descobrir como se poderiam gerir instituições de maneira democrática. Com a curiosidade foram surgindo as primeiras leituras de textos de escritores com estudos apurados do assunto, ao longo destas leituras a compreensão e a vontade de conhecer mais foram se prolongando, daí o interesse em trabalhar este tema no trabalho de conclusão de curso.

Pesquisas na internet de artigos semelhantes, leituras de livros que abordassem este tema, pesquisas nas apostilas distribuídas durante o curso, enfim..Após esta junção teórica escrevi as primeiras linhas com base na instrução  do professor orientador, passado alguns vistos nos borrões, percebi o quanto estava crescendo no meu conhecimento e estava me aproximando do meu maior objetivo, que é entender as atitudes de um gestor que trabalha com a gestão escolar democrática.


 5 . CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Uma escola democrática não é aquela em que todos fazem o que querem, mas sim aquela em que todos fazem o que é bom para todos. Sabe-se que o caminho é difícil principalmente na conjuntiva atual e a história de autoritarismo e patrimonialismo do novo país, mas é um caminho possível, que depende das ações adotadas pela sociedade e sistemas de ensaio. Embora as experiências de gestão democrática ainda estejam distantes do ideal almejado, acredita Na perspectiva de uma gestão democrático. Trata-se que com a divulgação e os modelos vivenciados em algumas instituições pode ter uma gestão democrática capaz de formar o aluno político, critico e consciente de seus direitos e deveres na sociedade.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FREITAS, Kátia Siqueira, GIIRLINS, Robert Kenriques: Gestão escolar, participativa: uma construção. Revista: Gestão em Ação, Salvador, V 1, Jan/Jun. 1999.

 HESSELBEINF.; GOLOSMITH, M; SOMERVILLE, I. O líder do futuro. São Paulo: Futuro, 2001.

 KOTTER, J.P; Liderando mudança. RS 1J: Campus, 1997.

 LACERDA, Beatriz p. Administração escolar. São Paulo, Pioneira, 1997. Administração geral.

MARTINS, José do Prado: Gestão educacional: Uma abordagem crítica do Processo Administrativo em Educação.

PELLEGRINE, M. Z. “Administração participativa: Teoria e Práxis” In: Revista brasileira de Administração de Educação, 412), Porto Alegre, Jul/dez, 1986.

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SANTOS, Carlos Roberto dos. O gestor educacional de uma escolaem mudança SãoPaulo: Pioneira Thompsom Learning, 2002

TEIXEIRA, Maria Cecília Sanches; PORTO Maria do Rosário Silveira. Gestão da escola: novas perspectivas. São Paulo: Apostila, 1999.