Análise Historiográfica do Artigo: "Lugares de Fruição da Memória: a Reconstituição do Cenário da Guerra pelas Lembranças dos Habitantes de Canudos", da professora Ana Paula Silva Oliveira, doutora e mestre em comunicação e semiótica pela PUC-SP, jornalista, professora da faculdade de jornalismo da PUC-Campinas, graduada em Ciências Sociais pela PUC-Campinas, membro do Grupo de Pesquisa Comunicação e Política.

A autora segue uma linha que prioriza os aspectos sociais, podemos observar em sua abordagem que ela privilegia a memória do povo, construindo sua tese sobre essa memória através de depoimentos colhidos dos sertanejos, seu objetivo é mostrar que os filhos de canudos, ou seja, a descendência daqueles que participaram da guerra de canudos podem reconstruir o cenário do conflito que ocorreu a mais de cem anos. Para reconstruir esse passado, a autora diz utilizar o "... processo de recriação realizado pela memória em relação ao espaço, sem deixar de lado que este grupo traz em suas recordações as marcas de um fato histórico.", ou seja, para ela não era apenas um trabalho de coletar informações conduzidas por via oral, mas estar atenta ao impacto que essas informações causariam no depoente, por ter este estado muito próximo, ou em alguns casos vivenciado a guerra de canudos, sendo agente ativo da mesma.

Como hipótese a autora coloca que uma descrição de como a cidade é atualmente deveria remeter todo o seu passado, mas segundo ela, o lugar não conta o seu passado apenas pelos entrevistados, mas através da terra rachada pela seca, do açude que submerge a cidade destruída e dos escombros de cemitérios e templos. Ela ainda argumenta que existiram duas cidades diferentes antes da atual, que parecem se justapor e tornarem-se inseparáveis.

Autora diz não a intenção de confrontar as narrativas relatadas pelos depoentes com a história oficial contada nos livros, porque a idéia central era compreender como essas informações são recriadas em suas lembranças. Ela continua dizendo que a cidade de Canudos pode ser entendida alem do seu conceito geográfico, pois trás marcas da batalha econômica, uma história de sofrimentos, mortes e destruição.

No decorrer de sua obra a autora mantém dialogo fundamentalmente com o autor Iuri Lotmam que tem seus escritos voltados para a análise da reconstrução da memória - e cita Michael Pollack e Euclides da Cunha, que auxiliam e complementam esse artigo.

Enfim analisamos que a autora deixa implícita uma crítica ao governo que constrói um cenário no mesmo local onde ocorreu o massacre como uma tentativa de esconder as atrocidades realizadas lá.

Na Análise Historiográfica do Artigo: "Canudos: a terra dos Homens de Deus" da professora visitante da UFRJ Jacqueline Hermann.

A autora se baseia na história cultural, podemos observar que sua abordagem foi privilegiando duas interpretações sobre o massacre de Canudos, um a delas o clássico de Euclides da Cunha, "Os Sertões", que se manteve dominante até 1950 e outra nascida na década de 1960 e 1970 com as reivindicações por transformações estruturais da sociedade brasileira, com o objetivo de lutar contra o latifúndio. Discutindo as fragilidades historiográficas e documentais dessa última abordagem, analisando os suportes teóricos e ideológicos presentes na construção desta versão. Seu objetivo é mostrar como a religião junto com a política, as duas embutidas tiveram presentes nas duas principais interpretações sobre o assunto.

Durante seu artigo relata o método adotado de combate aos conselheristas, como eram chamados os seguidores de Antonio Conselheiro, "Um extermínio sumario sem qualquer esforço de comprovação das acusações de que eram vitimas." e deixando clara a situação da região Norte, onde cada vez, mas discriminada dentro do próprio estado, e que os sertanejos baianos no final do século XIX eram a face, mas perversa do processo de subordinação a que o Norte passou a ser relegado no novo quadro político que se instaurou com a republica.

Diz que o crescimento do arraial foi combinado com o processo de exclusão e marginalização de camponeses itinerantes do sertão, ignorados pelos novos projetos econômicos do estado, que, todavia privilegiava a importação de mão de obra.

Como hipótese a autora coloca como a religião influenciou os sertanejos na luta diária, dando até o nome de religiosidade sertaneja, fruto do catolicismo popular. Destacando Antonio Conselheiro, que era visto como messias, pelos sertanejos analfabetos, um messias que para defender seus princípios até pegava em armas. Esta hipótese propõe outra chave de leitura para a trágica saga conselherista.

A própria autora ainda diz levantar outra hipótese diferente a de Douglas Teixeira Monteiro, citado no artigo, que considerou a guerra sertaneja tão somente uma guerra religiosa.

A autora diz que "... a guerra sertaneja foi feita em nome da certeza de que Canudos era a terra dos homens de Deus", ela deixa bem clara que a religião foi o ponto central no desenhar da história de Canudos, dando ênfase ao catolicismo sertanejo, e dizendo que foi impressionante a resistência sertaneja às tropas legais, por que foi obedecendo à lógica de que Canudos era considerado o ultimo lugar sagrado onde a religião habitava corretamente em um mundo contaminado pelo erro e pelo pecado dos homens.

E finalmente achamos pertinente a Análise Historiográfica de mais um artigo afim de estabelecermos diferentes formas de analisar um mesmo contexto e para tanto, nos propusemos aanalise do seguinte artigo: "A Campanha de Canudos nos Jornais" de Lidiane Santos de Lima, Graduada em Comunicação Social pela Universidade do Estado da Bahia e Mestre em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Professora de comunicação da Universidade do Estado da Bahia, da faculdade de Tecnologia e Ciências e das faculdades Polifucs.

O objetivo privilegiado por esta autora no contexto da Guerra de Canudos é o sentido Cultural, observamos isso na analise que a autora faz da imprensa,quando as noticias de Canudos começaram a se espalhar as pessoas passaram a acompanhar os ataques, por meio de comunicação, o mais usado da época "os Jornais" da imprensa. Diante da pobre estrutura para a circulação e a averiguação das notícias foram registrados muitos boatos que circulavam simulando a narrativa de fatos reais a Guerra de Canudos foi um importante evento de mídia e analisado o papel da imprensa.

Relata que esta Guerra foi acompanhada pelos os maiores jornais do Brasil que enviaram jornalistas a esta região, possibilitando a primeira cobertura diária de uma guerra na imprensa nacional. A Guerra de Canudos assuntou e despertou grande interesse, foi o tema de publicações em todos os jornais da época.

A autora, ainda coloca de uma forma muito sucinta, a contribuição de diversos jornalistas que em suas obras contam com linguagem histórica ou mesmo ficcional, a dolorosa parte dessa historia brasileira, ocorrida no sertão nordestino.

Segundo Walnice Galvão, a autora do livro "No calor da hora" menciona que o jornalismo da época deu grande extensão a Guerra de Canudos, ainda faz critica as informações relatadas no Livro "Os Sertões", e cita outras obras como a novela "A Guerra do fim do mundo" em que abrange o tema que representam a ação da imprensa na época da guerra, no estudo daquilo que os vários jornais diziam a respeito dos muitos episódios e lances da conflagração. Além de estudar os diferentes tipos de matéria jornalística, a autora neste trabalho edita integralmente as séries de reportagens feitas no local da guerra por enviados especiais, que canudos foi um importante evento de mídia e analisado o papel da imprensa, de insuflar ânimos e espalhar o terror e o medo, em tempo de conflitos nacionais.

Walnice Galvão afirma que "noticias, os boatos, as intrigas, ecoavam de um jornal para o outro, tecendo ateia da informação. Jornais se solidarizam uns com outros, jornais desmentem outros jornais, polêmicos se abrem de um jornal com outros e as opiniões dos demais jornais se dividem e se reagrupam". Nessa analise a autora retrata a forma em que as informações são divulgadas em modelos que os boatos se tornam noticias de jornal. Mesmo cientes, das controvérsias existentes no meio de comunição, os leitores não tinham outras opções de informações que ocorria na região de Canudos na época da guerra. Porém os Jornais tiveram participação importante na Guerra de Canudos.

As informações notificadas por vários jornais da época, já eram noticias também no exterior, graças aos serviços do telegrafo internacional, que reunia aos leitores dos grandes jornais, as novidades da conjura em que se empenhavam em apoio a Antonio Conselheiro.

Em sua obra a autora, focaliza em analisar as obras escritas por autores e ate mesmo por repórteres da época que deram a essa guerra múltiplas versões, muitas vezes alterando e distorcendo informações cruciais deste acontecimento que marcou a historia do Brasil.

Para a autora, Walnice Galvão, a Guerra de Canudos, intensificou a equipe jornalística do Brasil, ao se enviados para o local dos acontecimentos, como o Jornalista Euclides da Cunha, também foram outros jornalistas que se destacaram ao informar os acontecimentos de Canudos.Porém já sabiam o que podiam informar quando foram para Canudos,poucos se pronunciaram sobre os meios de censuras,e aos limites de não ofender o exercito e a Republica.

O jornalista Euclides da Cunha publicou o livro "Os Sertões", que é considerado o livro de Canudos como relato consagrado sobre a guerra de Canudos e os destinos da nação brasileira, explica a ação da imprensa durante a guerra e a reação da população frente as noticias recebidas, e crítica grande quantidade destes acontecimentos por ele narrado. A autora já tem uma visão dissertativa mais profunda quandose refere,obra de Euclides da Cunha, pois faz critica sobre as informações citadas nessa obra,que o autor passa a indagar suas concepções políticas, os planos militares, o comportamento desordenado dos soldados nacionais, a imprensa, Euclides da Cunha sistematizou a trajetóriada formação da opinião publica e mobilizou o publico,pois os jornais da Guerra de Canudos que se caracterizou como o jornalista míope.

Portanto, segundo a autora, na Analise de Walnice Galvão, A Guerra de Canudos, foi evidentemente conseqüência de "uma construção discursiva altamente maniqueísta, segundo a qual, o exercito republicano e civilizado (" herói "nacional") pelejava contra a "barbárie": o arraial conselheirista, representante da ignorância e do atraso, inimigo da nação, que precisava ser punido".

Enfim, observamos ao longo da análise, que cada autor constrói uma historia de acordo com o seu olhar e o tempo em que ocorre esta historia e em que ela é escrita. Chegando a conclusão de que a historia é filha de seu tempo. Ana Paula Oliveira, prioriza a historia de cada homem, no contexto de canudo, valorizando a informação de cada um a fim de reconstruir essa historia, Jacqueline Hermann já aborda com um olhar voltado para o cultural, procurando analisar as interpretações do massacre de canudos sob o ponto de vista religioso e político. Já Lidiane Santos Lima que dialoga com Walnice Galvão, se volta também para a história cultural, dando ênfase a uma historia de cunho jornalístico, relatando que os jornalistas da época foram priorizados.

Referencias Bibliográficas:

Artigos extraídos dos seguintes sites:

http://reposcom.portcom.intercom.org.br/handle/1904/18179

http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/brasil/cpda/estudos/nove/jacquel9.htm

http://reposcom.portcom.intercom.org.br/dspace/handle/1904/17072