Às vezes, ser mau é bom. Veja o caso de "Dungeon Keeper", o divertido simulador que permitia aos jogadores criarem seus calabouços para tentar frustrar honrados cavaleiros medievais. "Evil Genius" se inspira no mesmo conceito, mas empresta o universo dos vilões de filmes da série James Bond como tema. Não, Bond... eu espero que você ria O ponto forte do game, e isso é perceptível imediatamente e constantemente, é sua ambientação e humor. A Elixir não poupa esforços em satirizar cada elemento desse tema: desde o cursor que aponta com o dedo mindinho até as missões de infâmia que o vilão deve realizar para ganhar fama, é difícil não se apaixonar pelo cuidado com detalhes. Infelizmente, para aproveitar tudo isso, é preciso encarar um jogo repleto de falhas significativas. A mecânica do jogo se divide em duas partes principais: criar e gerenciar sua base secreta dentro de uma montanha, assim como enviar suas tropas pelo mundo afora para realizar "atos de infâmia". Além de aumentar sua fama, isso permite que você ganhe novos recursos para o objetivo final: DOMINAR... O MUNDO! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! A construção da base é um processo complexo: o espaço subterrâneo na ilha é bastante limitado, e desfazer ou remodelar qualquer área já criada é caro e trabalhoso. O ritmo do jogo acaba já ficando meio lento devido à demora em conseguir roubar dinheiro pelo mundo, criação lenta de salas e a impossibilidade de controlar diretamente os trabalhadores de sua base - e essas complicações se provam bastante frustrantes no decorrer do game. Não se fazem mais capangas como antigamente Mas uma vez que a base de operações esteja funcionando bem (e isso pode levar umas boas três tentativas furstradas), novas situações interessantes vão surgindo que podem ajudar a prender a atenção do jogador. A habilidade de torturar reféns em diferentes equipamentos da base (como colocar ele na batedeira do refeitório) é um dos exemplos que reforçam o detalhismo de "Evil Genius" - mas não demora muito até novos problemas se revelarem. No geral, a maior frustração é resultado do micro-gerenciamento. Dar ordens gerais sem poder controlar os trabalhadores é um dos problemas mais claros. Toda vez que alguém invade a base (e, acredite, serão muitos e constantes), você precisa ir manualmente dar uma ordem de captura, assassinato etc. Daí é torcer para que a estrutura de sua base permita uma ação eficiente dos seus funcionários. E isso não é tudo: além da notoriedade, seus agentes chamam atenção nos países que invadem no mapa internacional. Por causa disso, muitas vezes é preciso dar ordens para que eles se escondam e esperem antes de retomar suas atitudes malignas... tudo isso prejudica muito o ritmo do game. Apesar da variedade dentro da própria partida, o game oferece muito pouco para quem quer jogar de novo - mesmo com três protagonistas, a ação é virtualmente a mesma sempre. Quando tudo está funcionando, é um prazer enorme descobrir todas as piadas e minúcias de "Evil Genius". Mas o game conspira tanto que muitas vezes a vontade maior é sair do jogo. Parece que, pelo menos por enquanto, as forças do Bem sairam triunfantes.