INTRODUÇÃO

O papel da Escola e do Professor é contribuir para o desenvolvimento de uma aprendizagem satisfatória dentro da sala de aula. As Gramáticas Normativa, Descritiva e Reflexiva promovem ao aluno conhecimento, habilidades linguísticas que precisam ser avaliadas todos os dias. Mas cabe ao professor de Língua Portuguesa apresentar as diferenças, vantagens, desvantagens que cada uma tem.

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Travaglia é professor titular de Língua Portuguesa, Doutor em Ciências Linguísticas e seu foco de estudo é a Linguística. Sua pesquisa contribui significativamente para o ensino de Gramática nas aulas de Português do ensino fundamental e médio. Todo Professor deve conhecer esse referencial teórico para aplicar em sala de aula.

O presente trabalho pretende analisar esses três tipos de Gramática, ressaltando seus pontos positivos ou negativos para um bom trabalho em sala de aula. Está dividido em dois sub-temas: o primeiro tem-se uma diferença entre as Gramáticas e seu objeto de estudo. O segundo é voltado para o ensino de Gramática nas escolas brasileiras e sua relação com a Linguística e com os PCNS.

A DIFERENÇA ENTRE AS GRAMÁTICAS NORMATIVA, DESCRITIVA, REFLEXIVA E SEU OBJETO DE ESTUDO.

Quando se fala em gramática, logo vem a mente aquele conceito bem antigo de gramática tradicional, ou seja, um conjunto de normas, regras para um bom funcionamento da língua, para falar e escrever corretamente. Essa definição é bem restrita diante dos fenômenos que cercam a língua.

A Gramática Normativa ou Prescritiva estabelece normas a serem seguidas. Está ligada ao “certo e errado”, a uma forma que não reflete o código linguístico, afinal é uma lei a ser obedecida. Conforme Travaglia (2001, p.30): 

A gramática normativa, que é aquela que estuda apenas os fatos da língua padrão, da norma culta de uma língua, norma que se tornou oficial. Baseia-se em geral, mais nos fatos da língua escrita e da pouca importância a variedade oral da norma culta, que é vista, conscientemente, ou não, como idêntica a escrita. Ao lado da descrição da norma ou variedade culta da língua ( análise de estruturas, uma classificação de formas morfológicas e lexicais), a gramatica normativa apresenta e dita normas de bem falar e escrever, normas para a correta utilização oral e escrita do idioma, prescreve o que se deve e o que não se deve usar na língua. Essa gramática considera apenas uma variedade da língua como válida, como sendo a língua verdadeira. 

Então, esse tipo de gramática é o que mais os alunos veem nas escolas, aquela forma tradicional de estudar o conteúdo. Não aceita nenhuma variedade que a língua apresenta. Impõe regras a serem obedecidas, por exemplo: o verbo tem que concordar em gênero e número com o sujeito “Os homens trabalham”. Caso alguém desobedeça a esse segmento e fale “Os homi trabaia”, será visto como uma pessoa ignorante, que fala errado, não segue a concordância adequada. A gramática tradicional não se preocupa com a interação e nem com a variação que ocorre na língua, trabalha apenas com o fator homogêneo.

A Gramática Tradicional dedica-se exclusivamente a língua escrita e passa a deixar de lado a língua falada. Então, detém as normas de bom uso, a variedade culta, padrão. Despreza a oralidade e outras variedades da língua. Por isso, surgem os preconceitos linguísticos. Segundo Travaglia (2001, p.228): 

Os critérios de qualidade de que se vale a gramática normativa são muitas vezes, problemático e com frequência nada tem a ver com a realidade da língua em si e em sua variação. A variedade que é considerada culta é normalmente a das classes sociais de prestigio econômico, político, cultural, etc., não considerando, portanto, a capacidade de qualquer variedade da língua de cumprir uma função comunicacional. 

É necessário que em sala de aula o professor de Língua Portuguesa aprimore-se dos recursos da Gramática Normativa porque mesmo tendo suas desvantagens apresenta também as vantagens. Pois a partir de seu uso o aluno consegue dominar normas, escrever e se expressar melhor. É preciso que o professor não se detenha apenas na GT, mas também em outros tipos de Gramática, bem como: a Descritiva e a Reflexiva, para assim desenvolver um resultado satisfatório enfocando a variação e mudança, com isso excluir os mitos que tem na língua.

Já a Gramática Descritiva é um estudo da língua sob um olhar mais crítico, incluindo vários elementos. Faz uma descrição da estrutura e do funcionamento da língua, de sua forma e função. Tem a preocupação em descrever, explicar as línguas como elas são faladas. De acordo com Travaglia (2001, p.32): 

A Gramática Descritiva é a que descreve e registra para uma determinada variedade da língua em um dado momento de sua existência (portanto numa abordagem sincrônica) as unidades e categorias linguísticas existentes, os tipos de construção possíveis e a função desses elementos, o modo e as condições de usos dos mesmos. Portanto a gramática descritiva trabalha com qualquer variedade da língua e não apenas com a variedade culta e dá preferência para a forma oral desta variedade. Podemos, então, ter gramática descritiva de qualquer variedade da língua.

Através dessa afirmação pode-se perceber que a Gramática Descritiva descreve as regras de como uma língua é realmente falada. Então, trabalha com outras variedades, como a informal. Não tem o objetivo de apontar erros, mas de identificar todas as formas de expressão existentes. Diante da seguinte frase: “Os cachorro são dele, viu”, a gramática descritiva procura explicar os usos da língua, e que não há línguas uniformes. Neste caso essas formas não seriam erros, mas variedades da forma oral.

A Gramática Reflexiva seria um trabalho de reflexão diante do que o aluno já domina. E também um trabalho de recursos linguísticos que ainda não domina. O objeto de estudo dessa gramatica é levar o aluno a aprendizagem de novas habilidades linguísticas, daí promover um ensino produtivo. Aqui se estuda gramatica a partir de exemplos que facilitem o entendimento dos elementos da língua em atividade em sala de aula. Conforme Travaglia (2001, p.33): 

A gramática reflexiva é a gramática em explicitação. Esse conceito se refere mais ao processo do que aos resultados; representa as atividades de observação e reflexão sobre a língua que buscam detectar, levantar suas unidades, regras e princípios, ou seja, a constituição e funcionamento da língua. Parte, pois, das evidencias linguísticas para tentar dizer como é a gramática implícita do falante, que é a gramática da língua.

Então, esse trabalho com a Gramática Reflexiva é mais voltado para a inovação do ensino pela uma mudança da metodologia. Pois, constroem-se atividades que o levem a redescobrir fatos já estabelecidos pelos linguistas. Diante disso, o livro apresenta um titulo de como se faz o plural. É exposto o modelo, no qual os alunos observam que há frases no singular “O animal racional” e depois o plural “Os animais racionais”. Através da observação os alunos logo reconhecem que palavra terminada em AL, troca-se o “L” por “IS”. Isso é um exemplo simples para formação do plural que é feito a partir de uma análise simples que ajuda o aluno a utilizar a língua com mais facilidade.

Outro tipo de trabalho com Gramática Reflexiva é desenvolver competência comunicativa. De acordo com Travaglia (2001, p.150) “[...] a gramática reflexiva é constituída por atividades que focalizam essencialmente os efeitos de sentido que os elementos linguísticos podem produzir na interlocução [...]”. Partindo desse princípio seria uma reflexão voltada para a semântica e a pragmática. É uma análise das possibilidades e não possibilidades que um enunciado ou uma língua pode gerar. Preocupa-se mais com a forma de atuar usando a língua.

Diante desses três tipos de Gramática pode-se perceber que servem como um forte instrumento de apoio em sala de aula. Para promover uma aprendizagem satisfatória e produtiva, o professor deve incorporar no seu trabalho tanto a Gramática Normativa, quanto a Descritiva e a Reflexiva. Assim os alunos poderão perceber a diferença e a contribuição que cada uma apresenta ao ensino de língua. 

O ENSINO DE GRAMÁTICA NAS ESCOLAS BRASILEIRAS E SUA RELAÇÃO COM A LINGUÍSTICA E OS PCN.

A Educação Brasileira é alvo de várias críticas, pois o ensino não é muito produtivo e isso faz com que o brasileiro tenha uma educação de baixo índice, sem qualidade. Muitos dos professores de Língua Portuguesa ainda não reconhecem a contribuição que tem a linguística e os PCNS diante do ensino de Gramática.

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