ANALISE DOS TEXTOS DOS PARAMETROS CURRICULARES NACIONAIS DE HISTÓRIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ? FASE II (5ª A 8ª SÉRIES)

Os Parametros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, especificamente falando da disciplina História, é fruto da discussão de vários especilaistas, professores e mestres, embasados numa orientação internacional oriunda de pressupostos da psicologia piagetiana e da Tendência Construtivista. Seu objetivo é servir de referencial para o trabalho docente,respeitando a concepção pedagogica própria de cada instituição de ensino e a pluralidade cultural brasileira, podendo assim ser adaptado a realidade de cada região. Focaremos nosso olhar aqui, para os seguintes pontos: objetivos, conteúdos, metodologia, recursos e avaliação.
Os objetivos são apresentados de duas maneiras no documento. A primeira é dado como objetivos gerais a serem alcançados ao final do Ensino Fundamental, já a segunda refre-se aos objetivos especificos por série ou ciclo. Dentre os objetivos gerais espera-se que os alunos sejam capazes de compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais; perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente; saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos; questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.
Quanto aos objetivos por ciclo/série veremos alguns para o terceiro e quarto ciclos: Terceiro - caracterizar e distinguir relações sociais da cultura com a natureza em diferentes realidades históricas; refletir sobre as transformações tecnológicas e as modificações que elas geram no modo de vida das populações e nas relações de trabalho; ter iniciativas e autonomia na realização de trabalhos individuais e coletivos. Quarto - utilizar conceitos para explicar relações sociais, econômicas e políticas de realidades históricas singulares, com destaque para a questão da cidadania; reconhecer as diferentes formas de relações de poder inter e intragrupos sociais; conhecer as principais características do processo de formação e das dinâmicas dos Estados Nacionais; refletir sobre as grandes transformações tecnológicas e os
impactos que elas produzem na vida das sociedades; debater idéias expressá-las por escrito e por outras formas de comunicação; utilizar fontes históricas em suas pesquisas escolares.
A proposta de seleção de conteúdos apresentada fundamenta-se no trabalho com Temas geradores e Eixos temáticos, numa concepção interdisciplinar e de estudos dos temas Transversais integrados aos conteúdos, ambos contextualizados, respeitando uma seqüência, isto é, o conteúdo é distribuído em subtemas. Para o terceiro ciclo é proposto o eixo temático História das relações sociais, da cultura e do trabalho, que se desdobra nos dois subtemas "As relações sociais e a natureza e As relações de trabalho". Para o quarto ciclo é proposto o eixo temático. História das representações e das relações de poder, que se desdobra nos dois subtemas "Nações, povos, lutas, guerras e revoluções e Cidadania e cultura no mundo contemporâneo".
Quanto à metodologia, há sugestões de trabalhos com questionamentos, fornecer dados complementares e contrastantes, estimular pesquisas, promover momentos de socialização e debates, selecionar materiais com explicações, opiniões e argumentos diferenciados e propor resumos coletivos.
Nessa perspectiva, são recomendados trabalhos com fontes documentais e com obras que contemplam conteúdos históricos. Devem ser desenvolvidas atividades de levantamento e de organização de informações internas e externas às obras estudadas e de pesquisa acerca das histórias das técnicas, das estéticas e dos suportes de registro.
O confronto de informações contidas em diversas fontes bibliográficas e documentais pode ser decisivo no processo de conquista da autonomia intelectual dos alunos. Pode favorecer situações para que expressem suas próprias compreensões e opiniões sobre os assuntos, investiguem outras possibilidades de explicação para os acontecimentos estudados, considerem a autoria das obras e seus contextos de produção, realizem entrevistas, levantamentos e organizações de dados, pesquisem em bibliotecas e museus e, além disso, observem, comparem e analisem espaços públicos e privados.
Recomenda-se o trabalho com documentos variados como sítios arqueológicos, edificações, plantas urbanas, mapas, instrumentos de trabalho, objetos cerimoniais e rituais, adornos, meios de comunicação, vestimentas, textos, imagens e filmes. Levantar questões de antecipação do tema questionando os alunos o que sabem, quais suas idéias, opiniões, dúvidas e/ou hipóteses sobre o tema em debate e valorizar seus conhecimentos; propor novos questionamentos, fornecer novas informações, estimular a troca de informações, promover trabalhos interdisciplinares; desenvolver atividades com diferentes fontes de informação (livros, jornais, revistas, filmes, fotografias, objetos etc.).
Os recursos didáticos ou objetos mediadores desempenham um papel importante no processo ensino-aprendizagem. São materiais didáticos tanto os elaborados especificamente para o trabalho de sala de aula livros-manuais apostilas e vídeos como, também, os não produzidos para esse fim, mas que são utilizados pelo professor para criar situações de ensino como filmes, jornais, revistas, etc. O material didático é um instrumento específico de trabalho na sala de aula: informa, cria conflitos, induz à reflexão, desperta outros interesses, motiva, sistematiza conhecimentos já dominados, introduz problemáticas, propicia vivências culturais, literárias e científicas, sintetiza ou organiza informações e conceitos. Avalia conquistas.
As mais diversas obras humanas produzidas nos mais diferentes contextos sociais e com objetivos variados podem ser chamadas de documentos históricos. É o caso, por exemplo, de obras de arte, textos de jornais, utensílios, ferramentas de trabalho, textos literários, diários, relatos de viagem, leis, mapas, depoimentos e lembranças, programas de televisão, filmes, vestimentas, edificações etc.
Utilizar documentos históricos na sala de aula requer conhecer e distinguir algumas abordagens e tratamentos dados às fontes por estudiosos da História, bem como a preocupação de recriar, avaliar e reconstruir metodologias do saber histórico para cada situação de ensino e aprendizagem. Além do trabalho com documentos, também é aconselhável atividades que envolvam saídas da sala de aula ou mesmo da escola para visitar um museu, ir a uma exposição de fotografias ou de obras de arte, conhecer um sítio arqueológico etc.
As visitas aos locais são recursos didáticos favoráveis ao envolvimento dos alunos em situações de estudo, estimulando interesse e participação. Propiciam contatos diretos com documentos históricos, incentivando os estudantes a construírem suas próprias observações, interrogações, especulações, indagações, explicações e sínteses para questões históricas. Nessas visitas, deve-se destacar para os alunos o fato de que irão conhecer espaços especiais de preservação e de divulgação de patrimônios históricos e culturais.
A Avaliação proposta se refere a um processo contínuo e somativa. Neste sentido, é importante considerar o conhecimento prévio, as hipóteses e os domínios dos alunos e relacioná-los com as mudanças que ocorrem no processo de ensino e aprendizagem. O professor deve identificar a apreensão de conteúdos, noções, conceitos, procedimentos e atitudes como conquistas dos estudantes, comparando o antes, o durante e o depois. A avaliação não deve mensurar simplesmente fatos ou conceitos assimilados. Deve ter um caráter diagnóstico e possibilitar ao educador avaliar o seu próprio desempenho como docente, refletindo sobre as intervenções didáticas e outras possibilidades de como atuar no processo de aprendizagem dos alunos.
Em suma, os PCN são referencias pedagógicos significativos e valiosos para a prática docente. Vale ressaltar que existem algumas exceções, em relação à determidas propostas, é claro. Pena que poucos docentes tenham acesso e consigam desempenhar sua prática numa concepção interdisciplinar, contextualizada e ao mesmo tempo integrada aos Temas transversais como orientam os PCN.

Referencia:

PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais 5ª a 8ª Séries - Vol. 06: História. Autor: Ministério da Educação. Fonte: [me] Ministério da Educação - Dominio Publico.