1. INTRODUÇÃO

 O consumo de leite no mundo vem crescendo em vastas proporções. Apesar de no Brasil, ultimamente, ter acontecido casos de fraude, e adulteração do leite, o Brasil é uma grande bacia leiteira. Esse crescimento é impulsionado pelo quão o leite faz bem a saúde.

A pecuária leiteira é de fundamental importância para o setor agropecuário brasileiro, tendo em vista que a atividade leiteira participa na formação da renda de grande número de produtores, além de ser responsável por elevada absorção de mão-de-obra rural (contratada e familiar), propiciando a fixação do homem no campo. Entretanto, a pecuária leiteira brasileira ainda vem enfrentando dificuldades atribuídas ao baixo nível tecnológico de pequenos produtores que são a grande maioria, ao alto custo de produção quando comparado ao pequeno poder aquisitivo da população, às baixas produção e produtividade do rebanho principalmente na pequena propriedade, às importações erráticas e à falta de política para o setor (MONDAINI, 1996).

A contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupada com realidades, evidências e comportamento dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais.

Um dos aspectos mais importantes a ser considerado são os sistemas de informação e os custos, ou seja, o modo de se gerenciar de forma consciente e correta as informações geradas, facilitando a vida do produtor e do próprio gestor, e também o valor dos custos usados na formação do produto, tanto pelos produtores quanto pela associação.

Na década de 1990, aconteceram diversas mudanças, que exigiram rápidos ajustamentos estratégicos e estruturais do setor agroindustrial do leite (REIS, MEDEIROS e MONTEIRO, 2001). A partir deste período, profundas transformações ocorreram em todo o setor, as quais foram induzidas pela desregulamentação do mercado, pela política de abertura comercial, pela formalização do Mercosul, pela estabilidade macroeconômica, pela nova estrutura de produção e comercialização e também pelo crescente poder e discernimento do mercado consumidor.

Para tanto, a seguir serão apresentadas as explicações de Nassar e Zylbersztajn (1998), Carvalho (2005a e 2005b), Baiardi (1999) e Lins (2006), Sanabio e Antonialli (2006) e Martins (2005) sobre estratégias associativistas dos pequenos produtores rurais.

A globalização, a abertura dos mercados internos e externos e a desregulamentação são características marcantes do atual cenário econômico do agronegócio no Brasil. Ainda, o processo produtivo é composto por agentes e atores heterogêneos com espectro de interesses diferenciados, em estágios de modernização e tecnificação diametralmente opostos, com capacidades mercadológicas e de capitalização diversas. Agregado a estes fatores temos agentes e atores com capacidade efetiva e não efetiva de interferir em decisões econômicas e políticas públicas que possam beneficiar os seus interesses individuais ou coletivos.

Sendo assim, o novo ambiente institucional da agropecuária demanda um reposicionamento das organizações, em especial das pequenas unidades de produção ou dos pequenos produtores rurais, para um enfrentamento das demandas competitivas do mercado, em bases de relativa igualdade com as agroindústrias localizadas nos setores a montante e a jusante. A tese do presente item é demonstrar que mecanismos de associação ou associativismo entre os pequenos produtores rurais constituem uma estratégia empresarial plausível e permissível para que sejam atendidos os interesses individuais e coletivos em mercados competitivos.

Em função desse período, o mercado começou a valorizar um pouco melhor o leite, então, os produtores se viram na necessidade de se reunirem em associações para reduzirem seus custos e consequentemente agregarem valor ao seu produto, surgindo portanto um problema: A gestão das informações fornecidas pelo Sistema de Informação da APLEQ garante que os produtores associados reduzam seus custos e despesas, e aumentem suas receitas?

Levando em consideração a carência de informações, a necessidade de esclarecimentos no diz respeito a custos e sistema de informações em uma associação do setor leiteiro, bem como o uso de alternativas que possibilitem uma melhor gestão, é objetivo deste trabalho examinar os custos, as despesas e as receitas, e o sistema de informação aplicado aos produtores associados, comparar as mudanças que surgiram a partir da criação da APLEQ e propor medidas que possam melhorar o controle da Associação e da Cooperativa tendo em vista os produtores associados.

Justificaria, assim, a necessidade de conhecimentos aprofundados sobre os aspectos econômico-financeiro e operacional, em relação à composição de gastos no processo de produção de leite pelos produtores, processo esse em que demanda o apoio e dinamismo da associação que vende o produto in natura que recebe e repassa todos os valores através da Cooperativa para os produtores, garantindo assim melhores preços e, consequentemente, uma boa rentabilidade, tanto individual, quanto conjunta.

Considerando essas questões, tem-se como objetivo geral examinar os custos, as despesas e as receitas, e o sistema de informação aplicado aos produtores associados, comparar as mudanças que surgiram a partir da criação da APLEQ e propor medidas que possam melhorar o controle da associação e da Cooperativa tendo em vista os produtores associados. Neste sentido temos como objetivos específicos: discriminar como os produtores de leite de Quicé conseguem gerenciar seus custos e despesas utilizando um sistema de informação; analisar as mudanças econômico-financeiras dos produtores de leite após a criação da associação; construir alternativas de melhoria do sistema de informação, já utilizado, possibilitando assim a redução de custos e despesas, e maximizando o lucro dos produtores de leite inseridos na associação. Para atingir o objetivo proposto, usou-se uma associação de produtores de leite, aonde vem aliada a uma cooperativa criada pelos mesmos, com o intuito de fazer a parte comercial e fiscal, com a finalidade de fazer um estudo dos métodos utilizados.

Bazerman e Neale (1998) dizem que a estratégia de redução de custos implica que um dos lados consiga aquilo que deseja enquanto o outro tenha os custos, associados a essa concessão, reduzidos ou eliminados. O resultado dessa estratégia é um benefício mútuo de alto nível, não porque um dos lados “vence”, mas porque o outro lado sofre menos. Reduzir custos significa que o lado que faz concessão maior recebe algo em troca, para que ainda possa realizar determinados objetivos que talvez pudessem ter sido mais bem efetuados antes de fazer as concessões durante a negociação. Embora semelhante a uma troca, essa estratégia enfatiza a redução ou eliminação de custos de um dos lados enquanto o outro atinge seus objetivos.

 O trabalho está estruturado da seguinte forma:

a)   Capítulo I – Trata do referencial teórico, métodos e formas de custeio, analisados sob a ótica da Contabilidade de Custos, além disso, trata de cooperativismo e associativismo, cadeia produtiva do leite, cenários, SI, contabilidade rural e gerencial e por fim, fluxos de caixa e lucro contábil, através de incentivos governamentais.

b)   Capítulo II – Da metodologia aplicada à pesquisa.

c)    Capítulo III – Refere-se a caracterização do processo produtivo, a estrutura de custos em duas propriedades, além da cooperativa, apresenta também como são os sistemas de informações e como eles agem em benefício do produtor e o resultado da entrevista com os produtores de leite em uma relação sócio-econômica e financeira.

Por fim, tem-se as últimas considerações nas quais se conclui para que serve os SI’s e qual o sistema de informação e método de custos que melhor se adapta ao universo em questão.

Perceber-se-á no decorrer do trabalho, a importância dos Sistemas de Informação, bem como a essencialidade na estrutura de custos, no sentido de prestar informações necessárias a uma gestão coerente e confiável.

 2. REFERENCIAL TEÓRICO

 No decorrer desse capítulo comenta-se a respeito do referencial teórico, no que diz respeito a todos os aspectos e elementos que possam servir de forma científica ao tema abordado que é a Análise do Sistema de Informação na Associação de Produtores de Leite de Quicé (APLEQ), no distrito de Quicé, município de Senhor do Bonfim, Bahia.

 

 2.1 Sistema de Informação – Aspectos Iniciais

 

 Na atual conjuntura mundial, as mudanças são processadas em uma velocidade incrível e às vezes até imperceptíveis aos olhos humanos. Debruçam sob o mercado empresas que duelam entre si buscando permanência nesse cenário capitalista.

Com isso, empresas, órgãos ou entidades estão a buscar maneiras que as despertem mais agilmente as mudanças que ocorrem.

Considerando essas definições, é válido afirmar que este instrumento representa, em se falando de competitividade, uma influência decisiva, já que atinge a forma como as companhias se organizam, operam e concorrem com as demais.

Assim, essa busca, traz transformações internas e externas, mais principalmente internas, no que diz respeito a melhorias no controle interno e na estrutura organizacional de cada entidade. Um exemplo prático dessa modernidade empresarial é a adoção de Sistemas de informação, conhecidos por SI, que relatam a situação econômico-financeira e operacional de maneira rápida e eficaz, tornando assim a empresa e seu administrador ou tomador de decisões mais flexíveis.

No que tange os sistemas de informações, Mosimann e Fish (1999, p. 54) afirmam que “pode ser conceituado como uma rede de informações cujos fluxos alimentam o processo de tomada de decisões, não apenas da empresa como um todo, mas também de cada área de responsabilidade”.

 “os sistemas de informações compreendem um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma seqüência lógica para o processamento dos dados e a correspondente tradução em informações. ” (GIL ,1999, p. 14)

Diante destas afirmações, é possível identificar alguns elementos que compõem a estrutura básica de um sistema de informação. São eles:

  • dados Þ conjunto de observações. Representam a “matéria-prima” que por si só não permite assimilar conhecimento, ou ainda, não difunde nenhum significado;
  • informação Þ é um dado processado de uma forma que é significativa para o usuário e que tem valor real ou percebido para decisões correntes ou posteriores;
  • processamento Þ compreende o processo de transformação do dado em informação.

A evolução da informática em todos os campos de atuação das empresas e, principalmente, na área de gestão empresarial, mormente à contábil, veio ao encontro das reais necessidades de agilizar os processos de informações e decisões das organizações.

E com isso, tornar o resultado empresarial mais econômico, eficaz e eficiente.

Diante deste contexto, é crescente a necessidade da utilização de ferramentas eficientes, as quais gerem informações integradas, tornando-se imprescindível aos gestores para estarem bem informados em todas as etapas e processos no que tange sua organização.

Além disso, a união de pessoas ou empresas, com interesses comuns, em associações vem a buscar medidas para redução de custos, e tudo isso aliado a um bom sistema de informação que possibilite, também, que esses grupos extraiam o que de melhor essa união pode proporcionar.

 2.2 Associações e Cooperativas

 Essas associações têm o intuito de unificar interesses e buscar alternativas que possibilitem um crescimento individual através do coletivo.

 “Associação, em um sentido amplo, é qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas ou outras sociedades jurídicas com objetivos comuns, visando superar dificuldades e gerar benefícios para os seus associados. Formalmente, qualquer que seja o tipo de associação ou seu objetivo podemos dizer que a associação é uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de seus interesses e que sua constituição permite a construção de condições maiores e melhores do que as que os indivíduos teriam isoladamente para a realização dos seus objetivos.“ (SEBRAE, 2008).

 As associações têm o objetivo de unificar a força individual dos produtores para a busca de um bem maior, que é a redução dos custos, busca de alternativas que aumentem ou possibilitem a maximização das receitas, e superar as dificuldades nos períodos de estiagem e a busca por mercados que disponibilizem a saída para seu produto, o leite.

 “Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de um empreendimento de propriedade coletiva e democraticamente gerido.“ SEBRAE (2008).

 Geralmente, cooperativa tem o intuito de comercializar toda a produção e insumos e de atender toda a área fiscal, já que a associação não pode fazer esse trabalho de comercialização.

A Cooperativa é o elo entre o produtor e o comprador trazendo consigo a garantia do pagamento. Os produtores recebem melhores preços e serviços onde a cooperativa atua.

 2.3 Apoios Governamentais

 Recentemente, surgiram iniciativas promissoras de formação de cooperativas de captação de leite no Estado da Bahia. Essa novidade gera no setor a expectativa de que o sistema cooperativista venha a se fortalecer cada vez mais na região.

Um meio de fortalecer o sistema lácteo estadual foi a criação em 1983 da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada ao desenvolvimento e Integração regional do estado da Bahia. Com o objetivo de viabilizar a captação dos recursos necessários à implementação de programas regionais e promover o desenvolvimento regional e municipal, com o intuito de apoiar cooperativas, associações e organizações de produtores.

Segundo ZOCAL, 2005:

 A pecuária de leite nacional sofreu grandes transformações no início dos anos 90, sendo as principais causas apontadas para essas mudanças a desregulamentação do mercado de leite a partir de1991, amaior abertura da economia para o mercado internacional, em especial, a criação do Mercosul e a estabilização de preços da economia brasileira. A partir de 2005, espera-se que novas mudanças aconteçam com a implementação da Instrução Normativa 51, que estabelece os novos regulamentos técnicos de produção, conservação e transporte do leite.

 Em relação a isso, podemos destacar o papel do governo em torno de um bem maior que é o incentivo a produção local, parcerias internacionais e a melhoria na qualidade, mudanças que estão transformando o Brasil em um grande produtor de leite, e com isso levando as regiões sudeste, com Minas Gerais e São Paulo, Sul, com Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e Nordeste, com Bahia, entre outros, a patamares muito altos de produção a nível nacional.

Os indicadores de produção colocam o Estado da Bahia entre os maiores produtores do país, responsável por 3% da produção nacional, com aproximadamente 750 milhões de litros, segundo fontes oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2004).

Além disso, a importância desse alimento vem sendo muito discutida. Por isso, o Estado da Bahia se destaca como grande produtor e acima de tudo promovendo qualidade em seus produtos.

 2.4 A Importância, Conservação e Produção do Leite

 Edi (2008), pesquisadora da Embrapa, afirma que o leite é, provavelmente, um dos únicos alimentos que tem como objetivo fornecer nutrientes e proteção imunológica (através dos anticorpos) para o recém nascido, o que pode explicar o seu elevado valor nutricional.

O leite é composto por componentes que ajuda o indivíduo a manter uma alimentação saudável e possibilitando também um grau de digestão elevado e com isso, fazem o leite ser um dos alimentos mais completos e importantes para a alimentação do Homem.

Ela ressalta ainda que o leite é rico em minerais, porém, é um alimento pobre em ferro. O leite da vaca possui mais minerais do que o próprio leite humano, assim, um ótimo fornecedor de cálcio e fósforo, fundamentais para a formação e manutenção de ossos e dentes.

Apesar de ser um alimento nutritivo ele deve ser manipulado de forma correta e por animais sadios, pois pode ser um risco a saúde humana. Para isso o controle sanitário e a higiene são fundamentais.

Vale ressaltar que leite de qualidade deve ser de origem conhecida associada a uma sanidade e qualidade assegurada, desde o produtor até a mesa do consumidor.

Assim, algumas medidas podem ser tomadas, como por exemplo, conservar o leite in natura refrigerado para as plataformas dos laticínios em caminhões com tanques térmicos, a uma temperatura de até 4ºC, como forma de atender à Instrução Normativa nº 51 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.

Segundo o site Queijos no Brasil:

 “uma maneira rotineira e rápida de avaliar a acidez do leite é o teste do alizarol, executado no ato de recebimento do leite pelas indústrias de laticínios. E tem como o objetivo o teste do leite que fornece a segurança se o mesmo poderá ou não ser pasteurizado (aquecido), pois o leite ácido tende a “talhar” quando submetido ao calor.”

 Segundo Aloísio (2008), pesquisador da Embrapa, a implantação deste sistema de captação de leite a granel trás benefícios para o setor, resultando em mais qualidade para o produto, uma vez respeitados os índices de agentes contaminantes determinados pelo MAPA.

Na coleta em granel o leite fica armazenado em tanques de resfriamento com. Deste modo, o processo de limpeza e higienização demandará ações mais complexas e, portanto, treinamento para o produtor. 

 “no sistema de coleta a granel, a análise do leite será realizada por produtores nos postos de resfriamento. Portanto, um erro de diagnóstico nos testes de recepção poderá resultar em grandes perdas. As possíveis falhas na análise serão identificadas pela Vigilância Sanitária, no momento da recepção do produto no laticínio, podendo comprometer toda a produção diária”. (Aloísio, 2008, s/pg)

 A produção de leite e seus derivados é uma atividade econômica de grande importância para a produção no Distrito de Quicé, portanto, uma fonte de renda e ocupação de pequenos e médios agricultores e produtores. O elo da produção da matéria-prima básica – o leite – é dominado predominantemente por pequenos e médios produtores, evidenciando uma atividade, basicamente, familiar.

Em vista disso, deve ser observado que o leite passa por vários processos até chegar a seus derivados, tanto caseiros como industriais, assim denominada cadeia produtiva.

 2.5 Cadeia Produtiva do Leite

 Jank et al. (1999) afirma que:

 Cadeia produtiva é definida como "a rede constituída por diversos fatores que geram relações de força coletiva, que influenciam diretamente as estratégias mercadológicas e comerciais, assim como a tomada de decisão de cada um dos fatores".

 Em geral, os fatores que limitam o desenvolvimento de uma cadeia produtiva de leite estão relacionados com os aspectos geopolíticos e sociais da região da qual faz parte.

A cadeia produtiva do leite engloba desde a captação de insumos como alimentação e medicamentos, por exemplo, até a venda do produto para os clientes, o qual produzem vários derivados do leite, como o leite pasteurizado, o iogurte, o requeijão e o queijo.

O acompanhamento da cadeia produtiva do leite deriva de um controle que forneça informações vitais para sua correta relação com os entes nela presentes.

 2.6 Controle e Planejamento - Controladoria

 “é de fundamental importância à utilização de um controle adequado sobre cada sistema operacional, pois dessa maneira atingem-se os resultados mais favoráveis com menores desperdícios”. (Crepaldi, 2004, pág. 48).

 Para isso Hoji (2004) afirma que se deve planejar para prever possíveis modificações de cenários e condições preestabelecidas, de forma a gerar recursos estimados e aplicando responsabilidades com intuito de chegar aos objetivos propostos.

Essa ligação entre planejamento e controle gera um fator fundamental para otimizar os resultados econômicos da empresa, que é classificada como sendo a missão da controladoria.

E assim, para os autores Mosimann e Fisch (1999, pág. 74) “a missão da controladoria é otimizar os resultados econômicos da empresa”, corroborando assim para a sua perpetuidade, por meio da integração dos SI´s baseado no modelo de gestão adotado.

Padoveze (2005), afirma que basicamente, a controladoria é a responsável pelo Sistema de Informação Contábil Gerencial da empresa e sua missão é assegurar o resultado da companhia.

Diante do exposto, percebe-se que a controladoria é responsável pelo controle interno fundamental de qualquer entidade ou empresa, através do processamento de informações contábil-gerencial e operacional, ou seja, tais informações incorporam-se aos Sistemas de Informações (SI’s), sendo de grande valia no alinhamento dos processos da gestão e nas tomadas de decisões dos gestores, acarretando na otimização do desempenho da empresa.

 2.7 Sistema e Sistema de Informação

 Um sistema representa a reunião de partes coordenadas, as quais concorrem para a realização de um conjunto de objetivos, sendo o seu funcionamento representado por um processamento de recursos (entradas) do qual resulta as saídas, ou melhor, produtos do sistema.  Assim:

 o sistema de informação é de fundamental importância na mão dos administradores, seja dessa associação e cooperativa, seja de alguma empresa ou entidade. Sistema de custos é um conjunto de procedimentos administrativos que registra, de forma sistemática e contínua, a efetiva remuneração dos fatores de produção empregados no processo. (SANTOS, MARION e SEGATTI, 2002).

 O sistema de informação consiste num conjunto de recursos utilizado para fornecer informações oportunas e relevantes, para qualquer uso que se possa fazer dela, a partir de processos anteriormente definidos, valendo-se para tanto de dados específicos, podendo ela ser tanto digital ou informatizada como manual.

 Padoveze (2000, p. 47) afirma que:

 A ciência contábil traduz-se naturalmente dentro de um sistema de informação. Poderá ser argüido que fazer um sistema de informação contábil com a ciência da Contabilidade é um vício de linguagem, já que a própria Contabilidade nasceu sob a arquitetura de sistema informacional.

 Portanto, torna-se válido afirmar que a Contabilidade desempenha o papel de um eficiente sistema de informação, dentro do sistema maior (Sistema Empresa), e que tem por objetivo atender seus usuários com demonstrações financeiras, econômicas e de produtividade com relação ao objeto da contabilização, devendo necessariamente observar àquilo que este usuário considera como elementos importantes para o seu processo decisório.

O sistema de informação pode ser também um sistema manual onde consiste em registrar dentro de espaços de tempo a produção, os custos, o próprio controle efetivo de contas, registros, sua adequação e segurança nas informações. Além disso, devem existir reuniões a respeito do aumento ou diminuição da produção e maneiras para se trabalhar em cima desse aumento ou diminuição, por exemplo, para que as informações colhidas sejam utilizadas pela gerência de forma correta e relevante. Produzindo ainda, planilhas, textos, entre outros, que possibilitem maximizar a eficiência e a eficácia de qualquer tipo de entidade ou empresa a qual esteja integrado ao Sistema de Informação.

Nesse Sistema de Informações pode-se encontrar um subsistema do contexto que é o Sistema de Produção (SP).

O Sistema de Produção é onde se procura manter as características básicas dos sistemas predominantes em cada região de produção, em relação a produção leiteira, analisam-se fatores como topologia do terreno, tipos de pastagem, tipo de suplementação volumosa para as vacas em lactação nos períodos de seca, tipo do rebanho, entre outros. Com isso, visa oferecer ao produtor de leite da região a utilização de um padrão genérico que aumente a produção através de tecnologias, por exemplo, e melhorias na produtividade de na rentabilidade da atividade leiteira, em bases sustentáveis e em consonância com os objetivos gerais dos produtores.

De maneira geral, como descrito por Bornia (1995, p. 68), “um sistema é composto por um princípio geral, que norteia o tratamento das informações, e métodos que viabilizam a operacionalização daquele princípio”.

 Dentro da bibliografia pesquisada não há uma definição que estruture o sistema de custeio de forma clara e que o vincule à definição como apresentada por Bornia anteriormente, isto é, dentro de um princípio e métodos de custeio. Ainda não há consenso a respeito deste assunto entre os autores abordados. Há uma certa confusão ao se referir a métodos e princípios, onde, muitas vezes estes dois conceitos misturam-se. Os termos definidos nesse tópico não são entendidos da mesma forma por todos os autores. (SAKAMOTO, 1999, p.71).

 2.8 Gestão Empresarial Rural e Contabilidade Rural

 Conforme Valle (1987), as operações de gestão agropecuária são consideradas sob tríplice aspecto: o técnico, o econômico e o financeiro. Sob o aspecto técnico, estuda-se a possibilidade da criação de gado de leite na área rural, isso implica na escolha dos tipos de alimentação do gado, a rotação de pastagens, espécies de raças e o sistema de trabalho etc. No aspecto econômico, estudam-se várias operações a serem executadas, quanto ao seu custo e aos seus resultados, isto é, o custo de cada produção e sua recuperação, através do qual se obtém o lucro. Considera-se o aspecto financeiro, quando se estudam as possibilidades de obtenção de recursos monetários necessários e o modo de sua aplicação, ou seja, o movimento de entradas e saídas de numerários, de modo a manter o equilíbrio financeiro do negócio.

Para Crepaldi (2005), o gestor deve estar sempre atento às tarefas de planejar, organizar, direcionar os subalternos diretos e o controle administrativo, além de sempre apresentar planos como orçamentos e controles que permitam acompanhar o andamento da atividade.

Segundo Nepomuceno (2004, p.91), “o orçamento é uma ferramenta de aperfeiçoamento da administração na atividade rural, que permite trabalhar com os olhos voltados para o que vai acontecer”.

Calderelli (2003, p.105) define Contabilidade Rural como sendo “aquela que tem suas normas baseadas na orientação, controle e registro dos atos e fatos ocorridos e praticados por uma empresa cujo objeto de comércio ou indústria seja agricultura ou pecuária”.

Apesar de ser uma ferramenta pouco utilizada, a Contabilidade Rural, é vista como uma técnica complexa, com baixo retorno na prática, ela é conhecida apenas para a Declaração do Imposto de Renda, e os produtores não demonstram interesse na sua aplicação gerencial. Dentre outros fatores, vale ressaltar que tem contribuído para isso a deficiência dos sistemas contábeis, responsáveis em retratar as características da atividade agropecuária, bem como, a falta de profissionais capacitados na transmissão de tecnologias administrativas aos produtores rurais, daí, a não inclusão da Contabilidade Rural como instrumento de políticas governamentais agrícolas ou fiscais.

Crepaldi (2005) descreve que a finalidade da Contabilidade Rural é de orientar as operações agrícolas e pecuárias; medir e controlar o desempenho econômico-financeiro da empresa e de cada atividade produtiva; apoiar as tomadas de decisões no planejamento da produção, das vendas e investimentos; auxiliar nas projeções de fluxos de caixas, permitir comparações à performance da empresa com outras; conduzir as despesas pessoais do proprietário e de sua família; justificar a liquidez e capacidade de pagamento junto aos credores; servir de base para seguros, arrendamentos e outros contratos, e gerar informações para a Declaração do Imposto de Renda.

Numa visão global, Padoveze (2000) comenta que o gerenciamento contábil está ligado às informações contábeis que são necessárias para controle, acompanhamento e planejamento da empresa como um todo e utilizados pela alta administração da companhia.

Segundo Iudícibus e Marion (2000, p.19), “A Contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões”. É através dela que a entidade checa seus pontos fortes e fracos no que se refere a contas de patrimônio, financeiro e econômico.

Dessa forma, através de relatórios, procedimentos e análise contábil a administração consegue transformar os dados coletados em informações relevantes para a tomada de decisão por parte dos gestores, de forma a reduzir custos e maximizar os lucros.

 2.9 Custos de Produção do Leite

 O custo de produção do leite sempre foi alvo de discussões calorosas entre os pesquisadores da área, devido as diferenças nos procedimentos de cálculo adotados por estes.

Realmente, a necessidade de adoção de um critério metodológico único é imprescindível para que os resultados sejam significativos e possam ser comparados.

 Pessatti (2008) afirma que:

 “Pode-se perceber que por parte dos pesquisadores e das entidades de pesquisa tudo está sendo feito para que o custo de produção de leite torne-se o mais real possível, permitindo a identificação de ineficiências e a tomada de decisões na propriedade leiteira. Resta uma pergunta a ser feita: Como fazer para que essas informações cheguem ao produtor e sejam executadas?”.

 A mesma autora completa afirmando que “Aí está o maior desafio, pois, no Brasil de hoje ainda são minoria os produtores de leite que calculam seus custos de produção, basicamente alegando que esse procedimento não se faz necessário. Para esses, abram os olhos, pois podem estar pagando para produzir.”. Isso significa que muitos produtores devido a seu grau de escolaridade não conseguem determinar de forma correta seus custos e assim, como a autora acima se referiu, podem estar pagando para produzir.

 2.9.1 Tipos de Custeio

 Os objetivos básicos para estruturação de um sistema de custeio estão intimamente ligados aos propósitos a que se destinam, isto é, financeiro, operacional e estratégico (PLAYER, KEYS e LACERDA, 1997, p. 8).

Dutra (1995) apresenta os métodos de custeio sob a função de determinar o modo como será atribuído custo aos produtos.

Entende-se que o método de custeio é a forma pela qual os custos são apropriados aos seus portadores finais. Para Koliver (2000), refere-se ao método de custeio como sendo à separação dos custos fixos e variáveis, ou do reconhecimento necessário dos seus comportamentos diante de variação no grau de ocupação da entidade.

Os três principais métodos de custeio abordados pela bibliografia de custos no Brasil referem-se ao custeio por absorção, ao custeio variável e ao custeio ABC.

2.9.1.1 Custeio por Absorção

 Para Koliver (2000), o custeio por absorção se caracteriza pela apropriação de todos os custos do ciclo operacional interno aos portadores finais dos custos. Noutras palavras, resulta na apropriação de todos os custos das funções de fabricação, administração e vendas dos bens e serviços produzidos, sejam eles diretos ou indiretos.

Segundo Horngren, Foster e Datar (2000, p. 211) custeio por absorção “é o método de custeio de estoque em que todos os custos, variáveis e fixos, são considerados custos inventariáveis. Isto é, o estoque “absorve” todos os custos de fabricação”. Lopes de Sá (1990, p.109) afirma que o custeio por absorção é a “expressão utilizada para designar o processo de apuração de custos que se baseia em dividir ou ratear todos os elementos do custo, de modo que, cada centro ou núcleo absorva ou receba aquilo que lhe cabe por cálculo ou atribuição”.

Assim, resumidamente, o custeio por absorção, como o próprio nome já diz absorve todos os custos no processo de formação do produto e é utilizado em decisões a longo prazo. Ela acontece a medida que os custos vão surgindo , seguindo as etapas do processo produtivo do leite.

 2.9.1.2 Custeio Variável

 Conforme Koliver (2000), o custeio variável está alicerçado na apropriação de todos os custos variáveis – diretos ou indiretos – aos portadores finais dos custos, fundamentado, na relação entre esses e o grau de ocupação da entidade. Para Horngren, Foster e Datar (2000, p. 211), custeio variável “é o método de custeio de estoque em que todos os custos de fabricação variáveis são considerados custos inventariáveis. Todos os custos de fabricação fixos são excluídos dos custos inventariáveis: eles são custos do período em que ocorreram”. Lopes de Sá (1990, p. 108) diz que o custeio variável é “o processo de apuração de custo que exclui os custos fixos”.

Segundo Leone (1997, p. 322), “o critério do custeio variável fundamenta-se na idéia de que os custos e as despesas que devem ser inventariáveis (debitadas aos produtos em processamento e acabados) serão apenas aqueles diretamente identificados com a atividade produtiva e que sejam variáveis em relação a uma medida (referência, base, volume) dessa atividade”.

Já o custeio variável, apenas são considerados os custos variáveis e ele é importante em decisões a curto prazo, ou seja, esses custos são apresentados de forma curta, assim, eles agregam ao custo do produto quando se processa a operação com o mesmo.

Observa-se nos métodos de custeio que suas posições são antagônicas, porém complementares, em relação às necessidades da entidade, pois, enquanto o absorção atende aos Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC) e à legislação fiscal, o variável fornece informações para a tomada de decisão.

 2.9.1.3 Custeio por ABC (Activity Based Costing)

 O sistema de Custeio Baseado em Atividades (Activity Based Costing - ABC) procura, igualmente, amenizar as distorções provocadas pelo uso do rateio, necessários aos sistemas tratados anteriormente, principalmente no que tange ao sistema de custeio por absorção.

Martins (2003, p. 87), informa que o Custeio Baseado em Atividades “é uma metodologia de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos”.

Através de métodos de custeio e a formação dos custos sejam produtores ou empresários sempre visam formular de um ponto de equilíbrio. Para determinar o nivelamento das contas, no que se refere a receita igual a despesa em um determinado ponto de compra e venda de produtos.

 2.10 Ponto de Equilíbrio

 Segundo o site PDE, ponto de equilíbrio significa a quantidade que equilibra a receita total com a soma dos custos e despesas relativos aos produtos vendidos.

Assim, ponto de equilíbrio nada mais é  do que o valor que a entidade precisa vender o produto para cobrir seus custos, as despesas variáveis e as despesas fixas. No Ponto de Equilíbrio, a empresa não terá lucro nem prejuízo.

 

Espécie de custo

 

Em relação à variação do volume

Fixo Total

=>

Não varia

Variável Total

=>

Varia proporcionalmente

 

Há várias formas de se  calcular o Ponto de Equilíbrio, em relação ao texto estudado verifica-se a mais tradicional, onde, o valor das receitas iguala-se ao das despesas.  

O Ponto de Equilíbrio é o quociente simples da divisão dos valores dos custos e despesas fixas pela margem de contribuição.

Já que o ponto de equilíbrio é, basicamente, buscar um ponto de nivelamento entre as receitas e despesas, a receita quando apurada maior que a despesa gera um indicador denominado lucro.

O equilíbrio entre as contas gera valores iguais entre receitas e despesas e assim, para que as receitas superem os custos ou despesas, deve-se ter a formação de um preço de venda que denote a realidade e que alcance um lucro esperado, para que não hajam perdas nem econômicas e nem financeiras.

 2.11 Preço de Venda e Lucro

 Quando se trata de Preço de Venda, já se imagina que ele será, ou melhor, terá que ter o valor suficiente para a quitação dos compromissos assumidos, que poderão ser: o custo de reposição do estoque, o custo financeiro de estocagem, os impostos, as comissões e ainda contribuir para geração de recursos para o pagamento despesas que não estão ligadas ao preço de venda e aquilo que o empresário julga o mais importante, que é o tão desejado e sonhado lucro.

Guerra (2008), economista e administrador de empresas, afirma que o “(...) lucro é a parcela excedente das receitas, depois de subtraídos os custos. É o lucro que remunera o capital investido num empreendimento. Sem ele não existem empresas ou negócios”.

Ainda segundo Guerra (2008) relata que:

 “ o (...) objetivo é comparar o lucro entre várias empresas do mesmo ramo, o mais correto é usar o lucro apurado considerando o custo histórico, já que este, sendo o conceito usado pela contabilidade formal das empresas, tornaria a comparação consistente. Se nosso objetivo é apurar uma distribuição de lucros que preserve o capital de giro da empresa, deveria ser usado o conceito de lucro considerando o custo de reposição ou o custo corrigido. Se nosso objetivo é calcular o valor efetivamente adicionado ao acionista, deveria ser usado o conceito de lucro considerando o custo de oportunidade. ”

 No caso desse estudo o referido trabalho irá se direcionar o lucro na visão de custo histórico.

O acompanhamento contábil de uma unidade de produção de leite está relacionado com o regime de caixa, como será visto nesse trabalho.

 2.12 Fluxos de Caixa

 Os fluxos de caixa são valores monetários que refletem as entradas e saídas de recursos e produtos da unidade de produção, num determinado período de tempo. Sua elaboração é possível a partir do conhecimento das quantidades físicas de recursos utilizados, de produtos comercializados e de seus respectivos preços de mercado.

 Os fluxos de caixa são de grande utilidade como instrumento de administração da unidade de produção, permitindo: a) indicar mensalmente a posição financeira da unidade de produção; b) detectar épocas de maior demanda de dinheiro; c) compatibilizar as eventuais divergências entre as entradas e saídas de dinheiro ao longo do ano; d) planejar melhor a disponibilidade de recursos financeiros para saldar compromissos de curto e longo prazo; e) comparar os dados planejados com os efetivamente realizados, com vistas a melhorar os planejamentos futuros. Além disso, a partir dos componentes dos fluxos de caixa, é possível determinar o custo operacional de produção, a margem bruta e a rentabilidade do empreendimento (Yamaguchi, 1994).

 Os fluxos de caixa são formados pelos fluxos de entrada de numerário, que devem ser todas as receitas e os fluxos de saída de numerário como, por exemplo, mão-de-obra, energia elétrica, água, recolhimento de INSS e FGTS, entre outros, reparo e substituição de peças dos equipamentos ou motores, etc.

O saldo do fluxo de caixa é determinado pela diferença entre os fluxos de entrada e os fluxos de saída, onde esse saldo pode ser positivo, negativo ou nulo.

Muito se fala sobre fluxo de caixa, mais em uma produção tanto ele quanto os custos, despesas, receitas, etc. Podem ser abalados ou melhorados, a depender do mercado ou cenário o qual está inserido a empresa, entidade, órgão ou atividade.

 2.13 Cenário

 Cenário é tudo aquilo que envolve a empresa tanto internamente quanto externamente, internamente falando, temos o mercado onde a empresa está inserido e o interno relacionado com acontecimentos que possam afetar a empresa em seu ambiente operacional.

 3. Metodologia

 Neste capítulo, descreve-se a metodologia adotada e os critérios básicos que foram utilizados no estudo.

Para atender ao objetivo geral desta dissertação, procedeu-se à revisão bibliográfica, e à identificação do tipo de pesquisa a ser utilizada para traçar o delineamento do estudo. Como restrição à realização da pesquisa bibliográfica, registra-se a constatação da ausência de artigos técnicos e outras publicações que versem sobre o tema tratado. Em contrapartida, encontrou-se, com certa facilidade, uma farta literatura sobre os métodos de custeio, principalmente, em artigos apresentados nos congressos relacionando estes métodos com estratégias e com customização. Em decorrência deste fato, utilizou-se basicamente a bibliografia disponível através dos livros didáticos.

 3.1 Sobre o Método Utilizado no Estudo de Caso

 A metodologia escolhida para a realização deste trabalho foi a de pesquisa descritiva – Busca estabelecer através de pesquisa de campo métodos, práticas e critérios na elaboração do trabalho e visa obter informações sobre o objeto de estudo e orientar a formulação de hipóteses.

Sobre a questão do planejamento de pesquisas descritiva, Gil (1991, p. 56) afirma que, está relacionado com estudo, análise, registro e interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador; são exemplos as pesquisas mercadológicas e de opinião;

Assim, sobre o delineamento do estudo de caso, Gil (1991, p. 121) considera as seguintes fases:

 a)    delimitação da Unidade-Caso;

b)    coleta de Dados;

c)    análise e Interpretação dos Dados e

d)    redação do Relatório.

  3.2 Providências Preliminares à Execução do Estudo Caso

 Como providências preliminares, solicitou-se à associação objeto deste estudo que fossem asseguradas as condições mínimas necessárias ao desenvolvimento deste trabalho.

Em primeiro lugar, identificou-se os locais onde estavam disponíveis as informações necessárias à elaboração do estudo. Todo o levantamento de dados foi efetivado na sede da associação e na zona rural, localizada no Distrito de Quicé, município de Senhor do Bonfim – BA.

A partir deste ponto, solicitou-se ao presidente da associação as condições institucionais e físicas, bem como às fontes dos dados necessárias.

Outra providência tomada foi a elaboração de um cronograma de trabalho, realizado em comum acordo com a presidência da entidade. Este cronograma serviu não apenas para a fase da coleta de dados, mas também para todas as etapas subseqüentes.

 3.3 Delimitação do Estudo de Caso

 A delimitação deste estudo de caso foi o Sistema de Informação da gerência da Associação e a Apuração de Custos e Despesas referentes aos produtores e a própria entidade. A utilização do método de custeio por ABC, custeio variável e custeio por absorção não serão vistos na integra, por ser um foco relativamente complexo e que tanto os produtores quanto a própria associação e cooperativa não utilizam. A associação utiliza o regime de fluxo de caixa para apuração de seus saldos.

 3.4 Coleta dos Dados

 Inicialmente, identificaram-se quais as informações necessárias e a composição da coleta de dados. Devido à grande diversidade da natureza dos dados requeridos pelo caso, listaram-se os principais grupos de informação para o estudo:

  • informações do sistema de informação gerencial;
  • informações do contrato de compra do leite, celebrado entre os clientes e a cooperativa;
  • síntese dos equipamentos aplicados na Apleq;
  • esquema sobre o modelo de gestão da Associação;
  • informações contábeis referidas a coleta de recursos para suprir despesas e custos da usina de resfriamento;
  • informações sobre o custo do leite, em relação aos produtores.

Em seguida, os dados foram coletados, utilizando-se as seguintes formas: entrevistas individuais e reuniões com gestores e funcionários; consultas as informações de planilhas manuais e digitais sobre despesas e custos; relatórios de custos e resultados; e observação direta. A observação foi efetivada nos respectivos locais de trabalho, com o acompanhamento do vice-presidente da associação, o uso das informações gerenciais repassadas aos associados e sua conexão com o processo decisório.

Cabe salientar que as entrevistas realizadas foram de forma aberta, onde o pesquisador pôde solicitar aos entrevistados a apresentação de fatos e de opiniões a eles relacionados. Atualmente existem 132 associados, a amostra global contém apenas 96 produtores, porque dos 132 apenas 96 produzem e entregam o leite na usina de resfriamento. O cálculo da amostra da pesquisa de campo, pesquisou entre os 96 produtores de leite associados, 32 produtores, isso significa algo em torno de 33,33%. A formula para o encontro desse valor é calculado da divisão entre o número total de pesquisadores e a quantidade de produtores entrevistados. O processo utilizado com relação à pesquisa de campo foi o de amostragem especificada proporcional.

Na próxima etapa, analisou-se o organograma e a estrutura organizacional da Associação, relacionando-se a lista dos produtores a serem entrevistados, considerados fornecedores das informações pertinentes ao estudo. Basicamente, tornou-se oportuna a realização de entrevistas e reuniões com todos os gestores envolvidos diretamente com o processo de apuração de custos e sua conexão com o processo de decisão da Associação.

O questionário que serviu de roteiro às entrevistas junto aos produtores, vale ressaltar que o presidente e todo o corpo de gestores da associação, são formados pelos próprios produtores de leite da APLEQ. Ele foi dividido em três partes, sendo a primeira relativa ao nome do entrevistado e questionário sócio-econômico; a segunda referiu-se à época antes da fundação da Associação: interrogando sobre a quantidade produzida, a renda, qual o maior custo na produção, qual a dificuldade em continuar na cultura, entre outros; e a terceira parte se referiu à época atual, ou seja, com a Associação ao seu lado, os aspectos da entrevista foram: interrogando sobre a quantidade produzida, a renda, qual o maior custo na produção, qual a dificuldade em continuar na cultura, entre outros.

 3.5 Análise e Interpretação dos Dados

 A partir dos dados coletados na fase anterior, passou-se à fase da análise e da interpretação das informações. Os passos seguidos nesta fase foram:

  • analisar o sistema de informação Gerencial da entidade;
  • § verificar os valores de compra do leite, previstos no contrato com as indústrias que recebem o produto;
  • § verificar quais os equipamentos utilizados na usina de processamento de leite, e como foram adquiridos;
  • § analisar a conexão entre a apuração de custos e o processo de decisão da Associação (investigar como funciona o processo de decisão);
  • § analisar o regime de apuração dos gastos apropriados: regime de caixa.

 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

 A entidade que servirá de base para o trabalho é uma Associação situada no Distrito de Quicé, Município de Senhor do Bonfim - BA, sua natureza de atividade é unificar os produtores, coletar e repassar o leite para a COOPLEQ que recebe e comercializa o leite com a indústria. Essa Cooperativa recebe o valor monetário e repassa para o produtor obedecendo a sua produção individual.

Um grupo de produtores que movidos pela ambição de se libertar de preços baixos e custos elevados se unem com o objetivo de fundar uma associação, ela viria com o objetivo de fazer um trabalho social entre os produtores e, consequentemente, melhoramento genético, garantia do recebimento da produção e qualificação, facilitando assim o intercâmbio entre compradores, vendedores e fornecedores de insumos, medicamentos e assistências médica veterinária, inclusive mostrando a viabilidade de todo sistema produtivo, dando a certeza de que todo leite produzido seja destinado aos clientes gerando a garantia do recebimento do numerário.

Após sua criação em 27 de maio de 2007, com apenas 30 associados, continuaram a se deparar com várias dificuldades em relação à cooperação da maioria dos produtores e o problema da continuação do não recebimento correto dos valores a que tinham direito. Então, precisavam de algo que os ajudassem a agregar valor ao leite, assim, surgiu à dúvida: O que fazer para agregar valor ao produto e fazer com que recebamos o que temos direito?

Depois de algumas tentativas com os governantes locais, conseguiram implantar uma usina de resfriamento de leite em Quicé com recursos do Programa Produzir, através de convênio celebrado entre a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional - CAR e a Associação de Produtores de Leite de Quicé - APLEQ, num valor total de R$ 152.612,46, com 10% de contrapartida da comunidade e o restante repassado pela CAR. A usina conta com167 metrosquadradosde área construída. Após sua implantação possuía um tanque para recepção de leite, dois para limpeza dos latões e dois para resfriamento de leite.

Segundo o Presidente da associação, Eliston Nunes Felisberto da Silva, em depoimento, afirmou que na época com apenas 112 pequenos pecuaristas a APLEQ conseguiu melhorar significativamente as condições de renda dos associados com um mercado garantido, já que a qualidade e quantidade do produto atraíram laticínios, agregando valor e gerando emprego e renda aos produtores de leite. A associação, hoje, está com 132 associados, sendo que desses, apenas 96 comercializam seu leite.

Atualmente, com a capacidade máxima da usina de 14 mil litros por dia, os principais compradores do leite da APLEQ são a Vale Dourado, Bom Sabor, Queijo Mania, Etiêne Fábrica de Queijo, localizados, respectivamente, em Ipirá - BA, Juazeiro - BA, Cansanção - BA, Senhor do Bonfim - BA. Onde todos eles têm algo em comum que é primar pela qualidade, higiene e compromisso, coletam ao todo, diariamente, aproximadamente, 12 mil litros de leite.

A maior dificuldade da associação hoje é, principalmente, a compra de ração devido à alta dos grãos.

Em aspectos de geográficos e biológicos, o clima é o semi-árido, a vegetação é a caatinga e o relevo é planície, os períodos de chuva nessa região iniciam-se em novembro e segue até março do ano subseqüente, vale salientar que as chuvas são pouco distribuídas, ou seja, chove-se muito na época de trovoada e muito pouco entre um período de trovoada e outro.

O cenário abordado neste contexto relata que a região de Senhor do Bonfim no Estado da Bahia já foi uma das maiores bacias leiteiras do Estado, devido a prolongados períodos de estiagem, ela perdeu esse posto, porém a produção leiteira da região não se destaca pela quantidade, apesar do seu crescente aumento na produção leiteira, melhora na qualidade e aumento também dos incentivos governamentais, e sim pelas dificuldades.

Com a situação climática favorável, significa mais pastagem, e consequentemente, menos custos, já que o principal alimento animal da região é o capim buffel e a palma forrageira, encontrados na própria fazenda do produtor.  Já com o clima desfavorável para a produção, Valdeci Alves da Silva, produtor leiteiro e membro da associação, afirma que a alimentação denominada palma forrageira acumula grande quantidade de água em seu interior, é um dos principais alimentos na seca, também a produção de silagem de capim e milho e formação de feno (um capim tirado da própria pastagem da fazenda e é prensado em forma de fardos), tudo isso adicionado á ração balanceada, mineralização e também a cevada (matéria prima da cerveja) que é adquirida no interior da Bahia na cidade de Alagoinhas, para assim, não deixar que a produção reduza em períodos de estiagem, aumentando a produção e a qualidade do produto.

Assim, dependendo da situação climática, os produtores chegam a produzir cerca de 16 mil litros de leite por dia, superando a capacidade máxima dos resfriadores. Vale ressaltar que alguns associados possuem resfriadores em sua propriedade e com isso não necessitam entregar o leite na usina, no qual o mesmo é coletado na própria fazenda seguindo todos os processos de qualidade e higienização estabelecido pela Instrução Normativa nº. 51, assim como todo o leite que é coletado pela associação.

Outro fator que pode ocasionar a queda da produção leiteira são as doenças que podem afetar tanto o leite, quanto o animal. Toda doença pode causar redução na produção, tanto a mais simples como uma luxação até doenças de maior gravidade. Temos alguns exemplos que são a Babeza, que é uma doença que tem como propagador o carrapato, que causa uma anemia profunda no animal e que se não for tratada com rapidez pode gerar até o óbito; também existe uma das mais comuns entre rebanhos leiteiros que é a mastite e a mamite que é uma bactéria que atua nas tetas da vaca destruindo as placas responsáveis pela produção de leite, reduzem a produção do leite e se não for bem tratada pode em alguns casos até perder um quarto do úbere ou até o úbere inteiro. Assim, deve-se fazer um acompanhamento dos calendários de vacinação de forma criteriosa. E cuidar para que haja sempre a higienização, tanto do animal quanto dos equipamentos a serem usados, seja ele em ordenha manual ou mecanizada, para não comprometer a produção.

 4.1 Características da Entidade

 Conforme já citado, a associação situa-se na região do Piermonte da Diamantina, no Distrito de Quicé, na cidade de Senhor do Bonfim, sertão da Bahia. O principal produto trabalhado é o leite, que possui propriedades nutritivas e é um produto nobre, bastante utilizado, principalmente, por crianças e por idosos e também é o primeiro alimento para qualquer mamífero.

A estrutura é feita de maneira que a associação tenha o papel de articuladora, promotora do escoamento da produção dos associados fazendo com que o produto vá direto ao processador (a agroindústria), eliminado nessa cadeia o papel do intermediário.

A associação central apresenta dois empregados que recebem o leite em dois turnos, um pela manhã e outro pela tarde, de domingo a domingo, na usina de resfriamento das 5 às 9 horas e das 16 às 19 horas.

Através da Tabela 1, a Associação possui três tanques de resfriamento dois com capacidade para4.500 litrosadquirido em 27 de maio de 2007, através da CAR e outro também com capacidade para4.500 litrosconseguido através do governo do estado; possui167 metrosde área construída onde parte dessa área é destinada para abrigar os três tanques de resfriamento. Possui também uma sala de reuniões que serve de galpão para estocar ração no período das secas, vale salientar que esse local é de um dos produtores que simbolicamente recebe R$ 1,00 de aluguel por mês.

 Tabela 1 – Bens da APLEQ e da COOPLEQ e seu Valor

Bens da APLEQ/COOPLEQ

Dados/Período

Quantidade

Valor unitário

Valor total

Instalações (Tamanho167 m)

1

 R$  80.000,00

 R$   80.000,00

Tanque de resfriamento Cap.4.500 litros

3

 R$  50.000,00

 R$ 150.000,00

Mangueiras (1,5 polegadas-10 metros)

1

 R$      300,00

 R$        300,00

Bomba sanitária

1

 R$    1.500,00

 R$     1.500,00

Computador com Impressora

1

 R$    1.200,00

 R$     1.200,00

Móveis

-

 R$    3.000,00

 R$     3.000,00

Latões de coletagem de inox

2

 R$    3.000,00

 R$     6.000,00

Mesa de Latões de inox

1

 R$    3.000,00

 R$     3.000,00

VALOR TOTAL

 

 

 R$ 245.000,00

Fonte: Dados da Pesquisa

 O prazo de recebimento do valor monetário do leite para as mãos dos produtores é de acordo com sua necessidade, ou seja, quem quiser receber o leite semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, recebe. Vale salientar que o produtor entrega 30 dias de leite e vai recebendo 15 dias de leite, assim, a cooperativa fica com 15 dias de valor monetário em seu caixa, para casos emergenciais, como por exemplo, calote por parte das empresas que compram o leite, e para que não sejam pegos de surpresa essa reserva serve para que mesmo com o calote se pague os produtores, tendo ainda em vista que a cooperativa não fica com o excedente dos produtores, ela só fica com aquilo que ela retêm para custear despesas da usina.

Recepciona-se por dia algo em torno de11.500 litrosde leite por dia e mais2.500 litrosde leite por dia provenientes das fazendas com resfriadores, isso significa uma média de420.000 litrosde leite por mês ou uma quantidade anual de5.040.000 litrosde leite.

 4.2 Etapas do Processo Produtivo

 O processo produtivo do leite na associação está ligado desde a ordenha das vacas até a venda do produto para a indústria de lácteos. Ela está enquadrada em algumas etapas.

 4.2.1 Primeira etapa – Ordenha

 Neste processo, a ordenha pode ser manual ou mecanizada, como se pode observar nas imagens 1 e 2, respectivamente, anexadas a este trabalho. Nessa etapa é onde se tira o leite da vaca, ou seja, ocorre a ordenha, nela as vacas são colocadas em currais e a partir daí, ocorre o processo de limpeza sanitária do animal, principalmente no úbere. Nas fazendas que possuem tanques de resfriamento, a ordenha é mecanizada e não há contato humano direto com o leite, ou seja, o leite coletado nessa ordenha passa por tubulação desde a teta da vaca até o tanque, reduzindo bastante o risco de contaminação do leite por bactérias. Já na manual, apesar de existir a higienização do animal e do ordenhador, o leite está mais exposto as bactérias, então, o leite é tirado a mão com balde ao pé, balde este com capacidade entre 5 e15 litros, daí, o leite é colocado em galões de50 litroslocalizados em pontos estratégicos do curral, para que ocorra pouco contato com objetos estranhos que possam vir a sujar o leite.

 4.2.2 Segunda etapa – Entrega

 No processo de entrega, vamos considerar apenas as propriedades que entregam o leite na associação. Como podemos ver nas imagens 3, 4, 5 e 6 em anexo no trabalho,  a usina recebe o leite de várias formas. Após a captação desse leite, antes de ser incorporado in natura, ele passa por diversos testes, como podemos observar na imagem 7em anexo. Raramente, ocorrem perdas para o produtor, no que diz respeito ao leite com o grau de acidez elevado, mas quando ocorre o leite é devolvido ao produtor e são pedidas algumas recomendações de higiene para que isso não aconteça outra vez.

Mais é fácil de identificar qualquer alteração no leite. São dois testes, ambos feitos no ato da entrega do leite. Os testes são:

  • Teste do Teor de Acidez – uso do Alizarol, um produto líquido roxo que quando entra em contato com o leite coalha instantaneamente se com o teor de acidez estiver alto e se estiver sem acidez ou com a acidez aceitável ele se mistura ao leite formando uma mistura homogênea. Lembrando que para esse teste necessita-se apenas de 5 mililitros de leite.
  • Teste do Teor de Gordura – teste de densidade no uso de uma espécie de termômetro bóia, que a depender do teor de gordura ele submerge ou afunda. Submerge quando o índice de gordura for baixo e afunda quando o índice de gordura for alto. Vale salientar que quanto mais gordo for o leite, melhor.

Assim, após esses testes, quando o leite chega ao tanque de expansão o produtor recebe um comprovante que consta o número do seu latão, a quantidade de leite entregue e a data, para prestar contas depois. Além disso, o funcionário faz a anotação em um papel onde constam os nomes dos produtores que entregam o leite e assinala qual a produção do dia daquele associado. Logo após o leite é incorporado a usina dentro dos tanques de resfriamento através de latões de coleta, uma espécie de balde com peneira que ao fundo possui um orifício por onde o leite passa direto para a bomba através de mangueiras de1,5 polegadase assim, a bomba de sucção coloca o leite nos tanques.

 4.2.3 Terceira etapa - Transporte

 Nesta última etapa, o leite que é colocado dentro do tanque de resfriamento é coletado por um caminhão de coleta a granel, da empresa que o compra, através de canos de1,5 polegadasconectado ao tanque de resfriamento e consequentemente, sugados por uma bomba de higienização no próprio caminhão, como se pode visualizar nas imagens 8 e 9em anexo. Assim, o leite segue seu caminho até a indústria para ser transformado em seus derivados (Iogurte, queijo, manteiga, margarina, etc.).

 4.3 Custos em duas das propriedades de leite da Associação

 O profissional quando tenta apropriar os custos inerentes à atividade deve conhecer alguns aspectos e buscar aprimorar o método de trabalho além de estar atento aos seguintes questionamentos que, possivelmente, existam para a análise dos custos no seguimento onde atua.

 

  • quais os insumos utilizados na formação do leite;
  • como ocorre o processo de formação do leite;
  • como é feito o controle da mão-de-obra e como a mesma é utilizada;
  • qual a capacidade de produção máxima de leite diária;
  • qual a perspectiva de produção por período.

 Após a caracterização de cada propriedade, observa-se também suas análises e como cada uma utiliza sua ferramenta de custos e por fim se fará um comparativo entre elas.

Elas apresentam características diferentes. Uma delas é a Fazenda Passagem, bem estruturada e com o constante uso de tecnologia e bem projetada em seus custos. A outra é a Fazenda Lorena que também é bem estruturada, só que não utiliza tecnologia e não computa de forma correta seus custos.

 4.3.1 Características Técnicas – FAZENDA PASSAGEM

 A Fazenda Passagem apresenta uma área de560 hectares, sendo 112 destinados a reserva natural,11 hectarescom plantio de Palma,435 hectarescom Capim Buffel e2 hectaresdestinados as dependências da Fazenda. Sua atividade principal é a produção de leite. A propriedade localiza-se no Distrito de Quicé, município de Senhor do Bonfim que tem como principal via de acesso a estrada que liga o Distrito ao Açude do DNOCS.

4.3.1.1 Caracterização da Atividade

 O rebanho bovino é, em sua maioria, composto por animais mestiços de gir-holandês (Girolando). A raça Girolando conseguiu conjugar a rusticidade da raça Gir com a produção da raça Holandesa, adicionando ainda características desejáveis das duas raças em um único animal fenotipicamente soberano, com qualidades imprescindíveis para a produção leiteira econômica.

 4.3.1.2 Alimentação

 A alimentação do rebanho bovino é feita a regime de pasto (capim Buffel) com uma suplementação de concentrado. Para manter boa produção de leite, o produtor muitas vezes é obrigado a utilizar alimentos concentrados, principalmente, em épocas de estiagem, a base de ração balanceada, milho, farelo de soja, uréia, cevada, feno, caroço de algodão, núcleo com níveis de garantia dos minerais, obedecendo a produtividade de vaca por litro de leite ao dia. Assim sendo, maior produção corresponde a uma maior quantidade de concentrados por dia.

 4.3.1.3 Manejo

 O produtor realiza o controle leiteiro, o qual permite identificar as médias de produção de cada animal, a data do início e do fim da lactação, já possui no rebanho bezerros gerados por inseminação artificial e possui na propriedade a forma de ordenha mecânica.

 4.3.1.4 Sanidade

 A sanidade do animal é de fundamental importância para o desenvolvimento da atividade leiteira, pois qualquer esforço no que tange à melhoria da alimentação e manejo do rebanho, será em vão se os animais não apresentarem um estado de saúde satisfatório. As praticas de vacinação e de vermifugação do rebanho são atividades de rotina efetuadas pelo produtor. As vacinações contra a febre aftosa, brucelose, raiva, cabunelo, botulismo e vermifugação são feitos com regularidade, obedecendo o calendário oficial do Governo do Estado.

4.3.1.5 Análise dos Custos

 Com o custo apurado em agosto de2008, aFazenda Passagem atenta para os seguintes custos, conforme apresentado na Tabela 2.

Como se pode visualizar na Tabela abaixo, os maiores custos, hoje, para se produzir leite são a alimentação animal (cevada, ração balanceada, palma, feno, sal mineral, e caroço de algodão) e a mão-de-obra e seus encargos.

Percebe-se que a quantidade reduzida de pessoal na fazenda se dá pelo uso de ordenha mecanizada canalizada, ou seja, as maquinas fazem o trabalho do homem, para utilizá-la o produtor precisa apenas de duas pessoas trabalhando na ordenha, ordenhando duas vezes por dia algo em torno de 120 vacas, o restante da mão-de-obra é usada na alimentação animal (três pessoas) e na coordenação das atividades da fazenda e na manutenção da mesma o vaqueiro (pessoa de confiança do produtor que assume todas as responsabilidades quando o mesmo não se encontra).

A Fazenda ainda, tem capacidade máxima de 3.000 litros de leite ao dia.

A produção máxima ao dia é de1.600 litrosde leite, sendo que 70% pelo turno da manhã e 30% no turno da tarde.

O produtor estima produzir algo em torno de1.200 litrosde leite por dia para fazer face aos seus custos e despesas.

 Tabela 02 – Custos incorridos na Fazenda Passagem, distrito de Quicé, município de Senhor do Bonfim, Bahia, em Agosto de 2008.

CUSTOS  INCORRIDOS  NA  FAZENDA  PASSAGEM  NO  MÊS  DE  AGOSTO  DE  2008

PRODUTO

QTD

DIA (R$)

MENSAL(R$)

ANUAL (R$)

PESSOAL

6

106,43

3.192,90

38.846,95

ENERGIA

-

10,53

315,90

3.843,45

ÁGUA

-

7,51

225,30

2.741,15

RAÇÃO BALANCEADA

190 kgs

157,70

4.731,00

57.560,50

CEVADA

900 Kgs

126,00

3.780,00

45.990,00

PALMA

1 t/semana

40,00

1.200,00

14.600,00

FENO

6 fardos

12,00

360,00

4.380,00

NUCLEO E SAL MINERAL

4 Kgs

15,84

475,20

5.781,60

CAROÇO DE ALGODÃO

65 KG

0,00

0,00

0,00

ÓLEO TRATOR

6 L/dia

5,00

150,00

1.825,00

OUTROS (INNS, FGTS, MEDICAMENTOS)

-

30,00

900,00

10.950,00

TOTAIS

-

R$ 511,01

R$ 15.330,30

R$ 186.518,65

 

 

 

 

 

PRODUÇÃO DE LEITE (TOTAL 60 VACAS)

PERÍODO

DIA

MENSAL

ANUAL

PRODUÇÃO (LITRO)

1.150

34500

419750

RECEITA (R$ 0,68)

R$ 782,00

R$ 23.460,00

R$ 285.430,00

CUSTO (R$)

R$ 0,44

-

-

LUCRO

R$ 270,99

R$ 8.129,70

R$ 98.911,35

MÉDIA DE PROD. POR VACA

19,1666667

575

6.995,83

Fonte: Dados da Pesquisa

 Mas, nem todos os produtores da Associação estudada têm esse conhecimento de custo como o proprietário dessa Fazenda. Apesar de existirem outros custos como energia, água, combustível do trator, eles são pouco relevantes devido a sua baixa quantidade ao mês. Por serem equipamentos novos, tanto o trator quanto o maquinário de ordenha, ainda não se foi depreciado, já que a aquisição desses objetos foi feita no início do ano de 2008.

Analisa-se agora a Fazenda Lorena, para visualizar o comportamento de seus custos e o que o produtor está fazendo para reduzi-los.

 4.3.2 Características Técnicas – FAZENDA LORENA

 A Fazenda Lorena apresenta uma área de304,4 hectares, sendo 61 destinados a reserva natural,4 hectarescom plantio de Palma,238 hectarescom Capim Buffel e1,4 hectaresdestinados as dependências da Fazenda. Sua atividade principal é a produção de leite. A propriedade localiza-se no município de Senhor do Bonfim, na zona rural.

 4.3.2.1 Caracterização da Atividade

 O rebanho bovino é, em sua maioria, composto por animais mestiços de gir-holandês (Girolando) e holandês.

 4.3.2.2 Alimentação

 A alimentação do rebanho bovino é feita a regime de pasto (capim Buffel e capim elefante) com uma suplementação de concentrado. Para manter boa produção de leite, o produtor muitas vezes é obrigado a utilizar alimentos concentrados, principalmente, em épocas de estiagem, a base de ração balanceada, milho, farelo de soja, uréia, cevada, feno, sal mineral, colocados para todas as vacas em igual quantidade. Assim sendo, maior produção corresponde a uma maior quantidade de concentrados por dia.

 4.3.2.3 Manejo

 O produtor realiza o controle leiteiro de forma parcial, o qual não identifica de forma correta a identificação das médias de produção de cada animal, a data do início e do fim da lactação, não possui a utilização de inseminação artificial nas matrizes nem tão pouco utiliza ordenha mecânica. Seus bezerros são produzidos naturalmente, através da cruza entre touros Girolando e as matrizes.

 4.3.2.4 Sanidade

 A vacinação e vermifugação dos animais também são rotineiras para o produtor. As vacinações contra a febre aftosa, brucelose, raiva, cabunelo, botulismo e vermifugação são feitos com regularidade, obedecendo ao calendário oficial do Governo do Estado.

 4.3.2.5 Análise dos Custos

 Com o custo apurado em agosto de2008, aFazenda Lorena atenta para os seguintes custos, conforme apresentado na tabela 03.

 Analisando a Tabela abaixo, a Fazenda Lorena utiliza os insumos correspondendo a 42% do total de seus custos apesar da alimentação estar reduzida, apesar do custo ser elevado e observa-se, nitidamente, o quanto a mão-de-obra representa nos custos de produção e esse custo está em torno de 44,45% do total dos custos.

Contudo, o proprietário prefere alimentar a um baixo custo, ou seja, trocou o uso de ração balanceada que é muito cara pelo uso de feno produzido na própria fazenda, assim, ele prefere alimentar os animais com regime a pasto e com boa parte utilizando o bagaço seco do capim em períodos de estiagem.

Por ser ordenha manual, o produtor utiliza a mão-de-obra de seis homens que trabalham como ordenhadores, quatro que trabalham com a labuta e alimentação do rebanho e o vaqueiro que coordena toda a propriedade quando o mesmo não se encontra.

Sua capacidade máxima de produção foi de920 litrosde leite por dia, justamente, na época das chuvas onde o custo é bem mais baixo.

O produtor afirma que estima produzir algo em torno de650 litrosde leite por dia, para que gere uma boa receita mensal.

 Tabela 3 – Custos incorridos na Fazenda Lorena, município de Senhor do Bonfim, Bahia, em Agosto de 2008.

CUSTOS  INCORRIDOS  NA  FAZENDA  LORENA  NO  MÊS  DE  AGOSTO  DE  2008

 
 

PRODUTO

QTD

DIA (R$)

MENSAL(R$)

ANUAL (R$)

 

PESSOAL

11

180,00

5.400,00

65.700,00

 

ENERGIA

-

5,00

150,00

1.825,00

 

ÁGUA

-

3,00

90,00

1.095,00

 

RAÇÃO BALANCEADA

70 kgs

58,10

1.743,00

21.206,50

 

CEVADA

250 Kgs

38,00

1.140,00

13.870,00

 

PALMA

1 t/semana

40,00

1.200,00

14.600,00

 

FENO

12 fardos

24,00

720,00

8.760,00

 

NUCLEO E SAL MINERAL

3 Kgs

11,88

356,40

4.336,20

 

OUTROS (INNS, FGTS, MEDICAMENTOS)

-

45,00

1.350,00

16.425,00

 

TOTAIS

-

R$ 404,98

R$ 12.149,40

R$ 147.817,70

 

 

 

 

 

 

 

PRODUÇÃO DE LEITE (TOTAL 82 VACAS)

 

PERÍODO

DIA

MENSAL

ANUAL

 

PRODUÇÃO (LITRO)

670

20100

244550

 

RECEITA (R$ 0,68)

R$ 455,60

R$ 13.668,00

R$ 166.294,00

 

CUSTO (R$)

R$ 0,60

-

-

 

LUCRO

R$ 50,62

R$ 1.518,60

R$ 18.476,30

 

MÉDIA DE PROD. POR VACA

8,17073171

245,121951

2.982,32

 

Fonte: Dados da Pesquisa

 4.3.3 Análise das Propriedades

 Analisando-se as Tabelas 2 e 3, observamos que o proprietário da Fazenda Passagem enquadra seus custos diretamente ligados ao leite, dessa forma ele tem um entendimento ímpar de toda a sua propriedade e rebanho. Já na Fazenda Lorena os custos são colocados de forma aleatória, ou seja, são calculados de forma menos concreta no que se refere à administração rural.

Os insumos como se pode ver, segue o mesmo princípio, já que todos os associados seguem um padrão alimentar para os animais, mudando somente a quantidade que varia em relação à quantidade do rebanho da propriedade.

Observa-se que na Fazenda Lorena apesar dos custos com energia e água serem menores, seus custos com mão-de-obra são altíssimos. No contrário a redução de mão de obra na Fazenda Passagem se dá pela implantação de tecnologia, apesar do aumento no consumo de energia, o mesmo é inferior ao da contratação e utilização de ordenhadores, utilizando a relação de custo benefício na atividade.

Observa-se também qual a forma de manejo e ordenha das vacasem lactação. NaFazenda Passagem, o leite é produzido em curral coberto e utiliza um sistema de ordenha mecanizada encanada, isso comparando com a Fazenda Lorena significa, além de tudo, uma redução no custo com a mão-de-obra que na ordenha mecanizada apenas dois funcionários executam a atividade, já na Fazenda Lorena, para a ordenha manual são necessários seis trabalhadores rurais.

O aumento desses custos se dá também pelo fato de que a produção é baixa, em relação à produção da Fazenda Passagem, e assim, o empresário rural da Fazenda Lorena absorve menos de R$ 0,08 por litro produzido, sendo que R$ 0,60 são gastos e R$ 0,68 são receitas.

Além disso, analisando a fazenda, dever-se-ia reduzir o quadro de funcionários e fazer um financiamento, a depender do capital, para a aquisição de ordenha mecânica, já que a longo prazo reduziria bastante seus custos com pessoal, apesar da implantação de ordenha mecânica ser muito cara.

Outro fator é o caso de uma fazenda possuir mais qualidade em seu rebanho do que a outra. Na Passagem a produção média por animal gira em torno dos20 litrosde leite por dia, já na Lorena essa produção cai mais da metade, em comparação com a fazenda anterior. Através da associação medidas estão sendo tomadas para buscar matrizes de outras regiões mais produtivas como Minas Gerais, mais especificadamente, na cidade de Bom Despacho, onde já foram feitas várias aquisições de animais a baixo custo e parceladas de cinco a dez vezes e também através de palestras e cursos disponibilizados pela associação sobre a utilização de inseminação artificial.

Portanto, é devido a fatores tecnológicos como ordenha mecânica, inseminação artificial, etc. que os produtores através da associação estão reduzindo seus custos e vendo que a melhor maneira de reduzi-los também é a utilização dos recursos naturais em tempos de seca como a utilização de silagem, o próprio feno, que ajuda na complementação do volumoso ao gado.

 4.4 Custeio Tradicional: Método Utilizado.

 A associação, fonte da pesquisa, não utiliza nenhum método de custeio, os custos são apropriados de forma empírica e observou-se também que ela utiliza basicamente o regime de caixa, ou seja, receitas e despesas ou entradas e saídas de recursos.

 A contabilização dos custos pode ir de um extremo de simplificação, com a contabilidade financeira separando custos de despesas e registrando diretamente a passagem dos custos aos produtos, ou então acompanhando “pari-passu” todas as etapas seguidas nos mapas de apropriação. Na prática, quanto mais simples for o sistema de contabilização melhor, desde que a empresa mantenha um adequado sistema de arquivamento de mapas. (Martins, 2001, p.66).

 4.5 Análises

 As análises dos custos e das receitas foram realizadas em dois períodos. Classificados da seguinte forma:

Período 01:

de maio de2007 ajaneiro de 2008         -

9 meses

Período 02:

de fevereiro de2008 aoutubro de 2008 -

9 meses

Através desses períodos observa-se as alterações incorridas e o porque da existência dessas alterações.

 4.5.1 Análise dos Custos na Associação

 Analisando-se a tabela 04, observa-se que os custos com energia elétrica, mão de obra e outros custos como telefone e vigilância, correspondem no período 01 o equivalente a 85,81% do total dos custos e no período 02 com percentual de 83,57%. A quantidade elevada de energia elétrica se deve pelo fato de se utilizar os tanques de resfriamento ligados 24 horas por dia. O leite é resfriado a 4º graus Celsius, o aumento de sua temperatura, resultaria no comprometimento da qualidade do produto.

Além disso, a mão-de-obra é outro fator que provoca claro aumento nos custos da APLEQ. Ela é responsável por mais de R$ 1.500,00 por mês nos períodos 01 e 02, juntando encargos trabalhistas, salários e gratificação ao vigilante noturno.

Outro fator de aumento dos custos são despesas com telefone e água. Mensalmente esses custos equivalem a, aproximadamente, 12% (Período 01) e no período 02 isso chega a quase 16 % do total dos custos.

Em comparação de um período para outro, mensalmente, observa-se que os custos aumentaram em 16,24%, aumentando em todos os seguimentos, menos no que diz respeito a mão de obra que permaneceu equilibrada (Salários e Encargos Trabalhistas).

Outro fato que caracteriza o aumento dos custos de um período para outro é o da energia elétrica que foi responsável por aumentar, aproximadamente, 25% do seu valor total. Isso se deu devido à aquisição de outro tanque de resfriamento.

 

Tabela 4 – Apuração dos Custos da Usina de Resfriamento da Associação de Produtores de Leite de Quicé nos Períodos 01 e 02.

Valor dos Custos - APLEQ/COOPLEQ

Dados/Período

Média Mensal no Período 01

Média Período

01

Média Mensal no Período 02

Média Período 02

Água

R$       350,00

R$   3.150,00

R$       550,00

R$   4.950,00

Energia Elétrica

R$    2.220,00

R$ 19.980,00

R$    2.773,00

R$ 24.957,00

Material de Consumo

R$        67,00

R$      603,00

R$        86,00

R$      774,00

Material de Limpeza e Higienização

R$       340,00

R$   3.060,00

R$       400,00

R$   3.600,00

Salários

R$       900,00

R$   8.100,00

R$       900,00

R$   8.100,00

Encargos Trabalhistas

R$       310,00

R$   2.790,00

R$       310,00

R$   2.790,00

Manutenção das Máquinas

R$        73,00

R$      657,00

R$        81,00

R$      729,00

Telefone, Vigilância e etc.

R$    1.590,00

R$ 14.310,00

R$    1.700,00

R$ 15.300,00

Valor Total Médio dos Custos

R$    5.850,00

R$ 52.650,00

R$    6.800,00

R$ 61.200,00

Fonte: Dados da Pesquisa

 

4.5.2 Análise das Receitas da Cooperativa

 A APLEQ entrega toda a parte de receita e pagamento de custos e despesas para a COOPLEQ.

Após análise detalhada de como foram encontrados e fundados os custos da usina, observa-se na Tabela 5 o valor que se arrecada com a venda do leite para os produtores e o valor que fica retido no caixa da Cooperativa, ou seja, a receita.

Com isso, ver-se também que o valor total retido para a Cooperativa é encontrado calculando-se a quantidade produzida multiplicada pelo valor médio retido por litro de leite. No período 01 (P1) o valor médio retido é de R$ 0,025 por litro, assim, já que se paga pelo litro do leite um valor de R$ 0,49, o produtor receberá apenas R$ 0,465, além disso, ele ainda paga a previdência rural no valor de 2,3% de tudo o que recebe durante o mês.

Já no período 02 (P2), a Tabela 4 mostra que o valor médio retido é de R$ 0,022 e o valor pago estipulado ao produtor é de R$ 0,62, com isso, o produtor recebe R$ 0,598, lembrando que ele paga ainda 2,3% para a previdência.

A redução do valor retido pela associação se dá no instante em que o período de estiagem chega, como medida de deixar um pouco mais de dinheiro nas mãos dos produtores, já que nessa época os custos aumentam muito, para que a produção não caia tão acentuadamente.

 

Tabela 5 – Receitas da APLEQ/COOPLEQ nos períodos 01 e 02.

Valor das Receitas - APLEQ/COOPLEQ

Dados/Período

Média Mensal no Período 01

Média Período 01

Média Mensal no Período 02

Média Período 02

Média da Quantidade de Leite Produzida

295500

2659500

355350

3198150

Valor médio à pagar por litro de leite

 R$           0,49

 R$              4,41

 R$           0,62

 R$              5,58

Total Bruto

 R$ 144.795,00

 R$ 1.303.155,00

 R$ 220.317,00

 R$ 1.982.853,00

Valor Médio Retido por Litro de Leite

 R$         0,025

 R$              0,23

 R$      0,022

 R$              0,20

Previdência Rural*

 R$     3.330,29

 R$      29.972,57

 R$     5.067,29

 R$      45.605,62

Total retido para a COOPLEQ

 R$     7.387,50

 R$      66.487,50

 R$     7.817,70

 R$      70.359,30

Total Líquido a ser Repassado aos Associados

 R$ 134.077,22

 R$ 1.206.694,94

 R$ 207.432,01

 R$ 1.866.888,08

Fonte: Dados da Pesquisa

* Esse valor é recolhido e repassado para a previdência, utilizando 2,3% sobre o valor total bruto.

 4.5.3 Saldo das Receitas e Custos

 Assim, após a apuração das receitas e dos custos incorridos em cada período, observa-se na tabela 06, que as receitas superam os gastos, onde esse saldo reserva será de grande valia para um possível acontecimento futuro, com o intuito de cobrir despesas e formar uma margem de segurança, para alguma possível emergência ou aquisição de novos equipamentos, para aumentar ainda mais a capacidade da Usina de Resfriamento do leite in natura no futuro, a depender das necessidades dos produtores e, além disso, tornar a atividade segura no que diz respeito a sua continuidade.

 Tabela 6 – Saldo total das Receitas e Custos nos Períodos 01 e 02 na Cooperativa dos Produtores de Leite de Quicé.

Média das Receitas e dos Custos

Dados/Período

Média Mensal no Período 01

Média Período 01

Média Mensal no Período 02

Média Período 02

Valor Total das Receitas

 R$         7.387,50

 R$   66.487,50

 R$         7.817,70

 R$   70.359,30

Valor Total dos Custos

 R$         5.850,00

 R$   52.650,00

 R$         6.800,00

 R$   61.200,00

Saldo de Reserva

 R$         1.537,50

 R$   13.837,50

 R$         1.017,70

 R$     9.159,30

Fonte: Dados da Pesquisa

 Já que a vida útil dos bens calculados estão colocando em questão a possível compra futura de algumas máquinas ou equipamentos, através da tabela 07, observa-se a depreciação dos bens da associação.

 Tabela 7 – Valor da Depreciação dos Bens da Associação

Valor das Depreciações

Dados

Valor do Bem

Valor da Depreciação

Valor da depreciação das Máquinas e Equipamentos

R$ 160.500,00

R$               16.050,00

Valor da depreciação das Instalações

R$   80.000,00

R$                 3.200,00

TOTAL

R$ 240.500,00

R$               19.250,00

Fonte: Dados da Pesquisa

 4.6 Caracterização Geral dos Produtores de Leite da APLEQ

 Primeiramente, adota-se na pesquisa de campo uma amostra 96 produtores que produzem leite na associação, sendo que deles apenas 32 foram entrevistados, isso significa algo em torno de 33,33% de todos os produtores.

Além disso, essa pesquisa tem o intuito coletar informações a respeito de como era a vida e renda dos produtores sem a associação e que melhoras foram percebidas após a criação da associação.

No período antecessor a fundação da associação, os pecuaristas rurais, que na época eram pequenos produtores de leite, já refletiam a possibilidade de criação de uma associação com o objetivo de escoamento da produção leiteira e a compra de ração animal, a garantia não só da quantidade mais também da qualidade para facilitar a busca por compradores e consequentemente agregar valor ao leite, uma vez que esse leite passa por um processo de resfriamento, e posteriormente possa ser transportado para uma determinada localidade próxima, já que o leite é um alimento perecível.

Assim, como diz o velho ditado: A união faz a força, ou seja, com várias pessoas é mais fácil barganhar preços e condições, apesar do preço elevado dos animais de qualidade, no que desrespeito a aquisição de matrizes de outros lugares, se acaso fossem compradas por produtores individualmente seria muito inviável, já que além dos preços mais altos do que os adquiridos em grupo, não haveria um parcelamento no pagamento desses animais, outra questão é a barganha na compra da alimentação que é distribuída através da produção do produtor, proporcionalmente a seu consumo e número de animais.

Segundo Valdeci Alves[1], membro da associação relata que:

 “Não havia uma classe produtora organizada, cada um fazia sua parte e não tinha facilidade de escoar a produção. Por outro lado, a qualidade dos animais era bastante inferior no que diz respeito a sua produção individual. Já atualmente com a criação da APLEQ, facilitou a incorporação de animais oriundos de outras regiões, principalmente de Minas Gerais. Assim, tem garantido uma produtividade acima da média regional. Atualmente, na região existem animais que produzem uma média entre 25 e35 litrosde leite ao dia. Ou seja, isso só veio a melhorar devido a existência de alguns produtores que já fazem inseminação artificial e só trabalham com touros PO (Puro de Origem), assim melhorando a genética e garantindo uma produtividade considerável”.

 A partir da análise do quadro 1, Compreende-se que antes da associação a maior dificuldade era a venda do leite. Haviam compradores, só que poucos de confiança, isso era ruim, pois para que produzir muito se não tinham a quem vender, sendo que corresponde a pouco mais de 40% dos produtores entrevistados. Já com a APLEQ sendo a fonte de união e de meios que possibilitem a venda, o mesmo problema não se repetiu. Mas, apareceram outros problemas. Antes, as chuvas também eram escassas só que não havia uma preocupação, pois não se produzia uma boa quantidade e nem a qualidade era almejada, além disso, a alimentação era a pasto e o gado muitas vezes morria de fome e sede. Então, com a Apleq surgiram algumas dificuldades como a escassez de chuva e a aquisição de ração animal.

Pode-se observar também que essa dificuldade com ração só se tornou alta (43,75%), para os produtores, porque não se dava ração a esses animais, que, diga-se de passagem, todos de má qualidade. Já a escassez de chuva tornou-se além de uma dificuldade um problema para quem se quer produzir leite, isso representou a opinião de pouco mais de 28% dos entrevistados.

  

MAIOR DIFICULDADE

Valor (%)

ANTES DA APLEQ

COM A APLEQ

Sem Dificuldade ou Não Produzia

15,625

6,250

Vender o Produto

(Leite)

40,625

-

Fatores Climáticos

(Escassez de Chuva)

9,375

28,125

Falta de Pastagem

6,250

6,250

Despesas Relacionadas com Mão-de-obra

-

6,250

Sem Acesso a uma Alimentação de Qualidade

21,875

-

Tem Acesso a Alimentação de Qualidade

(Preço da Ração Muito Alto)

-

43,750

Outras Dificuldades

6,250

9,375

Total (%)

100,00

100,00

Quadro 1 – Maior Dificuldade para os Produtores de Leite da Região de Quicé

Fonte: Dados da Pesquisa

 Quando a Associação foi criada, ela veio para fazer um trabalho sem distinção e privilégios. Quando entra a entressafra a Associação recebe o leite dos produtores e cria-se um sistema de cota, ela serve para a época das chuvas onde o animal é alimentado com pastagem verde e que com isso facilita o aumento de sua produção, então, o leite produzido na época da seca ele tem a garantia de um preço melhor, na média da quantidade produzida, e o preço diferenciado se refere ao tempo da seca onde a produção cai e o produtor que continuar produzindo certa quantidade tem o um diferencial em relação ao preço. Isso é feito para que se mantenha uma fidelidade junto aos clientes em épocas críticas de produção.

Observa-se no Gráfico 1 que antes da fundação da APLEQ mais de 70% dos produtores produziam menos de50 litrosde leite por dia, outros 16% nem pensavam em produzir leite em uma região seca e sem meios de prosperar, e nenhum produtor produzia acima de701 litrosde leite ao dia. Mas, com a introdução da associação no cenário da região de Quicé, produtores que produziam pouco viram a oportunidade de produzir o quanto poderia para gerar lucro. Então nesse gráfico se ver como pecuaristas de50 litrospor dia, passaram a produzir algo em torno de150 litrosde leite por dia, e chegando também a encontrar produtores com uma margem de produção superior a mil litros, isso nunca pensado pelos produtores antes dos benefícios e possibilidades que a associação trouxe.

Analisa-se também no gráfico abaixo que, realmente, não existe distinção entre quem produz pouco e quem produz muito. Estando os mesmos, em patamares de igualdade, já que se trata de uma associação.

  Gráfico 1 – A produção Diária: Um comparativo entre o antes e o depois da fundação da Apleq

Fonte: Dados da Pesquisa

 Conforme podemos observar no Gráfico 2, em 2005, ou seja, antes da APLEQ, os custos que mais perseguiam os produtores eram com ração e mão-de-obra que correspondiam a aproximadamente 69%, na opinião dos entrevistados.

Já com a introdução da associação no Distrito de Quicé, os produtores encontraram os mesmos custos, sendo queem uma proporçãobemmaior. Alem disso, eles representavam para os produtores, do seu custo total, 75%.

 Gráfico 2 - Principais Custos - Comparativo sobre o antes e o depois da fundação da APLEQ

Fonte: Dados da Pesquisa

No Gráfico 3 mostra-se a porcentagem de produtores que começaram a produzir e comercializar o leite. Observa-se que muitos produtores iniciaram sua produção na década de 90, isso se deu pela influência regional do gado de leite, lembrado que antes a qualidade era quase nenhuma. Pode-se observar também que a partir da formação da associação, muitos produtores se sentiram motivados a começar a produzir, devido aos incentivos que a associação disponibiliza aos produtores.

 Gráfico 3 - Ano quando os associados começaram a produzir e comercializar o leite

Fonte: Dados da Pesquisa

 A renda dos produtores está demonstrada no Gráfico 4 a seguir. Ele morta como os produtores aumentaram sua renda. Antes da Apleq a renda era 75% abaixo de R$ 500,00, já com a associação, a concentração de produtores migrou para uma renda entre R$ 1.000,00 e R$ 3.000,00, também dando destaque a produtores que produzem mais de R$7.000,00 (12,5%). Isso significa alem de tudo uma injeção de receita na economia local além de melhorar a vida do produtor.

 Gráfico 4 - Comparativo sobre a renda liquida do antes e depois da fundação da Associação

 Fonte: Dados da Pesquisa

 Com o aumento gradativo da receita e da renda liquida dos produtores, alguns buscaram alternativas para aumentar ainda mais sua renda utilizando a tecnologia.

Analisando-se o Quadro 2 abaixo, temos uma evolução tecnológica no que se refere a utilização de ordenha mecânica no lugar do custo da mão de obra. Vale salientar que o custo com a mão de obra é o custo principal dos produtores de leite, e assim, reduzindo a mesma, o custo unitário com a produção também cai.

Então, sem a associação nenhum produtor tinha acesso ao uso dessa tecnologia, e foi através da associação que os pequenos pecuaristas de Quicé conseguiram adquirir o uso de uma tecnologia que agrega valor a seu produto e reduz custos.

 

TIPOLOGIA DA ORDENHA

ANO DE 2005 – ANTES DA FUNDAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO (%)

ANO DE 2008 – COM A ASSOCIAÇÃO EM OPERAÇÃO (%)

Ordenha Manual

100,00

87,50

Ordenha Mecanizada

0,00

12,50

Quadro 2 – Comparativo da evolução tecnológica – Ordenha mecânica, entre 2005 e 2008.

Fonte: Dados da Pesquisa

 A população do Distrito de Quicé está quase toda integrada no sistema de produção do leite. A população local vem aumentando seu poder aquisitivo, atualmente, já se percebe as melhorias nas construções no distrito.

Em vista disso, observa-se que o número de funcionários nas fazendas aumentou, pela proporção abaixo representada pelo gráfico 05. Percebe-se também que muitos deixaram de se ater a parte do trabalho familiar, para terceirizar de forma direta ou indireta o trabalho em suas fazendas.

 Gráfico 05 - Geração de empregos no distrito de quicé - Comparativo do antes e depois da criação da Apleq

Fonte: Dados da Pesquisa

Através da pesquisa realizada, estima-se que na atividade do leite no Quicé chegue a pouco mais de 306 empregados, sem contar com os próprios produtores, que se forem enquadrados, isso chegaria a, aproximadamente, 440 pessoas ligadas diretamente a atividade. Com esses valores crescendo a cada dia devido à adesão constante de novos produtores na atividade, projeta-se que num futuro breve a população do Distrito estará toda empregada, mesmo que os produtores de leite comessem a implantar ordenha mecânica em sua propriedade, como se pode visualizar no Gráfico 6.

 Gráfico 6 - Total de empregos gerados - Comparativo entre os anos de 2004 a 2008

Fonte: Dados da Pesquisa

A partir de agora se relaciona diretamente aos índices sociais e quais os objetivos do produtor, para o futuro, frente à APLEQ.

Primeiramente, é importante que haja a identificação da idade do produtor, tendo em vista que, a idade pode influenciar na administração da propriedade, pois a expectativa de um produtor jovem é diferente da de um com mais idade, principalmente quando diz respeito a mudanças, além do que o jovem é mais arrojado, ou melhor, tem espírito inovador, sempre buscando mudanças no sentido de melhoria, enquanto que o mais velho é bem mais avesso a mudanças. Analisa-se o Gráfico 7 e nele percebe-se que a maioria dos produtores são jovens e que podem ser mais flexíveis as mudanças que o cenário possa vir a ter.

 Gráfico 07 – Proporção da idade dos produtores

Fonte: Dados da Pesquisa

 Além da idade, outro índice é fundamental para se entender a flexibilidade dos associados, o índice de escolaridade. O grau de escolaridade do produtor influencia na administração da propriedade no sentido de contribuir para adoção de novas tecnologias que sejam adequadas a sua propriedade, além disso, se tem também a redução dos custos e estratégias que possibilitem uma maior renda

Através do Gráfico 8, os produtores se confiam basicamente na experiência que tem da atividade leiteira. Conforme o gráfico, com apenas o 2º grau completo temos, aproximadamente, 34,50% dos associados, com apenas o 1º grau completo tem-se pouco mais de 56% e de analfabetos apresenta-se com 9,50%.

 Gráfico 08 – Índice de Escolaridade dos Associados

Fonte: Dados da Pesquisa

 E por fim, a análise dos objetivos dos associados junto a Associação. Poucos não opinaram em relação a seus objetivos, mas os que opinaram têm uma visão de futuro baseada no melhoramento genético e na compra de novas matrizes (50%). Isso quer dizer que mesmo com todas as dificuldades existentes como, por exemplo, o clima, os associados querem dessa forma aumentar sua produção e, consequentemente, a sua renda. Outro item que mais se tornou cobiçado pelos associados foi o fato de melhorar a alimentação e ter sempre um veterinário a sua disposição, pago pela associação (15,6% da opinião dos entrevistados). Uma curiosidade a respeito desses objetivos, percebido no decorrer da entrevista, foi a presença de 2 associados que afirmaram precisar de apoio bancário para custear despesas e também financiamento, alegando ter muita burocracia na aquisição de empréstimos ou financiamentos.

 Gráfico 9 – Objetivos do produtor de leite frente à associação

Fonte: Dados da Pesquisa

4.7 Forma de Comunicação com os Associados

 A produção média mensal na safra atinge350.000 litros(11.667 l/dia), média de 121,55 l/dia/associado e na entressafra esse valor diminui cerca de 30%, ou seja,245.000 litros(8.167 l/dia) ou média de 85,10 l/dia/associado. O preço médio recebido pelos produtores na safra é de R$0,60 /l e na entre safra também é o mesmo, já que a associação possui um contrato verbal com as empresas de laticínios. Assim, o preço seja na seca seja em chuva permanece equilibrado, isso é bom para quem compra e bom para quem vende, existem também as interferências mercadológicas, que podem variar para mais ou para menos o valor do leite, alterando assim o contrato verbal.

Um dos destaques observados na associação é a sua articulação entre instituições, observou-se que a associação tem parcerias institucionais satisfatórias, sólidas eem expansão. Grandeparte das parcerias está relacionada às questões produtivas, capacitações, palestras, disponibilidade de insumos (sêmen, ração, medicamentos), de tanques de expansão (que resfriam o leite), etc.

A prestação de contas é feita em uma lousa branca e rabiscada com piloto, para fins de informação, além disso, são colocadas cópias da prestação de contas no escritório e na própria cede de reuniões e também todas as informações repassadas aos associados, em reuniões, são registradas em ata, com a assinatura de todos os presentes.

Existe apenas um mecanismo de comunicação específico que são as reuniões, mais se observou a não existência de um informativo, jornalzinho, programa no rádio, os informes são obtidos em geral na associação, pois como o recebimento do leite é feito na própria associação existe um fluxo grande de associados na sede da associação e nas reuniões. Mas a principal mudança tecnológica verificada foi o acesso dos associados aos tanques de expansão além da melhoria genética dos animais, em relação à aquisição de matrizes de qualidade oriundas de Minas Gerais e a crescente utilização de inseminação artificial.

 4.8 Análise das Informações

 O Sistema de Informação é um grande instrumento para o gerenciamento da associação, mais o que se busca primeiramente através dele é o aumento da produtividade e com isso permanecer com custos a um patamar equilibrado dando uma rentabilidade ao produtor garantindo sua permanência na área rural, já que, nesta atividade a única forma de compensar os altos custos é com o aumento da produtividade.

As informações são repassadas para todos os associados através de assembléias realizadas mensalmente, aonde, vem a informar tudo o que diz respeito a criação, produção, melhoramento e até mesmo a questão da comercialização.

Como medida de atrair o associado para essas reuniões os membros concorrem a prêmios, que vão de uma simples medicação, até alimentação para os animais, e um lanche no final das reuniões. Além disso, o associado faltoso recebe comunicados para que não falte e também perde alguns privilégios em relação aos que comparecem em todas as reuniões.

O pagamento do leite é feito na própria sede, onde o produtor assina em uma tabela de recebimento e recebe o cheque referente ao pagamento do período.

A diretoria busca as informações através das planilhas em papel, sobre a produção e entrega de cada produtor, e faz também o trabalho de campo na intenção de coletar os dados, a fim de buscar uma maior confiança de seus associados no que se refere a segurança, e todos os dados de compra, venda e custos são expostos em uma lousa branca na forma escrita.

O SI da APLEQ, é utilizado também para a tomada de decisões por parte dos diretores-associados. Isso ocorre através de um acompanhamento diário e semanal da produção individual. Através dele, existe um diálogo nas reuniões ou individualmente a respeito do aumento ou diminuição da produção e maneiras para se melhorar ainda mais essa produção.

Considerando os objetivos do presente estudo, e analisando as várias formas de custeios na literatura atual, percebe-se que nenhuma delas se enquadra na associação ou na cooperativa, por assumirem forma de custeio empírica. Assim, observou-se:

a) A metodologia de custeio adotada na associação é de forma empírica, ou seja, sabem que existem os métodos de custeio mais não utilizam nenhum, e não existe uma forma de rateio dos custos, nem dos produtores em suas fazendas, nem na associação ou cooperativa.

b) O regime de contabilização que eles utilizam é o de caixa, onde se calcula tudo que entra (receitas) e tudo que sai (custos e despesas);

c) O custo final de um produto é incorporado as despesas e todo ele é decrescido das receitas, sendo que todos são tratados como saídas de recursos;

d) No decorrer do processo produtivo verificou-se que existem perdas para o produtor no que diz respeito a qualidade do produto que chega na usina e não passa nos testes o qual é submetido. Para isso, deve-se conservar a higiene, desinfetar o local, os animais, o ordenhador e o maquinário de ordenha mecanizada (se utilizado na propriedade).

Todas estas observações deverão ser pensadas a fim de que o produtor possa tomar decisões mais seguras e que tragam verdadeiros benefícios tanto para associação quanto para todos os pecuaristas.

 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 No contexto atual, os SI’s são imprescindíveis em qualquer organização. A mensuração de dados e a precisão nas informações fazem com que os gestores tomem a decisão mais apropriada e sustentada. Isso vale também para a um sistema de custos que possibilite ao empresário rural definir de forma correta os mesmos.

A análise dos dados obtidos na pesquisa permitiu, por um lado, observar como são apurados os custos na associação e em duas fazendas situadas na mesma e, por outro lado, caracterizar os associados e sua relação a produção leiteira no Distrito de Quicé.

É possível afirmar que a APLEQ tem alcançado bons resultados em sua atuação. Alguns dos resultados concretos foram: remunerar melhor o associado, manter o produtor rural no campo, representar e defender os interesses dos associados e do setor da pecuária leiteira como um todo junto a instituições públicas e privadas, estimular a melhoria técnica do associado através da articulação de atores sociais importantes para o desenvolvimento dos mesmos.

Com isso, apesar de estarem em organização coletiva de pequenos produtores rurais, eles ainda precisam desenvolver formas de gestão que lhes propiciem melhores resultados em relação ao método de custos, assim como também o modo como está sendo utilizado seu sistema de informação.

O fato da expressiva maioria dos produtores possuírem idades em torno de 43 anos e a maior parte dos filhos se encontrarem estudando ou trabalhando na própria fazenda são bons fatores para o aumento da pecuária leiteira. Aliado a uma idade média e um nível razoável de escolaridade, isso facilita o processo de difusão e utilização de tecnologia adequada.

O acesso ao tanque de granel pelos associados, seja através da compra parcelada ou da concessão de uso por parte de uma parceria institucional, é o indicador de que a associação está bem articulada, tanto internamente, com seus associados, quanto externamente, com outras organizações (Laticínios), e é propulsora de modernização e promove a sobrevivência dos pequenos produtores.

Na cooperativa, como demonstrou a pesquisa, para se determinar os custos da usina, ela se utilizava do regime de caixa. Para tentar apurar os custos utilizando algum método, há de se considerar um alto grau de conhecimento e técnica dos profissionais envolvidos nas etapas desse processo.

O pleno conhecimento de todas as atividades contribui para o sucesso da organização.

Os produtores cujas atividades são desenvolvidas em bases familiares formam o maior contingente de pessoas ocupadas com a atividade leiteira na região. Dar a eles condições de produção significa propiciar-lhes ocupação, assegurar-lhes renda e, por conseqüência, melhor qualidade de vida. A associação propicia aos pequenos produtores a condição de comercializar seu produto a preços mais justos e consegue acesso a benefícios junto a outras instituições.

Além disso, pessoas de alguns mercadinhos e um supermercado relataram que o movimento aumentou suas vendas em 80% de 2005 para 2008. A compra é realizada muitas vezes com os cheques que são entregues ao associado e que são aceitos e trocados no comércio, já que não existe agência bancária no Distrito.

Um método de custos que pode ser utilizado pela cooperativa é o método por ABC ou Activity Based Costing, onde permite que os produtores observem de maneira mais clara os custos incorridos, ela vem a alocar e separar os custos por departamento, por exemplo, na entrega do leite, quais os custos que são alocados, ou então, na usina, quais os custos relacionados diretamente com o leite, e quais os indiretos. Dessa maneira a utilização de um sistema de informação eficaz e a apropriação correta dos custos possibilitará que a COOPLEQ e a APLEQ dividam por etapas o processo de custeio sabendo onde se gasta mais, onde está havendo desperdício ou perda etc.

O presente trabalho verificou também a existência de um SI que deixa a desejar.  Devido à falta de segurança nas informações e o pouco controle em relação aos dados que são coletados diariamente. Um SI que deve ser adotado na associação de forma a controlar corretamente todos os fatos à medida que eles vêem a acontecer.

Foi observado com o referido trabalho que a associação faz um controle individual diário da produção. Nesse controle feito em uma tabela contendo o nome dos associados que entregam o leite e a quantidade de leite produzida naquele dia, tabela essa preenchida pelo próprio funcionário da usina, de modo desordenado e sem a devida atenção. Após isso, o mesmo funcionário da usina entrega um vale contendo a data e a quantidade deixada na usina. Para isso, pode-se propor que se utilize um funcionário a parte para que colete esses dados, em quanto o funcionário da usina faz sua devida atividade, que é de fazer os testes e colocar o leite nos tanques a granel. Enquanto isso, o funcionário coletaria as assinaturas das pessoas que entregam o leite e aplica visto nos vales que são entregues, para que não haja fraudes e erros.

Com o trabalho também, quando foi solicitada uma tabela sobre os custos, despesas e as receitas, e não foram encontrados alguns registros, pois eles são feitos a mão e arquivados em uma sala onde fica um computador e onde todos tem acesso nos dias de pagamento. Em relação a isso, com um SI adequado, esses dados deveriam estar expostos de forma digital e manual, para quando solicitado, por algum motivo, venham a ser encontrado rapidamente.

O pagamento é feito na própria sede, onde o produtor assina em uma tabela de recebimento e recebe o cheque referente ao pagamento do período. Sem nenhuma informação de quanto está sendo retido para o pagamento das despesas muito menos qual a porcentagem que está sendo destinada para a previdência rural. A lista contém apenas o nome da pessoa, o valor a receber, qual a produção e o local para se colocar a assinatura de quem está recebendo o pagamento. Deve-se com isso, fazer uma planilha digital e em um papel auto explicativo entregue a cada produtor, com o cheque anexado, demonstrando como e porque o produtor recebeu a quantia exposta no cheque e além disso, colher a assinatura do produtor em outra planilha impressa em papel contendo o nome, o valor a receber, a quantidade que produziu no período, quanto ele está pagando a cooperativa, quanto ele está destinando a previdência. Isso seria uma medida de reduzir boatos ou fofocas que poderão vir a surgir.

Deve-se fazer também a conciliação de tudo que entra e tudo que sai. Por exemplo, a informação da quantidade que é gerada da entrega do leite é cruzada com a informação que é gerada na nota fiscal do leite que é destinado para os laticínios, dessa maneira, possibilita ao presidente ou aos secretários que percebam possíveis desvios ou adulterações no leite que sai da usina da associação.

Portanto, a existência de um bom SI aliado a um bom método de custeio, possibilita que se economize mais, gerenciando a produção de maneira correta e a venda da mesma seja feita objetivando o lucro dos associados. Porque o intuito da criação da APLEQ e da COOPLEQ é de, justamente, beneficiar, maximizar e ajudar os produtores a conseguirem uma rentabilidade melhor no que diz respeito ao preço que é vendido, além disso, podendo adquiri rações a preços abaixo dos de mercado, reduzindo assim seus custos.

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 Apêndices 

ENTREVISTA – ANÁLISE DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DA APLEQ

 

NOME DO ENTREVISTADO:____________________________________________

SEXO:____              IDADE:____                         GRAU DE INSTRUÇÃO: _______________

PROFISSÃO:__________________________                       ESTADO CIVIL: ____________

NOME DA PROPRIEDADE (SEDE): ______________________________________

QUANDO COMEÇOU A PRODUZIR LEITE?________________________________

POSSUE OUTRA CULTURA ALÉM DO LEITE? (   )SIM       (   )NÃO. SE SIM, QUAL(IS)?_______________________________________.

 

ANTES DA APLEQ

 

TAMANHO DA PROPRIEDADE:_________________________________________

QUAL SUA RENDA QUANDO INICIOU A PRODUÇÃO?  _____________________

QUAL A FORMA DE ORDENHA DAS VACAS? _____________________________

QUAL A PRODUÇÃO DE LEITE AO DIA? _________________________________

QUAL SUA MAIOR DIFICULDADE ? _____________________________________

QUANTO PRODUZIA?_________________________________________________

HAVIA A COMPRA DE MATRIZES PARA IMCORPORAÇÃO AO REBALHO PRODUTOR?

(   )SIM           (   )NÃO         , COMO É FEITA ESSA AQUISIÇÃO? _______________

QUANTOS FUNCIONÁRIOS CUIDAVAM DIRETAMENTE DO REBANHO PRODUTOR?__________E INDIRETAMENTE? __________.

QUAL O PRINCIPAL CUSTO REFERENTE A PRODUÇÃO?___________________

O QUE PODERIA MUDAR PARA MELHORAR SUA RENDA?_______________________________

 

 

DEPOIS DA APLEQ

 

TAMANHO DA PROPRIEDADE:_________________________________________

QUAL SUA RENDA QUANDO INICIOU A PRODUÇÃO?  _____________________

QUAL A FORMA DE ORDENHA DAS VACAS? _____________________________

QUAL A PRODUÇÃO DE LEITE AO DIA? _________________________________

QUAL SUA MAIOR DIFICULDADE ? _____________________________________

QUANTO PRODUZIA?_________________________________________________

HAVIA A COMPRA DE MATRIZES PARA IMCORPORAÇÃO AO REBALHO PRODUTOR?

(   )SIM           (   )NÃO         , COMO É FEITA ESSA AQUISIÇÃO? _______________

QUANTOS FUNCIONÁRIOS CUIDAVAM DIRETAMENTE DO REBANHO PRODUTOR?__________E INDIRETAMENTE? __________.

QUAL O PRINCIPAL CUSTO REFERENTE A PRODUÇÃO?___________________

NA SUA OPINIÃO A APLEQ  FOI CRIADA COM O INTUITO DE?_______________.

 ANEXOS

Imagem 01 – Ordenha manual

 

Imagem 02 – Ordenha Mecanizada

 

 

Imagem 3 – Bicicleta

 

 

Imagem 5 – Motocicleta Adaptada

Imagem 4 – Carroça de Burro

Imagem 6 – Carro Aberto

Imagem 7 – Análise do leite

Imagem 8 – Coleta do leite a granel

pelo caminhão das empresas

compradoras (Laticínios)

 Imagem 9 – Tubulação que vai do tanque até o caminhão



[1] Depoimento verbal de um dos associados no ato da entrevista.