Neste trabalho, faremos uma breve análise entre o texto de João Cardoso Palma Filho e a Tirinha da Mafalda de Quino, e assim verificarmos que mensagens são transmitidas através da tira e sua relação com o texto em questão.

            Iniciaremos nosso trabalho, levando em consideração que na tirinha da Mafalda o autor tenta transmitir com humor, utilizando-se de algum tipo de ideologia política através das personagens, que não fica muito claro na tirinha. Na primeira fala da Mafalda, perguntando a Suzanita se ela fez o trabalho dos risquinhos, à mesma responde que a não e que a professora está louca, porque deveria saber que neste país ninguém quer trabalhar. Levando a discussão para o texto de João Cardoso, podemos verificar que no seu trabalho o autor aborda justamente esta questão, a má aplicação dos recursos públicos no Brasil. Em vários governos e em todo o país, ou seja, o problema não está na falta de recursos públicos e sim na vontade política na aplicação desses recursos.

 Voltando para a tirinha, verificamos na terceira fala de Suzanita, onde ela diz que, se a professora tivesse pedido apenas uma linha tudo bem, mas uma página inteira de risquinhos, num país onde ninguém quer trabalhar. A tira da Mafalda tenta transmitir o descontentamento com a educação no Brasil alertando e questionando, sobre o que fazer quando vivemos em uma sociedade repleta de contradições. No texto de João Cardoso, o autor relata que ao longo das três últimas décadas, tanto na América Latina como em outras regiões do planeta, houve avanços expressivos no campo da oferta de educação escolar pública, que no Brasil, e em relação ao ensino fundamental, está muito próxima da universalização.

Embora tenha havido também certa tendência de ampliação do acesso na educação infantil e especialmente no ensino médio, muito ainda tem que ser feito para que se atinja o nível de atendimento que se verifica nos países mais avançados. Na última fala da tirinha Suzanita ela diz que, com professores desse tipo, o país não vai pra frente mesmo. As críticas aos professores e ao currículo são acentuadas, mostrando que o conteúdo trabalhado na escola não condiz com a realidade social. Susanita fica possessa em ter que preencher uma página de risquinhos e reflete que com professores deste tipo o país jamais irá para frente. No texto de João Cardoso fica claro a sua preocupação com a qualificação dos professores, com mudanças nos modos de gestão e administração, destinados a conceder maiores níveis de autonomia aos estabelecimentos escolares, bem como com a renovação dos conteúdos curriculares e com a implantação de novas tecnologias de comunicação nas escolas. A busca, de uma nova organização dos sistemas e das escolas, e a redefinição de seu papel na sociedade contemporânea, é responsável por uma ampla reforma da legislação educacional, reforçada na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e nas Diretrizes Curriculares Nacionais, voltada para a formação dos docentes para a educação básica.

Podemos concluir que existe uma enorme contradição no sistema educacional brasileiro, apesar de várias emendas constitucionais citadas no texto. Vemos ainda hoje a falta de comprometimento de boa parte do governo, e nas três esferas, do poder público onde as preocupações não são a qualidade do ensino, e sim a quantidade de alunos matriculados e aprovados. São nas contradições criadas pela sociedade capitalista que podemos criar espaços de resistências e construir uma sociedade mais justa e igualitária. Para tanto, precisamos deixar renascer em cada um de nós o espírito contestador da Mafalda.

Graduandos em História pela UniMSB

Carlos Eduardo Silva de Jesus - [email protected]

Everaldo Rufino da Silva - [email protected]