ANÁLISE DO POEMA AMOR VIVO DO AUTOR ANTERO DE QUENTAL
Publicado em 19 de outubro de 2012 por Marcelo Cachoeira Araújo
“Amor vivo” de Antero de Quental, poeta da geração de 70 apresenta-se na forma de soneto, pertence à segunda fase do realismo português, as rimas desse soneto apresentam o esquema ABBA, ABBA, CDC e ADA. O título pré-anuncia o tema do poema, que é o amor, mas não um amor qualquer, um amor cujo conceito é diferente do conceito já conhecido. É com tom de indignação que a voz poética inicia o poema, definindo a forma que deseja amar, rompendo com a forma convencional de amar, sem atração, só por conveniência, ou supostamente pelo estabelecimento feito pela sociedade da época de amar ignorando o sentimento do indivíduo. O verso: “Não sejam só delírios e desejos”, revela a forma de amar desejada pela voz poética, que almeja um amor intenso, que não seja uma perturbação mórbida, passageira das faculdades mentais; alucinação acompanhada pela vontade de possuir. É esse amor momentâneo que é repudiado ao longo do poema, um conceito de amor é apresentado de forma diferente do já existente, essa ideia é visível nos seguintes versos: “Amor que viva e brilhe! Luz fundida/ Que penetre o meu ser- e não só beijos/ Dados no ar- delírios e desejos-/ Mas amor... dos amores que têm vida...”. O anseio por um amor de verdade, com função de resistir ao tempo está presente no poema em todo instante, um amor transcendente, idealizado pelo eu-lírico. O conceito de amor passageiro, efervescente que é dissipado com a luz do dia, cuja voz poética repudia-nos remonta ao conceito de paixão e não de amor, pelo fato da paixão ser um sentimento passageiro e o amor duradouro, eterno, que transcende no tempo cuja chama nunca se apaga.