Depois de ler  o livro de Carlos Gerbase “Cinema- Direção de Atores- Antes de rodar; Rodando; Depois de rodar” uma pergunta necessita de respostas, ou de reflexão: O que é direção de atores?

Antes de qualquer coisa é bom lembrar que dirigir um filme ou mesmo qualquer obra artística que necessita de atores, não é uma tarefa das mais simples, dentre os motivos que podemos destacar estão: os atores e o ego, a falta ou grande quantidade de experiência dos atores, e o método adotado por cada diretor para trabalhar.

Um fato muito comum visto em atores, é o ego, não sabemos se por medo ou pela natureza de sua alma artística, atores normalmente têm seus egos elevados e precisa trabalha-lo, cabe ao diretor saber contornar as situações e acontecimentos. Aí que está uma charada para a boa direção; problemas sempre vão existir, é inevitável, mas é preciso que saibamos o que estamos buscando, o que queremos de fato, visto que uma obra cinematográfica é de fato uma obra mais do diretor de que qualquer outro membro, uma vez que o sucesso e ainda mais o fracasso recai sobre quem assina o filme.

O outro ponto a ser tocado, é a falta ou o excesso de experiência. atores com pouca experiência podem provocar grandes atrasos em filmagem, mais também nada que não seja resolvido com ensaios e com um preparador de elenco. Lembrando que a falta de experiência não tem ligação (normalmente) com a falta de talento ou vocação ao trabalho de ator. O problema da falta de experiência será caso esse ator não admitir suas fraquezas e bater o pé que sabe o que estar fazendo. O que termina voltando ao ponto da questão inicial, ego. Ou no caso da experiência demais, também, pode terminar batendo na primeira questão, uma vez que tendo uma imagem um ator experiente não se permita tanto ou não compre a ideia da direção, essa experiência demais, pode atrapalhar o desenvolvimento do trabalho tanto do ator como do diretor, e recaindo sobre o resultado final do filme.

Por ultimo, o método que cada diretor adota para sua direção, visto que isso se torna um problema se o mesmo não deixar claro como gosta de trabalhar, os atores precisam se permitir e o diretor precisa saber o que é ou não possível para um ator, pois sabemos que atores não são maquinas, tem seu tempo, e sua forma de obter resultados. A direção precisa entender de atuação minimamente. Além de ser transparente no que deseja tanto com seus atores como com sua equipe.

Esses três pontos do qual tratei no inicio desse texto, dialoga diretamente com a obra de Gerbase, e das quais me chamaram atenção.

Além dessas questões de ego, experiência e método de direção, existem outros pontos do qual podemos debater nessa reflexão, pois bem, vamos a elas. O que de fato é dirigir um filme? Quem pode se tornar diretor? O que é preciso fazer para se obter uma boa direção? Esses questionamentos podem ser respondidos se pensarmos  que tudo depende do querer de cada um. É preciso dar um passo inicial, e foi assim durante esse semestre no componente de Direção de Atores, que  entendemos na teoria e na pratica também, Passamos a respeitar o trabalho do ator e entender o mecanismo de atuação. Diversas situações nos foram colocadas para que possamos entender como obter resultados positivos. O livro de Gerbase, funcionou como um guia sendo lido e discutido passo a passo. Assim saímos esse semestre com uma bagagem maior sobre dirigir atores. Seja qual for o método, o tipo de obra, com atores experientes ou não, pagos ou fazendo pela possibilidade de mostrar seu trabalho, sendo a equipe amiga ou simplesmente estando ali pelo trabalho, antes de tudo é fundamental o respeito. Respeito para com o próximo, e que não esqueçamos que estamos ali por amor a arte e ao nosso trabalho.

Que a parti de agora sejamos mais felizes ao dirigirmos um filme e que em caso de duvida, possamos ouvir, falar menos, e saibamos o que de fato queremos. Humildade para ouvir, paciência ao falar  e foco no trabalho, e um pouco de diversão, que não faz mal a ninguém. Mão na massa, ou melhor, na direção.

Agora tomando como base o livro de Gerbase veremos como um manual a forma que talvez seja a mais simples de dirigir uma obra cinematográfica.

Antes de rodar:

Antes de começar a gravar um filme existem coisas para serem feitas, como, estudar o roteiro que ira trabalhar, escolher o elenco do qual deseja rodar o filme, fazer chegar à mão tanto dos atores como de toda a equipe o roteiro, além de ler e discutir o texto com os atores e discutir o personagem com o ator, que seja feito se possível um planejamento de ensaios, com locais e dias.  Como direção, podemos e devemos ficar por dentro também do  que está sendo definido pelas equipes que devem ser divididas antes de mais nada, entre figurino, maquiagem e efeitos.

Rodando:

Quando começarmos a rodar o filme é importante que como direção criemos uma mecânica no set, também de nossa obrigação ensaiarmos os atores no local e cenário do qual vai ser gravado e que além de estarmos atento ao que está por trás da câmera estejamos ligados a interpretação dos atores, e  tenhamos muito cuidado ao falar, e como tirar o desejado dos atores.

Depois de rodar:

Daí cabe ao diretor, está presente com a equipe de edição e montagem, escolhendo tomadas, criar os significados desejados, o ritmo que desejamos das cenas e da obra como toda, e é nessa hora que será possível resolver o que falta na interpretação dos atores o que deixou a desejar e resignificar a obra. Para quem queremos falar.

É com essas dicas que Carlos Gerbase deixa em sua obra e com essas e outras dicas partiremos para pratica em sala. Depois de experimentarmos como é ser dirigido e métodos de direção, vamos coloca-los em pratica.   


GERBASE, Carlos, Cinema: Direção de Atores. Porto alegre: Artes e Ofícios ,2003.