ANÁLISE DO LÉXICO NA FALA DOS FARINHEIROS ARAGUAIENSES

Neste artigo estamos apresentando os resultados da análise quantitativa a que foram submetidos os dados coletados em nosso corpus. Tarallo (1994: 57) assevera que em uma concepção puramente sincrônica de uma determinada língua, em um determinado recorte lingüístico que possamos fazer em um sistema, a identificação entre homogeneidade e estrutura poderia ser acatada se assumíssemos a variação na fala como devidamente estruturada e com funcionamento efetivo dentro da comunidade em questão.

A sociolinguística (Tarallo, 1989: 11) quantitativa, também chamada de Teoria da Variação é da mudança linguísticas, inaugurada por William Labov. Assim, Tarallo (1994: 70) alude que Labov baseia sua defesa dos neogramáticos em uma série de estudos quantitativos sobre a mudança fonológica em progresso. Embora muitas palavras tenham sido afetadas ao mesmo tempo, a unidade fundamental da mudança dever ser o item lexical “individual”.

Esta pesquisa sociolinguística, que segue o modelo proposto por Labov (1994), procurou buscar os contextos linguísticos e extralinguísticos que estariam atuando na realização da variável, além de investigar a avaliação por parte dos informantes sobre cada uma de suas formas variantes, que é importante elemento para a implementação de novas formas no sistema lingüístico.

As tabelas a seguir apresentadas ilustram a freqüência de todos os subfatores da variável e as respectivas percentagens.

Tabela 1.0

O sujeito preenchido e sujeito nulo na fala dos farinheiros araguaienses:

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

Total

Sujeito preenchido

23

31

54

Sujeito nulo

78

  37

115

Total

101

68

169

% do sujeito nulo

77%

54%

68%

Na realização do sujeito correferente, observa-se que na tabela 1.0,  o sujeito nulo corresponde a 68% de 169 ocorrências, sendo 77,2% na fala masculina e 54% na fala feminina. Os sujeitos eram mencionados em situações como: /moro na fazenda Lagiadim/, /faço a farinha/, dentre outros exemplos. Esse percentual nos autoriza a afirmar que na fala do araguaiense prevalece o uso do sujeito nulo.

Tabela 2.0

A tabela 2.0, por sua vez, apresenta a variação para a marcação do plural no SN no português falado, a variável /s/ de marcação do plural corresponde duas variantes (mais concordância e menos concordância).

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

Total

(+) concordância /s/

08

09

17

(-) concordância /s/

15

11

26

Total

23

20

43 ocorrências

% de (-) concordância

65%

55%

60%

Com relação à consideração dos resultados apresentados nessa tabela 2.0, vemos que o processo de marcação do plural SN apresenta 60% de menos concordância na fala dos farinheiros. Considerando-se, pois, que pesquisa realizada com 06 informantes de Alto Araguaia, sendo três femininos e três masculinos percebem-se que (-) concordância na fala masculina obteve 65%, enquanto que na fala feminina apresentou 55% de (-) concordância.

E ainda, nesta tabela indica a quantidade de 17 ocorrências da presença de variável /s/, com 26 ocorrências de (-) concordância em muitos léxicos. Ocorrendo assim, somente o plural do artigo, como por exemplo: /os porcu/, /as rama/, /seis méis/, /as outras/, /quatro zóim/, etc. E além disso, alguns vocábulos concordaram o plural do artigo com o substantivo, tem-se alguns exemplo: /as crueiras/, /os pedacinhos/, nas covas/, dentre outros. Talvez, torna-se interessante ressaltar que não ocorreu nenhuma expressão em que o artigo estivesse no singular e o substantivo no plural.

Tabela 3.0

Variação do /r/ vibrante pré-consonantal em nomes em posição interna

Tipo de ocorrência

Variante /r/

Masculino

Feminino

Total

Presença do /r/ vibrante

59% (50)

41% (35)

85

Pelos resultados acima da tabela acima, é possível constatar que a probabilidade associada à variação /r/ vibrante pré-consonantal em nomes em posição interna, situa-se com 85 ocorrências, perfazendo com 59% na fala masculina e 41% da fala feminina. Para ilustrar tais ocorrências, temos como exemplo: /caruá/, /farinha/, /gira/, /caro/, etc. Dentre os estudos que comentam a significância da variável /r/ citaremos Malmberg (1954: 85) alude que esse / r/ é anterior, sendo pronunciado de tal forma que a ponta da língua, tocando os alvéolos, é empurrada para frente pela corrente de ar.

Tabela 4.0

Variação do /r/ em final de verbos

Tipo de ocorrência

Ocorrência do /r/

Masculino

Feminino

Total

Presença do /r/

47% (09)

72% (53)

62

Ausência do /r/

53% (10)

28% (21)

33% (31)

Total

20%

80%

93 ocorrências

Na tabela 5.0 apresenta 93 ocorrências da variante /r/ no final de verbos. Sendo que a presença da variante /r/ obteve 62 ocorrências na fala dos farinheiros, enquanto que a ausência da referida variante é de 31 ocorrências.

Nesta tabela foi separada a pronúncia masculina com 19 ocorrências, obtendo assim 52% da ausência da variante /r/ e 47% da ausência da variável /r/ em final de verbos. Por outro lado, constatou-se 74 ocorrências na fala feminina, prevalecendo com 28% da ausência da variante e 72% da presença do /r/ em final de verbos. De modo geral, fica evidente que as mulheres mencionaram várias vez alguns verbos mantendo a presença do /r/ no final, em relação à fala masculina.   

Tabela 5.0

Variação do /r/ em posição final de substantivos

Tipo de ocorrência

Variante /r/

Masculino

Feminino

Total

Presença do /r/

60% (03)

100% (02)

05

Ausência do /r/

40% (02)

0

02

Total

05

02

07 ocorrências

% de presença

60%

100%

71%

De modo geral, observa-se que os farinheiros pronunciam os substantivos concretos sem omitir a variante /r/ no final dos substantivos, obtendo assim 71% da ocorrência, por exemplo: /motor/, /triturador/, etc. Vale salientar que, a presença da variante /r/ no final dos substantivos obteve-se 60% na fala masculina e 100% na fala feminina.

Tabela 6.0

Ditongação do /ei/ em léxicos

Tipos de ocorrência

Ditongação do /ei/

Masculino

Feminino

Total

A conservação do /ei/ antes da consoante /t/

27% (03)

37,5% (03)

31% (06)

Metaplasmo por supressão: síncope

55% (06)

37,5% (03)

47% (09)

Metaplasmo por aumento: epêntese

18% (02)

25% (02)

22% (04)

Total

58% (11)

42% (08)

19

Note-se que na tabela 07 tem-se o total de 19 ocorrências analisadas, enfocando a conservação do ditongo /ei/ antes da consoante /t/ com 31%, o metaplasmo por supressão com 47%, enquanto que o metaplasmo por aumento do ditongo /ei/ com 22%. Entretanto, obteve-se 27% da conservação do ditongo crescente /ei/ antes da consoante /t/ na fala masculina e 37% na fala feminina, como por exemplo: /aproveita/, /direito/, /perfeita/, dentre outras. Enquanto que, ocorreram 55% do metaplasmo por supressão denominada de síncope na fala masculina, e 37% na fala feminina, como exemplo: /dexa/, /quejo/, etc. verifica-se também que, se constata na fala masculina 18% de metaplasmo por aumento: epêntese, e 26% na fala feminina, visto que a palavra ao ser pronunciada o falante denominou-a como se houvesse um ditongo, aumentando a vogal /i/ antes da consoante (s), para exemplificar temos: /méis/, /treis/, /fais/ e /deis/.

Tabela 7.0

Porcentagem de uso do pronome lexical /ela/, /nela/ e /aquela/, mencionadas na fala como referência.

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

Total

Presença

66% (83)

47% (30)

113

Apagamento

34% (42(

53% (34)

76

Total

125

64

189 ocorrências

Na tabela 8.0 apresenta 60% ocorrências da presença das variantes /ela/, /nela/ e /aquela/ como referência, sendo assim, obtivemos 66% na fala masculina e 47% na fala feminina de 189 ocorrências. Os pronomes eram mencionados em situações como: /coloca (massa) na peneira/, /dexa (mandioca) bem limpinha/, /pode começá a fazê (a farinha)/, dentre outros.

Tabela 8.0

O alçamento do /e/ átono final em vocábulos.

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

Total

/e/ pós oclusivas

32% (09)

 43,7% (07)

36% (16)

/e/ pós contritivas

11% (03)

12,5% (02)

12% (05)

/e/ pós-nasais

57% (16)

43,8% (07)

52% (23)

Total

28

16

44 ocorrências

Conforme a tabela 09 apresenta 44 ocorrências na fala dos farinheiros em relação a variante /e/ que é pronunciada /i/, então se percebe que ocorreram 32% /e/ pós-oclusivas, 10% /e/ pós constritivas, e 58% pós-nasais na fala masculina. Enquanto que, obteve-se 36% pós-oclusivas na fala feminina, com 12% pós-constritivas, e 52% pós-nasais pronunciadas com som de /i/ em vocábulos, como: /podi/, /pineira/, /quasi/, /basi/, dentre outros.

Tabela 9.0

Alçamento do /o/ no final de vocábulos.

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

Total

Presença de /o/

0

0

0

Ausência de /o/

21

106

100%

Total

21

106

127 ocorrências

A tabela 10 mostra que, ocorreu o predomínio na pronúncia da vogal /u/ no final de vocábulos dos farinheiros, tanto na fala masculina como na fala feminina. A troca ocorreu em algumas palavras, como: /conheçu/, /queiju/, /gostu/, dentre outras.

Tabela 10

Verbos conjugados no gerúndio, sendo que o /ndo/ é pronunciado pela variante /nu/

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

Total

Presença /d/

04

07

11

Ausência /d/

06

04

10

Total

10

11

21 ocorrências

Ausência /d/

60%

36%

47%

A tabela 11 acima demonstra, pois, que a percentagem 47% de ausência /ndo/ de verbos no gerúndio. Prevalecendo 60% na fala masculina contra 36% na fala feminina. Além disso, vale ressaltar que na realização da pesquisa com seis informantes, tivemos 21 ocorrências com verbo no gerúndio, em contrapartida, foram mencionados 71 verbos no infinitivo, nota-se assim, a preferência dos farinheiros pelo verbo no infinitivo em suas falas.

Observa-se, portanto, Maria Tarallo (apud Mollica, 1989: 285) que fatores de processamento atuam ao nível da unidade da palavra, especialmente o que leva em conta a extensão do vocábulo em que se dá a variação. Presta-se como evidencia para isso a pesquisa de Mattos e Mollica (1988), que investiga o processo fonológico de assimilação NDO / NO. Na fala do farinheiros encontramos ocorrência variável de /vendeno/ ou /vendenu/.

Esta pesquisa tem contratado inúmeros fatores, dentre eles a questão do tamanho do item lexical. Ela tem constatado que, quanto maior o número de sílabas da palavra, mais alta se torna a taxa de queda do segmento consonantal /d/ no contexto /ndo/; quer dizer, a chance de se operar a assimilação é maior.

Tabela 11

Troca da variável /e/ pela pronúncia /i/ no início de vocábulos

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

Total

Presença

01

03

04

Ausência

14

18

32

Total

15

21

36 ocorrências

% de ausência

93%

86%

89%

Segundo Carvalho e Nascimento (1970: 52), concebe-se que o português na sua essência é uma fase evolutiva do latim vulgar, conservando os mesmos timbres vocálicos e acento tônico; assim ocorreram 36 ocorrências da variação /e/ na fala dos farinheiros araguaienses, sendo pronunciada 93% na fala masculina e 86% na fala feminina, ou seja, a variante /e/ sendo pronunciada pela variante /i/, como exemplo: /inxugar/, /inchi/, /comi/, etc.

Tabela 12

A variante /nh/ em vocábulos

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

 

Ausência /nh/

89% (49)

87% (35)

88% (84)

Transformação /nh/

11% (06)

13% (05)

12% (11)

Total

55

40

95 ocorrências

Os resultados ilustrados na tabela 14 indicam que, quando o português falado pelos farinheiros araguaienses apresenta 95 ocorrências em relação a variante /nh/, ocorrendo 89% de ausência da variante /nh/ na fala masculina, se contrapondo com 87% de ausência da referida variante na fala feminina; na fala os farinheiros pronunciaram /limpia/, /leia/, suprimindo assim a variante /nh/ das palavras. Além disso, é interessante mencionar que no final de alguns vocábulos há metaplasmos por transformação de nasalização com 11% na fala masculina e 13% na fala feminina, para ilustrar temos: /passarim/, /nascidim/, dentre outros.

Segundo Serafim Neto (1976: 171), no Ceará opera-se no diminutivo –inho uma evolução típica, é que ele passa a –io e logo depois a i, perdendo a vogal final: assim /passarinho/ como /passari/.

Tabela 13

Troca do /l/ por /r/ em encontros consonantais

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

Total

Troca de  /l/ por /r/

33% (02)

67% (04)

06 ocorrências

A tabela 15 fornece ao observador resultados de 06 ocorrências da troca do /l/ por /r/ em encontros consonantais, sendo 33% na fala masculina e 67% na fala feminina. As variações ocorreram em palavras que havia encontro consonantal do /p/ com /l/, uma vez que os farinheiros trocaram o /l/ pela variação /r/ que, por sua vez, é uma constritiva lateral sonora alveolar oral, enquanto que o /r/ é uma constritiva vibrante simples sonora alveolar oral. Para exemplificar, tem-se: /pranta/, /prástico/, etc. Além disso, creio que seja interessante mencionar que o /l/ antes da consoante /t/ é pronunciada como /r/, ex: vorta.

Tabela 14

A dupla negação /não/

Tipo de ocorrência

 

Masculino

Feminino

Total

Presença de /não/ uma vez

64% (07)

53% (08)

58% (15)

Presença dupla

18% (02)

20% (03)

19% (05)

Variante /num/

18% (02)

27% (04)

23% (06)

Total

11

15

26 ocorrências

No processo de preparação do cultivo no local de plantar as ramas das mandiocas, os farinheiros dizem que é necessário: /arar/, /roçar/, /riscar/, /preparar/ ou /gradear/ a terra par ao plantio. Já os diferentes léxicos: /passar/, /coar/ e /cessar/ têm um único sentido – o separar dois conteúdos num determinado recipiente -, uma vez que durante a produção de farinha foi mencionado este léxico no sentido de coar a farinha, ou seja, separar os caroços maiores da farinha (que é fina).

Em outras circunstâncias, os farinheiros disseram: /bulinete/, /molinete/ ou /faca com rodinha/, estes léxicos é uma peça da máquina de ralar a mandioca. Por outro lado, temos o ralo (feito de folha de lata com uns furos feito na superfície do lado de cima) sendo um utensílio feito para relar a mandioca na preparação da farinha. Em paradoxo, segundo Rodrigues (1945: 216) alude que apesar de uma base lexical comum, os crioulos africanos são, hoje, muito diferentes do português na sua organização gramatical, como por exemplo: zoreia, zunha (por as orelhas, as unhas, os olhos,), de onde vêm formações como –olhar. Então, temos na fala dos farinheiros a fala do mesmo léxico: /zói/ ou /oim/ que significa olho, enquanto que a forma /oiá/ é o verbo olhar, vale ressaltar que talvez a pessoa quisesse dizê-lo no infinitivo, uma vez que o informante disse /ocê pode oiá/. Nesta ocorrência temos a marca da influência da cultura africana presentes na fala do farinheiro araguaiense. Embora tenha prevalecido sobre as demais línguas postas em contato com o português, não poderia deixar de sofrer modificações e de receber influências e contribuições.

Rodrigues (1945) reitera que o português não poderia deixar de sofrer modificações e de receber influências e contribuições do linguajar tupi, sendo muito significativo no vocábulo, como por exemplo, o léxico mandioca é considerada um elemento da flora brasileira, e este termo foi falado pelos índios, e conseqüentemente permanece, atualmente, na fala dos farinheiros da comunidade araguaiense.

Quando os farinheiros terminam de torrar a farinha, é necessário coá-la numa peneira para separar os /caruá/, /crueiras/ ou /caroço/, que empelotam.  O /caruá/ é a amassa de mandioca que formam umas bolinhas resistentes, quando são colocadas no tacho muito quente e o farinheiro demora misturá-la. Então, todos os farinheiros separam as /crueiras/ da farinha que será consumida, e normalmente, esses /caroços/ servem para comer com leite, enquanto que outros passam no triturador e torra-a novamente.

Em relação à rama (pedaço de madeira da árvore da mandioca que é plantado) é também chamada de /totele/, /pedaço/, /rama/ /manaíba/ ou /maraíba/. Enquanto que o caroço no caule da rama é chamado de /gomim/, /carocim/ ou /nó/ pelos farinheiros. Mas, o local em que estas ramas são colocadas é denominado pelos farinheiros de /cova/, /buraco/ ou /covinha/. Já no momento de cobrir as ramas, os farinheiros dizem que vão /tampá/, /cobrir/, /tampanu/ e /ponu/ todas as ramas nas covas. Enfim, no instante de rancá-las os farinheiros dizem que vão /rançá/, /tirá/, /cavaca/ ou /disgáia/.

Para finalizar, nota-se que todos os dados citados anteriormente tem grande importância para a realização da análise, seguindo os estudos de Labov e Tarallo. Levando em consideração as variantes e as variáveis do léxico na fala dos farinheiros araguaienses.

Referências

ALKMIM, Tânia M. Sociolingüística. Em: Mussalim, F. & BENTES, A. C. (orgs.). Introdução à lingüística 1: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, p. 21-47, 2001.

CALVET, Louis-Jean. Sociolingüística: uma introdução crítica. Trad. Marcos Marcolino. São Paulo: Parábola, 2002.

FARACO, Carlos Alberto. Lingüística Histórica. São Paulo: Ática, 1991.

TARALLO, Fernando. A Pesquisa Sociolingüística, 5 ed. São Paulo: Séries Princípios, Ed. Ática, 1997.

RODRIGUES, Nina.I Os africanos no Brasil. Companhia Editora Nacional: São Paulo, 1945 (205 – 48).

SILVA, Neto Serafim da. Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Presença, 1976.