Introdução 

O presente trabalho irá trazer o conceito das práticas culturais de B.F.Skinner, exemplificando e comparando com uma análise do filme “Wall-e”. Dessa forma, se faz uma descrição breve do filme e adiante uma análise crítica com base no conceito de Skinner. 

O filme “Wall-e” narra sobre: o planeta Terra soterrado por lixo, habitado apenas pelo robô que dá nome ao filme e uma barata. 

 O planeta Terra após ter sido entulhado de lixo, faz com que os humanos desabriguem o planeta e vivam numa nave no espaço. O plano era que esse lixo fosse retirado em alguns poucos anos, e desta forma, foram deixados robôs para que recolhessem. Wall-e, o último destes robôs, que se conserva em funcionamento graças ao auto-conserto de suas peças, foi criado para compactar o lixo existente no planeta. Contudo, em um dado momento surge uma nave e traz um novo e moderno robô: Eva.

Análise Crítica

 

A abordagem de Skinner vai trazer uma reflexão sobre “o que está de errado na vida cotidiana do mundo ocidental”, levantando argumentos que coincide que existem muitas coisas erradas no mundo de hoje, porém que não perturbam a todos. Em outras palavras, a superpopulação, esgotamento e poluição do meio ambiente, como assuntos que podem ser tratados como conseqüências mais distantes, e assuntos como pobreza, doença e violência como problemas atuais, mas ainda ressaltando que não para todos. 

Podemos observar no filme “Wall-e”, justamente essa falta de preocupação com o meio ambiente, com a superpopulação, retratado pelo comodismo do avanço tecnológico, o descaso com o planeta e ambiente, e falta de sensibilidade por parte das atitudes dos homens, fazendo com que esse plano se prolongasse por milhares de anos. Apesar de neste “novo modelo” de vida, os humanos poderem desfrutar de certo grau de fartura, “liberdade” e segurança, por outro lado, estão sobrevivendo, não vivendo. Isso quer dizer que, apesar desses privilégios, de se locomoverem através dos robôs, se alimentarem através dos manuseios dos robôs, jogarem jogos sem esforço físico, por outro lado, apresentam formas físicas obesas, com isso dependem dos robôs para realizarem qualquer tipo de atividade. E essa será a crítica que o texto de Skinner irá trazer, de que os humanos não estão desfrutando a vida.

Essas são afirmações acerca de como as pessoas se sentem. Skinner traz sentimentos como algo que é sentindo, que está debaixo da nossa pele e dá qual não podemos escapar, diferentemente, das coisas que vemos no mundo ao nosso redor. E não possuímos habilidades para relatar aquilo que sentimos tão apuradamente quanto aquilo que vemos, pois não tivemos informação a respeito do corpo que sentimos.

Alienação do trabalhador em relação ao produto do trabalho é a primeira das cinco práticas culturais que Skinner vai abordar. Essa alienação do trabalho é inevitável, em um mundo que visa o lucro a partir da especialização e da divisão do trabalho.

No filme, podemos observar a divisão de tarefas que os robôs realizam, uns cumprindo tarefa de limpar os demais robôs que chegavam “infectados”, outros cumprindo a tarefa de servirem aos humanos, alimentando-os, maquiando-os, fazendo a barba dentre outros, e no caso de Eva, ir para a Terra em busca de encontrar “vida”. Podemos observar essa alienação neste sentido, na qual os robôs tinham de cumprir determinadas tarefas, impostas pelos humanos, e eram de tal forma “mecânicos”, que quando Wall-e dentro da nave,põe o pé para passar para a esteira , os demais robôs não desviaram, e se engavetaram e há também exposto no filme, aqueles que por algum motivo ignoravam e não cumpriam as tarefas, eram levados para um local, que podemos comparar como uma forma de “hospício”, “prisão”, onde ficavam excluídos dos demais e eram considerados como invasores, e este comportamento de privar os que não seguiam as condutas, pode ser analisado como reforçadores negativos que servem justamente para manter o comportamento de realizar as tarefas. Podemos pensar neste conceito de alienação para Marx, quando observados em pessoas, que há uma grande vantagem, pois aumenta a produtividade, dentre outros aspectos, por outro lado, realiza-se um único tipo de coisa numa maior parte do tempo, e a conseqüência disso, é cansaço, desgaste etc.

Outra cena no qual podemos notar a alienação do trabalho é exposta ao início do filme, quando mostra Wall-e trabalhando, pegando o lixo que estava na Terra e fazendo vários “blocos” com o mesmo, juntando todos e associado a outra cena, que  mostra a nave jogando para fora todo esse lixo eletrônico, no qual era consumido dentro da nave.

E uma segunda coisa que Marx vai trazer é que as pessoas têm cada vez, mas se poupado de trabalhar, pagando ou forçando empregados e funcionários a trabalharem para elas, e como o próprio filme traz, recorrendo a aparelhos ou a robôs. Em contrapartida, quando evitamos essas conseqüências aversivas do trabalho substituindo-as, também perdemos os reforçadores. O empregador faz menos coisas, entretanto com mais freqüência. Em outras palavras, como o próprio filme retrata os humanos, ao estarem sendo deslocados por máquinas, ao estarem realizando todos os tipos de tarefas através delas (como: jogar tênis, comer, trocar de roupa, limpar as coisas), evitam o trabalho, mas, por outro lado, aumenta a freqüência de repetição em apertar botões para chamar os robôs, para jogar os jogos.

Em sumo o que Skinner traz é que evitando as conseqüências aversivas, estão também se privando das fortalecedoras. Outra cena abordada, é quando uma mulher estava se locomovendo (transportando) através do robô, e quando cai, a mesma não consegue se levantar sozinha, por está acima do peso (obesa), e precisa da ajuda de Wall-e para se levantar.

Uma terceira maneira de observar o efeito fortalecedor do reforçamento desgastado é quando as pessoas se comportam somente porque têm sido dito a elas para fazê-las. No caso do filme, quando a máquina através de um conselho, avisa às pessoas a possibilidade de usarem uma nova cor (a azul) de roupa e as pessoas na mesma hora são reforçadas de tal modo, que mudam imediatamente, e utilizam essa cor azul, e um humano ainda diz: “eu adoro a cor azul”, então este comportamento se torna parte do repertorio reforçado. Há uma outra cena que retrata essa terceira prática cultural que é quando o comandante da nova, realiza tudo conforme a maquina aconselha a fazê-lo , observamos isto, num determinado momento em que a maquina entrega um manual de instruções de como por a planta na cápsula, e o mesmo por ter sido reforçado em sempre receber auxilio das máquinas, não sabe ler, e procura no manual um botão para que ele “funcione”, isto mostra que por estar agindo sempre de acordo com a máquina, evita o custo de explorar novas contingências.

Em resumo, Skinner vai dizer que seguimos conselhos não por causa das conseqüências que irão ocorrer futuramente, mas por causa das conseqüências que ocorreram no passado.

O quarto tipo proposto é de um comportamento controlado por regras, no entanto mais fortes. Neste tipo de prática cultural, as pessoas agem de determinadas maneiras para agradar ou evitar desagradar os outros, sem se submeter a conseqüências possivelmente punitivas. Normalmente são regidas por leis de um governo ou religião e as conseqüências pessoais fortalecedoras são adiadas por um longo tempo. Podemos relacionar com a cena do filme que mostra o capitão superior, avisando ao capitão da nave que não poderiam aterrissar novamente na Terra, pois a mesma já estava inapropriada para se instalar.

A última prática cultural proposta é o reforço imediato, que é mantido pelo que podemos chamar de coisas interessantes, bonitas, deliciosas, excitantes e divertidas. Skinner traz um ponto importante quando retrata que pode parecer impossível que alguém não apreciasse passar a vida olhando para coisas belas, comendo comidas gostosas, assistindo atuações divertidas, mas que, todavia seria uma vida que na qual quase nada seria feito e os que puderam experimentá-las poucos são os que têm sido notadamente felizes.

Em outras palavras o que se entende por essa prática e exposta ao filme, é que as pessoas ao irem para a nave estiveram o tempo inteiro em contato com essas contingências reforçadoras positivas, e ao final quando se deram conta de que ir para a Terra, mesmo que se submetendo a perderem esses reforços, estes era apenas uma pequena amostra do comportamento fortalecido. Outra cena do filme, é quando Wall-e sempre que entra em “casa”, liga a televisão, onde passa um filme que para ele é reforçador, e o rádio que também toca uma música que é reforçadora, e o mesmo mostra a Eva, apreciando as cenas vistas, sendo estes instrumentos reforçadores.

Em conclusão o texto finaliza dizendo que: milhares de pessoas não podem fazer muitas das coisas que desejam centenas de pessoas no Ocidente não querem fazer muitas das coisas que podem.

No filme, as pessoas tinham uma vida nas quais muitas desejavam que fosse, viver de fartura, porém ao final do filme as pessoas queriam vencer a luta pela liberdade e a busca da felicidade, no sentindo de elas mesmas irem à procura das coisas que desejavam e da realização. O texto traz sobre o homem primitivo que não precisava trabalhar para os outros, em tampouco pagar para que os outros trabalhassem para ele. Não seguia regras, conselhos, nem obedecia a leis. Não via imagens, ouvia músicas, e quando não havia, mas nada do que fazer, simplesmente dormia ou não fazia nada.

As práticas culturais estudadas enfraquecem o comportamento, de modo que mudam a relação temporal entre o comportamento e suas conseqüenciais, através do uso de reforçadores condicionados e generalizados. Este efeito pode ser consertado pelo reparo de contingências, mas fortalecedoras.

Uma qualidade de vida melhor deveria ajudar a solucionar os problemas de pobreza, doença, violência, superpopulação, esgotamento de recursos essenciais, e destruição do meio ambiente.

Referência Bibliográfica

  • SKINNER, B.F. O que está de errado com a vida cotidiana no mundo ocidental?. Disponível em: www.terapiaporcontigencias.com.br. Acesso em: 18 Out 2010.