ANHANGUERA EDUCACIONAL 

TAINÁ SANTANA MELO

 

 

 

 

 

 

ANÁLISE DO FILME TEMPOS MODERNOS E DO DOCUMENTÁRIO DOS TRABALHADORES DA CANA DE AÇÚCAR – SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MARÇO – 2014

CAMPINAS – SP

 

ANHANGUERA EDUCACIONAL 

TAINÁ SANTANA MELO

 

 

 

 

 

 

 

ANÁLISE DO FILME TEMPOS MODERNOS E DO DOCUMENTÁRIO DOS TRABALHADORES DA CANA DE AÇÚCAR – SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

Trabalho realizado para a disciplina de sociologia geral e jurídica, como sub avaliação da I unidade do primeiro semestre do curso de Direito.

Prof°: Antônio Bellini

MARÇO – 2014

CAMPINAS – SP

 

 

ANÁLISE DO FILME TEMPOS MODERNOS E DO DOCUMENTÁRIO DOS TRABALHADORES DA CANA DE AÇÚCAR – SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

O entendimento acerca do mundo do trabalho, e suas transformações no final do século XVIII e começo do século XIX, nos remetem às modificações comportamentais do capitalismo, mais precisamente, na linha produtiva. O filme Tempos Modernos apesar de ter sido elaborado há quase um século, é bem atual, pois mostra um cenário social devastado pela crise da década de 1920 a 1940 nos EUA, mas que também reflete em muitos países do mundo, inclusive, o Brasil.

O mundo se encontrava em meio às mudanças que vinham ocorrendo desde a Revolução Industrial, com a mecanização dos sistemas de produção,  em que a ascensão e com a explosão das máquinas fez com que o índice de desemprego subisse consideravelmente, e o indivíduo se via sem condições de sobreviver em meio à desigualdade social, subordinado a aceitar qualquer posto de trabalho, vivendo em situações desumanas, chegando a 18 horas de trabalho contínuo, exaustivo, repetitivo e alienador. A burguesia era a responsável pelo processo industrial, numa incessante busca por maiores lucros, menores custos e produção acelerada, buscava alternativas para melhorar a produção de mercadorias, devido ao crescimento populacional, que trazia maior demanda de produtos e mercadorias. As máquinas revolucionaram o modo de produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.

Nessa época havia um forte apelo para a questão da sobrevivência social, o que reflete até hoje, onde o homem aceitava qualquer trabalho, mesmo sem nenhum preparo, para poder viver. E os donos de empregos visavam trazer lucro a qualquer custo, ou melhor, ao menor custo possível. Essa crise levava muitas pessoas a roubarem retratando que a falta de um emprego, desgastante, causava a miséria e a criminalidade.

Com a industrialização naquele tempo e a chegada das máquinas, os operários tinham que competir e trabalhar na velocidade delas. O Brasil também é assim, muitas indústrias e pessoas fazendo trabalhos braçais até hoje. Alguns funcionários ganham um bom salário, férias, décimo terceiro, enquanto outros, nem carteira assinada.

É verdade que a Revolução foi capaz de tornar os métodos de produção mais eficientes, pois os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Porém, aumentou também o número de desempregados, as máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão de obra humana. A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o crescimento desordenado das cidades também foram consequências nocivas para a sociedade. 

Até hoje, o desemprego é um dos grandes problemas na maioria dos países, inclusive toda a Europa e os EUA atualmente vem sofrendo desse caos, o que era apenas problema dos países menos desenvolvidos, apesar de o Brasil ter crescido bastante economicamente, ainda é vítima desse descaso. Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Porém, os empregos repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas ainda procuram profissionais bem preparados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades, mas, o governo não dá oportunidade ao indivíduo para se qualificar e assim, ocuparem esses cargos. Mesmo nos países desenvolvidos ainda faltam empregos para a população, ou melhor, falta mão de obra qualificada, e, portanto, o indivíduo se vê obrigado a aceitar qualquer trabalho.

Hoje, é evidente, que a revolução industrial trouxe um avanço enorme para o mundo todo e a qualidade de vida se tornou melhor, afinal, a partir daí, surgiram o automóvel, o telefone, a internet, o celular, o chuveiro, o avião, ou seja, produtos que facilitam nosso dia a dia. No entanto, recebemos a herança da exploração do trabalho, dos direitos humanos e da balança social desequilibrada. Com a Revolução industrial, o crescimento individual passa a gerar exploração, injustiça e desigualdade. E o ser humano deixa de ter um pensamento coletivo, altruísta e sem melhorias, e ficando ainda mais longe de ter um mundo para todos.

No documentário sobre os cortadores de cana de açúcar, percebe-se a submissão a condições de trabalho extremamente precárias, jornadas de trabalho excessivas, com desgaste físico e mental, com salários irrisórios diante das reais necessidades familiares, o que pode ser considerado como uma semiescravidão. O trabalho dos cortadores de cana de açúcar pode ser apontado como uma das atividades mais exploradas, em que jornadas e condições de trabalho desumanas são apenas algumas das constantes nesse meio, associada à mão de obra desqualificada e desenganada, que busca tão somente sobreviver, ainda tem como produto, uma violência sem tamanho.

O novo ciclo da cana-de-açúcar está impondo uma rotina aos cortadores de cana que se equipara à dos escravos. É o lado perverso de um setor que, além de gerar novos empregos e ser um dos principais responsáveis pela movimentação interna da economia, deve exportar bilhões todo ano. O trabalhador anda de 8 a 9 km por dia, alguns em transportes precários, outros andam sob o sol e chuva, sempre submetidos a um grande esforço físico, o que causa sérios problemas à saúde, problemas seríssimos de coluna, nos pés, câimbras e tendinite. Nesse trabalho, a busca é sempre por maior produtividade o que obriga os cortadores de cana a colher de 10 até 40 toneladas por dia. Esse esforço físico encurta o ciclo de trabalho na atividade. Nas atuais condições, passaram a ter uma vida útil de trabalho inferior à do período da escravidão.

O corte da cana é sempre realizado ao ar livre, sob o sol, com o trabalhador equipado com uma vestimenta composta de botas com bicos de ferro, calças quentes, perneiras de couro até o joelho contendo três barras de ferro frontais, camisa de manga comprida, chapéu, lenço no rosto e pescoço e luvas de raspa de couro. Portando toda essa parafernália, uma vestimenta pesada, com os equipamentos (um facão, ou podão de metal com lâmina de meio metro de comprimento, mais uma lima) e a realização do trabalho sob o sol, levam a um elevado desperdício de energia, o que por si só, já são elementos deteriorantes à saúde. Mas, deve-se acrescer a esses elementos físicos, o fato de serem remunerados por produção, num método em que o trabalhador só sabe o resultado do seu trabalho depois de já realizado.

Cabe ressaltar que, o pagamento por produção na cana se diferencia de outras formas de pagamento por produção, pois na cana os trabalhadores não sabem previamente o valor do que produzem. O valor da cana cortada só é conhecido pelos trabalhadores depois que o trabalho é realizado, e ainda depende de uma conversão de valores que é realizada à revelia dos trabalhadores.

Pode-se ainda perceber nos dois processos, o industrial e o manual, que são verdadeiramente repetitivos, desgastantes e desumanos, contudo, há ainda algumas diferenças. 

No documentário dos trabalhadores da cana de açúcar, o trabalho é mais braçal, tem um desgaste físico maior, as condições são mais precárias, o indivíduo fica a mercê das condições climáticas para executar um bom serviço, o trabalho é sempre o mesmo para todo o grupo, a única ferramenta, uma lâmina com cabo de madeira, que, segundo alguns cortadores tinha sua eficiência diminuída pelos fabricantes. Enquanto no filme, Tempos Modernos, o uso é máquinas é maior, cada indivíduo exerce uma função diferente, eles não ficam sujeitos as condições climáticas, tem salário e carteira assinada e horário certo para entrar e sair.

Embora as diferenças sejam consideráveis, ainda podemos citar que ambos são repetitivos, exaustivos, contínuo e desgastante para os dois. De acordo ao documentário, os trabalhadores sentiam vários tipos de dores referente a atividade exercida diariamente, no filme embora não tivesse falas, pode-se perceber que o trabalho repetitivo lhes causavam também problemas de saúde.

A partir da análise do filme e do documentário, pode-se compreender a dura batalha do indivíduo trabalhador num cenário hostil e deficitário. Ambos destacaram ineficiência no que diz respeito a satisfação do indivíduo em relação ao seu trabalho. Apesar de um mundo modernizado e cheio de invenções que facilitam a vida do indivíduo, ainda é bastante comum, devido a baixa qualificação do trabalhador, um panorama insatisfatório, onde o homem ainda apresenta condições de escravo.

 

Bibliografia

 

OLIVEIRA, Robson. A História das Revoluções - Dez maiores revoluções do mundo e os grandes pensadores. Discovery Publicações, São Paulo, p. 57-58. 2013.