Filme:   IMPULSIVIDADE

 

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é definido como um transtorno no desenvolvimento do autocontrole, assinalado por déficits relativos aos períodos de atenção, ao manejo dos impulsos e ao nível de atividade. (GRAEFF, VAZ, 2008)

O aspecto clínico do TDAH altera-se de acordo com o estágio do desenvolvimento da pessoa, parecendo possuir uma abaixamento dos sintomas de hiperatividade na adolescência e restando, de forma mais marcante, os sintomas de desatenção e de impulsividade. (Polanczyk; Denardin; Laufer,2002).

 

Esses sintomas adotam um modelo persistente e são mais comuns e rigorosos do que manifestações semelhantes atuais em crianças da mesma idade e nível desenvolvimental ,tendo em vista ser bastante comum as crianças apresentarem um comportamento mais ativo, desatento e impulsivo que os adultos (GRAEFF, VAZ, 2008).

As crianças com TDAH são comumente descritas como desligadas, aborrecidas e desmotivadas frente às tarefas, sem força de vontade, bagunceiras e desorganizadas. São crianças agitadas, como se estivessem a “mil por hora” ou “com bicho carpinteiro”, são barulhentas e tendem a fazer coisas fora de hora .Além dessas características, é comum que crianças com TDAH apresentem outros sintomas, como baixa tolerância à frustração, troca contínua de atividades, dificuldade de organização e presença de sonhos diurnos. A essa patologia podem estar relacionados os fracassos escolares, as dificuldades emocionais e dificuldades de relacionamento em crianças e adolescentes (GRAEFF, VAZ, 2008).

O TDAH está relacionado sobre 3 problemas primários: a dificuldade em sustentar a atenção, o controle ou inibição de impulsos e a atividade excessiva. É possível identificar sintomas adicionais, como dificuldade para seguir regras e instruções e variabilidade em suas reações frente às mais variadas situações. Foi caracterizada no DSM-IV TR (2002) por sintomas agrupados: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade. (GRAEFF ; VAZ, 2008).

No filme, o menino de 17 anos, aparentemente apresenta a Desatenção. A Desatenção pode ser identificada pelas manifestações que se segue: dificuldade de atentar a detalhes, tendência a cometer equívocos por pequenos descuidos em atividades escolares e de trabalho, dificuldade de manter a atenção em atividades lúdicas ou tarefas em geral, não seguir instruções dadas e não terminar tarefas escolares, ser facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa, apresentar dificuldade em organizar tarefas e atividades em geral, apresentar esquecimento em atividades diárias e evitar, ou mostrar relutância quanto à realização de tarefas que exijam esforço mental (GRAEFF, VAZ, 2008)

Embora esses sintomas sejam intensos e bastantes presentesnesses adolescentes, eles podem atrapalhar os profissionais de saúde. O que mais confunde a avaliação desses sintomas é o fato de que muitas crianças e adolescentes com essa patologia são aptos de se manter atento por certo período de tempo. Situações em que existe alguma novidade, algo de alto valor de interesse, intimidação na qual eles estejam a sós com um adulto podem passar a sensação de que esses adolescentes não possuem dificuldades quanto à atenção e, assim, gerar muitos diagnósticos equivocados (GRAEFF, VAZ, 2008)

No caso do menino, ele trazia descuidados nas atividades escolares, não apresentava hiperatividade, já que deparava ser uma pessoa quieta e não falava em excesso, assim como também não apresentava impulsividade. Contudo, esses sintomas não são suficientes para diagnosticar como TDAH, e sim se apresentam apenas como características de um adolescente que lida com dificuldades nos relacionamentos sociais e, por conseguinte impede seu desempenho escolar.

Posteriormente, participa de uma hipnose realizada pelo seu dentista, que o pede para refletir em um animal do poder (veado) criando-se desta maneira, um mecanismo de defesa para que o menino interrompesse o quadro de chupar o dedo, e passando a sentir o seu dedão com um gosto de pimenta.

A partir daí, surge uma angústia no menino, por não conseguir mais chupar o dedão, o que representava como uma forma de esquiva, que o gerava uma efeito de relaxamento em momentos de conflitos, como visto, no momento em que estava na sala de aula, que em um debate, e simplesmente sai da sala de aula e liga para seu dentista, solicitando para que removesse o gosto de pimenta do seu dedão.

Outra cena é quando o menino está nervoso por não conseguir abrir seu suco, e o arremessa ao chão, até que sua mãe o questiona, e volta a ficar mais tranqüilo, aparentando ter uma volubilidade emocional.

Em seguida, o menino é levado ao psiquiatra, que lhe faz algumas perguntas, na qual o menino afirma que às vezes se sente como se não conseguisse atingir seu máximo, sente-se apreensivo e isolado. Deste modo, o psiquiatra o diagnóstica como TDAH, e o indica a tomar o medicamento Ritalina, assegurando lhe dar mais segurança e domínio emocional. Após tomar o medicamento, o menino torna-se mais sociavél, temperamental, com autoconfiança, agressivo e hiperativo. Possuindo maior rendimento na escola.

Ao interromper o medicamento de forma precipitada, o menino torna-se menos agressivo e menos confiante, e a partir daí, dá início a maconha como maneira de resistir a sua ansiedade, proporcionando também uma melhoria em sua relação familiar, expondo mais seus sentimentos. No filme é observado, quando o menino ganha a bolsa de estudos e expõe que não contou aos seus pais, pois eles não aprovariam.

Porém, a presença de algumas características comportamentais, não seriam o suficiente para se tomar a Ritalina. Até mesmo, por seus sintomas estarem relacionados com o stress, que era algo pertinente com sua relação famíliar. Por seus pais, o subestimarem. Seu pai apresentando frustração,e desejo que seu filho fosse igual.

Desta maneira, o que o menino deparava eram questões relacionadas à adolescência, com conflitos familiares, e seu diagnóstico só seria preciso, se houvesse um tempo maior de observação desses comportamentos para se confirmar o transtorno.

Referências:

 

GRAEFF, R.L; VAZ,C.E. Avaliação e diagnóstico do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Psicol. USP v.19 n.3 São Paulo set. 2008.

POLANCZYK, G.V; DENARDIN, D; LAUFER, T; PIANCA, T; ROHDE, L.A. O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade na adolescência. Adolesc. Latinoam. V.3 n.2 Porto Alegre Nov. 2002.