Por Daniel leite

PLATÃO. Fédon: dialogo sobre a alma e morte de Sócrates. (tradução: Miguel ruas), são Paulo. Ed.: Martin Claret. 2009. p. 17-108

A obra é um dialogo entre Sócrates e seus discípulos acerca da alma. Ela é dividida em duas partes, sendo cada uma subdividida em pequenos textos. A primeira parte é constituída de vinte e dois textos, já a segunda em quinze textos. O autor do livro, Platão, utiliza o método dialético para expor os argumentos de Sócrates e dos discípulos acerca de determinados problemas referentes à alma. Os principais problemas apresentados são, sobre a imortalidade da alma, o conhecimento na relação entre corpo e alma (reminiscência), a morte e destino das almas após a morte.
A obra retrata momentos precedentes a morte de Sócrates, expondo reflexões do mesmo acerca da atitude do filósofo diante da morte, como também de argumentações a respeito da alma. De inicio o livro trás um conflito de opiniões entre Sócrates com seus discípulos, Cebes e Símias, a respeito da atitude do homem diante da morte. Para os discípulos a atitude do homem diante da morte deveria ser de desespero, por isso se admiram com a tranqüilidade de Sócrates as vésperas de sua morte, porem, já Sócrates defendia que a atitude do homem diante dela deveria ser de tranqüilidade, pois proporciona para os juntos a felicidade. Apartir desse questionamento Sócrates fundamenta sua opinião partindo do antagonismo entre corpo e alma.
Sócrates no livro Fédon, ver a morte como separação da alma em relação corpo. Para ele a morte deveria ser desejada, porem não antecipada, pois era determinada pelos deuses. Deveria ser almejada, pois o homem em sua essência é alma, porém esta ocupa um corpo que na opinião dele seria uma espécie de cárcere da mesma, pois impedia-a de conhecer as coisas na sua profundidade.
Partindo do argumento dos contrários, Sócrates explica a imortalidade da alma, demonstrando que o nascimento dos vivos provem dos mortos, logo, as almas já existiam antes de ocupar o corpo. Com isso, conclui que a alma é imortal, porem é transmigratória, assim quando alguém morre sua alma migra para outro corpo, num ciclo continuo que se encerra quando a alma atinge sua pureza e passa a viver junto com os deuses contemplando as idéias.
No desenvolver de sua argumentação, Sócrates fala sobre o conhecimento na relação corpo e alma. Para ele o conhecimento é reminiscência, ou seja, recordação das idéias. Considerando o pensamento socrático cada objeto na sua existência participa da natureza das idéias, estas como verdadeiros objetos do conhecimento, porem, pelo fato da alma está presa ao corpo esta a impede de contemplá-las, deixando-a ver apenas cópias das mesmas, assim, quando vemos uma cadeira, dizemos ser cadeira, pois ela participa da idéia de cadeira. Para Sócrates apenas a alma livre do corpo pode contemplar as idéias, porque ambas são da mesma natureza, imutáveis e eternas. Já o corpo por ser algo contingente, estar sujeito a mudanças.
Por fim, é mencionado o destino das almas, onde a integridade da alma na existência do corpo é o que determina o destino da mesma após a morte. Caso a alma tenha sido escrava das paixões e vícios do corpo, ela terá como destino um novo corpo que corresponderá aos vícios do corpo anterior, más caso tenha sido capaz de controlar o corpo, livrando-se dos vícios e cultivando o desejo de conhecer, ela terá como destino a morada dos deuses onde contemplará as coisas na sua pureza (idéias). Porem, afirma Sócrates, apenas os filósofos de fato conseguem atingir tal destino.
O método platônico da dialética é interessante, pois permite ao leitor averiguar as opiniões divergentes sobre determinados assuntos, a analisar e escolher aquela que possui a melhor argumentação ou o melhor embasamento.