UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE LINGUAGENS

DEPARTAMENTO DE LETRAS

CURSO DE LETRAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PAULO MARCOS FERREIRA ANDRADE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ATIVIDADE III

ANÁLISE DE MACUNAÍMA DE MÁRIO DE ANDRADE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cuiabá, MT

2013

 

                                        PAULO MARCOS FERREIRA ANDRADE

ATIVIDADE III

ANÁLISE DE MACUNAÍMA DE MÁRIO DE ANDRADE

 

 

 

 

 

                                                               Atividade de Aprendizagem apresentado ao curso de letras Espanhol, da Universidade Aberta do Brasil, Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Linguagem, como parcial para avaliação na disciplina de Teria Literária II Prof. Dt: Luiz Renato

Cuiabá, MT

2013

 

ANÁLISE DE MACUNAÍMA DE MÁRIO DE ANDRADE

 

O enredo

Mário de Andrade (1893-1945), dispondo de um relevante conhecimento do folclore brasileiro em 1928, publica rapsódia Macunaíma, uma das obras mais importante da 1ª Geração Modernista (1922-1930). O próprio Mário definiu Macunaíma como uma rapsódia, isto é, a reunião, em uma mesma obra, de temas ou assuntos heterogêneos de origem variada.

Mário de Andrade autor de Macunaíma, faz em sua obra uma verdadeira uma mistura de contos populares, anedotas e narrativas míticas. O narrador em terceira pessoa é onisciente e reproduz a história ouvida de papagaio ensinado de Macunaíma. O protagonista da história nasce no meio do mata amazônica. Durante o no deslanchar da história percebe-se que o caráter de Macunaíma   passa por transformações sendo que seu estereótipo muda durante o livro, ora assumindo a figura do indígena, do branco, pato, inseto, peixe.

O roubo do muiraquitã, o talismã de Macunaíma leva a história para o cenário urbano de São Paulo na tentativa frustrada de recuperação do valiosos objeto e posteriormente ao Rio de Janeiro. Macunaíma, Maanape e Jiguê seus irmãos, partem em uma viajem pelo Brasil que perdura até o enfrentamento com Venceslau, onde finalmente consegue reaver sua muiraquitã. Se diverte enganando os irmãos e dormindo com as mulheres da cidade. Mas para sua surpresa o comerciante era na verdade o gigante Piaimã, comedor de gente. Após muitos conflitos com o gigante ele recupera o amuleto e retorna à terra natal.

Lá ele perderá os irmãos e sofrerá a vingança da deusa do sol – Vei. A deusa havia oferecido ao herói uma de suas filhas em casamento, quando ele visitou o Rio de Janeiro. Macunaíma faz um trato com ela de não andar mais atrás de mulher nenhuma. Porém a promessa foi quebrada. Assim que ficou sozinho Macunaíma foi atrás de uma portuguesa. Para se vingar Vei faz com que ele sinta forte calor, que despertam seus desejos sexuais. Nesse impulso Macunaíma acaba se lançando para uma uiara – que é um monstro disfarçado de bela mulher que habita o fundo dos lagos. Macunaíma é destroçado e perde a muiraquitã para sempre. Cansado e desiludido ele vai para o céu, se transformando na Constelação da Ursa Maior.

Algumas características da história e dos personagens:

Tempo mítico: esta se constitui uma questão relevante em Macunaíma posto que não há uma indeterminação do tempo, ocorrendo simultaneidade de épocas diferentes. Um outro fator crucial é que Macunaíma é um tipo de anti-herói  brasileiro totalmente desprovido de caráter, sendo uma mistura de raças e síntese de defeitos do povo brasileiro. Mario de Andrade este livro usa de humor, ironia, carnavalização e lirismo, sendo considerado uma reinvenção da língua literária brasileira, influências das Vanguardas Europeias;

No que diz respeito as personagens o que se observa é se configuram como míticos, folclóricos e capazes de metamorfoses.

Macunaíma o personagem principal é um herói problemático, cuja metamorfose lhe permite apresentar-se ora em consonância com o mundo ora se opondo a ele.

 ...o romance, situado entre a tragédia e a poesia lírica, de um lado, e a epopéia e o conto de outro. Nesse sentido, a forma interior do romance não é senão o percurso desse ser que, a partir da submissão à realidade despida de significação, chega à clara consciência de si mesmo.(BRAIT,2004,p.39).

O herói de múltiplas faces da rapsódia de Mário de Andrade assume posturas diferentes, dando vivacidade e humor à obra literária que traz em seu bojo uma caricatura da deformação do povo brasileiro. BRAIT (2004) assevera que as personagens classificadas, por sua vez, são aquelas definidas por sua complexidade, apresentando várias qualidade ou tendências surpreendendo convicentemente o leitor. São dinâmicas, são multifacetadas, constituindo imagens totais e, ao mesmo tempo, muito particulares do ser humano. Vejamos agora um pequeno relato das principais característica de cada um.

  • Macunaíma: é o protagonista do livro, "o herói sem nenhum caráter" e preguiçoso. Vive numa tribo na Amazônia e assume diversas faces. Ao mergulhar num poço encantado se transforma em um homem branco, loiro e de olhos azuis.
  • Maanape: um dos irmãos de Macunaíma. Simboliza a figura do negro. 
  • Jiguê: um dos irmãos de Macunaíma. Simboliza a figura do índio.
  • Sofará: mulher de Jiguê. Conhecedora dos mistérios da feitiçaria. Era bem moça, apanhava de Jiguê por ficar “brincando” na mata com Macunaíma enquanto devia trabalhar.
  • Iriqui: nova mulher de Jiguê. Era linda, mas também foi deixada por Jiguê quando este descobriu que ela também “brincava” com Macunaíma. 
  • Ci: é a responsável pela peregrinação de Macunaíma, já que foi ela quem lhe deu a pedra Muiraquitã. Ela foi o verdadeiro amor de Macunaíma.
  • Capei: uma grande cobra que Macuína teve que enfrentar.
  • Iaimã: é o gigante que roubou a muiraquitã de Macunaíma. Torna-se a principal oposição do herói e motivo pelo qual ele parte em sua jornada para São Paulo. No final, o herói mata Piaimã e toma de volta a pedra. 
  • Vei: é a representação do sol, apesar de ser mulher. Tem duas filhas e quer que Macunaíma se case com uma delas. Porém Macunaíma não fica com nenhuma de suas filhas.
  • Ceiuci: mulher do gigante. Era gulosa e já tentou devorar Macunaíma.

Dados gerais da obra

  • Macunaíma – maku = mau,  ima= grande.  Herói Sem Nenhum Caráter;
  • Esse anti-herói apresenta: Virtudes:  inteligente / cativante / criativo / respeita a tradição de seu povo.
  • Defeitos: ganancioso, obsceno, preguiçoso, mentiroso, malandro, “jeitinho brasileiro”;
  • Tempo:  Por tratar-se de uma narrativa mítica, o tempo da obra não esta precisamente definido, tendo como base a realidade. Pode-se dizer apenas que o espaço é prioritariamente o espaço geográfico brasileiro, com algumas referências ao exterior, enquanto o tempo cronológico da narrativa se mostra indefinido;
  • Espaço: fuga espetaculares – Amazonas, São Paulo. Rio de Janeiro, Ilha de Marajó;
  • Narrador: O contemporaneísimo da crítica literária faz questão de considerar a diferença entre o autor e o narrador: esse é tido como uma criação daquele. No caso de "Macunaíma", no entanto, essa distinção pode ser questionada, quando o narrador aparece no último capítulo. No “Epílogo”, o narrador revela que a história que acabara de narrar havia sido contada por um papagaio, que, por sua vez, a tinha ouvido de Macunaíma: “Tudo ele – o papagaio – contou pro homem e depois abriu asa rumo a Lisboa. E o homem sou eu, minha gente, e eu fiquei pra vos contar a história”. Essa interferência do narrador, da forma como foi feita, aproxima-o do autor, no caso Mário de Andrade.
  • Foco Narrativo: 3ª PESSOA – cortes bruscos do narrador imprimem dinamismo e velocidade à narrativa;
  • Renovação Linguística: linguagem coloquial, rica em regionalismos, neologismos, ditos populares;
  • Dimensão Coletiva Da Obra: Macunaíma é a personificação do brasil ou dos brasileiros – influência de várias culturas mal assimiladas;

 

 

 

 

Referências

 

ANDRADE, Mário de. Prosa Modernista - Macunaíma. Rio de Janeiro: Editora Agir,2010.

BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 1985. (p. 28-46)

CANDIDO, Antônio et alli. A personagem de ficção. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1976.

Virgínia de Almeida, Tereza. Teoria da Literatura II / Tereza Virgínia de Almeida.— Florianópolis : LLV/CCE/UFSC, 2008.

PROENÇA,M.Calvacanti."O herói",in Roteiro de Macunaíma.3ºed.Rio de Janeiro:Civilização Brasileira,1974,p.8-10.

http://www.webartigos.com/artigos/as-metamorfoses-do-heroi-sem-nenhum-carater-em-macunaima/20687/#ixzz2nT7GUmuG