ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA DO ENSINO MÉDIO  À LUZ DA DISCIPLINA PLANEJAMENTO AMBIENTAL

 INTRODUÇÃO

 Os livros didáticos se constituem na ferramenta mais usual de auxilio no processo de ensino-aprendizagem em sala de aula vez que sua utilização é uma prática comum entre  professores. Portanto,  para  utilizar  esse  instrumento  devemos  considerar  alguns aspectos,  evitando-se sua utilização como único recurso pedagógico e/ou a utilização de livros inadequados  ao  contexto  escolar  em  que  se  atua, sendo que o Guia do Livro Didático - PNLD 2014,  tem o objetivo de ajudar o professor na escolha do livro didático que irá adotar no ano letivo e se constitui num importante instrumento de apoio ao trabalho do professor, auxiliando no planejamento das aulas, orientando nas atividades das disciplinas.

Para o ensino de Geografia, o livro didático tem importância muito grande, pois, se traduz numa forma de visualizar e considerar os fatos regionais, nacionais e mundiais que afetam sobremaneira  a educação geográfica de várias formas pois a disciplina tem sua dinâmica natural de modificação.

O ensino da geografia deve levar o aluno a compreensão não só do lugar onde ele vive, mas, também, do mundo como um todo, pois essa disciplina é um saber de caráter estratégico que não se serve apenas para educar o cidadão, mas também para ajudá-lo a mudar e compreender o seu meio e o mundo globalizado. Dentro deste contexto ela se apresenta como uma disciplina marcante e imprescindível para a formação de um cidadão crítico, e o livro didático  tem um papel fundamental neste sentido pois deve auxiliar o professor na difícil tarefa de proporcionar esse tipo de formação, crítica, sólida e atualizada.

Atualmente, existe uma gama de possibilidades devido o enorme avanço tecnológico que o mundo possui mas, mesmo assim, o livro didático continua se destacando como um importante objeto de estudo e ensino, justamente por permanecer como suporte ao dia a dia do professor.

A obra objeto de análise é de autoria dos professores Lygia Terra, Regina Araújo e Raul Borges Guimarães, editada pela Moderna, primeira edição em 2008, cujo título é Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil e se constitui em volume único, voltado ao Ensino Médio, apesar de não estar inserida no PNLD-2014.

Segundo os editores, o livro propõe-se a desenvolver uma visão integrada da realidade contemporânea por meio da apropriação progressiva dos instrumentos da Geografia, através do exercício de múltiplas articulações que seriam desvendadas ao longo da obra.  Também, Conexões pretende auxiliar os estudantes a situarem-se no complexo emaranhado de relações que caracterizam o mundo atual e convida-os a estabelecer suas próprias conexões.

A análise proposta contemplará o conteúdo apresentado no livro de acordo com os parâmetros e objetivos extraídos do Guia do PNLD-2014, quais sejam: compreender as interações entre sociedade e natureza, para explicar os processos de produção do espaço e dos territórios; utilizar adequadamente os conceitos de paisagem, espaço, território, região e lugar para analisar e refletir sobre a realidade social e ambiental; permitir a discussão e a crítica, estimulando atitudes para o exercício da cidadania.  Também, consideraremos os conteúdos à luz da disciplina Planejamento Ambiental, que faz parte da grade curricular do 6.º período do curso de Licenciatura Plena em Geografia, da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

 UM LIVRO DIDÁTICO...

 Terra, Lygia

            Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil: volume único/

            Lygia Terra, Regina Araújo, Raul Borges Guimarães. - 1. ed. -

            São Paulo: Moderna, 2008

 

            Bibliografia.

 

  1. Geografia - Estudo e ensino I. Araújo, Regina II. Guimarães, Raul

            Borges  III. Título.

 

08-09518                                                                                              CDD-910.7

   

Iniciando o trabalho de análise do livro didático Conexões, volume único, do Ensino Médio, devemos, em primeiro lugar, descrever a estrutura do livro.  A obra é dividida em 32 (trinta e dois) capítulos, dentro de 08 (oito) Unidades Temáticas, mais uma Caderno Especial que trata da Geografia da América Latina.  As Unidades Temáticas são:

            Unidade 1. Mundo Contemporâneo

            Unidade 2. O território brasileiro

            Unidade 3. Dinâmicas da natureza e meio ambiente

            Unidade 4. Natureza e políticas ambientais no Brasil

            Unidade 5. A geografia das sociedades

            Unidade 6. A nação brasileira

            Unidade 7. A geografia da produção

            Unidade 8. Economia e dinâmicas territoriais no Brasil

e, dentro dos capítulos, existem seções sendo que as mais importantes são as seguintes:

            Abertura de unidade

            Abertura de capítulo

            Infográfico

            Exploração das imagens

            Quadro

            Agora é sua vez

            Novos rumos

            Estudo de caso

            Mãos à obra

            Dossiê Conexões

            Explorando outras fontes

            Páginas especiais (no final do livro)

Dentro dessa estrutura, podemos observar que a obra é muito bem realizada e aborda diversos temas atualizados à época, uma vez que a edição analisada é de 2008, proporcionando aos alunos o contato com temas bastante relevantes, como “Um mundo em rede”, “A formação da economia global”, “Brasil: dinâmicas territoriais e econômicas”, “Globalização e território brasileiro”, “O meio ambiente global”, “Políticas ambientais no Brasil”, “Desigualdades e exclusões no mundo e no Brasil”, "A questão energética" dentre outros.

A questão da proteção ao meio ambiente, bem como àquelas relacionadas a sustentabilidade e ao planejamento ambiental são tratadas de forma transversal ao longo de toda a obra, sendo que existe uma Unidade Temática, a Unidade 4. Natureza e políticas ambientais no Brasil, que trata especificamente do tema objeto da disciplina Planejamento Ambiental.

O livro didático num todo foi muito bem desenvolvido, apresentando um conteúdo claro com textos bem redigidos, trazendo fotos, desenhos, mapas, tabelas e infográficos exemplificando o tema abordado, facilitando o entendimento do aluno.

A Unidade 4 é subdividida em 03 (três) capítulos (15, 16 e 17), sendo que o último tem o título de Políticas Ambientais no Brasil.  O capítulo se inicia com a sugestão de interpretação de um infográfico onde se vê um modelo de ocupação de uma área florestal na região da Floresta Amazônica. Os autores já começam chamando os alunos à reflexão, o que é muito salutar vez que motiva-os ao debate que, com a bagagem adquirida nos capítulos anteriores e nas notícias veiculadas na mídia, podem alcançar resultados bastante satisfatórios.

Neste capitulo, ainda, existe uma abordagem bastante interessante sobre o Código Florestal e o Código de Água Brasileiros, a criação de Parques Nacionais, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, Unidades de uso sustentável e outros temais relevantes.

Na Seção Estudo de caso, existe uma atividade sobre o Parque Nacional do Itatiaia, fazendo co-relação com outros temas tratados no capitulo, como patrimônio ambiental, corredor ecológico, por exemplo.

Também, na Seção Novos rumos, os autores fazem várias considerações acerca da legislação criada a partir de 1981, mudando o estado de coisas que estava instalado no País com relação à matéria ambiental.

Em Mãos à obra, o livro trás vários exercícios, bem elaborados, em grau de dificuldade compatível com a capacidade dos alunos do Ensino Médio e em total sincronia com a matéria abrangida pela Unidade.

Como o Planejamento Ambiental é um conceito utilizado no contexto de diversas áreas do conhecimento, para se referir a processos e mecanismos de sistematização de ações que visam atingir metas e objetivos de caráter ambiental, vários capítulos do livro didático analisado trabalham esses conceitos, como é o caso do capítulo 14. "O meio ambiente global" ou o capítulo 28. "A questão energética", por exemplo.

Desta forma, o livro objeto da presente análise ajuda os alunos a compreender as interações entre sociedade e natureza, explicando os processos de produção do espaço e dos territórios, utilizando adequadamente dos conceitos de paisagem, espaço, território, região e lugar para analisar e refletir sobre a realidade social e ambiental, bem como permite a discussão e a crítica, estimulando atitudes para o exercício da cidadania, se tratando de uma obra bastante completa.

Vale ressaltar que todos os recursos visuais, como fotografias, mapas, infográficos, tabelas, etc., estão em total sintonia com os conteúdos, proporcionando uma ótima visualização da matéria tratada nos capítulos.

 SUGESTÃO DE ATIVIDADE

 A disciplina Planejamento ambiental trata de  um conceito utilizado no contexto de diversas áreas do conhecimento e se refere a processos e mecanismos de sistematização de ações que visam atingir metas e objetivos de caráter ambiental. Suas definições, instrumentos e metodologias têm sido discutidos desde pelo menos a década de 1970 e até hoje se mantém em efervescência, sendo um dos temas mais atuais e cobrados por diversas bancas de concursos vestibulares.

Silva e Santos definem planejamento ambiental como "um processo contínuo que envolve coleta, organização e análise sistematizada das informações, por meio de procedimentos e métodos, para se chegar a decisões ou escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos disponíveis em função de suas potencialidades, e com a finalidade de atingir metas específicas no futuro, tanto em relação a recursos naturais quanto à sociedade." 

Conforme a melhor literatura especializada, a definição de Planejamento Ambiental parte do principio do planejamento da valoração e conservação do meio ambiente de um determinado território como base de auto-sustentação da vida e das interações que a mantém, ou seja, das relações ecossistêmicas.

Já Floriano define Planejamento ambiental como uma organização do trabalho de uma equipe para consecução de objetivos comuns, de forma que os impactos resultantes, que afetam negativamente o ambiente em que vivemos, sejam minimizados e que, os impactos positivos, sejam maximizados.

Assim, Planejamento Ambiental se situa naquelas disciplinas que tem seus primórdios na Educação Ambiental, presente, de forma transversal e interdisciplinar, em todo o currículo escolar, devendo ser abordada sempre e a todo momento, dai a pertinência em sua colocação como integrante da formação do educando, mais precisamente quando se trata de atividade voltada para o Ensino Médio, onde podemos apresentar questões um pouco mais elaboradas.

Desta forma, depois da aula convencional, explicando o conteúdo para alunos, a sugestão de atividade é bem simples. Estamos localizados na região do Médio Vale do Paraíba, no Sul Fluminense, bem próximo ao Parque Nacional de Itatiaia que está inserido em uma grande área chamada de corredor ecológico. Observando mapas e realizando pesquisas na internet, solicitar aos alunos que realizem um trabalho explicando porque essa área recebe essa denominação.

O interessante é que para complementar a pesquisa, fosse realizado um trabalho de campo, para visualização, in loco, do que são corredores ecológicos.

 CONCLUSÃO

 Desta forma, com o intuito de dar a devida importância e valorização ao livro didático, a analise ora realizada pode constatar que, mesmo sem estar inserido no Programa Nacional do Livro Didático, a obra Conexões, editada em 2008, está perfeitamente dentro dos padrões de aceitação impostos pelo Ministério da Educação e Cultura.

Necessário que todo conteúdo inserido no livro didático tenha legitimidade e seus significados sejam corretos, de forma que não seja permitida a construção ou fixação de conceitos errôneos, e, no caso, a obra está muito bem embasada e de acordo com os temas apresentados, sendo um excelente instrumento de ensino - aprendizagem, se constituindo numa ótima ferramenta de auxilio dos professores.

A avaliação dos livros didáticos é muito importante, principalmente daqueles que fazem parte do PNLD-2014,  uma vez que grande parte da população brasileira freqüenta escolas da rede publica, daí a necessidade de se manter um nível de excelência do livro didático.

Existem diversos estudos sobre o livro didático, de todas as disciplinas e de todas as séries e anos, mas, acredito, esse é um tema que está longe de se esgotar, pois, enquanto nossa Educação estiver sendo tratada com tanta superficialidade, onde as divisões sociais, econômicas e políticas estiverem prevalecendo,  as tentativas de se padronizar o ensino vão continuar existindo, e o livro didático é um instrumento valioso para isso.

 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

 TERRA, L. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil. São Paulo: moderna, 2008.

 SILVA, J. d. S. V. d., & SANTOS, R. F. d.  Zoneamento para Planejamento Ambiental: Vantagens e Restrições de Métodos e Técnicas. Cadernos de Ciência e Tecnologia, 21(2), 221-263, 2004.

 http://www.culturaambientalnasescolas.com.br/institucional/site/educacao-ambiental

 http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao.html?tag=Planejamento+ambiental