UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE LINGUAGENS

DEPARTAMENTO DE LETRAS

CURSO DE LETRAS/ESPANHOL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PAULO MARCOS FERREIRA ANDRADE

 

 

 

 

 

LITERATURA PORTUGUESA I

 

ATIVIDADE I 2ª SEMANA

  

 

 

ANÁLISE LITERÁRIA

 

 

ANÁLISE DA MÚSICA

 “COM AÇÚCAR, COM AFETO” DE CHICO BUARQUE.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cuiabá, MT

2014

ANÁLISE DA MÚSICA

 “COM AÇÚCAR, COM AFETO” DE CHICO BUARQUE.

 

                O trovadorismo português continua presente nos dias atuais apesar de te sofrido e a condicionando aos fenômenos sociais de nossos pais. Muitos autores da cultura popular brasileira fizeram e fazem canções de amigo, dos quais podemos destacar Caetano Veloso e Chico Buarque.

A cantiga de amigo está caracterizada no trovadorismo, pelo fato do eu-lírico se tratar de um ser feminino com temas de amores aguçados. É o que se denomina cantiga de amigo lírico- amorosa que retratava essencialmente o amor de uma mulher por um homem. Embora a cantiga de amigo seja escrita por um autor do sexo masculino o eu-lírico será sempre feminino. Eu-lírico usa a cantiga para declarar o seus sentimentos mais profundos á pessoa amada. É uma forma  do autor de camuflar seus sentimentos pela mulher amada, uma vez que  que era conhecedor do drama feminino de não poder revelar seus sentimentos ou escrevê-los por em sua maioria eram analfabetas.

Em 1996 Chico Buarque grava a canção intitulada “Com açúcar, com afeto”, cuja temática trazia a figura de uma mulher totalmente submissa  dado aos cuidados domésticos e especialmente do marido, demonstrando sua devoção sem resistências. Todavia ela consegue manter exímias habilidades como fêmeas, como uma verdadeira Amélia que “mais domina que é dominada” por amar demais.

Com Açúcar, Com Afeto.

Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, vai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, existe um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.

No título da canção fica muita clara a comparativa do afeto desta devota e amorosa mulher com a doçura do açúcar. O que evidencia uma tênue silhueta de responsabilidade e de entendimentos ternos, pois mesmo deixada em angustia enquanto ele vai para os devaneios da vida, ela o espera com os braços abertos.

O trovadorismo buarquiano mostra uma mulher que atrai para si a sensação de controle mesmo que seja pela forte camada de afeto que debruça na relação.  A canção de Buarque  é uma trova de amigo na qual o eu lírico imprime na figura da mulher os sentimentos  tidos pelo poeta a cerca de sua próprias ações , como se num jogo de inversão de valores.

Observamos os versos que seguem e vemos o quanto Buarque  transforma uma mistura de musica e poesias na trova. O eu-lírico está marcado de sentimentos pessoais, afeiçoamento a uma pessoa que ama e ao mesmo tempo lhe provoca angustias e mesmo assim é uma mulher intrépida ao abrir - lhe os braços e beijar o retrato, debruçando-se na doçura de um afeto que lhe agrada mais o próprio coração.

 Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.

Penso que exatamente aí que se traduz o trovadorismo contemporâneo de Buarque, cuja poesia faz uso do eu feminino seja assumindo tal postura seja mostrando os amores inacessíveis, seja representando o drama da mulher. O certo é que ele consegue fazer em uma linguagem moderna um trovadorismo autentico.