ANÁLISE DA MÚSICA COM AÇÚCAR, COM AFETO DE CHICO BUARQUE.
Publicado em 31 de julho de 2014 por Paulo Marcos Ferreira Andrade
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE LINGUAGENS
DEPARTAMENTO DE LETRAS
CURSO DE LETRAS/ESPANHOL
PAULO MARCOS FERREIRA ANDRADE
LITERATURA PORTUGUESA I
ATIVIDADE I 2ª SEMANA
ANÁLISE LITERÁRIA
ANÁLISE DA MÚSICA
“COM AÇÚCAR, COM AFETO” DE CHICO BUARQUE.
Cuiabá, MT
2014
ANÁLISE DA MÚSICA
“COM AÇÚCAR, COM AFETO” DE CHICO BUARQUE.
O trovadorismo português continua presente nos dias atuais apesar de te sofrido e a condicionando aos fenômenos sociais de nossos pais. Muitos autores da cultura popular brasileira fizeram e fazem canções de amigo, dos quais podemos destacar Caetano Veloso e Chico Buarque.
A cantiga de amigo está caracterizada no trovadorismo, pelo fato do eu-lírico se tratar de um ser feminino com temas de amores aguçados. É o que se denomina cantiga de amigo lírico- amorosa que retratava essencialmente o amor de uma mulher por um homem. Embora a cantiga de amigo seja escrita por um autor do sexo masculino o eu-lírico será sempre feminino. Eu-lírico usa a cantiga para declarar o seus sentimentos mais profundos á pessoa amada. É uma forma do autor de camuflar seus sentimentos pela mulher amada, uma vez que que era conhecedor do drama feminino de não poder revelar seus sentimentos ou escrevê-los por em sua maioria eram analfabetas.
Em 1996 Chico Buarque grava a canção intitulada “Com açúcar, com afeto”, cuja temática trazia a figura de uma mulher totalmente submissa dado aos cuidados domésticos e especialmente do marido, demonstrando sua devoção sem resistências. Todavia ela consegue manter exímias habilidades como fêmeas, como uma verdadeira Amélia que “mais domina que é dominada” por amar demais.
Com Açúcar, Com Afeto.
Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, vai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, existe um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.
No título da canção fica muita clara a comparativa do afeto desta devota e amorosa mulher com a doçura do açúcar. O que evidencia uma tênue silhueta de responsabilidade e de entendimentos ternos, pois mesmo deixada em angustia enquanto ele vai para os devaneios da vida, ela o espera com os braços abertos.
O trovadorismo buarquiano mostra uma mulher que atrai para si a sensação de controle mesmo que seja pela forte camada de afeto que debruça na relação. A canção de Buarque é uma trova de amigo na qual o eu lírico imprime na figura da mulher os sentimentos tidos pelo poeta a cerca de sua próprias ações , como se num jogo de inversão de valores.
Observamos os versos que seguem e vemos o quanto Buarque transforma uma mistura de musica e poesias na trova. O eu-lírico está marcado de sentimentos pessoais, afeiçoamento a uma pessoa que ama e ao mesmo tempo lhe provoca angustias e mesmo assim é uma mulher intrépida ao abrir - lhe os braços e beijar o retrato, debruçando-se na doçura de um afeto que lhe agrada mais o próprio coração.
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.
Penso que exatamente aí que se traduz o trovadorismo contemporâneo de Buarque, cuja poesia faz uso do eu feminino seja assumindo tal postura seja mostrando os amores inacessíveis, seja representando o drama da mulher. O certo é que ele consegue fazer em uma linguagem moderna um trovadorismo autentico.