Análise da evolução ambiental
Publicado em 29 de outubro de 2013 por Deiglie de Souza
Começar do fim, assim poderiam ser definidas as atitudes do homem em relação ao seu próprio espaço vital, a sua própria casa. Depois de séculos de destruição a sociedade se atentou para seus erros, sem deixar de lado, é claro, seu notável ego e senso material, achando que o descartável é substituível, mas seria assim com o ambiente?
Fácil é apontar um culpado, uma época derradeira e fatal que tenha feito com que o mundo se tornasse o que é, que tenha moldado o pensamento das pessoas para que elas se tornassem verdadeiras máquinas de poluir, de destruir e de minar os próprios recursos. Mas comecemos do zero, há sem dúvida alguns fatores importantes e históricos que influenciaram a situação atual. O pensamento arcaico e simples dos antigos agricultores familiares, que plantavam para sobreviver, não resistiu a explosão das "grandes" tecnologias da revolução industrial, as cidades se tornaram o celeiro do mundo, se tinha tudo que o dinheiro podia comprar e o trabalho quase escravo podia produzir, fumaça, carros, êxodo rural massificado, rios viraram esgotos a céu aberto, os anos passavam e o consumo desenfreado media quem era quem na sociedade que pregava a boa vida através das posses. O que se tinha na Inglaterra industrial fez o mundo como ele é hoje, as cidades foram crescendo, o campo diminuindo, a poluição tomando conta do céu e das águas, o novo mundo era cinza e tóxico.
A partir de 1950 o pós guerra deu um choque nas sociedades mais desenvolvidas, mostrando que o ciclo de consumo exigia uma avaliação mais profunda do que apenas usar e descartar, ficou nítido a todos que algo deveria ser feito e começaram a surgir os movimentos ambientalistas, buscando, mesmo que ainda de uma forma amadora, alternativas para uma otimização do ambiente e das fontes naturais. A partir da publicação do relatório "Limites do Crescimento", que por fórmulas matemáticas apresentava um derradeiro futuro para a humanidade, mostrando que o crescimento urbano desmedido e várias outras variáveis levariam a preocupantes margens de qualidade de vida, a ONU realiza a 1ª Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, o mundo da o primeiro sinal de reação.
Num esforço conjunto das nações para diminuir a poluição foram realizadas inúmeras conferências, planos e projetos a longo prazo que estão sendo cumpridos e avaliados constantemente, a aliança dos países em torno da causa ambiental é algo que vai além da globalização, são atos de sobrevivência, mesmo
que ainda pequenos ante o tamanho e a velocidade dos problemas. Vale destacar a continuidade e compromisso nas ações conjuntas, tal como a Rio 92, que uniu as nações para elaboração de documentos e cartas para fixação de metas e passos a serem seguidos ao longo dos anos seguintes, e recentemente tivemos a Rio +20 que é 2ª reunião oriunda da Rio 92, onde foram renovados os votos de compromisso feitos em reuniões anteriores, atualizando a situação ambiental do mundo, estabelecendo novas diretrizes e caminhos a seguir, além de fazer alianças com o setor privado e mostrar a sociedade que o problema é de todos e não só dos governantes ou dos países mais poluentes.
Com o mundo ficando "verde" foram criadas e desenvolvidas várias teorias e novos modos de se pensar e viver, mas uma questão sempre vem a tona, como desenvolver uma nação, um povo, sem destruir o meio ambiente? Como potencializar os ganhos e minimizar o desgaste e as perdas não só no processo produtivo, mas as perdas ambientais? Esse é o desafio dos dias de hoje, o desenvolvimento sustentável tem sido tema recorrente nas organizações e nas discussões entre empresários e gestores ambientais, desenvolver, ganhar e não destruir.
Várias empresas tem se destacado nesse segmento e o mercado tem dado o devido valor, as organizações sócio responsáveis empregam em seus métodos de produção e nos seus serviços técnicas de não poluição ao ambiente, veja alguns exemplos dos parceiros da Rio+20 e suas propostas e técnicas de mudança. Temos a Eletrobras, que tem como visão definida de ser o maior sistema de geração de energia limpa do mundo em 2020, hoje 90% do seu parque produz energia sustentável, proveniente da captação de energia solar (Complexo Solar de Florianópolis), eólica (Complexo Eólico de Cerro Chato) e a hídrica (Belo Monte, Pará; Complexo do Rio Madeira, Rondônia; Teles Pires, Mato Grosso e Pará). A Petrobrás tem por sua vez uma das políticas mais transparentes do mundo de sustentabilidade, por exemplo com os projetos de Biocombustíveis e o uso de energia limpa e renovável nos processos de produções de seus produtos e serviços, prova disso é a ótima colocação da empresa no Índice Dow Jones de Sustentabilidade, mais importante índice mundial no tema. O SEBRAE há quase uma década adotou como missão de "promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo", como foco atual em eficiência energética e gestão de resíduos, além da promoção da inclusão produtiva. A Vale tem por objetivo se utilizar de seus lucros em mineração para propiciar a produção de riquezas locais, regionais e globais, e deixar um legado positivo ao longo do ciclo de vida dos empreendimentos, e apoiar e melhorar o desenvolvimento das comunidades locais, realizando ações empresarias voluntárias, em parceria com a sociedade civil, governos e ONGs, ambos voltados a sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, começando com o bioma da Amazônia.
De fato, desenvolvimento sustentável é um assunto com bons argumentos e para muita discussão, apresentar soluções é redundância, precisamos começar a fazer,que seja reutilizando água de chuva, ou qualificando mão de obra de lugares carentes com foco sustentável, é preciso agir no mesmo passo que destruímos durante séculos e séculos, é louvável toda e qualquer atitude de mudança, afinal o planeta resiste bravamente a destruição de cada pedaço de vida que ainda sobrou, mas até quando? É necessário que se aplique educação ambiental nas escolas, nos centros de formação de novos profissionais, que se divulgue as cartas e agendas de compromissos firmados internacionalmente e que se penalize as organizações poluentes, o sistema Pigouviano é altamente aplicável na realidade de hoje, ao se monetizar a poluição, a empresa sentirá no bolso, não uma multa ou taxa por desacato, mas que faça parte do custo de produção, assim poderemos começar a pensar de uma forma moderna, afinal o ganho é de interesse global, a boa imagem tão importante quanto o produto, então por que não aliar com a sustentabilidade?
"O nível da poluição ambiental no planeta é igualada a burrice dos homens". ¹
¹Edy Gahr