Começar do fim, assim poderiam ser definidas as atitudes do homem em relação ao seu próprio espaço vital, a sua própria casa. Depois de séculos de destruição a sociedade se atentou para seus erros, sem deixar de lado, é claro, seu notável ego e senso material, achando que o descartável é substituível, mas seria assim com o ambiente?

Fácil é apontar um culpado, uma época derradeira e fatal que tenha feito com que o mundo se tornasse o que é, que tenha moldado o pensamento das pessoas para que elas se tornassem verdadeiras máquinas de poluir, de destruir e de minar os próprios recursos. Mas comecemos do zero, há sem dúvida alguns fatores importantes e históricos que influenciaram a situação atual. O pensamento arcaico e simples dos antigos agricultores familiares, que plantavam para sobreviver, não resistiu a explosão das "grandes" tecnologias da revolução industrial, as cidades se tornaram o celeiro do mundo, se tinha tudo que o dinheiro podia comprar e o trabalho quase escravo podia produzir, fumaça, carros, êxodo rural massificado, rios viraram esgotos a céu aberto, os anos passavam e o consumo desenfreado media quem era quem na sociedade que pregava a boa vida através das posses. O que se tinha na Inglaterra industrial fez o mundo como ele é hoje, as cidades foram crescendo, o campo diminuindo, a poluição tomando conta do céu e das águas, o novo mundo era cinza e tóxico.

A partir de 1950 o pós guerra deu um choque nas sociedades mais desenvolvidas, mostrando que o ciclo de consumo exigia uma avaliação mais profunda do que apenas usar e descartar, ficou nítido a todos que algo deveria ser feito e começaram a surgir os movimentos ambientalistas, buscando, mesmo que ainda de uma forma amadora, alternativas para uma otimização do ambiente e das fontes naturais. A partir da publicação do relatório "Limites do Crescimento", que por fórmulas matemáticas apresentava um derradeiro futuro para a humanidade, mostrando que o crescimento urbano desmedido e várias outras variáveis levariam a preocupantes margens de qualidade de vida, a ONU realiza a 1ª Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente, o mundo da o primeiro sinal de reação.

Num esforço conjunto das nações para diminuir a poluição foram realizadas inúmeras conferências, planos e projetos a longo prazo que estão sendo cumpridos e avaliados constantemente, a aliança dos países em torno da causa ambiental é algo que vai além da globalização, são atos de sobrevivência, mesmo

que ainda pequenos ante o tamanho e a velocidade dos problemas. Vale destacar a continuidade e compromisso nas ações conjuntas, tal como a Rio 92, que uniu as nações para elaboração de documentos e cartas para fixação de metas e passos a serem seguidos ao longo dos anos seguintes, e recentemente tivemos a Rio +20 que é 2ª reunião oriunda da Rio 92, onde foram renovados os votos de compromisso feitos em reuniões anteriores, atualizando a situação ambiental do mundo, estabelecendo novas diretrizes e caminhos a seguir, além de fazer alianças com o setor privado e mostrar a sociedade que o problema é de todos e não só dos governantes ou dos países mais poluentes.

Com o mundo ficando "verde" foram criadas e desenvolvidas várias teorias e novos modos de se pensar e viver, mas uma questão sempre vem a tona, como desenvolver uma nação, um povo, sem destruir o meio ambiente? Como potencializar os ganhos e minimizar o desgaste e as perdas não só no processo produtivo, mas as perdas ambientais? Esse é o desafio dos dias de hoje, o desenvolvimento sustentável tem sido tema recorrente nas organizações e nas discussões entre empresários e gestores ambientais, desenvolver, ganhar e não destruir.

Várias empresas tem se destacado nesse segmento e o mercado tem dado o devido valor, as organizações sócio responsáveis empregam em seus métodos de produção e nos seus serviços técnicas de não poluição ao ambiente, veja alguns exemplos dos parceiros da Rio+20 e suas propostas e técnicas de mudança. Temos a Eletrobras, que tem como visão definida de ser o maior sistema de geração de energia limpa do mundo em 2020, hoje 90% do seu parque produz energia sustentável, proveniente da captação de energia solar (Complexo Solar de Florianópolis), eólica (Complexo Eólico de Cerro Chato) e a hídrica (Belo Monte, Pará; Complexo do Rio Madeira, Rondônia; Teles Pires, Mato Grosso e Pará). A Petrobrás tem por sua vez uma das políticas mais transparentes do mundo de sustentabilidade, por exemplo com os projetos de Biocombustíveis e o uso de energia limpa e renovável nos processos de produções de seus produtos e serviços, prova disso é a ótima colocação da empresa no Índice Dow Jones de Sustentabilidade, mais importante índice mundial no tema. O SEBRAE há quase uma década adotou como missão de "promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo", como foco atual em eficiência energética e gestão de resíduos, além da promoção da inclusão produtiva. A Vale tem por objetivo se utilizar de seus lucros em mineração para propiciar a produção de riquezas locais, regionais e globais, e deixar um legado positivo ao longo do ciclo de vida dos empreendimentos, e apoiar e melhorar o desenvolvimento das comunidades locais, realizando ações empresarias voluntárias, em parceria com a sociedade civil, governos e ONGs, ambos voltados a sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, começando com o bioma da Amazônia.

De fato, desenvolvimento sustentável é um assunto com bons argumentos e para muita discussão, apresentar soluções é redundância, precisamos começar a fazer,que seja reutilizando água de chuva, ou qualificando mão de obra de lugares carentes com foco sustentável, é preciso agir no mesmo passo que destruímos durante séculos e séculos, é louvável toda e qualquer atitude de mudança, afinal o planeta resiste bravamente a destruição de cada pedaço de vida que ainda sobrou, mas até quando? É necessário que se aplique educação ambiental nas escolas, nos centros de formação de novos profissionais, que se divulgue as cartas e agendas de compromissos firmados internacionalmente e que se penalize as organizações poluentes, o sistema Pigouviano é altamente aplicável na realidade de hoje, ao se monetizar a poluição, a empresa sentirá no bolso, não uma multa ou taxa por desacato, mas que faça parte do custo de produção, assim poderemos começar a pensar de uma forma moderna, afinal o ganho é de interesse global, a boa imagem tão importante quanto o produto, então por que não aliar com a sustentabilidade?

"O nível da poluição ambiental no planeta é igualada a burrice dos homens". ¹

    

 

¹Edy Gahr