Introdução

Após o surgimento da Medicina Integral em meados do século XX a luta por melhores condições de vida através das discussões levantadas em prol da viabilização e promoção da saúde, novas propostas foram incorporadas a diferentes movimentos como a Medicina Preventiva, a Medicina Comunitária e a Medicina Familiar. Nos anos 90 o modelo de Promoção da Saúde, originado do Canadá passou a ser difundido internacionalmente, fundamentando e estruturando as práticas de prevenção a saúde.  No Brasil as opiniões quanto a promoção da saúde foram inseridas e sustentadas através das discussões a respeito da Reforma Sanitária, tornando-se destaque na 8ª Conferência Nacional de Saúde o qual seus objetivos assemelhavam-se aqueles sugeridos na 1ª Conferência Global, no Canadá (ambas realizadas em 1986). A Política Nacional de Promoção da Saúde brasileira sugere intervenções tais como : o modo como as pessoas vivem ( alimentação, redução de riscos e danos, lazer, atividade física e outros); relações e condições de trabalho (melhorias dos ambientes de trabalho, redução de acidentes e das doenças ocupacionais e os serviços de saúde de forma humanizada) e ambientais ( redução da mortalidade e mobilidade por causas extras, violência, qualidade da água, saneamento e saúde nas escolas). Há uma correlação entre as práticas de promoção da saúde e condições de trabalho que busca por melhores condições de vida exercendo o direito a cidadania. Desde a sua criação a estratégia de promoção da saúde tem lutado por melhorias enquanto a problemas pertinentes como a ausência  de segurança; a falta de alimentação e moradia; ao alto índice de desemprego; o combate do uso de drogas lícitas e ilícitas; a desestruturação urbana entre outros.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desta atividade foi utilizada a observação exploratória e a abordagem reflexiva analítica, enfatizando a concepção da família a respeito do processo Saúde – Doençaatravés da articulação do material didático da disciplina Família, Saúde e Doença e as discussões na sala de aula , tomando como base metodológica, o levantamento de dados por meio de entrevistas participativas com atores sociais (comunidade ) ,percepção territorial e referências bibliográficas.

 CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

As preocupações quanto à saúde e a doença sempre foram presentes no cotidiano do ser humano. Durante o seu processo histórico os inúmeros modelos de explicação do processo de saúde e doença, foram vinculados aos diferentes processos de produção e reprodução humana. O conceito de preservação da saúde acompanha o homem ao longo da história, no entanto, a doença sempre esteve presente desde a origem da humanidade. Acervos históricos relatam que as diversas doenças afligem a humanidade há pelos menos três mil anos. Em meados do século V a.C. um grupo de estudiosos gregos partiram para a observação da relação do homem com o meio em que estava inserido e os elementos que contribuíam para a saúde ou para a doença; deixando de lado componentes mágicos e religiosos como causadores de doenças e seus agravos. A revolução medicinal deve-se aos médicos hipocráticos, seguidores de Hipócrates. Que até hoje são utilizados em ações assistências, os vários procedimentos que a medicina grega introduziu nas práticas clínicas.

As diversas linhas de estudos e intervenções práticas de saúde buscam resgatar o uso dos procedimentos terapêuticos correlacionados com a visão subjetiva, presentes nos ideários positivistas e mecanicistas. No entanto, com o desenvolvimento da sociedade os problemas de saúde aumentaram significativamente e de maneira progressista com o aparecimento de novas formas de encarar as mazelas.

O conceito de saúde reflete na conjuntura econômica, cultural e social de um determinado local e período, o seu reconhecimento requer o entendimento dadefinição de suas práticas influenciadas por meio do nível do esclarecimento da sociedade.

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA NA ATUALIDADE

Considerando a saúde-doença como um processo de equilíbrio-desequilíbrio das pessoas no meio em que está inserida, sua maneira de viver, de se relacionar, o modo como desenvolvem seu trabalho e os vários fatores que contribuem para a doença estão inter-relacionados em: biológico, ecológico e comportamental de cada indivíduo ou grupo a quem pertence. A forma como reage a um desequilíbrio ou agravo de qualquer natureza pode determinar o aparecimento de riscos e doenças.

A dinâmica da família, os papéis que cada um assume estabelecem um equilíbrio no relacionamento entre seus membros, cabe á equipe está atenta, pois em situações de desequilíbrio pode-se fazer necessária a inversão dos papéis, ou ainda, sendo a própria inversão a causa do desequilíbrio, apontando muitas vezes sinais e sintomas de doenças. A realização da avaliação elaborada pela equipe de saúde não deve levar a juízo os valores ou julgamentos de situações determinadas como boas ou ruins, entretanto a mesma deve analisar as entrevistas realizadas com a família de que forma as diferentes situações interfere em suas vidas causando desconforto. Ouvir a família é uma importante referência para entender o processo saúde-doença, bem como conhecer seu estilo de vida que inclui decisões a serem tomadas pelo indivíduo, onde o mesmo possui maior ou menor controle da sua própria saúde.

Numa dimensão social e psicológica a saúde ambiental contém os principais fatores que envolvem a modificação de comportamentos, problemas de percepção e de relacionamento. Por outro lado, o modelo de assistência á saúde, o acesso ao serviço e a resolutividade, associado ao trabalho de equipe que estimule o auto-cuidado e a repensar o estilo de vida dos indivíduos e suas famílias, contribuem para que as pessoas se sintam responsáveis na busca ativa para a solução dos seus próprios problemas, dessa forma ele se sente capaz de se auto-ajudar, reconhecendo-se como parte ativa no pronto restabelecimento de sua saúde, alémde favorecer a sua adesão a medidas preventivas que evitem uma nova situação de adoecimento.

Conduzidas por meio das especificidades dos contextos territoriais do cotidiano da vida humana, as ações de saúde são definidas de modo que suas práticas adéqüem-se a atender as necessidades da mesma, garantindo uma maior resolutividade dos problemas de saúde coletiva em distintos locais habitados por seres humanos. Por meio da observação é notória as desigualdades sociais presentes no cenário territorial, ondeaspectos acentuados presentes nas circunstâncias das vidas das pessoas tais como: o nível econômico; a não inserção dos processos produtivos; a falta de infra-estruturas como : saneamento básico, rede de transporte, prestação de serviços de saúde ; a ausência de segurança pública ;entre outros, influenciam significativamente no processo saúde-doença.

CONSIDERAÇÃO FINAL

Refletindo a respeito da prática de prevenção e promoção a saúde é notado que a doença é resultado da situação em que o indivíduo está inserido e os diferentes contextos sociais em decorrência das distintas circunstâncias históricas, sociais e ambientais favorecendo condições especificas para a produção de doenças. As condições do modo de vida de um determinado local influenciam de forma direta ou indireta as pessoas, levando em conta a forma como elas estão inseridas no lugar, os aspectos econômicos, social, político e cultural.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FONSECA, Angélica Ferreira (Org.) O território e o processo saúde-doença. / Organizado por Angélica Ferreira Fonseca e Ana Maria D'Andrea Corbo. – Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007.

OLIVEIRA, M.A.C.; EGRY, E.Y. A historicidade das teorias interpretativas do processo saúde-doença. Rev.Esc.Enf.USP, v. 34, n. 1, p. 9-15, mar. 2000.

SILVA, J. L. L. O processo saúde-doença e importância para a promoção da saúde. Disponível em: <http://www.uff.br/promocaodasaude/informe>.

TEXEIRA, Carmen Fontes Teixeira. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (Org.). SUS e a Vigilância em Saúde. Rio de Janeiro: FIO CRUZ/EPSJV/PROFORMAR, 2004.