ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE LIVROS DIDÁTICOS

Alunos: Carlos Eduardo; Everaldo Rufino da Silva; Hiran Quintanilha; Rosana Rangel.

RESUMO

Partiremos da análise de três livros didáticos de ensino fundamental e médio no Brasil, buscando comparar como os autores tratam do tema Feudalismo.

PALAVRAS-CHAVES: Feudalismo ? Estrutura - Conjuntura

INTRODUÇÃO

A presente Análise comparativa é parte integrante da 2ª avaliação, do 2º período, do Curso de Licenciatura em História, pelo Centro Universitário Moacir Sreder Bastos, como TED - Trabalhos e Estudos Discente, proposto pelo Profº Jefferson Machado, da disciplina de História Medieval do Ocidente, e tem o objetivo de realizar uma análise comparativa entre três livros didáticos, escolhidos aleatoriamente, objetivando observar como o tema Idade Média é abordado no ensino médio e fundamental. Para tal, a fim de direcionar melhor o tema, iremos trabalhar o assunto "Sistema Feudal". Com isso, buscamos compreender de que forma o tema é apresentado aos alunos daquele ciclo didático, qual o espaço destinado ao assunto, de que forma este período da história da humanidade é tratado nas escolas, assim como, a quais os aspectos que se dá maior importância.
Foram selecionadas duas obras destinadas ao ensino médio, são elas: Toda a História ? História Geral e História do Brasil e História ? volume único. Uma para o segundo segmento do ensino fundamental, História-Consciência do Mundo vol. 1, cujas análises e conclusões serão apresentadas a seguir.

Toda a História ? História Geral e História do Brasil

A supracitada obra, publicada pela Editora Ática, é destinada ao ensino médio, tem como autores José Jobson de Andrade Arruda, Graduado em História e Professor da USP, Doutor em História da Economia, pela USP, Nelson Piletti, graduado em Filosofia, Pedagogia e Jornalismo, Professor e Doutor em História da Educação Brasileira pela USP. Foi utilizadaa 7ª edição, impressa em 1997, e destina-se ao estudo da História Antiga à Contemporânea. O volume foi revisado por Maria Tereza Galluzi e a pesquisa iconográfica foi feita por Maria Alice Bragança.
A UD IV, do cap. 26 ao cap. 42, será encarregada de tratar o tema ? "A Sociedade Medieval" e para tal, são utilizadas 38 páginas de um total de 408 páginas, aproximadamente 9,3% de todo livro, para abranger desde "A Alta Idade Média: o Império Bizantino" (cap. 26) aos "Povos pré-colombianos: índios brasileiros" (cap. 42).
A abordagem que pretendemos fazer estará contida no cap. 31- "O Sistema Feudal", que se inicia com uma exposição sobre o significado de idade média, através do termo retirado do latim: "médium aevum", que significa Idade Média. Esse período seria uma transição, que preparou os fundamentos do mundo antigo para o mundo moderno. Cria uma relação de igualdade entre a idade média e o sistema feudal, ao afirmar que ambos foram fenômenos da Europa Ocidental; que os Impérios Árabe, Bizantino e Persa e demais povos orientais não conheceram tal forma de organização de vida. Atribui o regime de servidão as relações sociais e econômicas do sistema, onde, devido à baixa produtividade, toda produção seria destinada ao consumo, não havendo troca e tampouco comércio. Uma sociedade sem mobilidade, onde o poder político estava centrado no senhor feudal e descentralizado em relação ao Rei.

Estrutura e conjuntura (pag. 97)

A instalação do sistema feudal teria sido uma união de fatores estruturais e conjunturais advindas do mundo germânico aliado à crise do mundo romano, a partir do sec. II, tais como: da crise romana, a unidade de produção rural quase insuficiente; decomposição do escravismo, dando origem a colonos e clientes, que trabalhavam a terra como meeiros ou em troca de serviços prestados ao senhor; crise do poder político; os germanos produziam para consumo, trocas, quando haviam, eram feitas com produtos, não com dinheiro; sociedade dividida em guerreiros, homens livres e escravos; sistema político baseado no individualismo das tribos, sem estado; o comitatus, bando armado para guerrear, passou elementos ao sistema feudal, como as relações de reciprocidade entre comandantes e comandados e a necessidade de lugares fortificados para sobreviver devido aos constantes ataques de povos "bárbaros" oriundos das mais diversas regiões do mundo, tornando a vida totalmente insegura.
Como funcionava o sistema (pag. 97-98)
As relações de propriedade eram três: Posse coletiva, dos bosques e pastos, onde os servos colhiam frutos, cortavam madeira e os senhores caçavam; Reserva ou Manso Senhorial, somente metade da terra era cultivada, uma propriedade privada; Manso servil ou Tenência, uma copropriedade, onde o servo usava a terra, mas o dono era o senhor. As relações de trabalho eram de: Corvéia, trabalho forçado de servos nas terras senhoriais, em geral três dias por semana; Redevances, retribuições pagas em produto ou dinheiro; Prestações, espécie de hospitalidade forçada aos barões em viagem. Não havia técnica para desenvolvimento da produção e, tampouco, interesse dos produtores em ampliá-la, levando-se em conta que o senhor feudal levaria parte dessa produção.
As condições sociais básicas se estabeleciam na relação Senhor e Servo. O senhor possuía a terra e o servo e detinha o poder militar, político e judiciário, o servo detinha a posse útil da terra, devia obrigações ao senhor e contava com sua proteção. Havia ainda, os vilões, homens livres, os quais possuíam menor obrigação com o senhor, e os ministeriais, que eram, basicamente, os artífices, criados, feitores, estafetas.
O sistema de relações sociais (pag. 98)
Tratava-se de uma época difícil de condições rudimentares, sem conforto, no palácio havia fartura de alimentação, porém pouco variada; não haviam móveis ou tapeçaria; a diversão favorita dos senhores era a caça; os servos vivam em condições insalubres, em casas de chão batido, teto de palha, com aposentos sem divisões; cozinhavam em fogões de pedra sendo que alguns cozinhavam em tachos de cobre e dormiam em colchões de plumas, que era dividido por toda família; confeccionavam a própria roupa, com linho, lã e couro; divertiam-se com lutas, nas rinhas de galo, tourada, levantamento de peso etc.; eram analfabetos e as precárias condições de higiene traziam as pestes e as doenças, o flagelo da idade média.

Instituições políticas (pag. 98)

As relações políticas eram estabelecidas entre os grandes proprietários e seus dependentes, os que davam proteção (patrocínio) e os que a recebiam (clientes). Tal forma de relação econômica e política foi ganhando autonomia quase completa, reforçadas pela concessão das imunidades, isenção fiscal, judiciária etc. Tais relações eram reforçadas pelo compromisso do juramento de fidelidade, que eram consagrados entre o senhor feudal e outros vários senhores. O juramento era realizado sobre a Bíblia e na presença de relíquias sagradas, onde um senhor se tornava vassalo do outro, que lhe concedia o benefício e se tornava suserano. O compromisso era selado com um beijo entre os senhores. O vassalo deveria prestar serviço militar ao senhor, hospedá-lo etc. Em troca receberia concessões, um domínio, ou cargo, ou direito, como por exemplo, a cobrança de pedágio sobre o trânsito de uma ponte.
Instituições religiosas (pag. 98-99)
De acordo com a igreja, o homem tinha uma missão espiritual em busca da salvação, sendo ela, a responsável por ajudá-lo nesse mister. Para tal combatia a usura com a condenação ao inferno. Para a igreja o lucro do comerciante devia se limitar ao correspondente a sua função social de intermediário. Os cristãos deveriam distribuir suas sobras sem lucrar, assim como os mosteiros faziam em épocas de calamidade. Empréstimo de dinheiro a juros era condenável e chegou a ser proibido, primeiro aos membros do clero, e posteriormente para os leigos. Segundo os autores, como a produção se destinava ao consumo, tais medidas objetivavam impedir que, ocasionalmente, comerciantes inescrupulosos abusassem do lucro no comercio do excedente produzido. Tal ameaça da igreja não assustava aos judeus, a quem os senhores feudais recorriam quando precisavam de empréstimos financeiros.
O capítulo se encerra com 08 (oito) questões propostas ao aluno, a fim de avaliar sua compreensão do texto.
História e consciência do mundo ? Da Pré-História à Idade Média (vol. 1)
A referenciada obra, publicada pela Editora Saraiva, é destinada ao 2º segmento do Ensino Fundamental, tem como autor o Professor Gilberto Cotrim, graduado em História pela USP, Mestre em Educação e História da Cultura pela Universidade Mackenzie, graduado em Filosofia pela PUC ? SP e Advogado inscrito na OAB-SP. Utilizamos a 11ª edição, impressa em 1997, que destina-se ao estudo desde a Pré- História até a Idade Média. A supervisão da revisão esteve a cargo de Fernanda Almeida Umile e a colaboração de Ana M. Cortazzo Silva, Cecília B. Alves Teixeira, Mônica Rodrigues de Lima e Rosemeire Carbonari. A pesquisa iconográfica foi realizada por Cândido Domingues Granjeiro.
O conteúdo sobre Idade Média está distribuído em um total de 60 páginas, que vai desde o cap. 14 ao cap. 21, divididos da página 128 a página188, o que corresponde a aproximadamente 31% do total do volume e abrange desde a Civilização Bizantina a Cultura na Idade Média. No entanto, a fim de dar seguimento a nossa proposta de uma análise comparativa, iremos restringir nossa abordagem ao cap. 18 ? Sistema Feudal.

Feudalismo (pag. 163)

No referido capítulo, o autor apresenta os motivos que levaram a Europa ocidental a formar uma nova organização social. Influências de elementos do mundo germânico e romano, por ocasião das invasões bárbaras e a decadência do Império Romano, forçaram uma nova ordem social. Elementos do mundo romano, como o colonato, sistema de trabalho servil, onde plebeus pobres e escravos passaram a condição de colonos nas grandes propriedades rurais, que lhes oferecia a terra para trabalho sob a condição de receber proteção e pagar com a maior parte da produção. A fragmentação do poder político que passou para as mãos dos grandes proprietários de terras, que fortaleceram seus poderes locais. Do mundo germano, teriam sido a economia agropastoril, cultivo de subsistência e comunitária, sem características comerciais, o comutatus, que estabeleciam laços de fidelidade entre o chefe militar e seus guerreiros e o beneficium, onde o chefe militar distribuía terras aos seus guerreiros em troca de trabalho e apoio militar. Apesar do sistema não ser hegemônico em toda Europa Ocidental, haviam semelhanças em sua composição.

Política (164)

Nesse período o poder político se concentrava nos grandes proprietários de terras, e seus feudos possuíam independência política, administrativa e judicial. O senhor feudal detinha o poder, sobre tudo e todos e a autoridade do rei ficou esvaziada. Estabeleceu-se no período a relação de suserania e vassalagem. O senhor feudal, o suserano, distribuía terras entre seus protegidos, os vassalos, que recebiam proteção militar e jurídica, ficando sujeito à suas ordens e intervenções, como consentir seu casamento. Em troca deveria lhe prestar serviços, apoio militar etc. Uma das principais instituições militares da ocasião era a cavalaria. O jovem recebia um longo treinamento para se tornar um cavaleiro, a fim de desenvolver a obediência e lealdade ao suserano, honra entre os parceiros da cavalaria e cortesia em relação às damas. A partir dos sete anos era levado ao palácio de outro nobre onde serviria de pajem para as damas, aprendendo regras de cortesia e boas maneiras. Aos quinze anos tornava-se escudeiro e poderia acompanhar o nobre e executar pequenas tarefas, tais como cuidar da manutenção das armas. Entretanto somente aos vinte e um anos, após ritual religioso e juramento, recebia as armas do suserano sendo empossado cavaleiro. A igreja decretou no sec. XI, a Trégua de Deus, estabelecendo períodos de trégua entre os nobres cavaleiros, na tentativa de civilizá-lo e minimizar sua brutalidade. As guerras entre esses nobres eram constates e contavam com raptos de damas, roubos nas estradas etc. Segundo o autor, eram "autênticos bandidos montados em cavalos.
".
Sociedade (166)

A sociedade medieval se dividia entre nobreza, clero e servos. Os nobres eram os grandes proprietários de terra e dedicavam-se basicamente as atividades militares. Praticavam a caça e participavam de violentos torneios esportivos, os quais serviam de treinamentos para as guerras. O Clero, que se dividia em alto e baixo clero, possuía propriedades agrárias, que eram administradas pelo alto clero, que era composto pelos bispos, cardeais e abades. Tinham grande influência na ideologia e na política, quer dizer, na formação das mentalidades e opiniões. Os servos representavam a maioria da população camponesa e realizavam todos os trabalhos necessários a subsistência material da sociedade, desde a produção de alimentos à produção de roupas. Ainda, de acordo com o autor, havia uma pequena quantidade de escravos e uma população urbana que era formada por pequenos mercadores e artesãos que se dedicavam ao comercio, porém não precisam se eram estrangeiros. A vida na Europa Medieval, tanto para a nobreza como para servos, não era das mais agradáveis. Os castelos, em princípio construídos de madeira, não eram nada confortáveis, somente no final do sec. XI passaram a ser construídos com pedras, ainda assim permaneciam sem conforto, as paredes eram úmidas e frias, alguns com os pisos cobertos por esteiras de junco ou palha. Somente mais tarde foi introduzido o uso de tapeçaria para cobrir as paredes. Apesar de a alimentação ser abundante, não eram apetitosas, limitando-se a carne e peixe, queijo e algumas frutas, como pera e maçã, mesmo após ser introduzido na dieta da época, o açúcar se tornará tão caro que poucos poderão comprá-lo. A expectativa de vida dos nobres era de 44 anos, mesmo para os nobres mais ricos. As maneiras dos nobres estavam longe de serem refinadas, consumiam grande quantidade de cerveja e vinho, utilizavam o próprio punhal para cortar os alimentos, jogavam os restos e ossos no chão para os cães. A mulher era tratada com menosprezo e brutalidade. O mundo medieval era dos homens. Somente no sec. XII e XIII, com o desenvolvimento da cavalaria, o comportamento dos nobres se tornará mais refinado. A vida dos servos não era nada fácil, nas estações de plantio e colheita trabalhavam do nascer ao por do sol. Morava em cabanas de estuque, de chão batido sempre umedecido pela chuva ou pela neve, telhado de palha. Não possuía mobília, sua cama era uma caixa de madeira coberta de palha e sua cadeira era um banco de três pés (mocho) sem encosto. Sua alimentação era escassa e grosseira, constituída de pão preto ou misto, carne peixe salgado e algumas verduras e queijo, já que não podia desfrutar daquilo que produzia. Os servos, constantemente passavam fome e sofriam com as constantes epidemias. Eram analfabetos e sofriam discriminação tanto por parte dos nobres como pelos habitantes da cidade, que os chamavam de velhacos, estúpidos, feios, vesgos, mesquinhos, que haviam nascido do esterco de burro e que o diabo não os queria no inferno porque cheiravam mal. Detinham a posse servil das terras, que mesmo quando eram vendidas, preservavam o direito de produção sobre elas, os senhores tinham a obrigação de cuidar deles, até o final do dias, quando estivessem velhos ou doentes e impossibilitados de trabalhar. Não tinham obrigações militares com seus senhores.

Economia (168)

Na sociedade feudal, houve predomínio da produção de subsistência e as relações sociais eram de servidão. O feudo produzia todo o alimento para que seus habitantes pudessem subsistir, desde agricultura (cevada, trigo, centeio, ervilha etc.), até a pecuária (carneiros, cavalos, bois etc.), raros eram os produtos importados de outras regiões, entre eles estavam os metais, para confecção de ferramentas e o sal. As terras do feudo podiam ser dividias em três grandes áreas: Campos abertos, que eram as terras de uso comum, onde os servos podiam soltar animais e recolher madeira, e correspondiam aos bosques e pastos; reserva senhorial, que eram exclusivas de uso do senhor feudal, onde tudo que nele fosse produzido era de sua propriedade; manso servil ou tenência, que eram utilizadas pelos servos para seu sustento e o cumprimento das obrigações com o senhor feudal.
Apesar de existir a escravidão, a principal relação de trabalho era a servidão. O servo era um homem livre, não era propriedade do senhor, apenas se utilizava de sua terra para produzir seu próprio sustento e do senhor feudal. Tal regime impunha ao servo inúmeras obrigações para com o senhor, dentre elas, a corveia, que o obrigava a trabalhar para o senhor, gratuitamente, alguns dias da semana, nas mais diversas atividades. Existiam, ainda, outras obrigações ou retribuições servis, denominadas capitação, que era o imposto pago pelos servos; talha, que era a obrigação de entregar parte de produção agrícola ao senhor feudal; banalidade pagamento feito pela utilização de equipamentos e instalações do feudo, tais como celeiro, fornos etc. O servo ainda tinha como obrigação, hospedar o senhor feudal e alimentá-lo em suas viagens por seu território.
As condições de saúde do povo eram precárias, haja vista o pouco conhecimento sobre medicina. A taxa de mortalidade infantil era elevada e muitas crianças morriam ao nascer ou nos primeiros anos de vida, por doenças ou fome, ou até mesmo, doenças causadas pela escassez de alimentos, como raquitismo. Devido ao costume de casamentos entre parentes diretos, comum nas aldeias, era comum nascerem crianças com problemas mentais ou físicos. Os recursos medicinais se limitavam a ervas e a magia. Existia a prática de cirurgias, de maneira rudimentar, desumana e sua maioria, fatal ao paciente.

História ? volume único

A supracitada obra, publicada pela Editora Ática, faz parte de PNLEM-2009/MEC, estando destinado a atender todo currículo do Ensino Médio, tem como autores a Profª Gislane Campos Azevedo, Mestre em História pela PUC-SP e Reinaldo Seriacopi, Bacharel em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Não consta a autoria da revisão e tampouco da pesquisa iconográfica.
O conteúdo sobre a Idade Média é apresentado na UD IV, do cap. 17 ao cap. 23 e estão distribuídos da pág. 81 à pág. 119 de um total de 552 páginas, o que significa dizer que foi utilizado, aproximadamente, 6% do total do volume. Abrange desde A Ásia no período Medieval, até Igreja e Poder. Mais uma vez, iremos nos restringir ao assunto apresentado no cap. 22-O Mundo Medieval.
Como surgiu o feudalismo (pag. 109)
O autor apresenta o feudalismo como uma organização política, social e econômica dominante na Europa ocidental na Idade Média. Com as seguintes características fundamentais:
? Tinha a agricultura como principal atividade produtiva;
? Era uma sociedade rigidamente hierarquizada, com laços de dependência social;
? Um pequeno grupo detinha a propriedade de terras e o alto clero ocupavam o topo da escala social;
? O poder político estava nas mãos dos senhores feudais e do rei;
? A produção era encargo de um pequeno grupo, os servos, que trabalhavam para o sustento próprio e dos senhores feudais;
Para o autor, o feudalismo se estruturou na Europa por volta do sec. VIII através do reino Franco, quando os governantes carolíngios introduziram, com modificações, o antigo costume germânico da vassalagem.

Suserania e vassalegem (pag. 109-110)

O autor apresenta como sendo um juramento de ordem militar que uma pessoa prestava a outra em viver sob sua proteção e suas ordens, devendo-lhe lealdade e obediência. No entanto, durante o período carolíngio, teria assumido novo significado. Nessa época os reis haviam concedido aos nobres o direito de uso, sem a posse, de algum bem, chamado feudo, sob a qual lhe garantia total poder. Na maior parte das vezes o feudo era grande extensão de terra, o que era mais valorizado e significava poder. Entretanto, poderia ser o direito de cobrar impostos, de controlar a justiça ou de administrar um castelo medieval. Os castelos eram, na sua maioria, construídos em elevações de difícil acesso, fortificadas para defesa, cercada por altas muralhas. Os camponeses habitavam as terras ao redor dos castelos e produziam para o seu sustento e o da nobreza. Nos períodos de ausência do senhor feudal, a sua mulher era responsável por gerir o castelo. A doação de um feudo era celebrada em meio a uma cerimonia que caracterizava as relações de suserania. O vassalo ajoelhava-se diante do seu senhor, com as mãos unidas, rendendo-lhe homenagem. O suserano segurava-lhe as mãos entre as suas e selava com um beijo a aliança entre eles. O vassalo jurava sob a Bíblia ou alguma relíquia sagrada sua lealdade ao seu senhor. Em seguida, o suserano entregava-lhe alguma coisa, que poderia ser um punhado de terra ou ervas, como símbolo do feudo. O rei tinha a responsabilidade de proteger seus vassalos, agora transformados em senhores feudais. Havia o compromisso de apoio militar, participação no espólio de guerra, prestação de serviços militares e administrativos, e arcar com as despesas de seu exército.

As subdivisões de feudo (pag. 111)

A necessidade de constante renovação do efetivo militar, levou os vassalos a dar início a um amplo processo de "subenfeudação" de suas terras. Passaram a ceder parte de seus feudos a cavaleiros, que também se tornavam senhores feudais e assumiam a responsabilidade de cuidar da defesa territorial, formando novos exércitos. De forma, o vassalo do rei, também passou a ser suserano dos cavaleiros a quem concedia terras. Essa subdivisão, com o passar do tempo, passou a criar dificuldades em definir quem eram os suseranos e os vassalos. Segundo o autor, em alguns casos, um rei era vassalo de outro rei. Ocorreu também casos em um vassalo recebia terras de mais de um senhor, tornando-se vassalo de mais de um senhor feudal. Tudo isto deflagrou uma divisão na classe senhorial em dois segmentos, a alta nobreza, que era constituída pelos príncipes, duques, condes, barões, comandantes de castelos (castelões) e membros do alto clero. Eram os magnates ou optimates; e a baixa nobreza formada por simples cavaleiros e religiosos de poucas posses, como os cônegos. A alta nobreza detinha o poder econômico e militar

O rei perde o poder (pag.111)

Tais transformações ocorridas entre os sec. VIII a XI fortaleceram os senhores feudais e enfraqueceram o poder do rei. A autoridade dos reis sob os feudos era resumida; a cobrança de impostos era executada pelos senhores feudais, assim como a autoridade judicial; não chegou a existir um Estado centralizado; o rei passou a ser mais senhor feudal. A partir do sec. X, os senhores feudais conseguiram, gradativamente, a hereditariedade dos feudos, que deixaram de ser concessões temporárias. Grandes conflitos foram gerados a partir disto na disputa em ampliar suas propriedades. Os casamentos eram uma forma utilizada para acumular propriedades e aumentar o poder. Quando não havia possibilidade de um enlace matrimonial adequado aos interesses do senhor feudal, seus filhos eram enviados aos mosteiros. Os homens para que pudessem fortalecer a família através do ingresso no alto clero, as mulheres para evitar que o patrimônio fosse dilapidado.

Os camponeses (pag. 111-112)

Embora os camponeses fossem a maioria da sociedade da época, eram em sua quase totalidade, analfabetos, portanto, tudo o que existe a seu respeito foi pelo escrito por pela nobreza. Ainda assim, sabe-se que seu trabalho e os impostos que recolhiam sustentaram a economia da sociedade feudal. Raros deles eram proprietários das terras que cultivavam. Trabalhavam em terras de propriedade do senhor feudal e a eles deveriam prestar serviços e entregar parte da produção. Às mulheres cabiam as tarefas diárias da casa, como produção de pão e cerveja para uso diário, a ordenha do gado, confecção de roupas etc. Aos homens cabia, basicamente a lavoura, a semeadura, a colheita etc.

Servos e vilões (pag. 112)

Eram duas as categorias de camponeses, os servos e os vilões. Os servos, em sua maioria, descendiam daqueles que migraram para o campo, por ocasião da queda do Império Romano e passaram a viver como arrendatários dos grandes proprietários, que lhes dava proteção e sustento, outros eram descendentes de escravos. Os servos trabalhavam em duro regime juntamente com seus familiares. Os vilões eram camponeses livres, pequenos proprietários que preferiram entregar sua terra a um senhor feudal, em troca de proteção, para continuar trabalhando nelas como arrendatário.

Impostos abusivos (pag. 112)

Tanto servos como vilões possuíam suas obrigações para com seus senhores: a corveia, obrigação de trabalhar alguns dias da semana, gratuitamente, nas terras exclusivas do senhor; a banalidade que eram taxas cobradas pelo uso das instalações do senhor feudal, como moinhos, fornos etc. de toda a produção, sejam do manso livre ou servil, o camponês deveria, após retirar o necessário para seu sustento, passar todo excedente para o senhor, caso comercializa-se algo o valor arrecadado deveria ser dividido com seu senhor. Havia outros impostos que incidiam sobre os vilões: taxa quando a mulher do vilão ficasse grávida; ou quando se descobria que ela cometera adultério. Alguns senhores feudais exigiam a "noite de núpcias" quando seu servo fosse casar, entretanto, poderia ser negociado se o servo concordasse em lhe pagar uma indenização.

CONCLUSÃO

Primeiramente se faz necessário esclarecer alguns aspectos relacionados aos objetivos propostos pelo grupo de estudos na realização da presente análise comparativa. Em qualquer momento haverá o intuito de emitir juízo de valor quanto às obras utilizadas. O grupo pretende, simplesmente, observar como os temas propostos são apresentados, quanto espaço lhe é destinado, a qual aspecto se dá maior importância, de que forma este período tão relevante da história da humanidade está sendo levado aos estudantes dos primeiros segmentos do ensino brasileiro. Até mesmo por que seria impertinente um grupo de acadêmicos, no transcurso do 2º período de um curso de licenciatura, avaliar obras de profissionais que já labutam no magistério há algum tempo e possuem formação superior e outras pós-graduações. Portanto, que fique bem delineado que nossa intenção é açambarcar conhecimento e "beber da água da fonte da sabedoria" de autores renomados e consagrados no meio acadêmico.
Realizado os devidos esclarecimentos, passemos a tratar dos objetivos propostos. Temos plena consciência de que as obras interpretadas fazem parte de um universo mínimo no que diz respeito à amplitude das obras editadas com propósito similar. Entretanto, possibilitará, mesmo que em menor escala, atingir os nossos objetivos. Após a leitura e interpretação das obras já mencionadas, foi possível observar alguns aspectos e chegar a conclusões que apresentaremos sempre mantendo nosso propósito de que seja, meramente, uma análise comparativa.
Em conformidade com os objetivos apresentados, observamos que o tema proposto, Idade Média, mais especificamente sistema feudal, é apresentado em quantidade suficiente para que haja compreensão plena, pelos discentes, das relações sociais, políticas e econômicas que se desenrolaram naquela determinada época e local. Em primeiro plano, apresentam os fenômenos que levaram àquele modelo de organização social, e de forma compartimentada, procurando abordar separadamente para melhor compreensão, as divisões de classes e as suas respectivas funções na sociedade, os autores das três obras interpretadas, traçam uma linha de procedimentos semelhante. Abordam separadamente aspectos sociais, esclarecendo conceitos, definindo as relações a que se referem, de que forma interagiam as classes nas suas relações e como funcionava seu sistema hierarquico, algo de extrema relevância para compreensão.
Da mesma forma, apresentam os aspectos políticos que envolveram a sociedade feudal. O domínio estabelecido pela nobreza e clérigos, que subjugavam as demais classes, assim como, a autoridade jurídica que lhes eram atribuídas, fortalecendo ainda mais seu domínio.
De maneira semelhante nos é apresentado às instituições religiosas, os dogmas criados pelo clero e a forma como a igreja intervinha nas atividades econômicas, sócias e políticas da época. Fica evidente o surgimento de uma organização que teve a foça de dominação sobre a massa populacional.
Com relação ao espaço destinado ao tema dentro da obra, existe uma relativa equivalência entre dois dos livros analisadas, sendo que, o que apresenta maior espaço reservado para o tema Idade Média é destinado ao Ensino Fundamental. No entanto, no que se refere ao assunto avaliado, sistema feudal, não foi percebido qualquer perda de conteúdo que a diferencie das demais.
Sobre aspectos de maior relevância, não foi possível observar, dos autores, direcionamento a qualquer eixo temático preferencial. Os diversos assuntos são abordados com equanimidade, levando em conta a abrangência de cada um deles.
Quanto à forma como esse período da história da humanidade é apresentado aos alunos, temos poucas ressalvas a fazer, e para tal iremos destacar trechos das obras analisadas a fim de "pontuar" essas raras observações:
"Ao longo do período medieval, realizou-se a integração entre as estruturas do mundo romano e do mundo germânico (bárbaro), o que preparou os fundamentos do mundo inteiro." (grifo nosso) ? livro Toda História- História Geral de História Brasil (pág. 97).


Ao que nos parece, ao atribuir ao povo germânico à condição de "bárbaro", o autor passa a impressão de que se trata de um povo que conquistou sua posição na sociedade feudal através da guerra ou atos de barbárie. Teria sido importante, a fim de não causar interpretações dúbias, esclarecer de que forma tal conquista ocorreu.

"Devemos ainda lembrar que medievo e sistema feudal são fenômenos da Europa ocidental. Os Impérios Árabe, Bizantino e Persa e outros povos orientais não conheceram tal forma de organização da vida." ? livro Toda História_ História Geral de História Brasil (pag 97).

Neste trecho, a impressão que tivemos, foi de que houve um equívoco conceitual, já que Idade Média é um período de tempo que é comum a toda humanidade, em qualquer parte planeta, não podendo equivaler-se ao sistema organizacional que ordenou a sociedade feudal nesta época.
"As condições sociais básicas da sociedade feudal eram senhor e servo. O senhor possuía a terra e o servo e detinha o poder militar." (grifo nosso) ? livro Toda História- História Geral de História Brasil (pág. 98).

"A servidão é uma relação de trabalho geralmente considerada superior à escravidão. Ao contrário do escravo, o servo é um "homem livre". Ele não era propriedade do senhor." (grifo nosso) História Consciência do Mundo (pág. 168).

Provavelmente, em uma análise mais aprofundada, encontraríamos divergências semelhantes, que devem ocorrer em razão da bibliografia utilizada, por cada autor, para consulta e posterior orientação na elaboração da obra didática, no entanto, não está dentro dos nossos objetivos fazer este tipo de abordagem, até mesmo por considerarmos que tal fato não compromete a qualidade do conteúdo apresentado, já que na História não existe verdade absoluta.
Por derradeiro, concluímos que as obras que utilizamos para nossas observações, atendem as propostas para o ciclo a que foram destinadas. O estudo da História deve ser gradualmente inserido no ambiente escolar e estar nivelado à seu público alvo, deixando uma visão mais aprofundada para os ciclos mais adiantados, ou até mesmo especializados.