Analfabetismo Funcional uma Realidade Atual e Intrigante


RESUMO

O presente texto trata da situação preocupante do alto índice de analfabetismo no Brasil, um desafio a ser enfrentado não somente por escola do ensino básico, mas também por empresas e ensino superior o chamado analfabetismo funcional. Analfabetismo funcional é aquele que o indivíduo não e capaz de escrever o próprio nome. Segundo o Ministério da Educação há cerca de 15 milhões de analfabetos funcionais no Brasil. Contudo, esta estatística torna-se muito mais abrangente quando levamos em consideração que apenas escrever o próprio nome não é suficiente diante da sociedade capitalista e da filosofia do liberalismo pós-moderno. Certamente há outros tantos que sabendo que escrever, ou, desenhar o próprio nome, não sabem ler. Outros tantos ainda que sabendo ler e escrever, não são capazes de entender e interpretar o que lêem (Timothy, 2008).

Palavras chave: Analfabeto, Analfabetismo Funcional, Sociedade.


INTRODUÇÃO

O objetivo deste Artigo é mostrar que o Analfabetismo Funcional constitui um problema silencioso e perverso que afeta as empresas e o ensino superior. Não se trata de pessoas que nunca foram à escola. Elas sabem ler, escrever e contar; chegam a ocupar cargos administrativos, mas não conseguem compreender a palavra escrita. Bons livros, artigos e crônicas, nem pensar! Computadores provocam calafrios e manuais de procedimentos são ignorados; mesmo aqueles que ensinam uma nova tarefa ou a operar uma máquina. Elas preferem ouvir explicações da boca de colegas. Entretanto, diante do chefe ? isso quando ele é mesmo um chefe ? fingem entender tudo, para depois sair perguntando aos outro o que e como deve ser realizando tal serviço. E quase sempre agem por tentativa e erro. Esse problema afeta não apenas uma parcela mínima da população. Calcular-se que, no Brasil, os analfabetos funcionais somem 70% da população economicamente ativa. No mundo todo há entre 800 e 900 milhões deles. São pessoas com menos de quatro anos de escolarização: mas pode-se encontrar, também, pessoas com formação universitária e exercendo funções-chave em empresas e instituições, tanto privadas quanto públicas. Elas não têm as habilidades de leitura compreensiva, escrita e cálculo para fazer frente às necessidades de profissionalização e tampouco da vida sócio-cultural. A queda da produtividade provocada pela deficiência em habilidades básicas resulta em pardas e danos da ordem de US$ 6 bilhões por ano no mundo inteiro. Por que? Porque são pessoas que não entendem sinais de aviso de perigo, instruções de higiene e segurança do trabalho, orientações sobre processo produtivo, procedimentos de normas técnicas da qualidade de serviços e negligência dos valores da organização empresarial. Eis aí o "Calcanhar de Aquiles" de tantas organizações: Declaração e Prática de Valores. E o que são esses Valores? São crenças e princípios que orientam as atividades e operações de uma empresa, independente de seu porte ou ramo de atividade. Seus dirigentes devem mostrar, na prática que os sistemas, procedimentos e atitudes comportamentais são respeitados e coerentes com os valores estabelecidos em função de seus clientes e da ética dos negócios. Se não for assim, os resultados serão desastrosos. Para que o analfabetismo funcional se erradique só existe uma saída: educar e treinar para a qualidade. E qualidade não tem custo; é investimento. O custo da qualidade é a despesa do trabalho errado, mal feito, incompleto, sem profissionalismo. É o custo do analfabetismo funcional (Botelho, 2007).


O CONCEITO ANALFABETISMO FUNCIONAL

O termo alfabetismo funcional foi cunhado nos Estados Unidos na década de 30 e utilizado pelo exército norte-americano durante a Segunda Guerra, indicando a incapacidade de entender instruções escritas necessárias. O termo analfabetismo funcional têm sido utilizado essa incapacidade de pessoas utilizarem a leitura e a escrita, além de realizar cálculos básicos, em atividades da vida diária que requerem tais habilidades. Mais recentemente, os estudiosos têm preferido trabalhar com o conceito de alfabetismo, tomando-o como fenômeno complexo, que comporta diversos graus e dimensões. Muitos estudiosos têm criticado a concepção de leitura como conjunta de habilidades genéricas que, uma vez adquiridas podem ser aplicadas a qualquer situação; têm dirigido esforços para estabelecer conjuntos de tarefas socialmente relevantes em que se utiliza material escrito e, a partir deles, dimensionar e analisar graus e tipos de alfabetismo que caracterizam pessoas ou grupos. A ampla utilização do termo analfabetismo funcional deveu-se à UNESCO, que o empregou na definição de alfabetização adotada em 1978 visando padronizar estáticas e influenciar políticas educativas. No debate ideológico em torno do tema, o sentido do qualificativo funcional foi interpretado tanto como uma restrição da alfabetização a fins pragmáticos, especialmente relacionados à qualificação profissional, quanto como sua aproximação aos interesses de setores sociais pobres ou oprimidos e a projetos de transformação social. Dada a inevitável ambigüidade do conceito, sua mensuração e análise precisam estar sempre referenciadas a contextos específicos.

REALIDADE INTRIGANTE E ATUAL

Para Moraes (2009), não é difícil nos depararmos com pessoas que mesmo sendo "alfabetizadas" não conseguem compreender mensagens simples, como uma carta, um aviso, um anúncio de jornal. Ou ainda, com universitários de variadas áreas-humanas, exatas, que sentem dificuldades ao interpretar textos ou enunciados de questões numa prova, em concursos, o que os leva a obterem resultados bem abaixo do desejado. Compreensão envolve muito mais que decodificação. Da nada adianta saber a formula que se utiliza para resolver determinado problema se não se sabe como solucioná-lo. É preciso, primeiramente, compreender o que se pede , montar o problema, utilizando as devidas fórmulas para finalmente se chegar a resposta. Do mesmo modo, não basta saber ler para entender o que está sendo lido. Mas o que será acontecendo? O sistema educacional brasileiro não esta conseguindo alfabetizar de maneira adequada à sua população?
No Brasil, uma grande parcela da população é funcionalmente analfabeta, ou seja, além dos considerados "analfabetas", incapazes ate mesmo de assinar o próprio nome, existem os que mesmo com capacidades de decodificar letras e números, não possuem a habilidade de interpretar textos e de fazer operações matemáticas.
No Brasil o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população (30% no nível 1 e 38% no nível 2). Somos esses 68% de analfabetos funcionais com os 7% da população que é totalmente analfabeta, resulta que 75% da população não possui o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas, ou seja, apenas 1 de cada 4 brasileiros (25% da população) são plenamente alfabetizadas, isto é, estão no nível 3 de alfabetização funcional.
Esses índices tão altos de analfabetismo funcional no Brasil devem-se à baixa qualidade dos sistemas de ensino (tanto público, quanto privado), ao baixo salário dos professores, à desvalorização e desmotivação dos professores, á progressão continuada (ou aprovação automática), à falta de infraestrutura das instituições de ensino (principalmente as públicas) e á falta de hábito e interesse de leitura do brasileiro.
O índice de analfabetismo funcional é medido entre as pessoas com mais de 20 anos que não completaram quatro anos de estudo formais. O conceito, porém, varia de acordo com o país. Na Polônia e no Canadá, por exemplo, é considerada analfabeta funcional a pessoa que possui menos de 8 anos de escolaridade.
Segundo a Declaração Mundial sobre Educação para todos, mais de 960 milhões de adultos são analfabetos, sendo que mais de 1/3 dos adultos do mundo não tem acesso ao conhecimento impresso e às novas tecnologias que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudar na adaptação às mudanças sociais e culturais.
De acordo com essa declaração, a analfabetismo funcional é um problema significativo em todos os países industrializados e em desenvolvimentos. No Brasil, 75% das pessoas entre 15 e 64 anos não conseguem ler, escrever e calcular plenamente. Esse número inclui os 68% considerados analfabetos funcionais e os 7% considerados analfabetos absolutos, sem qualquer habilidade de leitura ou escrita. Apenas 1 entre 4 brasileiros consegue ler, escrever e utilizar essas habilidades para continuar aprendendo.
Mas como resolver essa situação? Como baixar esses números alarmantes? Sem dúvida nenhuma, a educação é o caminho alfabetizar mais crianças com melhor qualidade. Essa e a questão: qualidade e não quantidade. Infelizmente, hoje vemos que o Brasil optou pela quantidade a qualquer custo. E o resultado disso é a enorme quantidade de analfabetos funcionais com diploma. O nosso país deveria se esforçar em alfabetizar com qualidade. Não é aumentando para 9 anos o Ensino Fundamental que a qualidade do ensino irá melhorar.
O problema também não será resolvido somente ampliando o horário escolar. Se os alunos não forem incentivados à leitura, a atividades que trabalhem com inteligência, pensamento lógico e capacidade de relacionar temos diferentes, nenhum esforço do governo será válido.
Os jovens de hoje têm uma capacidade de raciocínio e uma quantidade de informação e conhecimento muito maiores que a dos jovens de uma ou das décadas atrás, e assim sucessivamente. Como explicar então a enorme dificuldade que estes mesmos jovens, em sua maioria, apresentam quando são solicitados a expor esse conhecimento de forma lógica, coerente e concisa através da linguagem verbal, seja na forma oral ou escrita?
A resposta requer uma análise mais ampla e abrangente sobre a forma de divulgação e aquisição do conhecimento humano nos últimos séculos. Ao longo do século XIX, a mais eficiente, rápida e abrangente forma de divulgação e apreensão do conhecimento era a leitura. A realidade física, social, econômica e cultural de um país era data pela sua literatura. Isso começou a mudar no início do século XX, com o advento do cinema; continuou mudando na metade do século com a chegada da televisão e atingiu o "status" de revolução cultural no final do século com a exploração da informática.
Há muito tempo que o conhecimento não tem mais a linguagem verbal como principal veiculo de circulação. A linguagem visual do cinema, da televisão e da informática tornou o acesso à informática e ao conhecimento muito mais rápido e abrangente. No entanto, o conhecimento que circula pela linguagem visual é bastante fragmentado e raramente está organizado de forma lógica e coerente. Normalmente, são informações soltas, desvinculadas do contexto e sem qualquer critério de ordenação. A pessoa que adquire essas informações precisa organizá-las de acordo com a sua realidade e necessidade especificas. O problema é que essa capacidade de ordenação lógica e coerente de informações esta atrelada ao conhecimento e domínio da linguagem verbal. Ou seja, mesmo que o conhecimento tenha encontrado formas alternativas de circulação, o uso prático desse conhecimento ainda está vinculado ao domínio da tradicional linguagem verbal.
No caso dos jovens, o paradoxo é ainda mais grave. Eles tem uma enorme facilidade para lidar com o universo de informações visuais que circula a sua volta, pois esse é o seu mundo, essa é a sua realidade desde o nascimento. A leitura como forma de prazer e conhecimento não consegue competir com os apelos visuais da televisão e dos jogos eletrônicos. No começo da vida, essa ausência da leitura não chega a se mostrar como um problema, já que uma criança ainda não alfabetizada consegue se relacionar tranquilamente com o mundo a sua volta pelas abundantes informações visuais que possui.
O problema começa a se evidenciar quando a criança inicia sua vida escolar e tende a se agravar com o passar dos anos, à medida que ela precisa ir conquistando o seu espaço no mundo competitivo que a cerca, o qual seleciona os indivíduos pela avaliação de seu domínio da linguagem verbal, evidenciada através da capacidade de argumentação e de organização lógica dos pensamentos.
A seleção das universidades através do vestibular é o momento crítico para estes jovens que cresceram inseridos, de forma inconsciente, nessa realidade problemática. A ausência do hábito de leitura, favorecida e incentivada pela realidade tecnológica moderna, deixa-os despreparados para um processo seletivo tão rigoroso quanto o vestibular. Os poucos jovens que, de alguma forma, desenvolveram o gosto pela leitura, fazendo dela elemento essencial de sua rotina ao longo da vida, são privilegiados nesta disputa por um espaço no mercado de trabalho. Mas o vestibular não é o ponto final. É apenas o início de uma jornada que passa por toda uma formação universitária e culmina na realização profissional.
Durante toda essa jornada, a capacidade de ler e entender corretamente um texto, de criar argumentos consistentes em defesa de idéias e projetos é fator determinante para o sucesso profissional.
O mais grave é que a maioria dos jovens que se encontram nessa situação nem sequer tem consciência do problema. Muitas têm sua auto-estima abalada, porque se esforçam nos estudos, procurando descorar as informações técnicas que os professores ensinam, mas não conseguem resultados práticos nas provas.
Por outro lado, muitos professores também não possuem uma visão clara desse problema e continuam se esforçando para ensinar a correr jovens que ainda nem sabem andar.
O combate ao analfabetismo funcional começa pela tomada de consciência do problema, passa pela determinação por parte do estudante de substituir parte do tempo que ele fica diante do computador por um rotineiro hábito de leitura e culmina em um trabalho diferenciado por parte dos educadores em indicar leituras e atividades que visem não apenas à apreensão de informações técnicas, mas principalmente à solução ou amenização dessa deficiência básica de leitura, compreensão e produção de texto.
É preciso que o professor tenha consciência, ao indicar e cobrar a leitura de um livro, que existe uma brutal concorrência de todo o universo visual que cerca o aluno. Despertar o interesse e curiosidade para a história do livro através de comentários em aula e tomar o cuidado de selecionar obras com, assuntos relacionados obras com assuntos relacionados ao mundo de referência destes jovens são formas práticas e eficientes de conseguir maior adesão à leitura.
De acordo com o INAF (Instituto Nacional de Alfabetismo Funcional) existem três níveis distintos de alfabetização funcional: rudimentar, básica e plena, que são medidas através das habilidades que uma pessoa possui em matemática (numeramento) e leitura/escrita (letramento), o que, de fato nos interessa. O quadro abaixo relaciona os níveis de alfabetização com as determinadas funções.

Leitura/Escrita
Nível Localiza uma informação simples em enunciados de uma só frase, um anúncio ou
Rudimentar Chamada de capa de revista, por exemplo.

Nível Básico Localiza uma informação em textos curtos ou médios (uma carta ou noticia, por exemplo). Mesmo que seja necessário realizar inferenciais simples.


Nível Pleno Localiza mais de um item de informação em textos mais longos, compara informação contida em diferentes textos, estabelece relações entre as informações (causa/efeito. regra geral/caso, opinião/fato). Reconhece a informação textual mesmo que contradiga o senso comum.

A CULPA PELO FRACASSO NÃO É DO ALUNO

A educadora critica os professores que insistem na cartilha para alfabetizar e diz que é preciso aprender a ensinar de outra forma.
Mais de 40% das crianças brasileiras que ingressam na 1ª série do Ensino Fundamental não são aprovadas, de acordo com dados do Ministério da Educação (MEC). Ao final de um ano de aulas, eles não aprenderam a ler e escrever. É contra essa maré de fracasso que rema a educadora carioca Telma Weisz. Doutora em Psicologia da Aprendizagem pela Universidade de São Paulo (USP), uma das criadoras dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa de 1ª a 4ª séries e consultora do MEC para projetos de formação de professores, Telma considera-se uma privilegiada porque teve como um de seus orientadores a argentina Emilia Ferreira, co-autora (junto com Ana Teborosky) de Psicogênese da Língua Escrita*, livro considerado um divisor de águas na historias da alfabetização. Aos 55 anos e mãe de um casal de filhos, Telma integra o Comitê Técnico do Crer para Ver, da Fundação Abrinq., é consultora da Fundação Kellog e trabalha no projeto pedagógico da escola mantida pelo Projeto Axé em parceria com a prefeitura de Salvador. Nesta entrevista, ela mostra que existe, sim, um caminho para acabar com a evasão e a repetência nas escolas.

NÍVEIS DE ALFABETIZAÇÃO FUNCIONAL

Existem três níveis distintos de alfabetização funcional, a saber:
? Nível 1. Também conhecido como alfabetização rudimentar, concebe aqueles que apenas conseguem ler e compreender títulos de textos e frases curtas; e apesar de saber contar, têm dificuldades com a compreensão de números grandes e em fazer as operações aritméticas básicas.
? Nível 2. Também conhecido como alfabetização básica, concebe aqueles que conseguem ler textos curtos, mas só conseguem extrair informações esparsas no texto e não conseguem tirar uma conclusão a respeito do mesmo; e também conseguem entender números grandes, conseguem realizar as operações aritméticas básicas, entretanto sentem dificuldades quando é exigido uma maior quantidade de cálculos, ou em operações matemáticas mais complexas.
? Nível 3. Também conhecido como alfabetização plena, concebe aqueles que detêm pleno domínio da leitura, escrita, dos números e das operações matemáticas (das mais básicas às mais complexas).

ANALFABETISMO FUNCIONAL É MAIS UM DESAFIO QUE O BRASIL PRECISA ENFRENTAR.

Além de reduzir o percentual de brasileiros que não sabem ler e escrever (10%), o país tem o desafio de combater o chamado analfabetismo funcional, que atinge 25% da população com mais de 15 anos, de acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de certa forma, eu avalio que é um problema maior do que o analfabetismo absoluto, porque este vem sendo reduzido. "Mas o analfabetismo funcional só cresce", avalia a diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro (IPM), Ana Lúcia Lima.
O IPM, que é um braço do Ibope, Criou em 2001 o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), em parceria com a organização não governamental Ação Educativa. O índice mede os níveis de analfabetismo funcional na população entre 15 a 64 anos. Para isso, de dois em dois anos, são aplicados testes e questionários a cerca de 2 mil pessoas em todas as regiões do país.
O Inaf divide a população em quatro níveis, de acordo com suas habilidades em letramento e matemática? Analfabetismo, alfabetismo rudimentar, alfabetismo básico e alfabetismo pleno. Segundo o Inaf de 2007, 7% dos brasileiros são analfabetos e 21% têm habilidades rudimentares, ou seja, são capazes de localizar uma informação explicita em textos curtos, mãos não conseguem compreender textos, tirar conclusões ou ler números na casa dos milhões.

ANALFABETISMO FUNCIONAL PREJUDICA O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS

O governo federal tem comemorado o ingresso de 96,4% das crianças com idades entre 7 e 14 anos no Ensino Fundamental e 83% dos adolescentes entre 15 e 17 anos no Ensino Médio. Esses números seriam motivo de alegria se não maquiassem uma outra realidade, entre os alunos que cursam a 4ª série do ensino público, 55% não sabem ler nem escrever. Ou seja, 33 milhões de crianças são analfabetas funcionais.
O analfabetismo funcional é silencioso e traz sérios prejuízos ao país. Além de desestimular a criança que está na escola, ele reduz a empregabilidade e as oportunidades de inclusão social, principalmente entre os mais pobres. Nãos se trata de pessoas que nunca entraram numa sala de aula. Elas sabem ler, escrever e contar; mas não conseguem compreender a palavra escrita.
Numa visão mais ampla, o analfabetismo funcional tem forte impacto na produtividade e na competitividade nacional. Uma pesquisa feita por um doutorando da USP, no ano passado, calcula em US$ 6 bilhões anuais a queda de produtividade nas empresas, provocada pelas deficiências básicas dos empregados.
Essas deficiências se traduzem, por exemplo, na incapacidade de a pessoa ler e entender um manual de instruções, normas de qualidade e segurança para desenvolver bem seu trabalho ou acompanhar cursos de treinamento que exijam leitura.
Um exemplo prático do problema ocorre em uma montadora de São Bernardo, na qual simples manuais de instruções de equipamentos ou comunicados do departamento de Recursos Humanos tornam-se enigmas indecifráveis para 78,5% dos funcionários de um setor da produção.
"infelizmente, os números da montadora se repetem em outras empresas do País", lamenta Walter Ihoshi, vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo. De acordo com o INAF 2005 (Índice Nacional de Analfabetismo Funcional), do Instituto Paulo Montenegro ? entidade sem fins lucrativos vinculada ao Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) 74% da população brasileira é analfabeta funcional.
Segundo o professor-doutor da USP, Issao Minami, a principal causa desse problema é a descontinuidade da educação. O baixo índice de escolaridade e a má qualidade do ensino impossibilitam as pessoas de apreenderem e aperfeiçoarem as técnicas da escrita e da leitura, ferramentas que permitiriam o aprendizado contínuo após a conclusão do ensino formal.
De acordo com Minami, para que o analfabetismo funcional seja erradicado é preciso investir em ensino básico de qualidade. "E necessário aplicar melhor os R$ 41 bilhões dos governos federal, estadual e municipal destinados à educação, por ano, investir em infra-estrutura e, principalmente, na capacitação dos professores. Afinal, são eles os responsáveis pelas boas aulas", finaliza Ihoshi.

CONCLUSÃO

A compreensão envolve muito mais que decodificação, de nada adianta saber a formula que se utiliza para resolver determinado problema se não se sabe como solucioná-lo. É preciso, principalmente, compreender o que se pede, montar o problema, utilizando as devidas fórmulas, para finalmente se chegar a resposta. Do mesmo modo, não basta saber ler para entender o que está sendo lido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAKASATO, Vanessa S. Analfabetismo Funcional prejudica o desenvolvimento do país. Aprendiz. São Paulo, 28 ago. 2006. Disponível.
Em: http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=552df2b20af4701001ce669e02596676.
http://www.rumosustentavel.com.br/analfabetismo-funcional-emaiseum-desafio-que-o-brasil-precisa-esfrentar/
PELLEGRINI, Denise http://resistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/culpa-pelo-fracasso-nao-aluno-423526.shtml
http://www.itu.com.br/noticias/detalhe.asp?cod_conteudo=10880&adm=1
http://e-educador.com/index.php/artigos-mainmenu-100/1779
http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=no8n147xr