Jantar romântico. Luz de velas. Laura estava encantadora com seu vestido novo e Marcos surpreendente no seu terno elegante. Era mais uma noite aparentemente perfeita para quem os observassem, mas no fundo, estava longe de uma noite perfeita. Laura casou com Marcos ainda jovem, juntos construíram um lar, filhos e inevitavelmente os problemas. Marcos tentava fingir que estava tudo bem presenteando a esposa com jóias, vestidos e pra não discutir sobre o fim de semana tedioso reservava uma mesa no restaurante predileto dela. Laura por sua vez, cansada de cuidar dos filhos sozinha, tais que sentiam muito a ausência do pai nos horários importantes de família. Viviam uma perfeita mentira. Os passeios quando sobrava algum tempo já não tinham graça, a cama passou a ter um abismo entre os dois e nem os jantares românticos tinham soluções mais. Era um verdadeiro casal vivendo sob pressão, escondendo seus problemas e causando mais desgosto um entre o outro. O amor ia diminuindo a cada viagem de negócio de Marcos, a tensão de Laura ia aumentando cada vez mais que um dos filhos perguntava por que o pai quase não ficava em casa. Horários apertados, poucos diálogos, muito a conversar. Esse foi o último jantar do casal juntos. Divorciaram-se a partir de uma briga que começou devido ao Marcos ter pedido vinho seco ao invés de suave. Qualquer deslize era o suficiente para eles estourarem um com o outro, e aconteceu. Seguiram suas vidas. Laura cuidando dos filhos e Marcos dos negócios. Ultimamente o pai visita as crianças todas as quartas-feiras e aos finais de semana também. Marcos começou a perceber a falta da esposa e o quanto tempo ele perdeu cuidando tanto do trabalho. Laura por sua vez, chorava antes de dormir, pensando em como poderia ter evitado o abismo na cama entre ela e seu marido, já que agora dormia sozinha pode perceber o que realmente era estar só. Um maravilhoso casamento, que se deixou levar pela pressa, pelo pensamento despercebido, pelos trabalhos e horários. Talvez se eles se dessem mais tempo um ao outro, poderiam ter vivido mais, se amado mais, e perceberiam que nem o melhor emprego ou a pior ignorância devem ser considerados antes do amor.