Além da solução do problema do pecado, pelo perdão divino, havia uma outra coisa não menos importante e vitalmente necessária para que o homem tivesse vida.

Com isto queremos dizer que não bastaria que o homem fosse justificado e perdoado dos seus pecados para que tivesse automaticamente a vida de Deus e o livramento da morte eterna.

Vocês se lembram que havia no meio do jardim do Éden uma árvore chamada de Árvore da Vida? E que Adão não chegou a comer do fruto daquela árvore, porque Deus havia prometido que ao se comer daquele fruto o homem passaria a ter a vida eterna de Deus, ou seja, Ele passaria a ser co-participante da natureza divina.

Aquela árvore representava nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Videira Verdadeira. Ele é o único que nos pode fazer participar da vida celestial e divina, dando-nos a Sua própria vida, ou seja, que vivamos pela Sua própria vida em nós.

Por isso Ele disse que veio para que tivéssemos vida em abundância, ou seja, esta vida celestial, espiritual e divina que nem o próprio Adão chegou a possuir enquanto se encontrava no jardim do Éden, sem pecado, porque não comeu do fruto da árvore da vida.

Esta vida eterna de Deus em nós é obtida somente por fé nEle. Daí se afirmar na Bíblia que o justo viverá pela fé.

Ou seja: é pela fé em Jesus Cristo, pela total confiança nEle, que o homem se torna digno de receber a vida eterna do céu.

Adão não tinha fé em Deus, conforme demonstrou no seu ato de desobediência, porque não deu crédito a Deus, mas à Serpente.

É provável que ele tenha se arrependido e crido em Deus mais tarde, depois de ter sido expulso do Éden, e então, teria recebido também o dom da vida, por causa da fé.

Assim, ninguém se iluda pensando que Deus dará o seu mais precioso dom, que é a vida eterna em nosso Senhor Jesus Cristo, a quem não tiver a genuína fé salvadora que não somente faz com que sejamos perdoados e justificados do pecado, como também nos concede o dom gratuito da vida de Jesus Cristo em nós, para ser a nossa própria vida, de modo que possamos dizer juntamente com Paulo: “... já não vivo eu, mas Cristo vive em mim.”.   

Então se além da necessidade da solução do problema do pecado, o homem necessita também receber a vida eterna que está em Jesus Cristo, podemos concluir que dom precioso é a fé.

A obediência que se requer para que tenhamos a vida celestial, que voltamos a dizer, não se encontrava em Adão, mesmo quando em perfeição sem pecado no Éden, é a obediência da fé.

Fé que é confiança em Deus e também obediência a Ele e aos Seus mandamentos.

Fé pela qual somos perdoados, justificados, regenerados, santificados, glorificados.

Fé que nos transforma de filhos das trevas em filhos da luz.

Fé que nos livra da morte espiritual e eterna e nos faz herdeiros da vida eterna celestial que está em Cristo Jesus.

Por isso nos diz o apóstolo em Col 3.1-4:

 

“1 Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.

2 Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;

3 porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.

4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.” (Col 3.1-4)

 

Sem a vida celestial de Jesus Cristo o homem natural possui apenas a vida terrena, que é também  animal e diabólica, tal como a sabedoria deste mundo, como se afirma na Bíblia:  

 

“Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.” (Tg 3.15)

 

Não há qualquer exagero no que é afirmado pelo apóstolo Tiago, porque o homem sem Cristo pode imitar a vida do céu, mas como não possui tal vida, basta que as circunstâncias sejam favoráveis, e o pecado há de se manifestar com o seu caráter diabólico, animal e terreno, pois que não há em tal condição pecaminosa e comportamento pecaminoso, qualquer parte da vida do céu, que é pura e santa. 

Daí afirmar o próprio apóstolo Tiago:

“16 Não vos enganeis, meus amados irmãos.

17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tg 1.16,17)

 

Cuidado então com o ensino religioso daqueles que não têm as suas faculdades exercitadas para bem discernirem o dom da vida eterna de Deus em nosso Senhor Jesus Cristo, e que pregam a fé apenas para o perdão de pecados.

Veja que há algo muito mais essencial e substancial e que é mais importante do que tudo o mais.    

Veja que há apenas poucas coisas realmente necessárias, e na realidade uma só coisa, a saber, alcançar o dom da vida eterna divina por meio da fé em nosso Senhor Jesus Cristo (Lc 10.42).

Assim, devemos dar o devido valor a nosso Senhor, e tributar-Lhe louvor e gratidão, não apenas por ter morrido na cruz para nos salvar dos nossos pecados, mas sobretudo pela Sua própria vida, que é o motivo de podermos ser participantes da vida espiritual, eterna, celestial e divina. Vida esta que nunca se encontrou nas coisas deste mundo, e nem no próprio Adão, antes da queda no pecado. Vida esta que nos veio diretamente do céu, porque nosso Senhor estava no céu, e era o Senhor do céu junto a Deus Pai e Deus Espírito Santo, mas decidiu, por amor aos pecadores, vir a este mundo para que pudéssemos participar da Sua própria vida celestial e divina. 

 

Pr Silvio Dutra