AMBIENTE EM FOCO1

Karla Gisely Maciel Silva Guedes2,5, Geraldo Gomes da Silva3,5, Lucilene Simões Mattos4,5, Marcos Renato Franzosi Mattos4,5,6

1Projeto de Extensão sem financiamento (CTA nº 12234/678), 2Graduanda do 8° período do curso de Licenciatura em Pedagogia UAG-UFRPE, 3Graduando do 3° período do curso de Bacharelado em Letras UAG-UFRPE e bolsista de extensão da UAG/UFRPE, 4Prof. Adjunto da UAG/UFRPE, 5Membro da Organização Não-Governamental EcoNordeste, 6Presidente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Garanhuns (CODEMA).E-mail do autor principal: [email protected]

RESUMO

O presente estudo relata a importância e o papel da Educação Ambiental, tendo como ponto de partida à conscientização da sociedade através do jornalismo científico, no qual são disseminados os fatos e informações a serviço da comunidade. Diante disso, foi criado o bloco Ambiente em Foco, veiculado em uma rádio comercial de Garanhuns em um programa educativo-cultural produzido pela UAG e agência CBC. O bloco é veiculado no programa, semanalmente, não ultrapassando cinco minutos de duração. A locução do mesmo é feita por duas vozes, uma feminina e outra masculina, relacionados à área ambiental. Neste bloco são discutidos assuntos sobre atitudes e comportamentos, do âmbito global e regional, mas principalmente, da região do Agreste pernambucano. O objetivo é comunicar, alertar e inflamar discussões, ao mesmo tempo em que reconhece o mérito e dá destaque a pessoas, entidades e municípios que possuem atitudes ambientalmente corretas. Desta forma, este se apresenta como estratégia para construção e adoção de comportamentos que irão intervir na qualidade de vida da sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Meio ambiente. Educação ambiental. Jornalismo científico. Radiocomunicação.

INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas, a preocupação com as questões ambientais veio se intensificando como resultado da conscientização de parcela da sociedade mundial, que passou a cobrar uma postura responsável de todos os cidadãos com o ambiente. Essa cobrança é mais intensa quando se trata daqueles que atuam na exploração e no uso dos recursos naturais. Porém, a conscientização ambiental ainda é uma conseqüência da reflexão de poucos e que deve ser tratada com a sociedade nos âmbitos locais, regionais, nacionais, internacionais e planetários (SEGURA, 2001). Sabemos que não é tarefa fácil e que não se obtém resultados significativos em curto tempo. Isso porque a conscientização ambiental tem que, obrigatoriamente, passar por um processo de educação da população: a educação ambiental (EA ? Mattos e Simões-Mattos, 2009).
A EA é um ramo específico da educação cujo objetivo é a disseminação do conhecimento sobre o ambiente e suas relações, estimulando nos sujeitos a capacidade crítico-reflexiva, a consciência e, acima de tudo, atitudes responsáveis e compromisso com a questão. Assim, como processo que é, a EA exige formação e ação educativas permanentes e continuadas (BRASIL, 2007). Neste processo educativo complicado, que exige tantas ações, é necessária a comunicação entre os pares (Freire, 1975). A educação não formal perpassa meios populares de comunicação. Para tanto, a radiocomunicação, como um dos meios informais de educação, faz do rádio um excelente veículo de disseminação para tal objetivo. Esta afirmação é ainda mais amparada pelo fato deste instrumento de comunicação social ser o que atinge mais pessoas no Brasil, sendo mais sintonizado que a televisão em diferentes estados da federação, como em São Paulo e no Ceará (Ponte Filho e Patrocínio, 2010). A TV atinge uma grande parte da população, ao mesmo tempo, com a mesma mensagem, porém, o rádio, com sua mensagem simples, direta e mais distribuída, chega a muito mais pessoas do que a TV. Esta afirmação se reveste de maiores significados, quando se deseja tratar de problemas ambientais mais regionalizados, ou seja, mais próximos ao cotidiano e a realidade do ouvinte. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de um bloco destinado aos problemas ambientais dentro de um programa educativo e cultural desenvolvido pela UAG/UFRPE.

METODOLOGIA

O bloco intitulado Ambiente em Foco, em sua composição jornalística ambiental, é construído a partir de um estudo técnico-científico de publicações em destaque em diversos meios de comunicação e dos temas específicos dos programas dos quais fazem parte. Desta forma, são redigidos os textos a que se propõe o programa. Os diálogos escritos são supervisionados pelo editor do programa relacionado à área de comunicação e por um especialista em meio ambiente. Cada bloco constitui de uma gravação de até cinco minutos de diálogo entre dois locutores da área ambiental, sendo uma voz feminina e, a outra, masculina. A voz masculina é de uma autoridade local em meio ambiente. O diálogo entre os locutores é realizado de uma forma descontraída, informal, com linguagem acessível e marcado por questionamentos, críticas, reflexões, exaltações de atitudes ambientais nos âmbitos locais, regionais e internacionais. As gravações do bloco são feitas utilizando gravador de alta receptação de som (H2 Handy Recorder) tendo, como estúdio, um veículo automotivo de propriedade particular. A edição do bloco é feita utilizando-se o programa Sound Forge 8.0. A locução das vinhetas de abertura e de finalização do bloco foi realizada com voz feminina de uma docente da UAG/UFRPE e acompanha uma moda de viola de Helena Meirelles. O bloco é veiculado semanalmente, aos domingos, em um programa educativo-cultural produzido pela UAG e a agência CBC e veiculado em rádio comercial da cidade de Garanhuns com alcance limitado a alguns municípios do Agreste de Pernambuco e Alagoas. Após exibição do programa ao vivo, uma cópia digital é disponibilizada no site da UAG/UFRPE para download.

RESULTADOS PARCIAIS

O bloco Ambiente em Foco teve início em fevereiro de 2010 e durante este período, 16 blocos foram criados, editados e veiculados no programa educativo-cultural que faz parte de um projeto da UAG/UFRPE que já vem sendo desenvolvido há dois anos. Até o presente momento, os temas discutidos entre os locutores ambientais versaram sobre: Poluição da água; Poluição do solo; Poluição atmosférica; Poluição sonora; Apreensão de madeiras nativas da Mata Atlântica e da Caatinga em Pernambuco; Destino do lixo eletrônico; O combate ao desmatamento na caatinga; A auto-estima do trabalhador e sua relação com o Meio Ambiente; Programas e Projetos ambientais nas escolas e nas comunidades; Desmatamento e a produção ilegal de carvão em Ponta da serra no município de Petrolina- PE; Descoberta de mancha de lixo no oceano atlântico; ONGs e órgãos municipais: Suas contribuições para proteção do Meio Ambiente; Órgãos Estaduais: Suas responsabilidades para proteção do Meio Ambiente; Órgãos Federais: Sua responsabilidade pela proteção do Meio Ambiente; Destino de carcaças de animais, dentre outros. Além disso, o referido bloco serviu como meio de divulgação da III Conferência Municipal de Meio Ambiente em Garanhuns, do III Concurso Escolar de Educação Ambiental, além de outros eventos de destaque local, regional e nacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os impactos de um bloco radiofônico ambiental deste tipo, por vezes, são bastante difíceis de serem mensurados, já que depende de avaliação de mudanças de atitudes e as conseqüentes ações concretas do público ouvinte em relação ao meio ambiente. Como o bloco segue as premissas básicas da EA e, sendo assim, faz parte de um processo que, ao longo tempo, tem por objetivo mudar comportamentos arraigados a nossa cultura, é de se esperar que qualquer prévio resultado seja positivo. Ao menos, algumas manifestações informais e pontuais de alguns ouvintes fora do ar, uma vez que o bloco não é aberto à participação pública, levou-nos ao questionamento desta atuação do ouvinte como forma de prévia concretização do processo da EA. De maneira interessante, gostaríamos de destacar que a vinheta, elaborada para o bloco, menciona um compromisso com o nosso meio. Do ponto de vista etimológico, o substantivo compromisso foi escolhido como forma de remeter o ouvinte à, voluntariamente, se vincular ou assumir uma obrigação com a causa. A voz feminina, por sua vez, tende a remeter a imagem do cuidado. Diante disso, o bloco Ambiente em Foco visa ressaltar a importância e os cuidados com o Meio Ambiente relatando, conhecendo e discutindo algumas modificações que o homem faz no mesmo e suas conseqüências. Além disso, o mesmo incentiva a população a respeitar a legislação e a atuar de forma a preservar e conservar o ambiente, promovendo atitudes em prol da sustentabilidade do meio, sobretudo aquelas que os próprios podem ter em seu dia-a-dia.

REFERÊNCIAS CONSULTADAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente e Saúde. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Fundamental, p. 14, 46. 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1975.

MATTOS, Marcos Renato Franzosi ; MATTOS, Lucilene Simões . O I Concurso Escolar de Educação Ambiental como Ferramenta de Conscientização Ambiental em Garanhuns, Pernambuco, Brasil. In: I Congresso Nacional de Educação Ambiental & III Encontro Nordestino de Biogeografia, 2009, João Pessoa - PB. Anais do I Congresso Nacional de Educação Ambiental & III Encontro Nordestino de Biogeografia, 2009. Páginas 536-540

PONTE FILHO, C.H.; PATROCÍNIO, K.R.A. O Rádio na Escola como Instrumento Educativo: Estudo de Caso do Programa "Antenados". Disponível em http://www.catavento.org.br/conteudo.php?codigo=7. Capturado em 17/07/2010.