AMAZÔNIA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS.

AMAZON AND GLOBAL CLIMATE CHANGE.


Vangléia Germano Costa ¹


Universidade Federal do Acre ? UFAC
Departamento de Geografia
Orientador: Alexsande Franco**

Resumo

O aquecimento global causado pelo homem é um dos maiores paradigmas científicos da atualidade. Esta tem profundas implicações ambientais, econômicas, políticas e sociais. O debate em torno do assunto é intenso. Porém, a perspectiva de mudanças climáticas do passado, as questões do tempo geológico fazem parte dessa discussão. O clima oscila e muda naturalmente. Ele tem isto muitas vezes no passado. As causas disto são geológicas e estas mudanças fazem parte da dinâmica natural da Terra. No artigo citaremos a geologias como sendo um fator determinante que prova o que está ocorrendo na terra e como a Amazônia é afetada. Trataremos de buscar as causas e as conseqüências e o porquê das mudanças, tentando desta forma de contribuir ao debate. Mesmo diante das incertezas científicas e mudanças climáticas do passado apresentadas, o artigo defende a posição sensata de se tomar atitudes que possam reduzir a possibilidade de efeitos antropogênicos ao clima, no lugar de se simplesmente continuar emitindo gases de efeito estufa sem restrições e esperar o que venha a acontecer.




Abstratct
Global warming caused by man is one of the most current scientific paradigms. This has profound environmental, economic, political and social issues. The debate on the subject is intense. However, the prospects of climate change from past issues of geological time are part of that discussion. The mood swings and changes naturally. He has this many times in the past. The causes of this are geological and these changes are part of the natural dynamics of the Earth. In the article we will cite the geology as a factor that proves what is happening on the ground and as the Amazon is affected. We will try to seek the causes and consequences of the
changes and why, it aims to contribute to the debate. Even in the face of scientific uncertainty and climate of the past presented, we propose the sensible position to take actions that might reduce the possibility of anthropogenic climate effects, rather than simply continue to emit greenhouse gases without restrictions and what to expect to happen.

PALAVRAS CHAVE: Aquecimento global, Amazônia, Biodiversidade, Clima, Efeito estufa, Floresta tropical, Mudanças climáticas, Mudanças globais.


Considerações gerais sobre o Aquecimento Global

O aquecimento global tem sido descrito como maior ameaça à humanidade. De acordo com a revista Science-( 2008), os pesquisadores "
"É a possibilidade de termos iniciado uma lenta, mas irrefreável, avalanche de mudanças"

Os céticos questionam essa declaração. De fato, muitos concordam que a Terra está ficando cada vez mais quente, mas estão incertos quanto às causas e as conseqüências. Dizem que as atividades humanas talvez sejam um fator, mas não necessariamente o principal. Já se tratando de Amazônia a influência do homem no equilíbrio natural do planeta atingiu magnitude sem precedentes. As mudanças climáticas antropogênicas estão associadas às atividades humanas com aumento da emissão de gases de efeito estufa, queimadas, como desmatamento, a Poluição Urbana, etc.
Desde a década de 1980, evidências científicas sobre a possibilidade de mudança do clima em nível mundial vêm despertando interesses crescentes no público e na comunidade científica em geral. Em 1988, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estabeleceram o Intergovernamental Panel on Climate Change [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas] (IPCC). O IPCC ficou encarregado de apoiar com trabalhos científicos as avaliações do clima e os cenários de mudanças climáticas para o futuro. Sua missão é "avaliar a informação científica, técnica e socioeconômica relevante para entender os riscos induzidos pela mudança climática na população humana". O IPCC foi criado pelos governos em 1988 para fornecer informações técnicas e científicas sobre as mudanças climáticas. O processo utilizado para produzir essas avaliações é criado para assegurar alta credibilidade tanto na comunidade científica como na política. Avaliações prévias foram publicadas em 1990, 1996 e 2001. Existem três "grupos de trabalho": O Grupo 1 avalia os aspectos científicos do sistema climático e de mudança do clima; o Grupo 2 avalia os efeitos das mudanças climáticas sobre a natureza e a sociedade; e o Grupo 3 discute os métodos de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
De acordo com um recente relatório do (IPCC), patrocinado pela ONU, o aquecimento global é "inequívoco", ou seja, um fator; e é bem provável que a humanidade tenha boa parte de culpa. Por outro lado o que se sabe é que O aquecimento global, provocada pela emissão de gases de efeito-estufa é um dos maiores paradigmas científicos da atualidade.
Quando a energia solar chega a Terra, cerca de 70% é absorvida, aquecendo o ar, o solo e o mar. Mas a atmosfera retém mais calor quando poluentes mudam sua composição. Isso pode fazer com que a temperatura da Terra aumente. Fonte (artigo MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS: PASSADO, PRESENTE E FUTURO) Eerola- 2003
.
Assim, a concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera aumentou de modo significativo nos últimos 250 anos, desde o inicio da Revolução Industrial com uso de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo. Outra possível causa da intensificação do efeito estufa é o aumento da quantidade de animais de criação, pois seus processos digestivos produzem metano e óxidos nitrosos. Nos países industrializados o debate em torno da questão e as suas possíveis conseqüências são intensas. Infelizmente o debate tem sido caracterizado por uma forte carga ideológica.
Os que duvidam que os humanos sejam responsáveis pelo aquecimento dizem que a temperatura da Terra já teve variações significativas no passado. Mencionam os chamados períodos glaciais, quando a Terra era supostamente bem mais fria do que agora; e, para apoiar a teoria do aquecimento natural, citam a evidencias de que em certas épocas em regiões frias, como a Groelândia crescia vegetação típica de regiões mais quentes. No entanto, os cientistas admitem que quanto mais volte no tempo, mais difícil é afirmar como era o clima.
No entanto, o fato é que mudanças climáticas radicais e em nível global ocorreram em um passado remoto e também recente
Portanto, este artigo tratara das questões das mudanças climáticas globais e da Amazônia. Tenta-se contribuir ao debate ao trazer as discussões de alguns elementos que freqüentemente estão sendo esquecidos, como a perspectivas do tempo geológico e mudanças globais do passado, como também transformações que levam às variações climáticas da AMAZÔNIA.

1.1 Geologia e as mudanças globais do Passado

A geologia tem um papel fundamental para esses estudos de mudanças globais, ela tem como objetivo mostrar em detalhes como tudo começou como explica o Professor Toni Tapani Eerola
"(...) A geologia é a ciência das mudanças. Os acontecimentos do nosso planeta foram gravados em camadas de rochas sedimentares, que são lidas e interpretadas pelos geólogos. Os processos e as mudanças geológicas relacionadas cobrem milhares, milhões ou até bilhões de anos. Por isto é necessário de se considerar uma perspectiva de tempo mais amplo quando pesquisamos diferentes ciclos, por exemplo, em relação às mudanças climáticas". (Eerola, 2003,)

Esses fatores da Geologia repassam muito bem o porquê das constates mudanças. Seria talvez que no mundo nada é para sempre? Talvez sim, com as observações de que os continentes derivam, colidem e se separam cordilheiras são soerguidas e desgastadas pela erosão, vulcões entram em erupção, terremotos sacodem a Terra, espécies extinguem e outros surgem no seu lugar, geleiras se expandem e se retraem, o clima muda e o nível dos mares varia. Assim tem sido no passado e assim será no futuro. A natureza está em constante transformação, mesmo não sendo os necessariamente capazes de vê-la. As mudanças ocorrem lentamente em relação à nossa percepção do tempo.
Apesar de sabermos que a geologia contará muito para entendermos um pouco mais, a verdade são outras, onde os geólogos deveriam expor sua opinião desse preocupante debate, ficamos a mercê da mídia que busca mostrar por outro lado os sentimentos emocionantes e sensacionalistas ou então castrofíco.
Durante a história de 4,5 bilhões de anos do nosso planeta ocorreram várias mudanças climáticas radicais. Longos períodos de clima estável foram sucedidos por glaciações e estes, por sua vez, por efeito-estufa. Estes períodos quentes ocasionaram até desertificações de amplas áreas continentais. Estes eventos têm provocado também conseqüências biológicas. As mudanças climáticas têm extinguido muitas espécies e favorecido outras.
As camadas sedimentares revelam que a Terra já sofreu várias glaciações. A mais antiga destas foi há mais de dois bilhões de anos atrás e o mais intenso, por sua vez, parece ter congelado até as regiões equatoriais. O clima da Terra resfria o nosso planeta às vezes como um congelador, e outras vezes o transformando em uma sauna. A seguir, faremos uma volta no tempo para vermos como o clima da Terra variou no passado.
De acordo com o professor Eerola os eventos são os seguintes:

? Glaciação Arqueana (há 2,7 bilhões de anos atrás)
As rochas mais antigas interpretadas como glaciais foram descobertas em formações com a idade de 2,7 bilhões de anos na África do Sul. Porém, nem todos os pesquisadores aceitam a sua origem glacial. Pelo menos não foram relacionadas às geleiras extensas.

? Glaciações Paleoproterozóicas (há 2,3 bilhões de anos atrás)
Os vestígios mais antigos de um período de frio intenso são encontrados em rochas com a idade de 2,3 bilhões de anos na América do Norte, Finlândia e Rússia, que se situavam próximos uns dos outros. O período é conhecido como a Glaciação Huroniana.

? Glaciações Neoproterozóicas: do "Planeta Bola-de-Neve" ao Efeito-Estufa Cambriano (há1000 a 540 milhões de anos atrás)

A mais severa glaciação de toda a história evolutiva da Terra foi há 1000 a 550 milhões de anos atrás, no período conhecido como o Neoproterozóico. Nesta época ocorreram pelo menos quatro glaciações em regiões que hoje estão dispersos em continentes diferentes. A mais extensa destas foi a Glaciação Varangeriana. Esta foi o período mais frio que a Terra já experimentou durante a sua história. A Terra estava congelada até aos trópicos, formando o chamado "Planeta Bola-de-Neve" (Eerola & Eronen 1998, Hoffman et al. 1998). Somente algumas áreas oceânicas, com ilhotas e microcontinentes, estavam livres de geleiras na região do Equador (Hyde et al. 2000). Segundo recentes simulações climáticas, nestas áreas predominavam um clima tropical (ibid.). O nome da glaciação vem do fjord de Varanger no norte da Noruega, onde pela primeira vez foram encontrados sedimentos glaciais com a idade entre 650 a 600 milhões de anos. Apesar de a origem glacial das rochas deste lugar ser atualmente disputada, os vestígios desta glaciação são encontrados também na Antártida, África do Norte, China, Rússia, Suécia, Escócia, Svalbard, Namíbia, Argentina, Uruguai, Brasil, América do Norte e Austrália (vide Eerola 2001a). Isto significa que áreas muito extensas foram cobertas por geleiras. A presença desta glaciação no sul do Brasil está sendo pesquisada pelo autor (vide Eerola 1995, 2001b).
A mudança climática mais drástica do passado geológico conhecida ocorreu há 540 milhões de anos atrás, na transição do Neoproterozóico ao período Cambriano da era Paleozóica (vide Eerola 2001a). Durante as glaciações, os mares absorveram grandes quantidades de dióxido de carbono e os continentes estavam amalgamados, formando o supercontinente de Rodinia. No período Cambriano este supercontinente começou a fragmentar-se. Erupções vulcânicas e gases hidrotermais dos fundos oceânicos em expansão emitiram grandes quantidades de gases, como o dióxido de carbono. Em conseqüência deste fenômeno natural de efeito-estufa, a temperatura aumentou radicalmente e as geleiras fundiram-se, elevando o nível dos mares. Novos mares rasos banhavam os litorais do supercontinente em fragmentação. O dióxido de carbono, que estava em solução na água do mar, precipitou-se em forma de carbonatos, formando rochas calcáreas nos mares rasos tropicais. A vida começou a irradiar nestes mares (vide Zhuravlev & Riding 2001).
Os períodos de extremo frio das glaciações tinham causado grandes pressões ambientais às espécies marinhas. A mudança climática radical de um "refrigerador à sauna" ofereceu condições favoráveis a estas espécies. Ocorreu a radiação evolutiva do Cambriano (vide Zhuravlev & Riding 2001). Os animais aprenderam a formar esqueletos e carapaças a partir de carbonato de cálcio ? surgiram os vertebrados. Após disto, nada foi mais como antes. O mundo mudou de uma vez por todas. Mudanças climáticas radicais têm ocorrido várias vezes durante a história geológica, mas nunca com a mesma intensidade e importância.

? Glaciações Paleozóicas (há 400 a 200 milhões de anos atrás)

Várias glaciações afetaram os continentes do hemisfério sul durante o Paleozóico. No Brasil são encontrados vestígios de geleiras nos períodos Devoniano, Siluriano e Carbonífero (vide Almeida & Carneiro 1995). Durante esta era, a vida invadiu a terra firme e até o período Carbonífero, a evolução tinha produzido uma fauna e flora abundantes. No Carbonífero, ao começar a se formar o novo supercontinente Pangea, há 300 milhões de anos atrás, os países do atual hemisfério norte estavam na faixa equatorial e eram cobertas por vastas florestas formadores de carvão, enquanto os continentes do atual hemisfério sul estavam no Pólo Sul e cobertas por geleiras (ibid.). Porém, logo após disto, a zonalidade climática foi reduzida e houve um aquecimento global, que perdurou durante todo o Mesozóico, contribuindo à evolução dos dinossauros. O Mesozóico, por sua vez, terminou com a separação do Pangea, mudança climática, atividade vulcânica e a queda de um meteorito gigante no Golfo do México, que aniquilaram os dinossauros.

? Glaciações Quaternárias (há 2,5 milhões de anos a 10.000 anos atrás)

Durante os dois últimos milhões de anos o clima da Terra tem variado drasticamente, foi nesse período chamado de Quartenário que se desenvolveu muito que hoje representa a superfície da Terra, sendo especialmente interessante porque é, também, o período de surgimento do homem, sua evolução e domínio do planeta. Mudanças ambientais significativas, espaciais e temporais, podem ser identificadas no curto intervalo de tempo envolvido neste período, representadas em um complexo mosaico de pasaigens, seqüências sedimentares, vestígios de floras, faunas e artefatos humanos.
O período Quartenario representa a ultima grande divisão do tempo geológico e, embora não exista concordância geral, é considerado ter-se iniciado há, aproximadamente, dois milhões de anos, estendendo-se até o presente.
As suas conseqüências foram glaciações, intermediadas por períodos interglaciais mais quentes, como o que estamos vivendo agora. Durante as glaciações, a Europa do Norte e grandes áreas da América do Norte estavam cobertas por espessas geleiras continentais. Neste sentido, as glaciações Quaternárias foram excepcionais, pois no passado ocorreram geleiras continentais somente nos continentes do hemisfério sul.
Tradicionalmente se admite que houve quatro glaciações sucessivas, ou períodos de clima frio, mas estudos mais recentes mostraram ter havido outras grandes glaciações durante a parte final do terciário, assim como em outros períodos geológicos. A evolução do homem ocorreu durante estas mudanças climáticas e a distribuição das espécies foi fortemente influenciada por estas.
Assim, o homem é um ser apenas mais um agente geológico dentre muitos outros, somos a espécie, que pela primeira vez na história da Terra, pode ter o poder de contribuir a uma mudança global. Porém, na falta de provas suficientes, é difícil de dizer se teremos um aquecimento global provocado pelo homem ou não. Diante de um assunto desta importância, são importantes termos humildade e reconhecermos a nossa ignorância a respeito. De qualquer modo, é bastante arriscado continuarmos da mesma maneira como tem se feito até agora, ou seja, emitindo gases de efeito estufa sem preocupações.






Tabela dos períodos geológicos.




















Fonte: Livro do J. O Ayoade



1.2 Possíveis Impactos das Mudanças Climáticas na Amazônia

A recente variabilidade climática, especialmente o aumento da temperatura, já está afetando globalmente os sistemas físicos (clima, recursos hídricos, nível do mar), biológicos (ecossistemas naturais, distribuição de espécies), assim como a sociedade (saúde humana, disponibilidade hídricas, transporte fluvial, desastre naturais). Os sistemas biológicos são vulneráveis a mudanças climáticas, e alguns serão prejudicados irreversivelmente. Como exemplos da importância do clima numa região, pode-se mencionar a seca da Amazônia em 2005, que gerou uma serie de artigos sobre as suas possíveis causas, no contexto da variabilidade natural e da mudança antropogênicas do clima (Marengo ET AL., 2008.).
Na Amazônia, por exemplo, poderá haver uma revelação da temperatura em ate 8°C e redução no volume de chuva em 20%, caso se confirme o cenário mais pessimista. No cenário mais otimista, a temperatura pode subir cerca de 5°C ate 2100, acompanhada de uma redução na chuva de 5-15% .O que chama a atenção é que, num curto intervalo de seis anos, do inicio da grande seca na Amazônia em 2005, observamos a mais drástica seca, em 2010, e a terceira maior seca no rio Amazonas desde 1963-, e ainda tivemos a maior enchente do mesmo rio em 2009. Em poucos anos, portanto, vários recordes climáticos foram ultrapassados. O que poderia estar acontecendo?
Não temos uma explicação completa sobre o porquê de tantas cheias e secas na bacia amazônica em tão pouco espaço de tempo. Isso gerou, claro, enorme interesse cientifico nacional e internacional em estudar tais fenômenos, mas é cedo para afirmar quando teremos explicações completas sobre essas anomalias climáticas, ainda que vários estudos já estejam prontos para publicação em 2011. (Fonte: Nobre, Carlos.).
Para falar de secas, é preciso caracteriza-la. Há basicamente dois tipos de seca na Amazônia: um primeiro tipo, mais comum, são causadas, principalmente, por perturbações climáticas que se originam no Oceano Pacifico associadas com o aquecimento (fenômeno conhecido como El Niño). O El Niño causa a seca acentuada no norte e leste da Amazônia. Mais então o que seria esse fenômeno?
El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias. (Fonte CPTEC- Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos.)

Outro tipo de seca, normalmente mais raro, é induzido quando o oceano Atlântico Tropical ao norte do Equador está mais quente, o que muda a circulação atmosférica na Amazônia, diminuindo as chuvas, uma vez que transporte de umidade pelos ventos alísios deste oceano para dentro do continente diminui. Nesse caso, a seca se manifesta mais no oeste e sudoeste, como foi o caso em 1963, 2005 novamente em 2010.
Também é preciso diferenciar secas meteorológicas de secas hidrológicas em uma bacia de drenagem. O que vimos em 2010 foi drástica seca hidrológica do registro histórico, que isolou varias comunidades ribeirinhas, ocasionando um desastre natural que afetou mais de 60 mil pessoas. O déficit de chuva também atingiu alguns tributários de margem esquerda originários do hemisfério norte. A combinação dessas dunas "ondas de seca" vindas de ambos os hemisférios resultou na menor vazão registra no canal principal.
No inicio de 1970, estudiosos relacionaram os períodos glaciais do Pleistoceno (entre 10 mil e 1,8 milhão de anos) à fase de climas menos úmidos na Amazônia. Só a partir de 1988, com datações paleológicas (é a parte da micropaleontologia que estuda os microfósseis orgânicos), de amostras pleistocenicas, essa hipotese foi consolidada. ( Fonte: www.google.com)
Então, se o aquecimento global ou o desmatamento na Amazônia causar uma mudança permanente do clima, em que a soma média da chuva na região diminua em torno de 10% ou 15% e a tempertura aumente quatro graus, há duas coisas ocorrendo:
(...) mais de 50% da Amazônia podera se tornar propicio a outros tipos secos da vegetação. Com isso, ou teremos uma floresta seca ou tipo de savana bastante degradada, diferente do cerrado do centro e do sul da Amazônia, o empobrecimento em diversidade biológica. A esse processo, a literatura cientifica tem dado o nome de processo de "savanização" da Amazônia, querendo dizer que as mudanças climaticas de origem global (por exemplo, aquecimento global devido a emissão de gases de efeito estufa) ou local/regional (por exemplo, desmatamentos) tornam o clima regional mais parecidos com aquele das savanas tropicais, com o longos periodos de estiagem. ( Nobre,2009.)

A Amazônia foi dominada por uma vegetacão tipo savana. Já no Holoceno, mas recente ( de 10 mil anos ate hoje), pouco se conhece sobre as ultimas variações climatícas. É importante atestar a ocorrência de períodos climáticos mais secos na Amazonia, que estejam relacionados com ações antropicas como as queimadas ou efeito estufa.

Segundo o professor Carlos Nobre, relata na sua pesquisa as mudanças que ocorrem na Amazônia. Ele expõe que a principal causa vinha das mudanças globais que afeta diretamente e indiretamente na Amazônia, ele cita ainda que um dos tópicos dessa ocorrência fosse através das:

"Variações climáticas na região podem ser devidas às variações climáticas globais, decorrentes de causas naturais. Mudanças climáticas de origem antrópicas, decorrentes de alterações do uso da terra dentro da própria região amazônica" Nobre, 2010.


Baseado na hipótese de que as variações climáticas possam ser decorrentes de causa natural, Carlos Nobre faz as seguintes ponderações a respeito de sua origem:


Essas mudanças estão relacionadas com variação da intensidade solar, variações da inclinação do eixo de rotação da Terra, variações da excentricidade da órbita terrestre, variações das atividades vulcânicas e variações da composição química da atmosfera, entre outras. Nobre, 2010.


Existem registros documentados sobre as oscilações climáticas na Amazônia ocorridas durante as glaciações e também de variações mais recentes da temperatura local. Os efeitos do El Niño, que é um fenômeno natural, podem estar incluídos dentro dessa categoria. O tempo de resposta às forças modificadoras pode ser em um período anual, de décadas e milênios. Não há muita coisa que a sociedade possa fazer contra essas tendências a não ser se preparar para minimizar seus efeitos quando houver possibilidade de previsões científicas.

Com relação às alterações do uso da terra dentro da própria região amazônica, elas estão ligadas diretamente aos desmatamentos florestais para transformação em sistemas agrícolas e/ou pastagem, o que implica em transferência de carbono (na forma de dióxido de carbono) da biosfera para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, o qual por sua vez acaba atuando sobre a região amazônica. Alguns estudos feitos demonstraram que mudanças na cobertura superficial podem ter um impacto significativo no clima regional e global. Evidências de trabalhos paleoclimáticos e de modelagem indicam que essas mudanças na vegetação, em alguns casos, podem ser equivalentes àquelas devidas ao aumento do CO2 na atmosfera (Pitmanand Zhao, 2000).
Sendo assim, percebemos que o Homem é agente ativo nessa causa em outras palavras, a Amazônia produz emissões globalmente significativas de gases de efeito estufa, tais como gás carbônico, metano e óxido nitroso. Porque cada hectare de desmatamento tem uma emissão líquida significativa, a redução da taxa de desmatamento representa um impacto evitado, esse valor corresponde a um lucro maior que usos da terra tradicional, baseados na destruição da floresta. A conservação é um meio de transformar o valor dos serviços ambientais da floresta em um fluxo monetário que pode ser usado para manter a floresta para a população humana que a defende.
Evitar emissões de gases de efeito estufa representa o serviço ambiental que está mais próximo de ser tornar uma fonte significativa de renda na Amazônia, enquanto manter a biodiversidade e a ciclagem d?água é fontes de valor, em potencial, ao longo prazo. O aproveitamento do valor do papel da floresta na manutenção do equilíbrio global de carbono depende de uma quantificação segura das emissões provocadas pelo desmatamento.










Considerações Finais
A terra no passado passou por varias mudanças climáticas, essas mudanças foram naturais por forças da própria dinâmica do planeta. Hoje vivemos um período de permanentes conflitos climático. Mais, qual seria a causa? E Qual seria a nossa participação com essas mudanças? Porém, na falta de provas suficientes, é difícil de dizer se teremos um aquecimento global provocado pelo homem ou não. De qualquer modo, é bastante arriscado continuarmos da mesma maneira como tem se feito até agora, ou seja, emitindo gases de efeito estufa sem preocupações. O preço das conseqüências em assumir este risco pode ser mais alto do que medidas de prevenção a serem adotadas.
A Amazônia não difere do mundo, por ser a floresta que mais incomoda pelos seus maus tratos e que nas ultimas décadas, tem passado por tantas pressões direitas advindas dos desmatamentos e dos incêndios florestais, como pressões resultantes do aquecimento global.
Mais o que devemos pensar? Pensando de maneira otimista, a ameaça do efeito estufa pode ser uma ótima oportunidade de aprendermos a atuar de maneira econômica e solidária e adaptarmos às novas condições. Provavelmente algumas espécies vão ser fatalmente extintas e outras continuarão a sua luta pela sobrevivência chegando até mesmo a adaptação, como tem ocorrido tantas vezes durante a história geológica. Agora a Amazônia só precisa de um pouco mais de "querer" e " vamos fazer ", por parti dos políticos implantar recursos contra o desmatamento e outros efeitos , porque apesar de todos os estudos feitos e comprovados, e que além da mais provável prova do aquecimento global seja tão clara, o Homem precisa reciclar seu modo de pensar.
Então, o que fazer para evitar a savanização da Amazônia?
Bem, o primeiro ponto é que isso está ao alcance dos brasileiros. É preciso construir políticas públicas que enfoquem a redução dos desmatamentos da Amazônia, algo que vem ocorrendo nos últimos anos. Vamos dizer que estamos no caminho certo uma vez que o desmatamento está diminuindo. Precisamos continuar e reduzi-lo para próximo de zero. Podemos zerar o desmatamento, mas isso será insuficiente com continuidade e aceleração do aquecimento global.
Temos de criar uma estratégia mundial de redução das emissões, não só no Brasil. Este é o grande desafio. Se não reduzirmos as emissões da queima de combustível fóssil, que é a principal forma de emissão de gases de efeito estufa, pagaremos um preço muito alto mesmo se reduzirmos os desmatamentos a zero.




















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