Almanaque Esotérico 7
O próximo nível geral de divisão poderá ser visto como o das nações, isto é, o espírito de um povo, uma entidade distinta dentro de uma raça. Os escoceses, os gauleses, os irlandeses e os ingleses há muito tempo foram obrigados a lidar com este fenômeno, e o mundo árabe, apesar de sua unidade nominal, mostra com clareza um conjunto de diversos povos, com diferentes valores gerados pela localização, clima e costumes tribais. Tais grupos são organismos definidos, com características próprias. Todos os africanos eram parecidos para os primeiros exploradores europeus, mas com um conhecimento mais próximo observou-se claras e, às vezes, marcantes diferenças de temperamento e atitudes entre as nações negras. Na verdade, a diferenciação entre os povos da Índia cristalizou-se no sistemas de castas, que foi a princípio planejado para especificar deveres espirituais, e não nacionais.
Dentro dos organismos das nações existem as células das várias comunidades. Podem ser sociais ou econômicas, de classe ou geográficas. O que quer que sejam, se relacionam a pessoas que possuem algo em comum, seja por herança ou profissão, crenças ou até mesmo por hobby. Tais comunidades podem se localizar em um lugar ou estarem espalhadas por todo o país. Podem ser encontradas em todos os níveis, como fã-clubes de futebol, sociedades de pintores de aquarela, ou a Associação para o Avanço da Ciência. É possível ver a subdivisão dessas comunidades como famílias; e assim as encontramos dentro da comunidade centralizada ao redor de uma igreja ou sinagoga, além da óbvia família consangüínea, o grupo de teatro local, o clube de tênis, a sociedade de horticultura, ou apenas um grupo de frequentadores de um determinado bar. A principal característica desses grupos é que são formados por pessoas que, de fato, se conhessem pessoalmente e partilham de valores comuns, e muitas vezes de suas vidas. Nesse contexto familiar, encontramos entre os indivíduos um conjunto explícito de funções e uma atitude de intimidade.
O indivíduo é a humanidade em microcosmo, e, como tal, é a menor unidade. Contudo, o indivíduo é uma mistura peculiar de todos os níveis maiores, pois qualquer pessoa tem raça, nação, comunidade e família fundidas em seu ser individual e independente. Isso significa que cada indivíduo é como todo mundo, de modo que cada pessoa pode ser vista como uma determinada faceta de toda a humanidade. Aqui temos o produto final do processo de descida através da criação, da formação e da execução, até o ponto de retorno da autorealização em direção à verdadeira individualidade, evoluindo além dos padrões coletivos planejados para ajudá-lo a sobreviver e a se relacionar com a família, com a comunidade e com a nação. Muitas pessoas pensam que ser um indivíduo é uma posição que se adquire sendo elegantemente original, ou dominando seus semelhantes. Não. Ser realmente original requer uma abordagem bastante oposta, embora isso só seja reconhecido depois do sucesso ou fracasso nos objetivos mais evidentes da vida. O primeiro “estado” da maioria dos que buscam a verdadeira realização é de um profundo desapontamento. Nesse ponto de desespero, muitos indivíduos que buscam por si mesmos encontram alguém em uma tradição espiritual. Com freqüência, em sua desolação e solidão, nem sempre compreendem que semelhante contato está tão próximo. Misericordiosamente, a Providência cria uma situação na qual lhes é dada a escolha de reconhecer um dos “companheiros”, como, às vezes, são chamadas as pessoas do Caminho. Se não perderem a oportunidade, iniciam então a jornada de retorno à Origem, reentrando na órbita de uma família, mas desta vez um grupo familiar de condição completamente diferente. Este é o primeiro estágio dos níveis correspondentes da hierarquia interna dos grupos, escolas, Linhas e Tradições que compõem a infra-estrutura espiritual da humanidade.