ALLAN KARDEC E SUA MISSÃO Podemos dizer que Kardec nasceu preparado para uma grande missão. Filho de magistrado, teve uma educação primorosa. Começou seus estudos em Lyon mesmo onde nasceu e continuou em Yverson com o famoso mestre Pestalozzi. Foi neste instituto que ele conheceu o Positivismo que muito veio contribuir para a nova doutrina de que seria o codificador. Voltando a França, fundou uma instituição de ensino que ministrava aulas gratuitamente àqueles que não poderiam pagar. Lecionava Química, Física, Astronomia e Anatomia. Publicou também muitos livros didáticos colaborando e muito na educação na França. Kardec, por sua boa educação, respeitava todos os ramos da Filosofia e Religião, mas era muito céptico, a ponto de só acreditar naquilo que via. Tinha um caráter firme em suas idéias e não era fácil de ser dobrado por ninguém. Era um cientista por excelência e tudo dele era levado a categoria de método, ordem, disciplina. Falava perfeitamente a língua francesa, inglesa, alemão e outras. Em 1854 ele ouviu falar pela primeira vez das mesas girantes.Como ele tinha estudado os fenômenos do magnetismo, acreditou ser isto obras deste magnetismo. Achava que seria um fluído magnético, que é uma propriedade particular da eletricidade, bem possível de ser levado aos objetos materiais. Não deu muita importância para o fato. Mais tarde ele encontra o magnetizador Fortier com quem tinha muita amizade e Fortier lhe disse que “as mesas não só se movem, mas também pensam e respondem às perguntas formuladas”. Kardec achou isto uma fantasia e respondeu: “só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode se tornar sonâmbula”. Em 1855 o Sr Carlotti diz a Rivail que nestas mesas havia a influência das almas dos mortos. Piorou a situação de Rivail e ele então resolveu assistir a uma destas sessões. E foi no dia 1º. de maio que ele assistiu a um trabalho das mesas. A esta sessão se comunica através da sra. Roger um espírito evocado pelo senhor Carlotti. Rivail ficou impressionado com o fenômeno e rendeu-se à evidência da comunicação de um espírito. Ele disse então: “ a honradez da médium e a dignidade do magnetizador produziram em mim súbita conversão à Escola Espiritualista. Eu tinha dado um avanço para a verdade”. No dia 8 de maio ele presenciou um fenômeno das mesas girantes, o mais notável acontecimento da vida dele, segundo ele mesmo afirmara. O fato é que Rivail se interessou pelos fenômenos e começou a freqüentá-las. Ele viu ali um objeto sério de estudos que devia ser levado em consideração. Foi assim que uma noite se manifestou um espírito chamado Zéfiro que se dizia ser seu protetor. Disse a ele que o conhecera numa existência anterior, no tempo dos Druidas, na Gália e que se chamava Allan Kardec. Também informou que Rivail tinha uma missão de ser o Codificador da doutrina espírita para a qual tinha sido convocado pelo Espírito de Verdade. Começa então o lento trabalho de Rivail. Ele teve a curiosidade de perguntar a Zéfiro se era possível receber uma comunicação do Espírito Sócrates ao que Zéfiro responde: “Você já o consulta mentalmente”. E logo a seguir ele recebe uma comunicação de Sócrates: “A verdadeira Filosofia dos Espíritos adiantados só poderá ser revelado ao que for digno de receber A VERDADE”. Rivail parece preocupado com o advento de sua missão e pergunta o que deve fazer para seguir esta missão e a resposta lhe vem:”O bem, e dispor-se a suportar corajosamente qualquer provação para defender a VERDADE, ainda que precise... beber a cicuta”, mas ele insiste em saber se está preparado para tal e novamente lhe vem a resposta:”A nossa assistência não te faltará, mas será inútil se não fizeres o que for necessário. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos encarniçados se conjuntarão para tua perda; ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos que te parecerão os mais dedicados; terás de sustentar uma luta quase continua, com sacrifício do teu repouso, da tua saúde, da tua vida.” Rivail aceitou o trabalho, levou adiante, tudo muito a sério, mas sofreu muito pela ignorância das pessoas. E assim nosso amigo Ravail vai começando o seu lento trabalho. Em primeiro lugar percebeu a futilidade de muitas pessoas que participavam das reuniões. Muitos vinham por curiosidade, outros por tentar satisfazer suas ações materiais. Uma coisa que ele percebeu, é que os espíritos eram almas dos mortos e que não havia muitas diferenças entre mortos e vivos. Ele passou então a freqüentar a casa do Sr. Baudin, pois ali se levava a sério os espíritos e as pessoas também eram mais sérias. Utilizou então alguns médiuns bastante novos: Caroline Baudin de 18 anos, Julie Baudin de 14 anos e Ruth Japhet. Os trabalhos eram feitos ainda na cesta de vime e não psicografias como hoje. Tudo era feito com um lápis de pedra chamado Roc e escreviam numa ardósia. A casa ainda se enchia de curiosos e Zéfiro, que não era um espírito superior, respondia a pergunta de todos. Tudo transcorria num clima de paz e alegria. Rivail propôs que se fizesse as reuniões numa determinado horário e sempre com um prece inicial. Em janeiro de 1856 teve inicio ao novo método. O professor Rivail levava as coisas muito a sério e os consulentes só vinham perguntar picuinhas que não levavam a nada. Como as respostas foram ficando evasivas aqueles pessoas foram deixando-os de lado. Muitas respostas eram debatidas entre Rivail e os espíritos. Ele não aceitava qualquer resposta e tudo precisava ser levado à base da razão. Ele evocava o espírito de verdade que dava-lhe razão para usar desta metodologia. A senhorita Ruth Japhet muito colaborou com Rivail na composição da primeira obra espírita. Todas as perguntas e respostas eram lidas, revistas e corrigidas e se necessário feitas novas consultas aos espíritos. Mais de 10 médiuns foram utilizados nestes trabalhos. O trabalho estava pronto para ser editado. Um pormenor veio turbinar a cabeça de Rivail. E agora ele usaria o seu nome na obra ou o dos espíritos? Mas era muitos espíritos. Então Kardec resolveu usar o seu nome de uma vida anterior: Allan Kardec e assim foi feito. Em uma certa manhã de 18 de abril de 1857 uma carruagem chega trazendo os 1200 exemplares da primeira edição de O livro dos Espíritos. O livro foi um sucesso e Kardec recebe diversas homenagens durante todo o dia e a noite. A noite a médiuns Ermance Dufaux recebeu uma mensagem de São Luis: “ Sabemos que nos cumpre vencer o principal inimigo da verdade: o materialismo. À luta, pois! Cada um de nós em seu setor, combatamos todos, sem hesitação, o rancor oposicionista. Batalhemos todos, sem temor, contra a rotina retardatária. Guerreemos todos, sem arrefecimento, a perseguição. Mas, na luta, empreguemos somente as armas nobres dos cavaleiros da VERDADE: a humildade, a prudência, a tolerância, a persistência. Sim, essas as nossas armas.” Mais de cem exemplares do livro dos espíritos foram vendidos no primeiro dia. O Livro dos Espíritos foi o primeiro de uma série de 5 que seriam lançados e formam a base da doutrina Espírita. São eles: O livro dos Espíritos, O livro dos médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O céu e o Inferno, A gênese. Kardec lançou as bases do espiritismo no mundo e sua utilidade. Quem quiser realmente conhecer esta doutrina precisa estudar muito estas obras. Resumo dos principais livros de Kardec: 01.O livro dos espíritos – As obras atuais são originadas das segunda edição de O livro dos Espíritos publicado em 1860. Segundo este livro o Espiritismo está dividido em 3 partes contendo: Filosofia, Religião e ciência que foram transmitidos a Kardec pelos espíritos que os assistiam naquela época. Ele contém 1019 perguntas e respostas falando dos seguintes temas: • Primeira parte - Das causas primárias Deus, O Universo, A Criação. • Segunda parte - Do mundo dos Espíritos Origem e Natureza dos Espíritos Encarnação e Desencarnação Pluralidade das Existências Emancipação da Alma Influências dos Espíritos Sobre os Encarnados. • Terceira parte - Das Leis Morais Da Lei Divina ou Natural Das Leis de Adoração, Trabalho, Reprodução, Conservação, Destruição, Sociedade, Progresso, Igualdade, Liberdade, Justiça, Amor e Caridade. Da Perfeição Moral • Quarta parte - Das Esperanças e Consolações Das Penas e Gozos Terrenos Das Penas e Gozos Futuros (Paraíso, Inferno, Purgatório). 02. O LIVRO DOS MÉDIUNS que tem sua fonte na segunda parte de O Livro dos Espíritos. Trata da parte experimental da doutrina. Trata do gênero de todas as manifestações, da educação da mediunidade e das dificuldades e tropeços que ocorrem na prática do Espiritismo. 03.O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO é decorrência da terceira parte de O Livro dos Espíritos. Seu conteúdo sintetiza as explicações das máximas morais do Cristo em concordância com o Espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida. 4.O CÉU E O INFERNO contém o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal para a vida espiritual; as penas e recompensas futuras; os anjos e os demônios; as penas eternas, etc., seguido de numerosos exemplos sobre a situação real da alma, durante e após a morte. Decorre da quarta parte de O Livro dos Espíritos, e coloca ao nosso alcance o mecanismo da Justiça Divina, em consonância com o princípio evangélico: "A cada um segundo as suas obras." 5.A GÊNESE, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo trata dos problemas genésicos e da evolução física da Terra. Abrange as questões da formação e desenvolvimento do globo terreno e as referentes a passagens evangélicas e escriturísticas. Explica, à luz da razão, os milagres do Evangelho. Quem quiser conhecer bem a doutrina dos Espíritos precisa estudar estas obras. Do contrário não terá argumento para falar nada sobre esta doutrina.