Alimentação para Diabéticos
Aspectos para manutenção homeostática

Éder Assis Vieira

1. Introdução

O diabetes mellitus, é uma doença crônica, genética e hereditária, mas pode se desenvolver ou não conforme a soma de alguns fatores, entre eles a obesidade, certos distúrbios endócrinos e o uso abusivo de carboidratos simples na dieta, com uma alimentação errada. Esta doença, pode tornar-se grave e o individuo desenvolver problemas renais, oculares, neurológicos e cardiovasculares.

2. Alimentação para Diabéticos
A prevalência do diabetes tem se elevado vertiginosamente e a dieta habitual é um dos principais fatores determinantes passíveis de modificação na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT).
Evidências sobre o papel da qualidade dos carboidratos da dieta no risco para o diabetes tipo 2 têm sido consideradas inconsistentes. As evidências sugerem que uma dieta rica em cereais integrais e vegetais, em detrimento do consumo de cereais refinados, sacarose e frutose, possa exercer um papel protetor para o diabetes.


3. Cuidados Básicos
 Mudanças de hábitos alimentares:
 O plano alimentar deve ser adequado de acordo com a idade, sexo, atividade física, doenças, hábitos socioculturais, situação econômica e disponibilidade dos alimentos.
 Devem-se fracionar as refeições, objetivando a distribuição harmônica dos alimentos, evitando concentrações de carboidratos em cada refeição, reduzindo, assim, o risco de hipo e hiperglicemia.
 Incentivar o consumo de fibras alimentares (frutas, verduras, legumes, leguminosas e cereais integrais) ? eles tornam a absorção do açúcar mais lenta e gradual.
 Evitar alimentos ricos em gordura saturada e colesterol (gorduras de origem animal.
 Evitar frituras em geral, inclusive com margarinas ou creme vegetal, processo que produz oxidação.
 Evitar carboidratos simples (mel, açúcar, garapa, melado, rapadura, refrigerantes, compotas e doces em geral).
 Produtos diet e/ou ligth, não são dietéticos. Diet são formulados com isenção/redução de algum componente que pode ser açúcar ou outro como gordura, por exemplo. Ligth são formulados com isenção/redução de gordura, normalmente tendo reduzida a quantidade de calorias.
 Existem alimentos/produtos específicos para a alimentação dos diabéticos.
 É importante ler atentamente os rótulos, se propondo uma dieta nutritiva e saudável.
Entretanto, pessoas cujo diabetes esteja bem controlado, peso adequado, e seguem um tratamento intensivo e contagem de carboidratos, podem até usar pequenas quantidades de açúcares junto com refeições equilibradas. A velocidade de absorção dos carboidratos é diretamente influenciada por outros componentes da dieta, como o teor de lipídeos, proteínas e fibras. O teor de lipídeos dos alimentos retarda o esvaziamento gástrico e a velocidade de liberação dos nutrientes para a corrente sangüínea, reduzindo o pico hiperglicêmico pós-prandial imediato. Por outro lado, uma dieta rica em proteínas possui ação direta na hipersecreção de insulina, atenuando a elevação da glicemia após as refeições.

4. Pirâmide Alimentar
Pirâmide alimentar é a representação de uma alimentação saudável. Alimentos em sua base são as fontes primárias, ou seja, que devem estar presentes em maior quantidade, enquanto o topo é constituído por alimentos que devem ser moderados ou até mesmo evitados. No início da década de 90, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, após várias pesquisas, desenvolveu e publicou a Pirâmide dos Alimentos. Chegou-se a conclusão de que uma pirâmide representaria adequadamente a forma correta de se alimentar. A principal característica da Pirâmide Alimentar é a flexibilidade. O uso da Pirâmide está baseado em três palavras: equilíbrio, variedade e moderação. Ela é apenas um esboço do que você consome todos os dias, não é uma prescrição rígida, mas um guia geral que o faz escolher uma dieta saudável. Ter bom senso alimentar faz parte da educação e respeito próprios. Segundo a FAO/OMS (Departamento de Agricultura dos EUA / Organização Mundial da Saúde), um cardápio balanceado deve conter, diariamente, cerca de 50 a 60% de carboidratos, 20 a 30% de lipídeos e 10 a 15% de proteína, além das vitaminas, sais minerais e fibras. Para garantirmos que todos esses nutrientes estejam presentes na dieta diária, a FDA (Food and Drug Administration - órgão do governo dos EUA que controla a produção e comercialização de remédios e alimentos), preconiza o consumo das seguintes porções diárias de alimentos que compõe a Pirâmide Alimentar:
Grupo dos Pães, Cereais, Arroz e Massas: 6 - 11 porções por dia;
 Grupo dos Vegetais: 3 ? 5 porções por dia;
 Grupo das Frutas: 2 ? 4 porções por dia;
 Grupo dos Laticínios: 2 ? 3 porções por dia;
 Grupo das Carnes, Ovos e Leguminosas: 2 ? 3 porções por dia;
 Grupo das Gorduras, Óleos e Açúcares: uso esporádico.
A pirâmide alimentar separa os alimentos em energéticos, reguladores, construtores e energéticos extras. Esses alimentos devem ser consumidos em ordem decrescente, ou seja, devemos consumir em maior quantidade os energéticos, seguidos dos reguladores, dos construtores e por último os energéticos extras, de consumo limitado. Podemos então observar na base da pirâmide, os alimentos ricos em carboidratos (energéticos), seguidos pela ingestão de frutas e verduras principais fontes de vitaminas e minerais (reguladores), acima temos os alimentos fontes de proteína (construtores), e por último as gorduras e os açúcares (energéticos extras), que devem ter uma ingestão bastante restrita.

5. O valor da Dieta
O efeito benéfico do consumo de uma dieta com baixo índice glicêmico consistiria na redução do pico pós-prandial de insulina e glicose , promovendo menor sobrecarga pancreática a longo prazo, cuja falência poderia ser originada por um efeito tóxico direto causado pela hiperglicemia. Além disso, sugere-se que os efeitos adversos de uma dieta com elevado índice glicêmico estariam relacionados ao incremento na concentração pós-prandial tardia de ácidos graxos livres, produzindo maior resistência à insulina. Este mecanismo seria desencadeado pela hipersecreção de hormônios contraregulatórios, tais como o cortisol, glucagon e hormônio do crescimento, em decorrência da hipoglicemia reacional promovida por uma dieta de elevado índice glicêmico.

6. Três planos principais de alimentação recomendados para ajudar pessoas com diabetes:
 Sistema de trocas - com a ajuda de um nutricionista para criar uma dieta baseada em um série de trocas. Cada alimento é atribuído a uma determinada categoria (amido, frutas, leite, etc.)
 Contagem de carboidratos - ingestão de uma quantidade específica de carboidratos por dia e por refeição. O número de gramas de carboidratos permitido por dia e por refeição depende do seu peso, níveis de atividade física, outros problemas de saúde, remédios e idade.
 A pirâmide alimentar - criada para ajudar e a entender como equilibrar esses alimentos diariamente.

7. Objetivos Tratamento
 Manter mais próximo do normal a glicemia, balanceando a ingestão de alimentos a insulina;
 Prevenir e tratar complicações agudas como hipoglicemia bem como as crônicas e problemas relacionados ao exercício físico.
 Melhorar a saúde a partir de uma nutrição equilibrada.
 Atingir níveis adequados de lípideos séricos;
 Atingir quantidade suficiente de energia para atingir o peso corporal adequado, o crescimento e desenvolvimento ideal de crianças e adolescentes;
 Garantir a gestação e a lactação ou recuperação de doenças.

8. Os benefícios relacionados
 Seguindo uma alimentação saudável, conseqüentemente:
 Melhora níveis de glicose,
 Mantêm a pressão arterial,
 Diminui colesterol no sangue,
 Controla e mantêm o peso.
9. Recomendações Gerais
Distribuir os alimentos em 5 a 6 refeições. Preferir os alimentos ricos em fibras como: verduras e legumes crus, frutas com casca e bagaço. Não deixar de fazer nenhuma refeição. Usar alimentos assados, cozidos ou grelhados. Evitar frituras. Mastigar bem os alimentos. Usar produtos dietéticos com cautela e sob orientação. Ler atentamente os rótulos dos produtos industrializados, verificando se contém açúcar (sacarose, glicose). Beber bastante água durante o dia ( cerca de 8 copos /dia ).

10. Conclusão
Conclui-se que a dieta é sempre o melhor caminho para evitar o desenvolvimento do diabetes e principalmente no seu tratamento para evitar o agravamento desta doença. Mesmo com o uso de medicamentos, é fundamental ter uma alimentação sem açúcar e com alimentos ricos em fibras. Também é necessário que o diabético conheça a sua doença e cumpra um tratamento dietético bem orientado, para que haja homeostase fisiológica e assim uma vida normal em todos os aspectos semelhantes ao indivíduo não diabético.

11. Referências
CREPPARI, Lilian. Guias de medicina ambulatorial e hospitalar nutrição clínica no adulto. Ed. Manole, 2002.
SARTORELLI, Daniela S. Associação Entre Carboidratos da Dieta Habitual e Diabetes Mellitus Tipo 2:Evidências Epidemiológicas. Arquivo Brasileiro Endocrinologia Metabólica, vol 50, nº 3, Junho 2006. disponível em: www.scielo.br
GROSS, Jorge L. Diabetes Mellitus: Diagnóstico, Classificação e Avaliação do Controle Glicêmico. Arquivo Brasileiro Endocrinologia Metabólica. São Paulo, v. 46, n.1, 2002. Disponível em: www.scielo.br