Introdução

O Cone Sul da América Latina foi palco, nas décadas de 60 e 70 do século XX, da implantação de regimes militares de novo estilo, caracterizados pelo sistemático desrespeito aos direitos humanos (Collier,1982; Pinheiro,1980). O elemento que unificou as diversas tentativas de disciplinar e ordenar sociedades que apresentavam - segundo a perspectiva dos setores dominantes - elevados índices de anomia, encontra-se no emprego generalizado da violência contra os setores populares. A violência foi utilizada, com freqüência, como mecanismo para a obtenção e/ou manutenção do poder político. Por sua vez, funcionou como instrumento de luta, por diversas organizações revolucionárias que enfatizavam uma concepção de violência que, nas águas do marxismo, era concebida como "parteira da história". Por outro lado, foi freqüentemente implementada como mecanismo de provocação e controle por parte de diversos grupos paramilitares. As ações desses grupos, isto é, as constantes intimidações, atentados, diversas formas de coerção sobre militantes populares e boa parte da intelectualidade, contribuíram para introjetar na população as raízes do medo e incerteza que atingem seu paroxismo, no momento de implantação e consolidação das diversas experiências autoritárias na região.