ALFABETIZAÇÃO NOS ANOS INICIAIS

Claudia C. da S. Santana
RA: 908110721
Kelly de Lira Gonçalves
RA: 908155353
Orientadora: Profa. Rosana Ap. G. da Silva


RESUMO

Este artigo tem o objetivo de demonstrar a importância das escolhas dos métodos de alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Explorando sobre alguns processos de ensino para que o professor como mediador do conhecimento, possa incentivar de diversas formas o aluno a ler e escrever; para que este conheça os objetivos da leitura e da escrita. Não basta garantir à criança somente o acesso à leitura e escrita, faz-se necessário instrumentalizá-la para que se torne leitor e produtor de textos.

PALAVRAS-CHAVE: alfabetização, letramento, sondagem, escrita e leitura.

INTRODUÇÃO

Na aprendizagem inicial as práticas utilizadas são, muitas vezes, baseadas na junção de silabas simples, memorização de sons, decifração e copia. Tais maneiras fazem com que a criança se torne um espectador passivo ou receptor mecânico, pois não participa do processo de construção do conhecimento.
Esse artigo oferece reflexões sobre o fracasso escolar na alfabetização, quanto à separação entre letramento e alfabetização, e a tentativa dos novos métodos para recuperação da aprendizagem nos anos iniciais. Apresentará uma visão dos métodos de alfabetização quando não desenvolvidos de forma correta, tornam-se teorias sem ter o resultado esperado, que é o aluno alfabetizar-se. Mostrando a importância do conjunto da escrita, alfabetização e letramento que nem sempre teve enfoque como algo que estão ligados entre si, em que a alfabetização é tratada como forma de aquisição da escrita por um indivíduo ou um grupo de indivíduos e o letramento foca em aspectos sócio-históricos da aquisição de sistema escrito por uma sociedade.
A importância do conhecimento prévio do aluno para o resultado com excelência durante o processo de alfabetização, e como efetuar um diagnóstico ou sondagem, para conhecer que fase de alfabetização a criança está para que sejam elaboradas atividades que contribuam para o crescimento e aprendizagem da criança, sem exigir somente a aquisição da escrita sem significados.
Pesquisas realizadas há mais de duas décadas já revelavam esse fracasso, mostrando que enquanto os educadores continuarem a colocar bloqueios na alfabetização, imaginado e o aluno como indivíduo que tem maior dificuldade para aprender, alfabetizar será uma tarefa difícil. É preciso que o educador mostre aos seus alunos a real importância da escrita e leitura, e faça com que ela sinta interesse em escrever para que os outros leiam, sabendo que sempre existirá alguém interessado em sua obra. O professor deve acreditar na capacidade de seu aluno e fazer com que esses se sintam interessados em ler e escrever.

ALFABETIZAÇÃO

O objetivo maior da concepção de alfabetização é possibilitar que todos os alunos se tornem leitores e escritores competentes, através de uma escola inclusiva que promova a aprendizagem dos alunos das camadas mais pobres da população. Embora a maioria das famílias que compõe a comunidade escolar da rede pública, não teve acesso à cultura escrita. Desta forma torna-se mais complexa a tarefa da escola de ensinar seus alunos a ler e escrever, pois é um direito fundamental do cidadão.
A escola precisa criar um ambiente e propor situações de práticas sociais de uso da escrita às quais os alunos não tenham acesso para que possam interagir intensamente com textos dos mais variados gêneros, identificar e refletir sobre seus diferentes usos sociais, produzir textos e, assim, construir as capacidades que lhes permitam participar das situações sociais pautadas pela cultura escrita.
Para tanto, segundo LERNER (2002, p. 67), na escola leitura e escrita são necessariamente obrigatórias, por que:

"[...] ensinar a ler e escrever é uma responsabilidade inalienável da instituição escolar. E é por isso que a escola enfrenta um paradoxo em relação a essa questão: como assume a responsabilidade social de ensinar a ler e escrever, tem que apresentar a leitura e a escrita como obrigatórias e atribuir-lhes, então, como propósito único ou predominante o de aprender a ler e a escrever."

Portanto, ler e escrever não se resume a juntar letras, nem a decifrar códigos: a língua é um código ? é um complexo sistema que representa uma identidade cultural. É preciso saber ler e escrever para interagir com essa cultura com autonomia, inclusive para modificá-la, do lugar de quem enuncia e não apenas consome.
Ao eleger o que e como ensinar, é fundamental levar em consideração esses fatos, não mais para justificar fracassos, mas para criar as condições necessárias para garantir a conquista e a consolidação da aprendizagem da leitura e da escrita de todos os alunos.
Desta forma, a alfabetização é a aprendizagem do sistema de escrita e da linguagem escrita em seus diversos usos sociais. A língua é um sistema discursivo que se organiza no uso e para o uso, escrito e falado, sempre de maneira contextualizada. No entanto, uma condição básica para ler e escrever com autonomia é a apropriação do sistema de escrita, que envolve, da parte dos alunos, aprendizagens muito específicas. Entre elas o conhecimento do alfabeto, a forma gráfica das letras, seus nomes e seu valor sonoro.
Tanto os saberes sobre o sistema de escrita como aqueles sobre a linguagem escrita devem ser ensinados e sistematizados. Não basta colocar os alunos diante dos textos para que conheçam o sistema de escrita alfabético e seu funcionamento ou para que aprendam a linguagem escrita. É preciso planejar uma diversidade de situações em que possam, em diferentes momentos, centrar seus esforços ora na aprendizagem do sistema, ora na aprendizagem da linguagem que se usa para escrever.
Segundo a educadora LERNER (2002, p. 23) destaca

"[...] que o entrecruzamento das diferentes temporalidades permite aos alunos realizar simultaneamente diferentes aproximações às práticas ? participar num mesmo período em atos de leitura e de escrita dirigidos a diversos propósitos ? assim como voltar mais de uma vez ao longo do tempo a pôr em ação um certo aspecto da leitura ou da escrita ? escrever, reescrever, reler, transcrever, resumir -, para retrabalhar um tema, um gênero ou um autor".

O desenvolvimento da competência de ler e escrever não são um processo que se encerra quando o aluno domina o sistema de escrita. Ele se prolonga por toda a vida, com a crescente possibilidade de participação nas práticas que envolvem a língua escrita, o que se traduz na sua competência de ler e produzir textos dos mais variados gêneros. Quanto mais acesso à cultura escrita, mais possibilidades de construção de conhecimentos sobre a língua, isso explica o fato de as crianças com menos acesso a essa cultura serem aquelas que mais fracassam no início da escolaridade.
Segundo a educadora Telma Weisz, supervisora do Programa Ler e Escrever, da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, "a leitura e a escrita são o conteúdo central da escola e têm a função de incorporar a criança à cultura do grupo em que ela vive". Portanto, é um desafio e requer trabalho planejado, constante e diário, conhecimento sobre as teorias e atualização em relação a pesquisas sobre as didáticas específicas. O que garante a qualidade da Educação que acontece de fato nas escolas é a qualidade do trabalho profissional dos professores e tem dependido essencialmente da formação em serviço.
A partir deste ano de 2010, todas as crianças de seis anos devem estar matriculadas em escolas de Ensino Fundamental, em conformidade com a Lei nº 11.274, de 2006. O argumento do governo, quando da promulgação da lei, é o de que crianças com experiência pré-escolar têm um desempenho melhor ao longo da Educação Básica. Especialistas concordam, mas há preocupação com a forma como está ocorrendo a inserção dessas crianças no Ensino Fundamental, despreparado para receber pequenos de seis anos.
Mais importante que discutir os prós e contras da Lei, é acompanhar o movimento das escolas e dos educadores, que estão se adaptando à mudança. Segundo a professora especialista em Educação Infantil, Mônica Correia Baptista, coordenadora do colegiado do Curso de Pedagogia da UFMG e integrante do Ceale (Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita), a principal questão não reside em alfabetizar ou não os pequenos neste primeiro ano. Para BATISTA,

"Não há nenhum inconveniente de a criança menor de sete anos aprender a ler. As pesquisas de Ferreiro e Teberosky, nos anos 80, mostraram claramente que as crianças, estejam elas ou não em processos de educação formal, são capazes de aprender a ler e a escrever e são, sobretudo, desejosas por aprender."
O principal problema, segundo ela, é saber o que fazer para ensiná-las a ler e a escrever, "respeitando a sua forma de construir conhecimentos, sua forma de interagir com o mundo, sua maneira de interpretar os signos e símbolos e de construir novos símbolos e significados".
O pouco acesso à cultura escrita se deve às condições sociais e econômicas em que vive grande parte da população. O aluno que vê diariamente os pais folheando revistas, assinando cheques, lendo correspondências e utilizando a internet tem muito mais facilidade de aprender a língua escrita do que outro cujos pais são analfabetos ou têm pouca escolaridade. Isso ocorre porque ao observar os adultos a criança percebe que a escrita é feita com letras e incorpora alguns comportamentos como folhear livros, pegar na caneta para brincar de escrever ou mesmo contar uma história ao virar as páginas de um gibi. Cabe à escola oferecer essas práticas sociais aos estudantes que não têm acesso a elas.
O ponto de partida para democratizar o contato com a cultura escrita é tornar o ambiente alfabetizador: a sala deve ter livros, cartazes com listas, nomes e textos elaborados pelos alunos (ditados ao professor) nas paredes e recortes de jornais e revistas do interesse da garotada ao alcance de todos. Esses são alguns exemplos de como a classe pode se tornar um espaço provocador para que a criança encontre no sistema de escrita um desafio e uma diversão.
Nos anos iniciais as crianças devem participar de situações de leitura e escrita ? ler em voz alta, ler com entonação correta, leitura dramatizada de um conto. É necessário pôr a sua disposição materiais escritos variados, ler para elas bons livros e textos e conhecer diversos gêneros com o objetivo de não distanciar as crianças da leitura, tornando uma atividade tediosa e sem sentido, mas que seja agradável e desperte o prazer de ler fora do contexto escolar. Para formar leitores e escritores, é necessário dedicar muito tempo escolar ao ensino da leitura e ao da escrita, a fim de que não haja desigualdade social relacionada com o domínio da leitura e da escrita.
Só se lê aquilo que é possível comentar em aula e com todo grupo ao mesmo tempo. Trabalhar com textos que estão dirigidos às crianças como leitores potenciais. Não se aprende a ler textos difíceis lendo textos fáceis. Encaixar os saberes cientificamente construídos com os conhecimentos elaborados pelas crianças.
"Aprende-se a ler, lendo" e "aprende-se a escrever, escrevendo" conforme Délia Lerner e que são lemas educativos que expressam o propósito de práticas da leitura e escrita como objeto de ensino. Ensinar certos conteúdos constitutivos da prática social da leitura, com o objetivo de que o aluno possa reutilizá-los no futuro em situações não-didáticas.
Para LERNER (2002, p. 27),

"O desafio é formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam "decifrar" o sistema da escrita. É ? já o disse- formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de oralizar um texto selecionado por outro."

Para que a aprendizagem alcance o objetivo é fundamental que haja reuniões pedagógicas com todos os professores, orientados pela Coordenadora e que sejam realizados projetos curriculares com toda a equipe docente.
O essencial é fazer da escola um ambiente propício para leitura, assim abrirá portas para possíveis mundos e formando cidadãos da cultura escrita.

LETRAMENTO

Nos dias atuais é comum ouvir as expressões "alfabetização" e "letramento" no meio acadêmico para se referir ao processo de aprendizagem da língua escrita. Alfabetização no sentido de se aprender a técnica da escrita em si e letramento para se referir a aquisição de competências para fazer uso de práticas sociais de escrita, focalizando os aspectos sócio-culturais de uma sociedade. Num sentido mais amplo, letramento é um processo que vai muito além da aquisição das ferramentas da escrita, exigindo uma compreensão das práticas sociais de escrita no contexto do aluno. A ampliação do conceito nos traz um salto qualitativo na forma de aprender a "escrever", visto que a técnica não mais é colocada no centro da aprendizagem, mas o uso social da escrita dentro de contextos específicos. Ao permitir que o sujeito interprete, divirta-se, seduza, sistematize, confronte, induza, documente, informe, oriente-se, reivindique, e garanta a sua memória, o efetivo uso da escrita garante-lhe uma condição diferenciada na sua relação com o mundo, um estado não necessariamente conquistado por aquele que apenas domina o código (Soares, 1998).Obviamente, a técnica é necessária, porém o fundamental é que o sujeito compreenda que sua relação com o mundo escrito vai muito além da decifração de códigos. Seu vínculo afetivo com as práticas sociais de escrita colabora para o efetivo exercício de sua individualidade dentro de uma sociedade. Enquanto a técnica de escrita pode levar um curto tempo para se aprender, o letramento se faz no decorrer de uma vida, visto que o ser humano aprende o tempo todo e as práticas sociais vão se diversificando. O letramento não é igual para todos, pois está vinculada a formação ética e estética do aluno. Sua competência de fazer uso de práticas sociais vai sendo ampliada na medida em que acumula experiências e constrói conhecimentos. Suas necessidades são colocadas em foco e todas as ferramentas que aprendeu durante sua vida são utilizadas para resolver situações de seu contexto.
O conhecimento das letras é apenas um meio para o letramento, que é o uso social da leitura e da escrita. Para formar cidadãos atuantes e interacionistas, é preciso conhecer a importância da informação sobre letramento e não de alfabetização. Letrar significa colocar a criança no mundo letrado, trabalhando com os distintos usos de escrita na sociedade. Essa inclusão começa muito antes da alfabetização, quando a criança começa a interagir socialmente com as práticas de letramento no seu mundo social. O letramento é cultural, por isso muitas crianças já vão para a escola com o conhecimento alcançado de maneira informal absorvido no cotidiano. Ao conhecer a importância do letramento, deixamos de exercitar o aprendizado automático e repetitivo, baseado na descontextualização.
Na escola a criança deve interagir firmemente com o caráter social da escrita e ler e escrever textos significativos. A alfabetização se ocupa da aquisição da escrita pelo indivíduo ou grupos de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade.
Para TFOUNI (2006, p.30)

"Em termos sociais mais amplos, o letramento é apontado como sendo produto do desenvolvimento do comércio, da diversificação dos meios de produção e da complexidade crescente da agricultura. Ao mesmo tempo, dentro de uma visão dialética, torna-se uma causa de transformações históricas profundas, como o aparecimento da máquina a vapor, da imprensa, do telescópio, e da sociedade industrial como um todo".

O que se nota, portanto, para TFOUNI (2006, p.38)



"[...] é o fato de o letramento pode atuar indiretamente, e influenciar até mesmo cultura e indivíduos que não dominam a escrita. Esse movimento mostra que o letramento é um processo mais amplo do que a alfabetização, porém intimamente relacionado com a existência e influencia um código escrito. Assim, culturas ou indivíduos, ágrafos ou iletrados, são somente os pertencentes a uma sociedade que não possui, nem sofre, a influência, mesmo que indireta de um sistema de escrita."

A alfabetização deve se desenvolver em um contexto de letramento como início da aprendizagem da escrita, como desenvolvimento de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que envolvem a língua escrita, e de atitudes de caráter prático em relação a esse aprendizado; entendendo que a alfabetização e letramento, devem ter tratamento metodológico diferente e com isso alcançar o sucesso no ensino aprendizagem da língua escrita, falada e contextualizada nas nossas escolas. Letramento é informar-se através da leitura, é buscar notícias e lazer nos jornais, é interagir selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as histórias em quadrinhos, seguir receita de bolo, a lista de compras de casa, fazer comunicação através do recado, do bilhete, do telegrama.
Letramento é ler histórias com o livro nas mãos, é emocionar-se com as histórias lidas, e fazer, dos personagens, os melhores amigos. Letramento é descobrir a si mesmo pela leitura e pela escrita, é entender quem a gente é e descobrir quem podemos ser.
Para tanto, segundo TFOUNI (1995, p.83) destaca:

"[...] que a eficácia histórica da escrita está ligada a um processo de produção de sentidos, que se tornam permanentes e que acabam criando mecanismos de inclusão e exclusão; um jogo ideologicamente regrado, em que o "mais fraco" (antropologicamente falando) nunca leva vantagem".

No artigo de Magda Soares "Letramento e Alfabetização: as muitas facetas" nos fala da preocupação com as escolas que estão formando crianças letradas, porém não alfabetizadas. Fala sobre a distinção entre alfabetização e letramento, perdendo o foco da língua escrita e sua especificidade. A autora mostra neste artigo o fracasso escolar devido essa separação, e a tentativa dos novos métodos para recuperação, e como os métodos de alfabetização quando não desenvolvido de forma correta, torna-se teoria sem ter o resultado esperado, que é o aluno se alfabetizar. O artigo nos mostra a importância da associação entre letramento e alfabetização, para que o aluno tenha uma alfabetização completa, conhecendo a forma escrita do texto.
Para SOARES (1988),

"[...] talvez se possa afirmar que na "modalidade" anterior de fracasso escolar aquela que se manifestava em altos índices de reprovação e repetência na etapa inicial do ensino fundamental a alfabetização caracterizava-se, ao contrário, por sua excessiva especificidade, entendendo-se por "excessiva especificidade" a autonomização das relações entre o sistema fonológico e o sistema gráfico em relação às demais aprendizagens e comportamentos na área da leitura e da escrita, ou seja, a exclusividade atribuída a apenas uma das facetas da aprendizagem da língua escrita. O que parece ter acontecido, ao longo das duas últimas décadas, é que, em lugar de se fugir a essa "excessiva especificidade", apagou-se a necessária especificidade do processo de alfabetização."

A autora nos mostra a ênfase dada aos excessos de memorização do sistema gráfico e sistema fonológico, sem a construção do conhecimento. E a importância em se trabalhar com as crianças nos anos iniciais o significado das palavras, fazer sondagem para obter o conhecimento prévio, para que isso se torne importante e obtenha resultados bons e com qualidade.

A SONDAGEM E DIAGNÓSTICO DA ESCRITA

É fundamental que seja realizada uma avaliação diagnóstica ou sondagem, para partirmos do que nossos alunos já sabem, tornando assim, nosso ensino muito mais significativo e coerente. Esse diagnóstico não é uma avaliação, é uma observação das características dos pensamentos dos alunos, a fim de planejar as intervenções do professor.
A sondagem é necessária para saber em qual nível a criança esta, e como podemos aproveitar o conhecimento prévio da criança para poder ter aulas mais produtivas, e alcançar o verdadeiro objetivo ? A Alfabetização. FERREIRO e TEBEROSKY (1999) acreditaram que a criança busca a aprendizagem na medida em que constrói o raciocínio lógico, e que o processo evolutivo de aprender a ler e escrever passa por níveis de conceitualização que revelam as hipóteses a que chegou a criança.
O conhecimento da criança no que se referiam as atividades de leitura e escrita, entender as estranhas marcas gráficas e entender a traças das letras convencionais em uma ordem não correta, levou a identificar os níveis da escrita.
Para FERREIRO (1992, p. 68).

"No caso do desenvolvimento da leitura e escrita, a dificuldade para adotar o ponto de vista da criança foi tão grande que ignoramos completamente as manifestações mais evidentes das tentativas infantis para compreender o sistema de escrita: as produções escritas das próprias crianças. Até poucos anos as primeiras tentativas de escrever feitas pelas crianças eram consideradas meras garatujas, como se a escrita devesse começar diretamente com letras convencionais bem traçadas."

Foi dividido em cinco níveis:
Nível 1: Hipótese Pré ? Silábica: a criança escreve garatujas, desenhos sem e com figuração, escreve símbolos, pseudoletras misturadas com letras e números, diferencia letras de números e reconhece o papel da letra na escrita;
Nível 2: Intermediário I: a criança conhece e usa alguns valores sonoros convencionais e alguns trechos da palavra, diz que "não sabe escrever";
Nível 3: Hipótese Silábica: usa uma letra par cada sílaba com ou sem valor sonoro;
Nível 4: Hipótese Silábico ? Alfabética ou Intermediário II: a criança começa a acrescentar letras e principalmente na primeira letra;
Nível 5: Hipótese Alfabética: compreende a lógica da base alfabética da escrita e conhece o valor sonoro das letras. Escreve foneticamente, mas não ortograficamente.

Através do nível em que a criança esta, é possível elaborar uma atividade específica para aquele período. Ao trabalhar com o que a criança já conhece, será identificado onde está a dificuldade e aonde necessita de maior atenção, para FERREIRO (2001, p.47) "[...] a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola é que não termina ao finalizar a escola primária".
A sondagem deve ser realizada individualmente, é importante que o tema seja de acordo com o que a criança já conhece, ou seja, as palavras e frases que serão utilizadas no diagnóstico devem pertencer à mesma classe temática e a realidade do aluno.

Realizar a sondagem é simples e possível de realizar dentro da sala de aula:

 Organizar uma lista de palavras com o mesmo tema.
 Essa lista deve ser iniciada com as palavras polissílabas, depois as trissílabas, dissílabas e monossílabas, por último uma frase referente à lista utilizada.
 Numa folha de sulfite, pedir ao aluno que escreva o seu nome.
 Abaixo do nome a professora dita a palavra inteira, não em sílabas.
 O aluno escreve e o professor solicita a leitura da palavra.
 O aluno lê apontando com o dedo o que escreveu.
 Ao término da sondagem, o professor registra no ditado, a forma como o aluno leu (global e/ou silabicamente), a fase de escrita em que se encontra e outras informações importantes.

Exemplos: Lista de animais:
Palavras: DINOSSAURO; CAMELO; RATO; RÃ
Frase: O RATO SAIU DA TOCA.

A sondagem também pode ser feita por meio das escritas espontâneas, sem a necessidade de categorizar as hipóteses, pode se vir se a escrita é alfabética ou não ? alfabética. Através desse material pode se refletir sobre o pensamento da criança, permitindo assim, a formação de grupos heterogêneos e propostas de atividades diversificadas que o¬bjetivam a apropriação da escrita convencional.
Algumas escolas públicas possuem o Projeto Intensivo do Ciclo I (PIC), que visa a efetivação da alfabetização de alunos que chegaram ao 3º ano do Ciclo I sem estar alfabetizado, utilizando o os livros e metodologia do Programa Ler e Escrever. As escolas que já aplicaram o projeto realizam o diagnóstico mensalmente como acompanhamento a evolução da leitura e escrita das crianças.

LEITURA E ESCRITA

As escolas brasileiras ainda possuem muitas falhas quando ao se trabalhar com a Leitura e Escrita em sala de aula, para desenvolver essas habilidades durante o processo de alfabetização é um trabalho que requer muita atenção e reflexão. É um desafio diário, que o professor deve exercitar em suas praticas pedagógicas.
A preocupação com as dificuldades da leitura e escrita nos anos iniciais tem sido bastante discutida entre os educadores, e para entender melhor sobre esse processo de desenvolvimento na alfabetização, como a transição da oralidade para a escrita, levando em conta a integração dos saberes sociolingüísticos, que os alunos já detêm ao chegar à escola, às suas práticas letradas, são tarefas a ser trabalhadas cuidadosamente, verá alguns aspectos para serem trabalhados em sala de aula. A proposta pedagógica de Emilia Ferreiro identificou a construção da leitura e escrita, as hipóteses da criança durante esse processo.
Em mais de uma década de pesquisas sobre o processo de construção da escrita, planejando e divulgando as situações experimentais em que a criança evidência a escrita tal qual a vê, a leitura como a entende e os problemas como os propõe para si, a autora entusiasma pesquisadores de todo o mundo, a desenvolver pesquisas semelhantes em seus países. Através de contatos com pesquisadores de todo o mundo, em especial os latino-americanos, a autora pode concluir ser possível ver de forma diferente a aprendizagem da leitura e da escrita, conseguindo uma alfabetização de melhor qualidade.
Para entender os objetivos dessa alfabetização, a escola (como instituição) deve apresentar à escrita como um objeto que pode atuar, sem a preocupação inicial com detalhes. Para FERREIRO (1992, p.82 e 83) ao apresentar a leitura e a escrita, a escola deve observar o erro como evolução da aprendizagem,

"Em uma visão construtivista o que interessa é a lógica do erro: trata-se às vezes de idéias que não são erradas em si mesmas, mas aparecem como errôneas porque são sobre generalizadas, sendo pertinentes apenas em alguns casos, ou de idéias que necessitam ser diferenciadas ou coordenadas, ou, às vezes idéias que geram conflitos, que por sua vez desempenham papel de primeira importância na evolução."

Nessa visão construtivista, o importante é ver como a criança consegue chegar à situação que gerou o erro, é a lógica desse erro que fez com que ela criasse, tivesse um raciocínio.
A escrita deve ser apresentada à criança como o produto de uma prática histórica, como poderoso instrumento nas ações sociais, e não só como objeto importante dentro da escola, como FERREIRO (1992, p.21) aponta,

"A escola (como instituição) se converteu em guardiã desse objeto social que é a língua escrita e solicita do sujeito em processo de aprendizagem uma atitude de respeito cego diante desse objeto, que não se pode atuar, mas como um objeto para ser contemplado e reproduzido fielmente, sem modificá-lo."


A criança precisa conhecer a escrita como resposta de problemas que precisam resolver algo importante que poderá usar por toda sua vida, um objeto de comunicação não exclusivo da instituição escolar. A compreensão das funções sociais da escrita pela criança determina na sua organização da língua escrita. No meio urbano, as crianças são cercadas de cartazes nas ruas, banca de jornal e revistas, embalagens de produtos comestíveis e de higiene pessoal, livros, jornais, cartas, etc. Para FERREIRO (2001, p.37)
"A língua escrita é um objeto de uso social (e não apenas escolar). Quando as crianças vivem em um ambiente urbano, encontram escritas por toda parte (letreiros da rua, vasilhames comerciais, propagandas, anúncios da tevê.etc.). No mundo circundante estão todas as letras, não em uma ordem preestabelecida, mas com a frequência que cada uma delas te uma escrita da língua."

As crianças que vivem no meio urbano, são cercadas por escrita de vários estilos e tamanhos. Ninguém pode impedir a criança de vê-las e se ocupar delas, nem de impedi-las que peça informação apenas a professora, mas também a outras pessoas alfabetizadas que estejam a sua volta. A criança é um ser curioso que deve ser estimulada por meio de vários tipos de materiais que são portadores da escrita.
Muitas escolas ainda utilizam de métodos tradicionais na alfabetização dos anos iniciais, as crianças que mais necessitam da escola para se apropriar da escrita , são vitimas desses métodos que tem como concepção a memorização, repetição e cópia de modelos de escrita, segundo FERREIRO (1982, p.19),

"A ênfase praticamente exclusiva na cópia, durante as etapas inicias da aprendizagem, excluindo tentativas de criar representações para séries de unidades lingüísticas similares (lista) ou para mensagens sintaticamente elaboradas (textos), faz com que a escrita se apresente como um objeto alheio à própria capacidade de compreensão. Esta ali para ser copiado, reproduzido, mas não compreendidos, nem recriado."

A cópia só faz com que a criança reproduza uma escrita, ou seja, ela não compreende o que escreve e não desenvolve suas habilidades para criar e construir. A cópia durante o processo de aprendizagem é o mesmo que pausar um processo pelo qual a criança precisa passar par aprender a ler e escrever.
O professor como auxiliador na aprendizagem, precisa fazer com que seu aluno reconheça a real importância da escrita e leitura, sua relevância para a vida, fazendo com que estes se sintam motivados a escrever para que outros leiam, sabendo que sempre existirá alguém interessado em sua obra, FERREIRO (1992, p.25) destaca "as crianças são facilmente alfabetizáveis desde que descubram, através de contextos sociais funcionais, que a escrita é objeto interessante que merece ser conhecido [...]", ou seja, o professor deve acreditar na capacidade de seu aluno, e fazer com que esse se sinta interessado em ler e escrever.
Para LERNER (2002, p. 17) "Ensinar a ler e escrever é um desafio que transcende amplamente a alfabetização em sentido estrito. O desafio que a escola encontra hoje [...] é o de conseguir que todos seus alunos cheguem a ser membros plenos da comunidade de leitores e escritores." É um desafio, que precisa de um muito empenho e dedicação do professor para obter um bom resultado, por isso enquanto os educadores continuarem a colocar bloqueios na alfabetização como a criança ter dificuldades em aprender, alfabetizar será uma tarefa difícil.
Para a conquista desse grande desafio, MENEZES (2009) destaca a importância de se preparar uma boa aula,

"É fundamental levar para a escola as muitas fontes de texto que nos cercam no cotidiano, como livros, revistas, jornais, gibis, enciclopédias etc. Variedade é realmente fundamental para os alfabetizadores, que devem ainda abordar todos os gêneros de escrita (textos informativos, listas, contos e muito mais). E, nas atividades de produção de texto, a intervenção do professor é vital para negociar a passagem da linguagem oral, mais informal, à linguagem escrita."

Mostra a importância de o professor preparar suas aulas com cautela e dedicação, enfatizando a alfabetização todos os dias, como trabalhar com os alunos textos diversos, com o que ele possui na realidade e com temas que o incentivem a leitura. A alfabetização não será completa se abordarmos sempre o mesmo tema e tipo de texto, o quanto é importante a intervenção do professor para revisão ensinando a linguagem formal.
O professor como agente facilitador para aprendizagem do aluno, precisa utilizar da leitura e escrita algo que pertença à realidade do aluno, objeto de interesse no qual o aluno terá interesse de se apropriar e utilizar como um bem precioso. Para LERNER (2002, p. 79)
"Na escola [...] a leitura é antes de mais nada um objeto de ensino. Para que também se transforme num objeto de aprendizagem, é necessário que tenha sentido do ponto de vista do aluno, o que significa [...] que deve cumprir uma função para realização de um propósito que ele conhece valoriza."

Se o professor cumprir o papel de estimular a motivação do aluno a ler e escrever, e este poderá se tornar um leitor prazeroso, que sentira necessidade de obter esse aprendizado em sua vida.
Para uma alfabetização plena, no qual o aluno terá habilidade de ler com compreensão e escrever textos coesos com razoável correção, o professor tem que ter em sua formação o hábito de pesquisar, ter como base pressupostos teóricos e métodos inovadores que tiveram resultados positivos e duradouros. É preciso que o professor esteja disposto a transformações em suas práticas pedagógicas, trabalhar a diversidade, enfatizando a alfabetização para futuros leitores e produtores de suas próprias histórias.

CONCLUSÃO

Concluímos que alfabetizar não é somente ensinar a ler e escrever, mas o domínio ativo da leitura e da escrita é um processo que não se restringe ao simples reconhecimento de letras ou ao exercício de juntar letras para formar sílabas, palavras e frases. Esse processo vai muito, além disso, pois a criança que se alfabetiza precisa compreender por que e para que usamos a escrita e a sua importância no contexto social, conduzindo-a, portanto, ao letramento.
É importante levar em conta que o aluno que chega à escola pela primeira vez já estabeleceu relações muito significativas com o mundo por intermédio de suas relações familiares, do rádio, da televisão, da igreja, de seu grupo social etc., pois a mente social do sujeito forma-se pelas relações interpessoais sobre o mundo próximo e distante. Já é capaz de entender a língua portuguesa, bem como de se expressar oralmente em diferentes situações da vida. E tudo sem treinos especiais, sem sistematização de qualquer conteúdo da língua. Sabemos que muitas crianças convivem com práticas de letramento desde cedo, em sua família, com livros, jornais e revistas, vêem pessoas lendo e ouvem comentários sobre assuntos ali encontrados. Vêem, também, pessoas escrevendo listas de compras ou indo, por exemplo, a uma farmácia com uma receita. Brincam com lápis, tinta, papel, ouvem histórias, manuseiam livros, acessam a internet. Enfim, vivem em um ambiente onde são estimuladas em seu processo de aprendizagem. Já tem noção da utilidade da escrita e do que ela representa.
É evidente que a criança que não vem de um mundo letrado terá um processo de aquisição da escrita mais árduo, mais lento, não por ser menos capaz, mas por não ter tido a oportunidade de construir, não ter presenciado e adquirido uma bagagem de conhecimentos em sua etapa anterior à entrada na escola: atividades de leitura e escrita. O ambiente alfabetizador da escola é de suma importância, principalmente a sala de aula que deve transformar-se em um ambiente onde a criança entre em contato com os mais diversos materiais escritos, para ampliar sua vivência com o mundo letrado.
Portanto, a criança deve ser capaz de fazer uso da escrita como uma prática social, por meio da leitura, produção e interpretação de textos.
O professor deve ajudar a criança no início do processo de alfabetização a compreender para que sirva ler e escrever, isto é, qual é a real função da leitura e da escrita. Também estimular o aluno a registrar o que pensa desde o início do processo. Assim sendo, os seus registros iniciais poderão ser garatujas, desenhos, números, letras, ou seja, ele vai escrever como acredita que um texto pode ou deve ser escrito. O aluno precisa "ler" (contar) o que "escreveu" (registrou) desde as primeiras produções, para que o professor possa ser seu escriba (aquele que escreve por outra pessoa), pois somente a criança autora poderá transmitir sua intenção de escrita, enquanto esta não corresponde à forma convencional.
As produções espontâneas, portanto, vão indicar os recursos que a criança utilizou para compreender a natureza da escrita. Desta maneira, o professor não pode se preocupar com a escrita convencional, mas com as formas que retratam hipóteses de escrita, e deve subsidiar o aluno em todos os momentos, tornando-se o mediador entre o aluno e o objeto do conhecimento.
Enfim, a criança deve ter a liberdade de errar, perguntar, corrigir-se, comparar. Precisa sentir-se livre e feliz em suas tentativas de escrita, sabendo que o professor estará ao seu lado não para punir, mas para auxiliar, questionar, perguntar, impulsioná-la a vencer os obstáculos nos seu processo de aquisição da escrita.
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