1- Definição do objeto de estudo

1.1 - Tema:
Um dos maiores objetivos da educação é formar leitores. Ou seja, pessoas capazes de ler e compreender o que leu. Pessoas que leem por prazer, para se informar, para conhecer, para não se enganar... Enfim, pessoas que reconhecem o valor da escrita, atentando-se para bulas de remédio, manuais de instruções, placas, faixas, cartazes, bilhetes, folhetos informativos, jornais, livros e pelas infinidades de materiais escritos que circulam em nosso cotidiano e que muitas vezes são ignorados.
Formar leitores é um desafio grande e trabalhoso, e o projeto em questão visa facilitar o trabalho dos professores que se importam com o desenvolvimento da educação e com o sucesso de seus alunos..
A palavra letramento ainda é recente, mas começa a fazer parte do vocabulário dos professores. Trata-se de um conceito baseado em estudos de pesquisadores como Mary Kato, Ângela Kleiman e Magda Soares, entre outros. Segundo Magda Soares(1998,p.39), letramento é o resultado de ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e escrita; é também o estado ou condição que adquire um grupo social ou um individuo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais.
Portanto este projeto visa pesquisar, como os métodos de alfabetização já existentes e usados atualmente facilitam, ou não o letramento.
1.2 ? Problema:
Instrumento de avaliação como a Prova Brasil, o PISA, o ENEM, entre outros, mostram que as pessoas apresentam um grau muito baixo de letramento. Encontramos, na educação, um grande problema: Alunos que leem, mas não compreendem o que leram. Apenas decifram letras e sons, mas não entendem a mensagem e o valor da leitura. Será que os métodos usados têm favorecido o letramento? Ou será que são eles que impedem o desenvolvimento de um alto grau de letramento entre os alunos? O que podemos fazer para aliar método de alfabetização e atividades que favorecem o letramento?

2 ? Justificativa e objetivos:
Antes de ir para escola, a criança já possui conhecimentos prévios sobre a escrita. Já sabemos que não podemos ignorar esses conhecimentos, mas sim partir deles para desenvolver o processo de alfabetização.
Aprender a ler é um processo natural, assim como o de falar. Porém, só será adquirido, se for ensinado. Assim como a fala. Se não se ensinar uma criança a falar, ela certamente não falará, assim como não saberá ler ou escrever, se não lhe for ensinado. No entanto, meu objetivo não é discutir ou defender nenhum método de alfabetização, mas sim fazer uma reflexão sobre as maneiras de se facilitar o desenvolvimento de novos leitores críticos e pensantes.
Muito tempo se perde nas aulas com textos que não trazem muito crescimento para o aluno. Não me desfazendo jamais desses textos, pois acredito na validade e importância de toda espécie de material impresso, para o enriquecimento das aulas. E é justamente sobre isso que quero falar: sobre a importância de se trabalhar com a variedade de textos.
Porém, o que encontramos, na maioria das salas de aula, é o excesso de textos literários e narrativas, para que os alunos leiam e façam a "interpretação". (coloco a palavra em destaque, pois o que realmente vemos são perguntas óbvias, com respostas prontas e acabadas, exigindo do aluno, apenas que ele leia, encontre a resposta no texto e copie-a, não se esquecendo de colocar a resposta completa. Não sendo necessário pensar ou refletir sobre o texto lido. Será que interpretar é só isso? Enfim, vamos continuar.)
Como já disse, todos os textos têm sua validade e importância, desde o folheto de propaganda, até as mais ricas enciclopédias. Porém, muitos professores não se deram conta disso, e o resultado encontrado é a formação de pessoas, que chegam a idade adulta, sem saber interpretar um manual de instruções, uma bula, uma manchete, e até mesmo se enrola todo quando tem que deixar um bilhete para alguém, ou expressar suas ideias num papel. Ele sabe interpretar, ou encontrar respostas prontas em um texto, ele sabe ler, sabe escrever, sabe copiar, mas não sabe se expressar. Ele lê textos prontos, ele copia textos prontos, mas não consegue redigir o seu próprio texto. Será então, que ele já está pronto para lutar por seus direitos? Para lutar pela melhoria da sociedade? Ou ele só está pronto para se inserir numa sociedade pronta e definida pela classe dominante.
Muitos alunos apresentam dificuldade em várias disciplinas por não saberem interpretar corretamente um texto lido, ou não saberem redigir corretamente seus pensamentos e opiniões, pois foram acostumados a retirar respostas prontas dos textos lidos e reproduzi-las.
O que é importantíssimo se mostrar na escola, e que muitas vezes é ignorado pelos professores, é a real função da escrita. Isso, para crianças que fazem parte de um ambiente de pessoas alfabetizadas, talvez já seja conhecido. Ao ver a mãe fazer um lista de compras, escrever um bilhete, o pai ler o jornal, o irmão ler um livro e assim por diante, a criança percebe, sem querer, as funções sociais da língua escrita.
Mas e aqueles cujos pais não sabem ler e escrever, não compram livros ou jornais, não deixam bilhetes...? O professor não pode ter a ingenuidade de achar que ele já sabe o valor da escrita. Cabe a ele então, mostrar a esses alunos esse valor, essa função, que para nós parece ser tão simples e óbvia, mas para eles é obscura e complexa.

Portanto, as dificuldades de interpretação e de expressão escrita encontrada na maioria dos estudantes foi o que me motivou a pesquisar sobre o letramento. Na medida em que, é evidente que existam causas para este problema. E causas sérias, pois este problema vem assolando muitas pessoas, de diversos níveis de ensino. E acredito que a falha vem da base. E a à partir desta afirmação, que pretendo pesquisar os métodos de alfabetização usados nas escolas de hoje. E ao término da pesquisa, pretendo compreender o quanto os métodos de alfabetização favorecem, ou não o letramento.

3- Pressupostos teóricos e metodológicos:
3.1- Fundamentação teórica:
Segunda as informações contidas na enciclopédia livre (Wikipédia ) Letramento é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita.
Surge um novo sentido para o adjetivo letrado, que significava apenas "que, ou o que é versado em letras ou literatura; literato", e que agora passa a caracterizar o indivíduo que domina a leitura, ou seja, que não só sabe ler e escrever (atributo daquele que é alfabetizado), mas também faz uso competente e freqüente da leitura e da escrita. Fala-se no letramento como ampliação do sentido de alfabetização.O nível de letramento é determinado pela variedade de gêneros de textos escritos que a criança ou adulto reconhece. Segundo essa corrente, a criança que vive em um ambiente em que se lêem livros, jornais, revistas, bulas de remédios, receitas culinárias e outros tipos de literatura (ou em que se conversa sobre o que se leu, em que uns lêem para os outros em voz alta, lêem para a criança enriquecendo com gestos e ilustrações), o nível de letramento será superior ao de uma criança cujos pais não são alfabetizados, nem outras pessoas de seu convívio cotidiano lhe favoreçam este contato com o mundo letrado.
De acordo com Marlene Carvalho(2007, p.15) para formar indivíduos letrados, não apenas alfabetizados, o repertórios e as situações de leitura, tanto das crianças quanto dos jovens e adultos, precisa ser ampliado para conter diversos tipos de textos que circulam intensamente na vida social. Nem todo mundo gosta de romances, há quem prefira revistas em quadrinhos. Mas todo mundo que passa oito anos na escola fundamental deveria no mínimo aprender a escrever uma carta, a ler um contrato ou procurar as informações de que necessita na vida cotidiana, seja em enciclopédias, dicionários, jornais ou bula de remédio.
Outro comentário importante da autora, neste mesmo livro, é que "muita gente que não gosta de ler foi escolarizada exclusivamente com cartilhas e livros didáticos, sem ter sido convidada a folhear um jornal, a curtir um poema, a procurar uma informação num catálogo, ou a relaxar com uma história em quadrinhos. Ela diz também que " a escola pode contribuir de muitas maneiras para formar indivíduos, não apenas alfabetizados, mas também letrados. Desde a alfabetização, apresentar uma ampla variedade de textos é favorecer um mergulho no mundo da escrita, com a exploração de mil e uma possibilidades.
" O desenvolvimento das capacidades linguisticas de ler e escrever, falar e ouvir com compreensão, em situaçãoes diferenciadas das familiares, não acontecem espontaneamente. Elas precisam ser ensinadas sistematicamente e isso ocorre, principalmente, nos anos iniciais da Educação Fundamental." É o que comenta o livro Pró Letramento, do Ministério da Educação.
Com base ainda neste mesmo livro vimos que historicamente o conceito de alfabetização se identificou ao ensino-aprendizado da tecnologia da escrita , ou seja, a capacidade de decodificar os sinais gráficos, tranformando-os em sons da fala, transformando-os em sinais gráficos.
E a partir dos anos 80 o conceito de alfabetização foi ampliado com as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da aquisição da lingua escrita, com os trabalhos de Emíia Ferreiro e Ana Teberosky. De acordo com esse estudos o aprendizado do sistema de escrita não se reduziria ao domínio de correspondencia entre grafemas e fonemas, mas se caracteriza como um preocesso ativo por meio do qual a criança, desde seus primeiros contatos com a escrita, contruiria e reconstruiria hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da lingua escrita , compreendido como um sitema de representação.
Com o surgimanto dos termos letramento e alfabetização funcional, muitos pesquisadores passaram a preferir distinguir alfabetização e letramento. Passaram a utilizar o termo alfabetização em sentido restrito, para designar o aprendizado inicial da leitura e da escrita. E utilizam letramento para designar os usos e as competências de usos da lingua escrita.
A partir dessa discussão vale lembrar que é importante que a criança perceba a leitura como um ato prazeroso e necessário e que tenha os adultos como modelo. Assim, nãe é necessário que a criança espere aprender a ler para ter acesso ao prezer da leitura: ela pode acompanhar as leituras feitas peos adulto, pode manusear livros e outros tipos de textos impressos , tentando ler ou adivinhar o que está escrito, participar de construções de textos cooperativos, produzir escritas espontâneas etc. ou seja, as primeiras experiências de escritas das crianças não precisam se limitar a exercicios grafo-motores ou a atividades controladas de reproduzir escritos e preencher lacunas, mesmo na realização desses pequenos trabalhos, é possível atribuir alguma função e algum sentido às práticas de rita na sala de aula.
3.2 ? Metodologia:
- Análise de dados teóricos.
4- Bibliografia:
CARVALHO, Marlene, Guia Prático do Alfabeizador ?São Paulo: Ática, 2007.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Autêntica, 1998.
Pró- Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos anos inicias do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem. Brasilia: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.